Pelas imagens que vejo agora na TV, as manifestações de hoje foram bem mais rarefeitas do que anteriores. O apoio a Bolsonaro e a Moro tende a se reduzir ao nicho da extrema direita. É questão de tempo.
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
30 junho 2019
29 junho 2019
Coitado
— Moro tem um sonho, tá sabendo?
— Qual?
— Ganhar o título de “vítima do ano”?
— Por causa das revelações sobre sua conduta ilegal!?
— Sim. Melhor ser escolhido “feiticeiro do ano”.
— !?
— Ora, o feitiço virou contra o feiticeiro...
— E ganhar a medalha “quem com ferro fere, com ferro é ferido”.
Empáfia decadente
— Moro tem um sonho, tá sabendo?
— Qual?
— Ganhar o título de “vítima do ano”?
— Por causa das revelações sobre sua conduta ilegal!?
— Sim. Melhor ser escolhido “feiticeiro do ano”.
— !?
— Ora, o feitiço virou contra o feiticeiro...
— E ganhar a medalha “quem com ferro fere, com ferro é ferido”.
Mãos sujas
O procurador Daltan Dallagnol monstrou, em diálogos com colegas da Lava Jato, em outubro de 2018, que era preciso acelerar ações contra o petista Jaques Wagner —ele tinha acabado de se eleger senador pela Bahia e tomaria posse em fevereiro. Para Deltan, valeria fazer busca e apreensão sobre o político “por questão simbólica”, registra colunista da Folha de S. Paulo. [A cada instante fica absolutamente clara a contaminação político-partidária da operação Lava Jato.]
Barbárie
— ‘'Pena que não foi na Indonésia', diz Bolsonaro sobre prisão de sargento com cocaína. Lá tem pena de morte.
— Disse aonde!?
— No Japão.
— Parece conversa de torturador nas masmorras da ditadura.
Em vão
— Bolsonaro precisa decidir se deseja continuar governando como um presidente “de nicho” ou, como presidente de toda a Nação — reclama o ‘Estadão’, em editorial.
— Reclama em vão.
— Como assim?
— É o mesmo que pedir a um pistoleiro que atue como neurocirurgião...
Verdade dos fatos
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Limites necessários
A aprovação no Senado do projeto de lei que pune abuso de
autoridade praticado por magistrados e integrantes do Ministério Público foi um
passo institucional de suma importância. Ela avança na criação de um
instrumento de contenção da marcha do arbítrio contra o Estado Democrático de
Direito e ao mesmo tempo de aprimoramento da institucionalidade democrática do
país. Numa conjuntura em que há uma inequívoca tendência ao retrocesso
civilizatório, instituir essa medida equivale a acender uma luz na escuridão.
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27 junho 2019
Precipitação e embaraço
Sérgio Moro já decidiu que o sargento agiu sozinho no caso da
coca
Luis Nassif,
Jornal GGN
Enquanto isto, permanecem intocados
Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as investigações sobre a autoria da
morte de Marielle.
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, declarou o óbvio: o
tal sargento da aeronáutica não agiu sozinho. Têm-se, aí, um caso grave, um
problema que já afetou Forças Armadas de diversos países, mais ainda aquelas
que foram colocadas na linha de frente da luta contra a droga.
Na viagem, ele certamente tinha uma mala para seus
pertences pessoais, mais o adicional de 39 kg, que exigiria uma mala gigante.
Essa mala chegou no hangar da FAB, foi transportada até o avião.
Sendo o avião
da comitiva presidencial, supõe-se que seja submetido a fiscalização adicional
pelas próprias normas de segurança do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), incumbido de zelar pela segurança do presidente.
Depois, na chegara ao destino final, o sargento
carregava a mala, imensa. Mesmo se passasse pela alfândega, é evidente que não
passaria despercebida de seus colegas de voo. Além disso, há indícios de que
era reincidente na prática. Ou seja, havia um esquema azeitado de entrega dos
pacotes no hangar da FAB e de entrega no destino final.
Em países sérios, haveria uma imediata mobilização
das autoridades, do Ministro da Justiça, da Polícia Federal e do próprio
comando da Aeronáutica, para investigar o caso. E a principal suspeita seria de
uma organização criminosa atuando no âmbito da Aeronáutica.
A repercussão internacional mostra a gravidade do
episódio:
‘Financial Times’: “cocaína na
Espanha coloca Bolsonaro sob pressão”.
‘New York Times’ “Pó
branco, rostos vermelhos: carga de cocaína a bordo de avião presidencial do
Brasil”.
‘Le Monde’, de Paris, :
Bolsonaro foi sacudido pelo “Aero Coca”, depois de 39 quilos de cocaína terem
sido descobertos
A própria Aeronáutica, que é uma corporação idônea,
certamente está empenhada nessa apuração.
O que faz o Ministro da Justiça, Sérgio Moro?
Sua primeira atitude é afirmar que foi um caso isolado, antes mesmo de qualquer
análise.
Não se duvide da honra da FAB. Mas o pré-julgamento de
Moro, transformando um indício preocupante, de organização criminosa atuando na
FAB, em “ínfima exceção” visa exclusivamente fortalecer o apoio militar a ele,
no momento em que é exposta sua parcialidade na Lava Jato. E no momento em que
vai aos Estados Unidos, com a desculpa de se inteirar de técnicas na luta
contra o tráfico. E o responsável pela segurança do vôo, General Alberto
Heleno, diretor do GSI, explica que não tem o dom da adivinhação, incluindo um
componente novo nas normas de segurança: a adivinhação.
Pior! Servindo a um governo sobre o qual
pairam suspeitas sérias de envolvimento com o crime organizado, as milícias,
contra as quais Moro, até agora, não definiu uma estratégia de combate.
No mesmo momento, o 3º filho, Carlos
Bolsonaro, tuitava mensagem de apoio ao PL 1379/19 que, como explica com seu
estilo tormentoso, “anistia multas transportes coletivos que circulam nas
faixas de ônibus”.
Ora, transportes coletivos é um dos setores
preferenciais de atuação das milícias no Rio de Janeiro. É mais um avanço da
economia do crime sobre a economia formal.
Enquanto isto, permanecem
intocados Flávio Bolsonaro, o lugar-tenente Queiroz, as investigações sobre a
autoria da morte de Marielle.
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A peleja no STF
Reflexões sobre o julgamento de Lula no STF
Editorial do Vermelho
Mais uma vez, o
Supremo Tribunal Federal (STF) negou a liberdade para o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Mas seria errôneo imaginar que se trata apenas de mais um
revés. Deste feita, na Segunda Turma, houve uma ponderável manifestação a favor
da contestação ao arbítrio e ao desrespeito ao ordenamento jurídico advindo da
Constituição. Foram argumentos consistentes, demonstrando que no caso da
condenação e da prisão do ex-presidente existe um festival de ilegalidades.
Essa atitude dos ministros do STF que se postaram a favor da Constituição e do Estado Democrático de Direito ajuda a reverberar na população a constatação de que existe uma inaceitável injustiça em andamento. Ela se soma às evidências reveladas pelo site The Intercept Brasil — que ganhou o considerável reforço do jornal Folha de S. Paulo —, disseminando o sentimento de que, no mínimo, existe algo de errado nessa história toda. Como resultado, o pensamento democrático passa a ecoar com menos obstáculos.
No conjunto dos juristas, incluindo ministros do STF, e em setores cada mais largos da população, mesmo entre aqueles que divergem do ex-presidente, vai se impondo a verdade de que está em jogo a restauração do Estado Democrático de Direito. Julgamentos nitidamente marcados pela parcialidade e pela afronta ao devido processo legal não podem prevalecer.
A luta para que para que haja a justiça prossegue. É cada vez mais evidente que a prisão do Lula é injusta e resultado de um processo maculado por uma ação combinada entre o juiz e a acusação. Desse modo, a liberdade do ex-presidente vai emergindo como exigência da legalidade democrática.
Essa atitude dos ministros do STF que se postaram a favor da Constituição e do Estado Democrático de Direito ajuda a reverberar na população a constatação de que existe uma inaceitável injustiça em andamento. Ela se soma às evidências reveladas pelo site The Intercept Brasil — que ganhou o considerável reforço do jornal Folha de S. Paulo —, disseminando o sentimento de que, no mínimo, existe algo de errado nessa história toda. Como resultado, o pensamento democrático passa a ecoar com menos obstáculos.
No conjunto dos juristas, incluindo ministros do STF, e em setores cada mais largos da população, mesmo entre aqueles que divergem do ex-presidente, vai se impondo a verdade de que está em jogo a restauração do Estado Democrático de Direito. Julgamentos nitidamente marcados pela parcialidade e pela afronta ao devido processo legal não podem prevalecer.
A luta para que para que haja a justiça prossegue. É cada vez mais evidente que a prisão do Lula é injusta e resultado de um processo maculado por uma ação combinada entre o juiz e a acusação. Desse modo, a liberdade do ex-presidente vai emergindo como exigência da legalidade democrática.
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Ladeira abaixo
Banco Central admite: a economia parou, e o PIB do Brasil só 0,8%. Sob as incertezas do governo Bolsonaro e o receituário libera do ministro Paulo Guedes, a economia brasileira parou. O diagnóstico não é (apenas) da oposição – mas, sim, do Banco Central (BC), que divulgou nesta quinta-feira (27) o Relatório de Inflação de junho. Segundo o órgão, a projeção de crescimento do PIB para 2019 despencou de 2% para 0,8%. E o índice pode ser ainda menor, haja vista a falta de “sinais nítidos de recuperação” no segundo trimestre. Leia mais https://bit.ly/2Llbi1f
Um ato de resistência
• É como se você estivesse vendo nosso trabalho cotidiano https://bit.ly/2HBtQIw
Decadente
Bolsonaro alcança pior índice de rejeição e
maioria não confia nele
Portal Vermelho
Segundo pesquisa encomendada pela Confederação
Nacional da Indústria, CNI/Ibope, o índice de brasileiros que considerava o
governo Bolsonaro ruim/péssimo subiu cinco pontos em relação ao último
levantamento. O registro passou de 27% para 32% na sondagem divulgada nesta
quinta-feira (27). É o pior índice desde o início do conturbado governo,
envolvido em constantes crises.
Sobre o índice de
confiança, 51% dos brasileiros ouvidos não confiam no governo enquanto 46%
dizem que confiam. Não sabe/não respondeu: 3%
Divulgada nesta
quinta-feira (27), a pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 26 de junho,
quando foram ouvidas 2.000 pessoas em 126 municípios. A margem de erro é de
dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Os números registrados
nas pesquisas revelam aumento na rejeição ao governo. No sentido contrário, a
sondagem revela que entre os brasileiros que consideram o governo ótimo/bom
caiu três pontos percentuais: de 35% para 32%.
Leia
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Mais um vexame
Arrogância e fragilidade
Luciano Siqueira
Luciano Siqueira
Por palavras e atos do próprio presidente e dos seus acólitos, o
governo esbanja arrogância, mas não consegue esconder suas fragilidades.
As pesquisas – que andam rarefeitas ultimamente – já revelaram
que o governante já não conta com o apoio de boa parte dos que o escolheram em
outubro. Perde popularidade com invulgar rapidez.
Seus dois auxiliares antes apontados como “super” numa equipe
ministerial sofrível – Sergio Moro e Paulo Guedes – se vêem chamuscados e com
credibilidade em baixa.
O ministro da Economia, pela ausência de alternativas à crise
econômica e a insistência no samba de uma nota só – a reforma da Previdência
como solução para a retomada do crescimento econômico. Nem os mais exaltados
defensores da reforma acreditam nisso.
O da Justiça a cada dia perde credibilidade e encolhe a empáfia,
constrangido às cordas do ringue pelas revelações do Intercept_ Brasil. A
solidariedade axaltada da extrema direita, que de vez em quando vai às ruas aos
domingos destilar ódio e preconceito, é insuficiente para quem tem, ou tinha,
pretensões tão altas.
Agora, esse caso do sargento da Aeronáutica pilhado com 39kg
cocaína no avião presidencial surge como emblemático da vulnerabilidade de um
governo que exibe tanta presunção autoritária.
No mínimo mais um vexame internacional.
O presidente e sua comitiva, como que nocauteados e ainda
tontos, através do porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, fez
questão de dizer que “o presidente, o Ministério da Defesa, o comando da Força
Aérea, não admitem em hipótese alguma nenhum procedimento desse tipo...”.
Patético.
A imprensa que cobriu a chegada da comitiva presidencial ao
Japão deve ter se surpreendido. Quando um governante precisou afirmar assim tão
solenemente que não admite que integrantes do seu cortejo trafiquem drogas?
Já o vice-presidente no exercício do cargo, general Mourão,
afirmou que o sargento é uma “mula qualificada”.
“Mula”, na linguagem dos traficantes, é o portador que se
arrisca com certa porção de drogas proibidas, enquanto a verdadeira operação se
dá em paralelo.
Enquanto a “mula” é flagrada e atrai todas as atenções da polícia, a remessa maior acontece impune.
Enquanto a “mula” é flagrada e atrai todas as atenções da polícia, a remessa maior acontece impune.
Em ótimo artigo recente aqui no Vermelho (“A luta democrática e
o abuso de autoridade”), Ronald Freitas assinalou muito bem que este governo
tem como um dos seus pilares o esquema que se armou para interromper o ciclo
progressista Lula-Dilma e instaurar “uma nova vertente poder paralelo e abuso
de autoridade e intervenção política com aura jurídica e apoio político, tendo
como centro a bandeira do combate à corrupção”.
Daí a arrogância e a exibição pretensiosa de uma nítida sensação
de que pode tudo. “Eu tenho a caneta”, disse Bolsonaro recentemente numa de
suas turras com o Congresso.
A frágil vigilância, ou a falta dela, na própria comitiva
presidencial em viagem ao exterior dá a medida do quanto essa arrogância se
apoia em bases frágeis.
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26 junho 2019
Luta que segue
Vai ter luta ainda em defesa da aposentadoria digna.
Importante passo dado na luta em defesa da
aposentadoria digna dos trabalhadores e trabalhadoras. Presidentes de partidos da oposição e-ou seus
líderes de bancadas (PT, PCdoB, PSB, PSOL, PDT) reuniram-se com as Centrais
Sindicais - 10 presentes - para aferir e alinhar os movimentos desta batalha.
Representei Luciana Santos, nossa presidenta, ao lado de Gleise Hoffman, a
outra presidenta presente. Leia mais https://bit.ly/2LhLO4N
Futebol em mutação
Quem diria que não há favorito entre Argentina e Venezuela?
Tostão, na
Folha de S. Paulo
O Brasil tem mostrado muitas
virtudes, mesmo contra a Venezuela, quando empatou por 0 a
0. A equipe pressiona e recupera rapidamente a bola, troca muitos
passes e faz boas inversões, o que facilita para os atacantes pelos lados,
abertos, que ficam apenas contra um marcador. Everton tem aproveitado isso, com
belos lances.
Não gostei da escalação de Gabriel Jesus pela ponta, contra o
Peru, aberto, mas ele jogou bem. Pela direita, não acredito que será a melhor
solução.
A seleção, sem Marcelo, passou a ter um lateral mais marcador
(Filipe Luís). Por outro lado, contra fortes defesas, como a da Venezuela,
Marcelo fez falta, por seu enorme talento ofensivo. O cobertor é curto.
Daniel Alves,
contra o Peru, deu um show de técnica. Porém, na Copa, estará com 39 anos, e
não há um bom substituto. É preciso pensar também na frente.
Arthur, com seu estilo de domínio da bola e de passes precisos,
se evoluir individualmente, pode dar à equipe a qualidade que não teve nos
últimos tempos. Nessa formação, com dois volantes e um meia ofensivo, Arthur
joga como gosta e sabe, sem precisar avançar tanto, como teria de fazer se o
time atuasse com um trio no meio-campo, com um volante e dois armadores que
atacam e defendem, como na última Copa do Mundo.
Coutinho, depois da Copa, passou a jogar mais adiantado, pelo
centro. Ele atua mais perto do gol. Por outro lado, fica espremido entre as
duas linhas de marcação, a do meio-campo e a da defesa, sem espaço para driblar
e finalizar, como gosta. O cobertor é curto. Quando Neymar voltar, se Everton continuar
brilhando, Tite terá a opção de escalar Neymar no lugar de Coutinho ou os três:
com Everton pela direita, Coutinho pelo centro e Neymar pela esquerda, o que é
o mais provável.
Contra o Paraguai, Casemiro estará fora, como
no Mundial, contra
a Bélgica, quando também foi substituído por Fernandinho. Não é
surpresa. Casemiro faz muitas faltas. Se jogasse no Brasil, estaria, com
frequência, suspenso.
Quem diria que não há favorito entre Argentina e Venezuela? A
Argentina está ruim, coletivamente e individualmente, mesmo com Messi,
e a Venezuela não é mais o time bobo de outras épocas. Em 1969, nos dois jogos
pelas eliminatórias da Copa de 1970, vencidos pelo Brasil, por 6 a 0 e por 5 a
0, fiz seis gols, três em cada jogo. Aproveitei a moleza para aumentar meu
prestígio. Agora é diferente.
MISTÉRIOS
- É cada dia mais difícil entender
o que querem os clubes e as seleções e o que pretendem os técnicos. Virou
rotina, no Brasil e em todo o mundo, o repórter ter acesso aos treinos durante
os 15 minutos iniciais, quando os jogadores estão se aquecendo ou brincando, à
espera da saída da imprensa.
As informações são apenas as oficiais. O repórter, se não for
crítico e não ficar atento, torna-se, sem perceber, participante da assessoria
dos clubes e das seleções. Muitos correm atrás de outras notícias. A falta de
informações é um estímulo para os boatos. Comentaristas, durante a partida,
ficam na dúvida se a jogada foi ensaiada ou se foi uma improvisação.
Dirigentes e comissões técnicas escondem o produto, em vez de
promovê-lo. Preferem o mistério. Querem fazer do futebol algo incompreensível,
como se apenas os técnicos pudessem saber os detalhes. É também um álibi para
treinadores esconderem suas deficiências. Seria como, diante de uma crítica,
refutá-la com o argumento de que o comentarista não sabe o que está dizendo.
[Ilustração: Jessica Martins]
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25 junho 2019
Apelo
Ruim que a os advogados do ex-presidente Lula tenham que recorrer à ONU. Mas é compreensivel, tamanha a anormalidade jurídica que envolve o Brasil hoje.
Elzita, presente!
Perdemos hoje a
querida companheira de tantas lutas, Elzita Santa Cruz, mãe do nosso
companheiro Fernando (sequestrado e morto pela ditadura militar). Ao longo da
vida, mãe de militantes presos e perseguidos políticos, resistiu sempre —
altiva e determinada.
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Afundando precocemente
Inferno astral em
apenas seis meses
Luciano Siqueira
Como todo governo no início, natural que as expectativas
positivas fossem majoritárias na população, em geral desinformada quanto à
agenda econômica do governo Bolsonaro.
O mercado, então, este mais do que esclarecido, mentor dessa
agenda, alimentava a ilusão de que o estilo autoritário-atabalhoado do novo
presidente, e a maioria eleitoral obtida nas urnas, o credenciassem a um êxito
que Michel Temer não foi capaz de obter.
Além disso, pesava uma espécie de “tradição” brasileira de
recuperação relativamente rápida das atividades econômicas, pós-recessão.
Agora, seis meses passados desde a posse de Bolsonaro e da
entronação de Paulo Guedes e seus Chicago Boys no pretenso superministério da
Economia, as sucessivas previsões do PIB recuam sucessivamente.
Essa equipe econômica, de modo incrivelmente burro – como assinalou
em artigo recente o economista Luiz Gonzaga Belluzzo -, aposta todas as fichas
num suposto equilíbrio das contas públicas, tendo como pedra de toque uma
imaginada retenção de recursos através da reforma da
Previdência.
E quanto mais se restringem os investimentos públicos, mais
a economia afunda.
Investidores privados se retraem, a indústria perde competitividade e
se atrasa em inovação, os serviços também encolhem, o desemprego aumenta e o
consumo idem.
Entrementes, o presidente da República coleciona declarações
e gestos sem nexo, ou com o único nexo de satisfazer os chamados “nichos” de
apoio com que conta entre os cerca de vinte por cento da população efetivamente
situados à direita.
Alguns analistas chegam a dizer que essa “estratégia” do
presidente traduz o seu instinto de sobrevivência, na medida em que se sente
ameaçado pelo fracasso administrativo.
Como assim?
Se em apenas um semestre o governante já se vê angustiado em
razão de sua própria incompetência, aonde iremos chegar?
Na verdade, são muitos os fatores de estremecimento das
bases do atual governo, em geral endógenos.
Falta rumo, grandeza e habilidade. Inclusive falta a
compreensão de como devem ser as relações entre os chamados poderes da
República.
Tanto que, de modo precariamente contraditório, o governo conta
com maioria numérica no Parlamento, mas não constrói sua base de sustentação parlamentar.
E agora, como uma espécie de pano de fundo de caráter
explosivo, as revelações do site Intercept_ acerca do comportamento ilegal e
politicamente fraudulento do então juiz, hoje ministro Sergio Moro e
procuradores da força tarefa da Lava Jato, chamuscam o presidente beneficiário
das irregularidades judiciais que afastaram o ex-presidente Lula das eleições
de outubro.
Será isso o que se chama de inferno astral?
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24 junho 2019
Indústria em baixa
A retomada do
receituário neoliberal no período recente foi o responsável principal pelo
desencadeamento de novo quadro recessivo na economia que levou praticamente ao
desfecho da industrialização brasileira. Isso porque o setor industrial
terminou sendo o mais atingido pela queda no nível de produção, cuja
alternativa tem sido a substituição de produtos nacionais por importados e
prevalência de significativo déficit de manufatura na balança comercial. Leia mais:
https://bit.ly/2xi73uR
Interinidade
Em viagem a Alemanha, onde assumirá amanhã a direção para a América do Sul do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade — rede global de mais de 1.750 governos locais e regionais comprometida com o desenvolvimento urbano sustentável, o prefeito Geraldo Júlio me transmitiu o cargo, agora, no aeroporto dos Guararapes. (Foto: Carmen Fischer).
Irresponsabilidade
O Ministério da Agricultura liberou o registro de 42 novos agrotóxicos, dos quais 14 estão classificados como “extremamente tóxicos”, 4 como “altamente tóxicos”. É o “liberou geral” irresponsável do governo Bolsonaro, em favor das multinacionais do ramo.
Burrice agrava a crise
Crise que
machuca a economia é, sobretudo, de inteligência
Bolsonaro, Guedes e seus
‘seguidores’ empenham-se na desconstrução do arcabouço institucional que
sustentou o desenvolvimento do País
Luiz Gonzaga Belluzzo, Carta Capital
Ao investigar as razões do
desenvolvimento asiático, os autores mais inclinados à análise histórica e
institucional concentraram a atenção nas seguintes questões: 1. A natureza e
relevância das políticas industriais (e de constituição de grandes grupos nacionais),
sempre amparadas no direcionamento do crédito e nas taxas de câmbio reais
“competitivas”. 2. A importância dos acordos implícitos e das relações de
“cooperação” e “reciprocidade” entre o Estado e grupos privados. 3. A forma da
inserção internacional.
Os
estudos cuidaram de sublinhar as relações peculiares entre os Estados
Nacionais, os sistemas empresariais e a “inserção internacional”. Procuraram
chamar atenção para a especificidade da “organização capitalista”, em que
prevaleceram: 1. Nexos “cooperativos” e de reciprocidade nas relações
capital-trabalho. 2. Negociações entre os grandes conglomerados e seus
fornecedores. 3. Íntima articulação entre os bancos e a grande empresa
nacional. 4. “Administração estratégica” do comércio exterior e do investimento
estrangeiro.
Essa
arquitetura institucional não só assegurou excepcionais taxas de investimento e
de acumulação de capital como ensejou programas de “graduação” tecnológica.
Esse arranjo garantiu, assim, expressivos ganhos de produtividade e, consequentemente,
consolidou a posição competitiva dos grandes grupos nacionais (sim, os
“campeões”, senhoras e senhores) diante dos rivais e concorrentes no mercado
internacional.
A
partir das reformas do fim dos anos 70 do século passado, a China irrompeu no
cenário asiático com uma receita um tanto modificada. O novo protagonista
apoiou-se na combinação entre uma novidade, ou seja, a atração de investimentos
diretos estrangeiros e, uma tradição, isto é, a forte intervenção do Estado na
finança e no comércio exterior, com o propósito de sustentar uma agressiva
estratégia exportadora e de crescimento acelerado. A ação estatal cuidou,
ademais, dos investimentos em infraestrutura e utilizou as empresas públicas
como plataformas destinadas a apoiar a constituição de grandes conglomerados
industriais preparados para a batalha da concorrência global.
Os
sistemas financeiros que ajudaram a erguer os países asiáticos eram
relativamente “primitivos” e especializados no abastecimento de crédito
subsidiado e barato às empresas e aos setores “escolhidos” como prioritários
pelas políticas industriais. O circuito virtuoso ia do financiamento para o
investimento, do investimento para a produtividade, da produtividade para as
exportações, daí para os lucros e dos lucros para a liquidação da dívida.
Na
China, as elevadas taxas de poupança registradas nas contas nacionais resultam,
sobretudo, dos lucros retidos pelas empresas e do crescimento da renda das
famílias. As “poupanças” brotam do circuito virtuoso: expansão do crédito
comandada pelos bancos públicos, conexão entre o investimento das empresas
estatais e privadas, aumento da produtividade e das exportações líquidas,
elevação dos lucros e dos rendimentos agregados.
Os chineses cuidaram de reforçar a centralidade da
“organização capitalista” em que prevalecem nexos, digamos, “cooperativos” nas
relações entre empresas e burocracias civis, militares e de segurança
encarregadas de fomentar e administrar o sistema de avanço tecnológico. É
crucial a presença dos bancos públicos no provimento de crédito para permitir a
apropriação da tecnologia, mediante a utilização das empresas estatais para a
formação de joint ventures com o capital estrangeiro, e promover a
“administração estratégica” do comércio exterior. Essa arquitetura institucional
não apenas assegurou excepcionais taxas de investimento e acumulação de capital
como também ensejou programas de “graduação” tecnológica.
A
crise que hoje machuca a economia brasileira é, sobretudo, uma crise de
inteligência estratégica. Bolsonaro, Paulo Guedes e seus “seguidores”, dentro e
fora do governo, empenham-se na desconstrução do arcabouço institucional que
sustentou o desenvolvimento do País ao longo de cinco décadas. Desde os anos 30
do século passado, a trajetória da nossa economia confirma que a coordenação do
Estado é crucial para a obtenção de taxas de crescimento elevadas.
Os
dados de Rodrigo Orair demonstram claramente o protagonismo do investimento
público no longo ciclo de expansão entre 1950 e 1979. Não por acaso, as taxas
de crescimento do período suplantam significativamente aquelas obtidas na
etapas recentes.
O Brasil ocupava, então, a liderança no torneio mundial do
crescimento amparado em um processo de industrialização que avançou para dotar
o País de uma estrutura produtiva diversificada e moderna. Pindorama era a
nação mais industrializada entre os ditos “emergentes”.
Descontada
a década perdida dos anos 1980, submetida às agruras da crise da dívida
externa, o desenvolvimento posterior foi modesto. O primeiro ciclo, o dos anos
1990, moveu-se no território do baixo dinamismo e da regressão da estrutura
industrial. Esvaiu-se no colapso cambial de 1999. O segundo ciclo, apoiado no
projeto de inclusão social e expansão do mercado interno, foi sustentado pelos
preços das commodities,
mas fragilizado pela valorização cambial. Sobreviveu bravamente à crise global
de 2008. Perdeu forças nos anos que antecederam à crise de 2015, deflagrada
pelo ajuste reclamado pela turma da bufunfa e executado pela dupla
Rousseff-Levy.
Desde
então, o debate brasileiro trilhou os caminhos das simplificações binárias.
Inspirados no filme Querida, Encolhi as Crianças, não são poucos aqueles que recomendam “encolher o
Estado”. Cortar, desmobilizar e privatizar são os verbos mais conjugados nos
gabinetes dos palácios e da finança. A secretaria que cuida das Privatizações
ostenta também a alcunha de Desinvestimentos.
Vamos olhar para a frente: a integração às
cadeias globais vai certamente exigir políticas distintas daquelas executadas
nos anos do nacional-desenvolvimentismo. A ênfase, agora, deve ser colocada na
busca da construção de vantagens dinâmicas apoiadas em programas de inovação,
sobretudo os articulados ao agronegócio, às novas fontes de energia, à
infraestrutura e às grandes demandas sociais, como educação, saúde, mobilidade
urbana e segurança.
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23 junho 2019
Chumbo grosso
Folha de S. Paulo inicia série de reportagens sobre revelações que implicam Moro e Dallagnol, em cooperação com The Intercept. Vem chumbo grosso por aí.
21 junho 2019
Copa sem novidades?
Na Argentina, Messi é um herói sem resultado
Tostão, na
Folha de S. Paulo
Após a primeira rodada da Copa América,
de pouquíssimo
público e de grandes arrecadações, por causa do exorbitante preço
dos ingressos, das cinco seleções consideradas mais fortes (Brasil, Uruguai,
Colômbia, Chile e Argentina, por causa de Messi), só a Argentina foi
mal e perdeu.
O técnico da Colômbia, o português Carlos Queiroz, pode
acrescentar o que faltava, uma alma mais competitiva e pragmática, sem perder a
técnica e a habilidade.
Brasil, Uruguai, Colômbia e Chile mostraram algo em comum, a
pressão em quem está com a bola, para, rapidamente, recuperá-la. A Colômbia não
deixou a Argentina trocar três passes seguidos, de uma intermediária à outra. Messi e
Agüero ficaram isolados. Os times europeus, há tempos, usam essa marcação. O Palmeiras é a equipe brasileira que mais
pressiona e recupera a bola.
A tendência mundial é a de unir as duas estratégias, pressionar
e recuar para fechar os espaços, em um mesmo jogo, de acordo com o momento da
partida.
A antiga justificativa de que marcar por pressão provoca muito
desgaste físico não faz mais sentido, já que os jogadores são muito bem
preparados fisicamente e os elencos são bons e grandes. Quem está cansado é
substituído. A outra alegação de que, quando se adianta a marcação, se abre
muitos espaços na defesa pode ser evitada se os zagueiros e o goleiro estiverem
bem posicionados. Essas justificativas são álibis para técnicos medrosos e
preguiçosos.
Nesta quarta (19), a Argentina enfrenta o Paraguai, que empatou
e jogou mal contra o Qatar. Porém, uma característica marcante dos paraguaios é
jogar mal contra os times medianos e dificultar bastante para as melhores
seleções. Sabe fazer uma retranca. Por mais que seja a descrença com a seleção
da Argentina, há sempre a esperança de que Messi faça maravilhas e que o time
seja campeão.
Sem querer divagar, mas divagando, a frustração e a
tristeza de Messi em não dar um título à Argentina me lembra o
mito de Sísifo, grande obra do filósofo Albert Camus. Sísifo, personagem grego,
é condenado pelos deuses a levar uma pedra até o cume da montanha. A pedra sobe
e desce, pelo peso. E, assim, sucessivamente. Sísifo tem consciência de sua
limitação, de sua derrota e de seu destino, diante da angústia da finitude
humana. A consciência o torna superior ao seu destino e salva-o para viver.
Messi, assim como Sísifo, tem consciência de sua incapacidade de
dar um título importante à Argentina.
Sofre muito com isso, cada vez mais, mas não desiste, mesmo que
as derrotas comprometam seu prestígio. Isso o torna também mais humano e
melhor, dentro e fora de campo. Messi é o herói sem resultado.
BUROCRÁTICO
O Brasil dominou, pressionou, trocou muitos passes, teve muita
posse de bola, mas faltou a
jogada individual, surpreendente, perto da área.
Richarlison, pela direita, entrava pelo centro, e Daniel Alves
não avançava. Não havia jogada por aquele setor. No segundo tempo, entrou
Gabriel Jesus da esquerda para o meio, e David Neres passou a jogar pela
direita. O time continuou torto, sem um atacante pelo lado, agora pela esquerda,
e embolado pelo meio. Éverton entrou e fez duas belas jogadas, como na partida
anterior.
A Venezuela marcou muito bem, com duas linhas de quatro,
recuadas, próximas, além de um volante entre as duas linhas. Ela não é mais
aquele time fraquíssimo do passado.
Assim como no jogo contra a Bolívia, o Brasil foi burocrático e
previsível.
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