Incômoda ausência
Luciano Siqueira
Quem sou eu para me rebelar contra medidas preventivas em relação
ao perigoso novo coronavírus?
Até pela formação médica, mas ainda pelo bom senso cumpro o
que está determinado. Em defesa da vida, minha e de todos com quem me relaciono
no dia a dia.
Por isso cumpri rigorosamente seis meses de isolamento
social. E minhas atuais saídas à rua têm sido rigorosamente controladas.
Quando vier a vacina será diferente. Tomara que ela chegue
pelo menos em meados de 2021.
Tudo bem, racionalmente as coisas estão claras.
Mas sou militante e o gosto pela rua nas batalhas eleitorais
fervilha no sangue, como se diz. Confesso que me incomoda muito estar fisicamente
ausente.
E tem o Instagram e o WhatsApp que alimentam a minha
frustração.
- Foi muito bom! - escreve o amigo.
- Faltou você nessa foto, como na campanha passada – comenta
delicadamente a amiga sem saber o mal que me faz!
Pior foi o comentário do Epaminondas:
- Tenha paciência, daqui a dois anos tem nova campanha. Se você
estiver vivo...
Essa condicionante é de matar!
O cara passou dos setenta, se afoga em frustração porque a
luta pelos meios digitais não o satisfaz, e vem o amigo agourento consolar
assim de um jeito atravessado!
Mas no fundo ele tem razão. Faz-se agora o que é possível e
se aguarda nova oportunidade para fazer do que jeito desejado.
A vida é assim. E aí reside um dos segredos da boa ambição:
o desejo insatisfeito nos impele a querer mais. Um misto de frustração e
expectativa. E de renovada esperança.
Tudo bem. Cuido agora de gravar em vídeo breves depoimentos
em apoio à turma que está disputando o voto e acredita que uma palavra minha
ajuda.
Pelo menos a mim mesmo ajuda. Consola.
Veja: A
vida não se resume num samba curto https://bit.ly/3hN3UrP
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