31 janeiro 2022

Crônica da segunda-feira

O pai das meninas

Luciano Siqueira

 

No transcorrer de vida pública tão extensa e de razoável notoriedade, natural que me ocorresse ser reconhecido nas mais diversas e triviais situações:

— Você é Luciano Siqueira?

— Sim, pois não?

Ou:

— Tá lembrado de mim? Fui piqueteiro da Codistil na greve geral.

— Ah...

— Você era o único deputado que participava das greves operárias naquela época.

De outro modo:

— Como você se parece com o vice-prefeito do Recife!

— Sou eu mesmo...

Ou então:

— Permita-me, você fez parte do movimento estudantil contra a ditadura? Luciano?

— Sim.

— Era da Medicina da UFPE, né? Que prazer, Etelvina, fui da Unicap...

— Tempos heroicos...

Outras referências são do meu período de médico. Felizmente positivas.

Entretanto, como na canção de Cazuza, o tempo não para.

Felizmente as duas filhas cresceram, tomaram rumo na vida e se afirmam em seus nichos profissionais.

Hoje, uma se consolida como arquiteta-urbanista atenta ao recorte de gênero na abordagem dos problemas de nossas metrópoles; a outra se afirma como talentosa cineasta da atual geração do audiovisual pernambucano.

Ao chegar no Cinema do Museu para a exibição do Baile do Menino Deus, versão 2022, que Tuca dirigiu, fui recepcionado como "o pai da diretora".

Na Livraria Cultura, no RioMar, um jovem de pesados óculos de grau e aros escuros, timidamente me abordou:

— O senhor é o pai de Neguinha, desculpe, Lúcia?

— Sim...

— Fui aluno dela no curso de arquitetura.

Gosto disso.

É a evolução geracional.

No atual movimento estudantil há quem se refira a mim como avô de Pedro.

Na escola dos netos mais novos, creio que o porteiro sequer sabe o meu nome. Sou o avô de Miguel e de Alice.

C'est la vie...

[Ilustração: Lula Cardoso Ayres]

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Nem sempre uma boa imagem depende de equipamentos sofisticados https://bit.ly/3E95Juz

Criminosos

Bolsonaro e seus acólitos estúpidos destroem saúde pública impunemente

Justiça não tem o direito de se omitir em meio aos ataques do governo à vacina, pondo em risco a vida de todos
Drauzio Varella, Folha de S. Paulo

 

A Justiça precisa punir os criminosos que atentam contra a saúde pública. Se continuar de braços cruzados, tem que explicar para a sociedade por que razão não o faz.

No último fim de semana fui convidado a participar de um abaixo-assinado redigido por professores da USP, em repúdio a um documento do Ministério da Saúde que teve o descaramento de insistir na farsa da eficácia da hidroxicloroquina, característica que faltaria às vacinas, segundo eles.

Assinei, claro, como o fizeram 45 mil colegas nas primeiras 24 horas.

Apesar da adesão em massa, estou certo de que será mais uma ação incapaz de alterar o rumo das políticas adotadas por um ministério desmoralizado, comandado por um lambe-botas incompetente, com credibilidade abaixo de zero, que envergonha a nossa profissão sob o olhar subserviente do Conselho Federal de Medicina.

Há um ano, jornalistas, médicos e cientistas aparecem nos meios de comunicação de massa para repetir à exaustão que as vacinas são seguras e protegem contra as formas graves da doença, afirmações defendidas por todas as sociedades médicas. Não conheço um único médico com um mínimo de formação científica que conteste a necessidade de vacinarmos a população; os que atacam as vacinas na internet ou no governo são ignorantes, curtos de inteligência ou mal intencionados, não há quarta alternativa.

Em contraposição, o ministro e seus auxiliares encarregados do trabalho sujo fazem o possível para desacreditar a vacinação e semear dúvidas sobre a segurança das preparações aprovadas pela Anvisa, uma das agências mais respeitadas do mundo.

O empenho em confundir o povo é tão grande que o ministro da Saúde, acompanhado da ministra que teve o privilégio de receber Jesus no alto de uma goiabeira, viajaram para Lençóis Paulista decididos a explorar o caso de uma menina que teve parada cardíaca horas depois de receber a vacina.

A ministra se apressou a divulgar a "suspeita" pelo Twitter, sem mencionar que o laudo médico já havia concluído que o episódio não guardava relação com a vacina. Na mesma plataforma, o ministro curtiu a mensagem da colega.

Para completar o show de horrores e de oportunismo rasteiro, o próprio presidente da República se deu ao trabalho de telefonar para os familiares da criança, em contraste com o desprezo às 623 mil famílias brasileiras que perderam entes queridos na pandemia.

Enquanto na Inglaterra o primeiro-ministro pode cair por causa de uma festinha que contrariou as recomendações oficiais de isolamento social, no Brasil, o presidente, o ministro da Saúde e seus acólitos escolhidos a dedo nas catacumbas da estupidez humana conspiram contra a saúde pública sem que nada lhes aconteça.

Essa pandemia é mais prolongada do que esperávamos. A variante ômicron se dissemina numa velocidade impressionante. Em mais de 50 anos de medicina nunca vi virose tão contagiosa. Os mais
velhos diziam que a varíola era assim, mas não cheguei a ver porque a vacinação varreu o vírus da face da Terra.

Não podemos nos iludir, essa variante não vai nos imunizar coletivamente. Tenho vários pacientes que tiveram Covid, receberam as três doses da vacina e adoeceram outra vez nas últimas semanas, embora com sintomatologia discreta.

Se a doença provocada pelas variantes anteriores não produziu níveis de anticorpos suficientes para evitar a infecção pela ômicron, que certeza pode haver de que não emergirá uma nova cepa capaz de driblar a imunidade induzida por ela? O SARS-CoV-2 permanecerá entre nós.

Quanto mais contagiosa for a variante e mais pessoas não vacinadas disseminarem o vírus, mais tempo ele terá para sofrer novas mutações.

Enfrentar epidemia de tal complexidade exige especialistas competentes, coordenação centralizada, serviços de saúde organizados e políticos conscientes de suas responsabilidades, para convencer a
população de que todos devem se vacinar e tomar os demais cuidados para reduzir ao máximo a transmissão.

Admitir que autoridades inescrupulosas se dediquem a fazer exatamente o oposto, pondo em risco a saúde e a vida de todos impunemente, é um péssimo exemplo para lidar com esta e com as futuras epidemias. A Justiça não tem o direito de se omitir, precisa deixar claro para as próximas gerações que crimes contra a saúde pública devem ser punidos com rigor em nosso país.

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Será aceitável que 9 crimes tão graves fiquem impunes? https://youtu.be/sJ2lSvc193E

Palavra de poeta: Chico de Assis

CIDADELA DO IMPOSSÍVEL

Chico de Assis*
 
A cidade dos meus sonhos 
não existe.
 
Por isso eu navego 
entre rios
trafego entre pedras
atravesso avenidas
 
percorro ruas 
vielas estreitas
do meu pais 
e de outros países. 
 
Por isso eu sequer pergunto
de onde venho
para onde vou
pra onde me levam.
 
Digo sempre que prefiro
voar ás cegas. 
Vislumbro um horizonte vago 
e sigo a passo de criança. 
 
Por isso não perco a esperança. 
Mas confesso que cansa.
 
[Ilustração: Vincent Van Gogh]


*Advogado, poeta
 Sempre de olho nos fatos e tendências https://bit.ly/3n47CDe

Direito essencial

Acesso a medicamentos: Direito Humano Fundamental!

ALIC E PORTUGAL, JORGE BERMUDEZ, RONALD FREITAS DOS SANTOS
Portal da Fundação Mauricio Grabois


Dentre as lições amargas aprendidas com a pandemia podemos destacar a distância entre as falsas promessas de solidariedade que ecoaram pelo mundo e a triste realidade da disputa comercial nas tecnologias, medicamentos e vacinas que excluem contingentes enormes da população mundial do acesso a medicamentos essenciais.

Quase 6 milhões de pessoas morreram no mundo, mais de 620 mil no Brasil (dados de 14/01/2022, Our World in Data), muitas delas mortes evitáveis.

Famílias enlutadas, desemprego, subemprego e pobreza disparando diante da volúpia da indústria farmacêutica impondo seus monopólios e preços elevados.

Uma indústria que não conhece recessão e enriquece seus acionistas e executivos com a miséria dos outros e com a morte; em muitos países se somando à incapacidade ou ao negacionismo das autoridades governamentais.

Documento recente estima que, enquanto o mundo se encontra desprotegido e menos de 2% de doses de vacinas têm sido direcionadas a países de baixa renda por Pfizer, Moderna e BioNTech, estas três companhias obtiveram um lucro de cerca de US$ 34 bilhões em 2021, o equivalente a 65.000 dólares a cada minuto.

Não é por acaso que as empresas farmacêuticas têm recusado as solicitações da OMS para transferência de tecnologia e assim viabilizar a expansão da produção mundial de vacinas contra a Covid-19.

Não é por acaso que o mecanismo solidário COVAX, que seria responsável por fornecer vacinas Covid a países sem capacidade de pagar, se encontra subfinanciado enquanto as relações bilaterais da indústria com os países ricos atropela o multilateralismo e a solidariedade.

Adicionalmente, é necessário ajudar a fortalecer a capacidade dos países de baixa renda para efetivar a vacinação nos seus respectivos, mesmo precários, sistemas de saúde.

Ao mesmo tempo, nos causa preocupação a falta de estrutura que pode levar países pobres a não conseguirem vacinar suas populações vulneráveis e lamentamos a perda de vacinas por expiração nos prazos de validade, como recentemente noticiado em Uganda.

Mais revolta causa saber que o sistema de saúde do Reino Unido vai destruir um contingente elevado de vacinas por não ter conseguido utilizá-las, penalizando não apenas seus próprios habitantes, mas em especial países pobres que poderiam ter sido beneficiados pelas doações que sucumbiram aos nacionalismos exacerbados dos países ricos.

Ao estabelecer o Painel de Alto Nível do Secretário-geral das Nações Unidas em acesso a medicamentos em 2016, a motivação principal foi a de buscar e propor soluções para as “incoerências”, no contexto das tecnologias em saúde, entre os direitos dos inventores; as prioridades em saúde pública; as leis e regulação de direitos humanos; e as regras do comércio.

Mais do que nunca diminuir essas disparidades implica tratar o acesso a medicamentos e tecnologias como um direito humano fundamental.

Na medida em que as vacinas se consolidam em escala global e novos produtos são revelados como potenciais tratamentos para enfrentar a Covid-19, é necessário reiterar nossa convicção do acesso a medicamentos e tecnologias como um direito humano fundamental.

Isso implica: ampliar nossa base produtiva; assegurar recursos para incentivar fortemente a ciência, tecnologia e inovação; estabelecer políticas públicas integradoras, centradas em defender a vida e que sobrevivam às mudanças governamentais; e, em especial, consolidar nosso SUS e seus princípios objetivando a melhoria da qualidade de saúde e de vida de nossas populações.

Novas tecnologias têm que ser incorporadas no SUS, mas temos que assegurar o acesso da população a essas tecnologias.

Custo, valor e preço têm que ser repensados para uma nova realidade. Como reza nossa Constituição, saúde como direito de todos e dever do Estado, acrescido de uma PEC que assegure o acesso a tecnologias como um direito humano fundamental!

Nessa lógica, um primeiro passo é assegurar que o licenciamento compulsório (quebra de patentes) possa ser exercido com plenitude no Brasil, derrubando os vetos do presidente na Lei 14.200/2021 e pressionando para o Brasil apoiar a iniciativa em discussão na OMC sobre a suspensão temporária de direitos de propriedade intelectual, o “waiver” proposto por Índia e África do Sul e hoje apoiado pela imensa maioria dos países em desenvolvimento.

Novos e antigos medicamentos estão sendo reposicionados para o tratamento da Covid-19 e aprovados na OMS e nas principais agências reguladoras do mundo, incluindo a Anvisa.

Aprovação de novos medicamentos sem o acesso assegurado no SUS penaliza as populações mais vulneráveis no Brasil. E ainda estamos no fulcro da crise no Ministério da Saúde e as críticas e tentativas espúrias de modificar a direção da CONITEC pela falta de adequação às diretrizes sem fundamento, mas de origem política e eivada de interesses inexplicados.

Mas em termos de vacinas nem sempre as tecnologias mais complexas devem ser consideradas como a “tábua de salvação”.

Uma iniciativa conjunta do Baylor College of Medicine e Texas Children’s Institute, em Houston, Texas, EUA, liderado pelos cientistas reconhecidos mundialmente Peter Hotez e Maria Elena Bottazzi, que já vinham trabalhando no desenvolvimento de vacina com tecnologia de proteína recombinante desde o início dos anos 2000, à época de MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) e SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), anunciaram em dezembro de 2021 a chamada “primeira vacina contra Covid concebida para saúde global”, livre de proteção patentária, de baixo custo de produção e disponível sem restrições.

Além de estar negociando a produção em países como Indonésia, Bangladesh e Botsuana, já foi autorizado seu uso emergencial na Índia e estabeleceram acordo para a produção com a empresa indiana Biological E.

Embora ainda não constando dados publicados dos ensaios clínicos, a expectativa é de que essa vacina possa ser rapidamente produzida e distribuída em escala global.

Podemos estar no umbral de mostrar que é possível um mundo sem patentes e que os interesses comerciais não necessariamente tem que imperar nesse novo mundo.

Queremos encerrar reiterando as palavras da então Primeira-Ministra da Índia Indira Gandhi, que, em 1981, ao abrir a Assembleia Mundial da Saúde, disse (tradução livre): “Meu sonho de um mundo melhor ordenado seria aquele em que as descobertas médicas fossem livres de patentes e não houvesse lucro com a vida ou com a morte”.

Quem dera nestes últimos 41 anos tivéssemos conseguido mais do que lutamos. Quem dera, mas nunca é tarde! Como disse o Comandante: “Hasta la victória, siempre!”.

*Alice Portugal é farmacêutica, deputada federal (PCdoB/BA) e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica

*Jorge Bermudez é pesquisador sênior da ENSP/Fiocruz

*Ronald Ferreira dos Santos é presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar)

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Erros, desgaste e derrota

A marcha negacionista e a derrota de Bolsonaro

Portal Vermelho www.vermelho.org.br

 

Dizia o jornalista, escritor e humorista Aparício Torelly, o “Barão de Itararé” (1895-1971): “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”. Talvez esta seja a melhor síntese para nossos sentimentos e expectativas diante da postura do governo Jair Bolsonaro frente à pandemia de Covid-19. Não faltam pretextos para o presidente reorientar o discurso e as práticas negacionistas de sua gestão, que tanto mal causou ao povo desde o início da crise sanitária. E, no entanto, gestores federais – e o próprio Bolsonaro – seguem relativizando a pandemia, propagando fake news e pondo em risco a vida dos brasileiros.

Dois episódios recentes ilustram a irresponsabilidade do bolsonarismo. Um deles diz respeito à vacinação infantil. Em 12 de dezembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a aplicação de duas doses de uma vacina da Pfizer contra Covid-19 específica para crianças de 5 a 11 anos. Nos Estados Unidos e na União Europeia, bem como em diversos países da América Latina, as agências regulatórias de saúde já haviam emitido autorização similar.

Mas, diferentemente de outros governantes, Bolsonaro esnobou a deliberação e retardou a busca do imunizante da Pfizer, a exemplo do que já fizera desde agosto de 2020 em relação às vacinas para adultos. Primeiro, o presidente anunciou que pais e responsáveis precisariam assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças – e que a prescrição médica em postos de vacinação deveria ser cobrada. Dias depois, Bolsonaro afirmou que daria publicidade ao nome de servidores da Anvisa envolvidos na medida – o que, segundo o chefe da agência, Antonio Barra Torres, está por trás das 170 ameaças de morte, agressão e violência recebidas por esses servidores.

Para atrasar ainda mais a nova fase de imunização, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, organizou uma consulta pública e promoveu uma audiência para debater a medida da Anvisa. Porém, ao verem que tanto a consulta quanto a audiência revelaram amplíssimo apoio à vacinação infantil, o governo não recuou. Bolsonaro mentiu sobre a mortalidade da Covid em crianças e atacou, sem provas, os responsáveis pela autorização. “Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero? O que que está por trás disso?”, declarou o presidente em 6 de janeiro. “Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?”

Entre inverdades, ilações deturpadas e difamação, Bolsonaro tentou justificar o injustificável. Até aquela data, 308 crianças entre 5 e 11 anos já haviam morrido em decorrência do novo coronavírus no Brasil. Segundo Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria, nenhuma doença passível de prevenção por vacina “vitimou tantas crianças como a Covid-19”.

A provocação do governo foi tão acintosa que a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), enviou à Procuradoria-Geral da República uma notícia-crime que pede a investigação de Bolsonaro e de Queiroga por prevaricação e atentado às vidas dos servidores da Anvisa. Trata-se de uma praxe porque, a rigor, a apuração do caso está nas mãos do Ministério Público. De resto, a batalha foi perdida por Bolsonaro, que não foi endossado nem pela população, nem por governadores.

Pesquisa PoderData divulgada em 21 de janeiro mostra que a maioria do povo brasileiro rejeita essa gestão marcada pelo sadismo e pela desumanidade: 53% avaliam o governo como “ruim” ou “péssimo”, mais que o dobro dos que julgam o governo “ótimo” ou “bom” (25%). Duas semanas antes, levantamento do mesmo instituto apontou que apenas 16% dos pais e mães não pretendem vacinar os filhos contra o novo coronavírus, ante 71% que aderem à vacinação infantil.

Outro marco do desvario negacionista do governo ocorreu na última sexta-feira (21). Nota técnica do Ministério da Saúde, assinada por Helio Angotti, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, questionava as vacinas contra a covid-19. Conforme o documento, os imunizantes não tinham “demonstração de efetividade em estudos controlados e randomizados”, nem “demonstração de segurança em estudos experimentais e observacionais adequados”. Em compensação, Angotti atestava a suposta eficácia da hidroxicloroquina. Recomendava-se, assim, o “kit Covid”.

A barbaridade foi tanta que o próprio governo não endossou de imediato a nota. “O Ministério da Saúde esclarece que em nenhum momento afirmou que o referido fármaco é seguro para tratamento da Covid-19, nem questionou a segurança das vacinas, que é atestada pela agência reguladora”, afirmou a pasta. Na terça-feira (25), o ministério prometeu tirar a nota técnica do ar e publicar outra, “com mais clareza”. Ainda assim, a Frente Parlamentar Observatório da Pandemia, instalada no Senado, deve convidar o secretário Angotti para prestar esclarecimentos. O ministro Queiroga também deve ser chamado e, além da nota, será inquirido sobre o apagão de dados da pandemia e o atraso da vacinação das crianças.

O Senado – vale lembrar – já deu contribuições efetivas para deter a marcha negacionista do bolsonarismo. Por uma série de atitudes imprudentes, ilegais e criminosas do governo – sem contar as omissões –, o relatório final da CPI da Covid-19, aprovado em novembro, pediu a responsabilização do presidente, de ministros e ex-ministros da Saúde, gestores federais e parceiros dessa cruzada pela morte. Os senadores responsabilizaram diretamente Bolsonaro por nove crimes na pandemia – e alguns deles podem levá-lo até a julgamento em tribunais internacionais.

Nada disso parece ter inibido esses mensageiros da morte, conforme evidenciam os novos episódios. Nem mesmo as 623 mil vidas perdidas no País em menos de dois anos – uma média diária de quase mil mortes – devido à pandemia são capazes de sensibilizar o governo. Mas algo mudou: à comoção em torno dessas mortes se somou à indignação com o recorrente desprezo pessoal de Bolsonaro e a criminosa negligência de seu governo. Enquanto nega a ciência e a vida, Bolsonaro derrete. Suas posições antivacina e anticiência foram desmoralizadas pela população. O próximo passo é tirá-lo do poder, julgá-lo por seus crimes e condená-lo exemplarmente. A marcha bolsonarista fracassou.

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Veja: A mentira o desgasta e enfraquece; mas o mantém conectado à sua base https://t.co/Dp8f13AzZ4

Presepada

Na minha terra a gente chama "presepada" Bolsonaro revogar mais de 100 decretos de luto oficial pelo falecimento de importantes personalidades nacionais e estrangeiras. Agora ele revoga a revogação. O presidente não tem o que fazer?

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30 janeiro 2022

Correlação de forças

Há um elemento indispensável à compreensão exata de uma determinada situação, que nem todos compreendem e muitos o enxergam de forma parcial: a correlação de forças. Sobre o tema, o que escrevi em minha coluna no portal Vermelho segue sucitando perguntas e debates. Veja o texto https://bit.ly/3GiwjCh

Na China toda propriedade é pública?

Se a China é socialista, todo meio de produção é propriedade pública? Elias Jabbour fala sobre o setor público e privado e os outros modos de propriedade existentes na China.
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Armamentismo bolsonarista

As eleições armadas após descaso com medidas de Bolsonaro

É preciso identificar e comprovar o destino das armas de uso bélico importadas, em quantidade, por decorrência de medidas programadas e impostas por Bolsonaro
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo

 

O incompreensível descaso com as medidas de Bolsonaro para armar parte da população, sendo tantas as implicações nocivas daí advindas, é tão ameaçador para o futuro próximo quanto a própria ação armadora de Bolsonaro.

Recente descoberta no Rio indica que armas de combate, modernas e caríssimas, estão entrando em alta quantidade e tomando destinos imprecisos. Chegam em importações dadas como legais, amparadas nos atos a respeito, repletos de lacunas, emitidos por Bolsonaro.

Com permissões para colecionadores, atiradores e outros, um casal jovem importava lotes volumosos de armas, dezenas de fuzis modernos e ainda metralhadoras, pistolas, revólveres e projéteis aos muitos milhares. Dispensadas, agora, as autorizações e a vigilância do Exército. O casal associava operações em Goiás e no Rio, onde foi localizada uma casa cheia de armas em bairro residencial.

As alternativas permitidas pelas liberações de Bolsonaro são tantas —registros pessoais e comerciais sem limite, importações sucessivas, inexistência de fiscalização, entre outras— que um só operador pode armar para combate todo um contingente. É o que está acontecendo. Com quantidades ignoradas de importadores, de armas, munições e de financiadores. Certo é não haver motivo, muito ao contrário, para supor exclusividade do casal no fornecimento de armas bélicas.

A quem, é a questão mais importante. Aos bandos conhecidos e à milícia, veio pronta a afirmação na única e precária notícia policial (em O Globo de 26.jan) sobre o arsenal encontrado. Provável final de um lote importante, os 26 fuzis e até metralhadora de chão, além de outras armas e muita munição, indicam custo além do conveniente para aquela freguesia, cliente dos preços no contrabando, solidários e sem impostos.

"Se não tiver voto impresso, não vai ter eleição" pode ser uma frase simbólica dos tantos avisos públicos de um propósito anti-eleitoral. Reforçado no que as atuais sondagens do eleitorado sugerem. E já sonorizado na volta à mentira de fraude nas eleições de 2018. Tal propósito não se consumaria no grito, nem deve contar com a sabotagem eleitoral de outro Sergio Moro e de procuradores bolsonaristas à disposição de Augusto Aras. Armas potentes, porém, se ajustam bem ao propósito.

As medidas de Bolsonaro para o armamento de civis obedeceram a um plano. Mostrou-o a escalada em que se deram. Primeiro, a posse doméstica, depois facilidades para o porte. Então os primeiros incentivos à compra e às munições, com possível importação, e aí a posse ampliada. Até chegar à compra de 60 armas por cabeça e mil projéteis por arma/ano. Sem restrição a várias importações. Para atenuar o comprometimento do silencioso Exército nesse plano sinistro, suas obrigações ligadas à posse de armas foram extintas quase todas.

Essas medidas não vieram do nada para o à toa. São uma denúncia de si mesmas e de suas finalidades criminosas. Fuzis e metralhadoras não se prestam ao alegado "direito do cidadão de se defender", argumento da má-fé de quem, assaltado, entregou sua arma, a moto e a falsa valentia ao jovem assaltante.

As importações de fuzis e metralhadoras não são suspeitas: são, com toda a certeza, armas para o crime. Contra pessoas, grupos, instituições constitucionais e o regime de liberdades democráticas.

Estamos já no ano eleitoral. É preciso identificar e comprovar o destino das armas de uso bélico importadas, em quantidade, por decorrência de medidas programadas e impostas por Bolsonaro, sem resistência institucional, dos meios de comunicação ou dos setores civis influentes. Do contrário, quem puder, e tiver tempo, saia da frente dessas armas.

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Palavra de poeta: Fernando Pessoa

Há em tudo que fazemos

Fernando Pessoa

 

Há em tudo que fazemos
Uma razão (?) singular:
É que não é o que qu’remos.
Faz-se porque nós vivemos,
E viver é não pensar.

Se alguém pensasse na vida,
Morria de pensamento.
Por isso a vida vivida
É essa coisa esquecida
Entre um momento e um momento.

Mas nada importa que o seja
Ou que até deixe de o ser:
Mal é que a moral nos reja,
Bom é que ninguém nos veja;
Entre isso fica viver.

[Ilustração: Eduardo Afonso Viana]

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Polarização

Composição ampla de centro-esquerda na eleição presidencial na prática reduz espaços para o crescimento de uma auto-proclamada "terceira via", de centro-direita. Trocando em miúdos, a polarização atual tende a se consolidar.

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Holocausto

Luciana sobre Holocausto: continuamos lutando para que não se repita

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A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, destacou, nesta quinta-feira (27) — Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto — a necessidade de se lutar continuamente para que fatos como este, uma das mais terríveis páginas da história da humanidade, nunca mais aconteçam.

“Hoje (27) é dia de lembrar dos horrores do holocausto nazista, mas também lembrar que a solidariedade e a justiça são os nortes que devem nos mover. Porque foi nesse dia, em 1945, que o Exército Vermelho da União Soviética libertou o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Para que nunca mais se repita, continuamos atentos e firmes na luta sempre!”, declarou Luciana em suas redes sociais.

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 2005, tendo como referência o dia em que as tropas soviéticas libertaram os prisioneiros do campo de concentração  de Auschwitz, na Polônia.

O recente crescimento de manifestações e grupos neonazistas e racistas têm colocado em alerta autoridades e entidades de diversos países e levantado a necessidade de intensificar a luta contra ações desses grupos.

No Brasil, segundo a Polícia Federal, entre 2011 e o final de 2021, foram registrados ao menos 333 inquéritos para apurar denúncias de crimes de apologia ao nazismo. Em uma década, o crescimento foi de 900%, sendo que entre 2018 e 2020 saltaram de 20 para mais de 100 ao ano.

Dados noticiados no programa Fantástico e levantados pela antropóloga Adriana Dias mostram que existem pelo menos 530 grupos extremistas, podendo envolver cerca de 10 mil pessoal. O número representa um crescimento de 270% entre janeiro de 2019 e maio de 2021.

Por Priscila Lobregatte, com agências

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Recalcitrante

Vira e mexe Bolsonaro é chamado a depor pelo STF. Triste o país em que o presidente da República de vez em quando leva um puxão de orelhas do Judiciário.

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Presença chinesa

Além das trocas comerciais e de projetos em infraestrutura, a solidariedade prestada com doação de vacinas, respiradores e diversos equipamentos médicos para o enfrentamento da pandemia reforça laços da China com países da América Latina. Pedras se mexem na geopolítica mundial.

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Nem tudo que reluz é ouro

No noticiário político pré-eleitoral não é fácil distinguir a diferença entre fogo de palha e fato real. Mas tente. Você pode conseguir.

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Negacionismo

Suposta ministra Damares macula os Direitos Humanos ao oferecer o disque-denúncia a pessoas antivacina.

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Petulância

Ministro Queiroga em entrevista ao 'Globo': "Quero que a história me defina com o homem que acabou com a pandemia". Muita presunção para um gestor precário e subserviente ao negacionismo do presidente da República.

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Obra portentosa

O outro alagoano

A. SÉRGIO BARROSO
Portal da Fundação Mauricio Grabois

 

Em 2000, enquete entre 18 “ilustrados” do estado, na Gazeta de Alagoas, divulgou-se nossa personalidade do século XX: Graciliano Ramos (Quebrangulo; 1892-1953). Mestre Graça ganhou o mundo com Vidas Secas, sabe-se. Mas, muito restrita, a pesquisa “esquece” o genial compositor Hekel Tavares (Satuba;1896-1969), que sequer é mencionado. Entretanto, mais que provavelmente captara uma expressão da realidade: em segundo lugar aparece outro tesouro das letras, o jurista Pontes de Miranda (Maceió;1892-1979).

Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda tem o essencial de sua obra, sua formação e seus signos minuciosamente desenhados no referido ensaio de Vasconcelos Filho (Maceió, mvf, 2020). Que busca encontrar os nexos da epistemologia em que mergulhara Pontes de Miranda. E logo o autor nos delicia com uma síntese da estatura do jurista, no delicioso “A coruja e o jaguar: Introdução” (pp. 23-30).

A Sociologia, o Direito, a Antropologia, a Literatura (prosa e poesia), a Biologia, a Física, etc. foram objeto das pesquisas (e teses) da vastíssima obra do jurisconsulto alagoano. Vasconcelos Filho nos mostra, a exemplo, a acolhida pela editora parisiense Aillaud, Alves & Cia, através do conhecido editor Francisco Alves, de seu primeiro livro “À margem do Direito”, quando aos 18 anos de idade. Ou, a recomendação do revolucionário da física moderna Albert Einstein em publicar nos Anais do V Congresso Internacional de Nápoles, o texto “Concepção do Espaço” (Vosterllung von Raume, 1924-25), do nosso jurista.

Pontes de Miranda teceu uma gigantesca obra de 155 tomos, sendo seu “Tratado do Direito Privado” composto de nada menos 60 volumes; como lembra o professor e prefaciador Marcos Bernardes de Mello, cada um com cerca de 500 páginas. “Não há na literatura jurídica, em todos os tempos e em qualquer espaço, obra alguma, mesmo coletiva, com essa dimensão” – assevera Mello.

Muito importante – porque redescobre, informa, retrata, desvela, analisa e conceitua -, o estudo de Marcos Vasconcelos Filho insere, ainda, a enorme contribuição de Pontes de Miranda – crítico acautelado do capitalismo (p.136) - num amplo cenário cultural, filosófico e político, brasileiro e internacional.

Ideias de um pensador original, imerso no positivismo de Auguste Comte, na militância “socialista democrática” (p. 143), e finalmente defensor dum (utópico) “Estado socialista de fins precisos”; de uma “globalização mais livre, igualitária porque democrática” (p. 149), quase arremata Vasconcelos Filho.

*Médico, doutor em Desenvolvimento Econômico (Unicamp)


Crônica do domingo

O sacristão

Luciano Siqueira

 

Em breve intervalo no home office, aqui na rede da varanda, não sei exatamente o motivo, mas o fato é que me lembrei do sacristão da igreja do meu bairro.

Tempo da minha infância em Lagoa Seca, Natal.

Me esforcei muito para lembrar exatamente o nome dele, parece ser Asdrúbal ou Anibal, não tenho certeza.

Inesquecível no seu jeito simplório.

Frequentava a mercearia do meu pai, beneficiando-se da atenção que minha mãe pacientemente lhe dispensava.

"Ele é um homem feito, mas tem conversa de menino", dizia ela.

Quer um exemplo?

"Dona Oneide, o momento mais emocionante da festa do dia das mães foi quando o padre pediu: — Quem é filho se levante!"

Certamente padre nenhum faria algo tão ridículo, mas é o que ficou na memória do sacristão.

Engraçado mesmo é quando ele, sem saber, criava verdadeiros neologismos:

"Ocúmolo demais, nunca tinha visto um lugar assim tão deserto", disse certa vez.

Foi Humberto, meu irmão mais velho, que "traduziu" o estranho termo: "ocúmolo" deve derivar de oco, ou seja, lugar sem ninguém...

"Apenasmente" o amigo sacristão já dizia muitos anos antes de surgir na televisão a figura de Odorico Paraguaçu.

Também trocava palavras com frequência:

"É hospícioso!", querendo dizer auspicioso, sem nenhuma relação com hospício.

Inesquecível também porque usava corte de cabelo ao estilo militar e de uma certa feita, com a igreja em obras, eu e meu irmão Airton e amigos – traquinagem de crianças - nos divertimos nas novenas de maio, bem postados sobre metralhas nas janelas laterais próximas ao altar, usando estilingue e traque de massa, tentando alvejar a cabeça do esforçado auxiliar do padre na reza do terço.

O que rendeu uma reclamação indignada (com razão) no dia seguinte:

“Dona Oneide, seus filhos são educados e até já fizeram a primeira comunhão, como podem fazer uma coisa dessa!?”

Saímos da Lagoa Seca e perdemos de vista aquele que involuntariamente nos divertiu com seus desacertos linguísticos e atitudes infantis.

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Nem sempre uma boa imagem depende de equipamentos sofisticados https://bit.ly/3E95Juz

Futebol imprevisível?

Sylvinho, Tite e Ancelotti deveriam fazer uma videoconferência

Um poderia auxiliar o outro; todos precisam de ajuda
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Não sei o que gosto mais de escrever: sobre a lógica, a compreensão do jogo e os detalhes técnicos e táticos ou sobre a incerteza e a dramaticidade de uma partida, que não tem enredo definido, como a vida. Procuro ter os dois olhares. Às vezes, eles não se entendem. Um quer ser mais importante do que o outro.

empate por 1 a 1 com o Equador foi um jogo estranho, maluco, ruim, com quatro lances decisivos alterados pelo VAR e com dez jogadores de cada lado na maior parte do tempo. O árbitro quis compensar os erros, mas o VAR não deixou.

Marquinhos e Neymar fazem muita falta à seleção. Marquinhos e Thiago Silva formam uma das melhores duplas de zaga do mundo. A avaliação de que Thiago Silva joga muito bem no Chelsea porque a equipe atua com três zagueiros, e ele, com a idade mais avançada, fica mais protegido, não se sustenta, pois Thiago Silva brilha também na seleção.

Contra o Paraguai, na terça-feira, no Mineirão, Tite vai escalar novamente Coutinho, já que ele jogou só 30 minutos, por causa da necessária substituição do técnico, ou vai entrar com Paquetá, suspenso da primeira partida, que seria o substituto imediato de Neymar?

Não ficarei surpreso também se o treinador tirar um dos jogadores de lado, Vinicius Junior ou Raphinha, para dar lugar a Paquetá, mantendo Coutinho. Vinicius Junior precisa jogar mais vezes e em partidas seguidas pela seleção.

O jovem terá muitas dificuldades de repetir na seleção o que faz no Real Madrid, pois, no time espanhol, aprendeu com Ancelotti a jogar pelo lado, aberto, e também pelo meio, entrando em diagonal, para receber a bola atrás do meio-campo adversário, mais próximo ao centroavante, da área e do gol.

O Real joga com um trio no meio-campo, sem um meia ofensivo. Na seleção, como o time joga com dois volantes em linha, Casemiro e Fred, e um meia à frente dos dois (Neymar ou Coutinho ou Paquetá), o espaço atrás do meio-campo adversário é preenchido pelo meia ofensivo.

A solução para a seleção brasileira não é atuar como o Real Madrid, pois não há meio-campistas de alto nível, como Kroos e Modric, que atuam de uma intermediária à outra. Com três no meio-campo, Neymar teria de jogar pela esquerda e não sobraria para Vinicius Junior.

E ainda tem Paquetá para Tite arrumar um lugar ou mesmo Coutinho, se ele voltar a brilhar. São dúvidas e enigmas que Tite terá de resolver até a Copa. Deveria procurar ajuda, telefonar para Ancelotti, que ele tanto admira, para conversar sobre Vinicius Junior e outras coisas.

O Corinthians, na prancheta, tem o mesmo desenho tático do Real Madrid, com um trio no meio-campo, dois jogadores abertos e um centroavante. O time é muito estático, com cada jogador em sua posição, o que facilita para a marcação adversária.

Róger Guedes, pela esquerda, poderia, como na época de Atlético e como faz Vinicius Junior no Real, atuar pela ponta e também entrar pelo meio, em diagonal, para receber a bola atrás do meio-campo adversário, mais perto do gol e do centroavante.

O jovem Sylvinho, vibrante e estudioso, que foi auxiliar de Tite e que adora o "titês", deveria telefonar para o técnico da seleção para pedir ajuda. Sylvinho, Tite e Ancelotti poderiam conversar juntos, pelo menos por videoconferência. Um poderia ajudar o outro. Todos precisam de ajuda. Sugiro apenas que Sylvinho chame Paulinho de Paulinho, não de Paulo. Fica muito chato.

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