Gestão pública: entre querer e poder
Quando se está de fora, tudo parece fácil – uma questão de vontade política. Mas, na realidade, a gestão pública é mediada por um conjunto de variáveis que geram uma distância às vezes imensa entre o desejo e a decisão política e a possibilidade efetiva de realizar.
Se o que se pretende é justo e corretamente dimensionado, considerados obstáculos formais e eventual obstrução oposicionista, mais cedo ou mais tarde se alcança o objetivo. Mas demora. E a opinião pública, nem sempre bem informada, se impacienta com o ritmo do governo, suspeitando de ineficiência.
Vejam o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Na mídia se repete à exaustão a falsa idéia de que é algo que não anda. Mesmo que se multipliquem as ordens de serviço assinadas pelo presidente da República, por ministros e por responsáveis pelos agentes financeiros; mesmo que o cronograma de projetos de largo alcance esteja seja cumprido.
O PAC anda, sim. Mas encontra dificuldades em entraves burocráticos, com guarida nos tribunais.
Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), nada menos que 146 ações na Justiça que contestam empreendimentos do PAC, incluindo pedidos de suspensão de obras. Na relação, constam a duplicação da BR-101, a usina hidrelétrica de Estreito (MA) e a transposição do Rio São Francisco.
O governo superará esses obstáculos. Mas se perderá um tempo precioso. Oxalá a opinião pública possa compreender o que se passa – fazendo justiça ao governo Lula.
*
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A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 julho 2007
Bom dia, Pablo Neruda
Final
Matilde, anos ou dias
febris, adormecidos,
aqui e ali,
cravando,
rompendo o espinhaço,
sangrando sangue verdadeiro,
despertando talvez,
ou perdido, dormido:
camas clínicas, janelas estrangeiras,
vestidos brancos das irmãs caladas,
torpitude nos pés.
Depois essas viagens
e de novo o meu mar:
tua cabeça à cabeceira,
tuas mãos voadoras
na luz, em minha luz,
e sobre a minha terra.
Foi tão belo viver
quando vivias!
O mundo é mais azul e mais terrestre
de noite, quando eu durmo,
enorme, em tuas pequeninas mãos.
Tradução: Anderson Braga Horta
Matilde, anos ou dias
febris, adormecidos,
aqui e ali,
cravando,
rompendo o espinhaço,
sangrando sangue verdadeiro,
despertando talvez,
ou perdido, dormido:
camas clínicas, janelas estrangeiras,
vestidos brancos das irmãs caladas,
torpitude nos pés.
Depois essas viagens
e de novo o meu mar:
tua cabeça à cabeceira,
tuas mãos voadoras
na luz, em minha luz,
e sobre a minha terra.
Foi tão belo viver
quando vivias!
O mundo é mais azul e mais terrestre
de noite, quando eu durmo,
enorme, em tuas pequeninas mãos.
Tradução: Anderson Braga Horta
30 julho 2007
Cinema sem Bergman
Na Folha Online:
Cineasta sueco Ingmar Bergman morre aos 89 anos
. O diretor sueco Ingmar Bergman morreu nesta segunda-feira aos 89 anos. A causa da morte não foi divulgada oficialmente pela família, segundo a agência de notícias sueca TT, que confirmou a notícia com a filha do cineasta, Eva Bergman. Bergman morreu em casa, na localidade de Faro, onde morava. O local do velório e do enterro ainda não foi definido. O funeral deve ser aberto apenas a parentes e amigos.
. Em sua longa cinematografia (que ultrapassa os 50 filmes), Bergman foi mestre em levar às telas temas existencialistas. Ao todo, ganhou sete prêmios no Festival de Cannes e dois no de Berlim.
. Entre seus longas estão os célebres "Morangos Silvestres" (1957), "O Sétimo Selo" (1957), "Gritos e Sussurros" (1972), "A Flauta Mágica" (1975), "O Ovo da Serpente" (1978) e "Fanny e Alexander" (1982).
. Bergman era também dramaturgo. Sobre as duas artes, afirmou: "O teatro é o começo, o fim, é tudo, enquanto o cinema pertence ao âmbito da prostituição".
Cineasta sueco Ingmar Bergman morre aos 89 anos
. O diretor sueco Ingmar Bergman morreu nesta segunda-feira aos 89 anos. A causa da morte não foi divulgada oficialmente pela família, segundo a agência de notícias sueca TT, que confirmou a notícia com a filha do cineasta, Eva Bergman. Bergman morreu em casa, na localidade de Faro, onde morava. O local do velório e do enterro ainda não foi definido. O funeral deve ser aberto apenas a parentes e amigos.
. Em sua longa cinematografia (que ultrapassa os 50 filmes), Bergman foi mestre em levar às telas temas existencialistas. Ao todo, ganhou sete prêmios no Festival de Cannes e dois no de Berlim.
. Entre seus longas estão os célebres "Morangos Silvestres" (1957), "O Sétimo Selo" (1957), "Gritos e Sussurros" (1972), "A Flauta Mágica" (1975), "O Ovo da Serpente" (1978) e "Fanny e Alexander" (1982).
. Bergman era também dramaturgo. Sobre as duas artes, afirmou: "O teatro é o começo, o fim, é tudo, enquanto o cinema pertence ao âmbito da prostituição".
Nosso artigo sobre Ariano Suassuna no jornal "A Classe Operária"
A Classe Operária:
Guerreiro do Sol
por Luciano Siqueira
. Ariano Vilar Suassuna – teatrólogo, romancista, poeta, pintor, gravador, desenhista, professor – completou 80 anos a 16 de junho passado, “bem disposto, bem-humorado e animoso”, homenageado por gente e instituições de diversos lugares, sempre saudado como clássico da cultura brasileira.
. É um fazedor de fusões e de reinvenções. De clássicos como Cervantes e Gogol, Euclides da Cunha e Gregório de Matos, bebe influências que mescla com a sonoridade de cantadores de desafios, aboios e cantorias e de tocadores de pífanos e rabecas e com o cheiro do barro e o calor inclemente da terra árida de Taperoá, sertão paraibano, onde viveu a infância e para onde retorna com freqüência para mergulhar na releitura da própria obra.
. No romance e no teatro, assim como nas suas iluminuras – onde formas artesanais e emblemáticas são dispostas simetricamente através de cuidadosa diagramação –, e nos versos de uma poética mágica e exata, realiza uma releitura erudita da cultura que brota do povo.
. O Movimento Armorial, que fundou em 1970, é tudo isso em muitas linguagens – música, dança, tapeçaria, pintura, teatro, poesia, literatura, artes plásticas – e, segundo costuma afirmar, “uma tomada de posição em favor da cultura brasileira”.
. Leia o artigo na íntegra clicando aqui http://www.vermelho.org.br/museu/classe/300/especial.asp
Família influencia fumo na adolescência
Na Ciência Hoje:
Alcoolismo e baixa escolaridade dos pais podem contribuir para o tabagismo dos filhos
. Filhos de mães que fumaram durante a gravidez têm mais chances de se tornarem fumantes até a adolescência. A conclusão é de estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, que acompanhou durante alguns anos 6 mil crianças nascidas em 1982 e reencontrou parte do grupo, já na fase adulta, em 2005. Fatores presentes no ambiente familiar, como o alcoolismo e a baixa escolaridade dos pais, também foram considerados de alto risco para o surgimento do hábito de fumar.
. Segundo um dos coordenadores do estudo, o epidemiologista Bernardo Horta, do Departamento de Medicina Social da UFPel, 15% das pessoas avaliadas começaram a fumar ainda na adolescência. Entre os rapazes, a incidência do vício foi maior em filhos de mães solteiras ou cujos pais apresentavam baixa escolaridade. Entre as moças, a baixa renda da família e o alcoolismo dos pais podem ter sido determinantes para o hábito de fumar. Em ambos os casos, o fato de as mães fumarem durante a gestação foi um fator de risco para o tabagismo dos filhos. Surpreendentemente, poucas crianças que cresceram ao lado de pais fumantes adquiriram o vício.
. Leia reportagem completa clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/97395
Superávit primário sobe a R$ 43 bi no semestre
No Vermelho:
. O superávit primário do governo central acumulado nos seis primeiros meses do ano totalizou R$ 43,785 bilhões, ou 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (30). O aumento das receitas federais impulsionou o resultado fiscal no período. O montante destinado aos credores da dívida pública, é 13,4% superior ao do primeiro semestre de 2006, quando o superávit primário somou R$ 38,597 bilhões (3,49% do PIB).
. Pelos cálculos do Tesouro, o déficit do INSS somou R$ 20,783 bilhões (1,71% do PIB) e o desempenho de caixa do Banco Central ficou negativo em R$ 301,8 milhões. O superávit do próprio Tesouro Nacional atingiu R$ 64,87 bilhões.
. O superávit primário do governo central acumulado nos seis primeiros meses do ano totalizou R$ 43,785 bilhões, ou 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (30). O aumento das receitas federais impulsionou o resultado fiscal no período. O montante destinado aos credores da dívida pública, é 13,4% superior ao do primeiro semestre de 2006, quando o superávit primário somou R$ 38,597 bilhões (3,49% do PIB).
. Pelos cálculos do Tesouro, o déficit do INSS somou R$ 20,783 bilhões (1,71% do PIB) e o desempenho de caixa do Banco Central ficou negativo em R$ 301,8 milhões. O superávit do próprio Tesouro Nacional atingiu R$ 64,87 bilhões.
2008 no Recife, a visão de César Rocha
No Blog da Folha:
O processo pré-eleitoral se afunila
Apenas o PSB e o governador Eduardo Campos ainda não demonstraram claramente que rejeitam o nome do secretário municipal de Planejamento Participativo, João da Costa (PT), como candidato dos aliados à sucessão do prefeito João Paulo.
Todas as outras forças já sinalizaram para esse caminho. A última delas foi o PTB/PMN do deputado federal Armando Monteiro Neto, em entrevista publicada no sábado pelo JC.João da Costa ainda está longe de ser excluído do jogo. Mas fica cada cada dia mais claro que João Paulo precisará de muito talento ou coragem para conseguir lançá-lo prefeito.
No PT, as forças ligadas ao secretário Humberto Costa rejeitam o preferido de João Paulo pela simples razão de ser o preferido de João Paulo.Sem unidade no PT, dificilmente se conseguirá unir Eduardo, Armando, João Paulo, Humberto, Luciano Siqueira, Inocêncio e outro no mesmo palanque no Recife, em 2008.
Na entrevista, Armando foi direto:"João é um bom quadro. Já demonstrou que do ponto de vista técnico e administrativo é indiscutivelmente capaz. Agora daí, para ele se colocar como candidato, vai precisar se apresentar como tal. Mostrar que reúne condições que vão além das circunstâncias de ter sido um auxiliar competente".
Mas no movimento seguinte, já acenou com o interesse em garantir a unidade e não simplesmente vetar João da Costa para beneficiar Humberto, sobre quem disse que daria apoio já, caso decidisse disputar o Recife.
Armando Monteiro sinalizou retirando a candidatura de Silvio Costa Filho, que só começou a ser apresentada depois de receber o aval dele.
Algum tempo atrás, Silvio Costa pai e filho conversaram com Armando sobre a candidatura. Monteiro disse: "Vá em frente, esteja pronto no momento que for preciso".Silvinho saiu em campo, vinha se preparando, inclusive com aulas particulares de economia e circuladas freqüentes pela periferia.
Armando, porém, preferiu retirá-lo: "É alguém que está colocado para os próximos pleitos, não é agora".
O que mudou? O que fez Armando desistir de Silvio?
É o processo que se afunila. João Paulo já havia retirado Lygia Falcão, sua fiel escudeira, do caminho. Eduardo nunca investiu em Danilo Cabral.Humberto Costa assumiu publicamente o compromisso de não se candidatar.
Agora, o jogo tende a ser jogado com:
- Maurício Rands, que tem o defeito de ser ligado demais a Humberto;
- Pedro Eugênio, que tem menos peso eleitoral que Rands, mas mantém canais melhores com João Paulo, Humberto e o PSB de Eduardo;
- Luciano Siqueira, que dificilmente teria o apoio do PT por ser de outro partido. É pouquíssimo provável que os petistas dêem a vez ao PCdoB.
O processo pré-eleitoral se afunila
Apenas o PSB e o governador Eduardo Campos ainda não demonstraram claramente que rejeitam o nome do secretário municipal de Planejamento Participativo, João da Costa (PT), como candidato dos aliados à sucessão do prefeito João Paulo.
Todas as outras forças já sinalizaram para esse caminho. A última delas foi o PTB/PMN do deputado federal Armando Monteiro Neto, em entrevista publicada no sábado pelo JC.João da Costa ainda está longe de ser excluído do jogo. Mas fica cada cada dia mais claro que João Paulo precisará de muito talento ou coragem para conseguir lançá-lo prefeito.
No PT, as forças ligadas ao secretário Humberto Costa rejeitam o preferido de João Paulo pela simples razão de ser o preferido de João Paulo.Sem unidade no PT, dificilmente se conseguirá unir Eduardo, Armando, João Paulo, Humberto, Luciano Siqueira, Inocêncio e outro no mesmo palanque no Recife, em 2008.
Na entrevista, Armando foi direto:"João é um bom quadro. Já demonstrou que do ponto de vista técnico e administrativo é indiscutivelmente capaz. Agora daí, para ele se colocar como candidato, vai precisar se apresentar como tal. Mostrar que reúne condições que vão além das circunstâncias de ter sido um auxiliar competente".
Mas no movimento seguinte, já acenou com o interesse em garantir a unidade e não simplesmente vetar João da Costa para beneficiar Humberto, sobre quem disse que daria apoio já, caso decidisse disputar o Recife.
Armando Monteiro sinalizou retirando a candidatura de Silvio Costa Filho, que só começou a ser apresentada depois de receber o aval dele.
Algum tempo atrás, Silvio Costa pai e filho conversaram com Armando sobre a candidatura. Monteiro disse: "Vá em frente, esteja pronto no momento que for preciso".Silvinho saiu em campo, vinha se preparando, inclusive com aulas particulares de economia e circuladas freqüentes pela periferia.
Armando, porém, preferiu retirá-lo: "É alguém que está colocado para os próximos pleitos, não é agora".
O que mudou? O que fez Armando desistir de Silvio?
É o processo que se afunila. João Paulo já havia retirado Lygia Falcão, sua fiel escudeira, do caminho. Eduardo nunca investiu em Danilo Cabral.Humberto Costa assumiu publicamente o compromisso de não se candidatar.
Agora, o jogo tende a ser jogado com:
- Maurício Rands, que tem o defeito de ser ligado demais a Humberto;
- Pedro Eugênio, que tem menos peso eleitoral que Rands, mas mantém canais melhores com João Paulo, Humberto e o PSB de Eduardo;
- Luciano Siqueira, que dificilmente teria o apoio do PT por ser de outro partido. É pouquíssimo provável que os petistas dêem a vez ao PCdoB.
Lembo: "Cansei" é "termo de dondocas enfadadas"
No Vermelho:
Domingo, 11 da manhã. Com duas mil pessoas, a passeata convocada pelos movimentos "Cansei" e "Cria" (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante) chega à avenida 23 de Maio. O coro "Fora Lula" já deu o tom à caminhada. A alguns quilômetros dali, abraçado e beijado por populares e tendo a seu lado o senador Marco Maciel (DEM-PE), o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, assiste à missa na Catedral da Sé. No início da noite, Lembo diria ao Terra Magazine o que pensa sobre o movimento "Cansei", suas origens e motivações. Veja a entrevista clicando aqui: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22205
Bom dia, Cecília Meireles
Recado 1: A dificuldade das oposições
A maior dificuldade das oposições – seja à direita, PSDB, DEM; seja à “esquerda”, PSTU, PSOL, é a realidade concreta. Porque o discurso precisa ter aderência, “pegar” na consciência do povo.
Esta, por sua vez, por maior que seja a pressão da mídia, se alimenta dos fatos. E os fatos que mais contam, sob o governo Lula, são os que se relacionam com a melhoria das condições de existência do nosso povo.
O país cresce? Há uma gradativa expansão das oportunidades de trabalho? Vejam a previsão do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo): a indústria inicia o segundo semestre sob a expectativa de manutenção do ritmo forte do primeiro. Com destaque para os setores de papelão, siderúrgico e petroquímico. O fator determinante é o mercado interno.
Esta, por sua vez, por maior que seja a pressão da mídia, se alimenta dos fatos. E os fatos que mais contam, sob o governo Lula, são os que se relacionam com a melhoria das condições de existência do nosso povo.
O país cresce? Há uma gradativa expansão das oportunidades de trabalho? Vejam a previsão do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo): a indústria inicia o segundo semestre sob a expectativa de manutenção do ritmo forte do primeiro. Com destaque para os setores de papelão, siderúrgico e petroquímico. O fator determinante é o mercado interno.
Recado 2: Abutres sem pudor
Enquanto isso, as oposições continuam tripudiando sobre os cadáveres das vítimas do acidente de Congonhas como abutres em busca de um discurso. A cada versão acerca das verdadeiras causas do acidente, cuidam de conduzir o raciocínio para uma só conclusão: a de que o responsável é o presidente Lula.
Um deputado dentre os mais oportunistas, chegou a dizer que “até prova em contrário, o responsável direto é o presidente”. Agora, trata de distorcer as “provas” vindas à tona.
Não está fácil enganar o povo.
Um deputado dentre os mais oportunistas, chegou a dizer que “até prova em contrário, o responsável direto é o presidente”. Agora, trata de distorcer as “provas” vindas à tona.
Não está fácil enganar o povo.
DESTAQUE DESTA SEGUNDA-FEIRA
Eleições de 2008: a aparência e a essência
Nas páginas dos jornais todos dizem que o momento não é oportuno para discutir o pleito de 2008. Falam a verdade.
Na prática, todos se preparam intensamente para a batalha. Agem corretamente.
A contradição é apenas aparente. De fato, está cedo para discutir o pleito, particularmente em relação a candidaturas majoritárias e a alianças. As conversas, por enquanto, não passam de sondagem. Todos os partidos consideram que o debate deve ser aberto adiante, talvez no início do ano vindouro – porque daqui até lá cada um cuida de acumular força.
E é justamente isso, na prática, o que todos fazem. Como se diz no futebol, para que “nosso time esteja bem preparado física, técnica e psicologicamente”. E, quando vier a hora de entrar em campo, em condições de vencer o campeonato.
Nesse caso, aparência e essência se fundem.
*
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Nas páginas dos jornais todos dizem que o momento não é oportuno para discutir o pleito de 2008. Falam a verdade.
Na prática, todos se preparam intensamente para a batalha. Agem corretamente.
A contradição é apenas aparente. De fato, está cedo para discutir o pleito, particularmente em relação a candidaturas majoritárias e a alianças. As conversas, por enquanto, não passam de sondagem. Todos os partidos consideram que o debate deve ser aberto adiante, talvez no início do ano vindouro – porque daqui até lá cada um cuida de acumular força.
E é justamente isso, na prática, o que todos fazem. Como se diz no futebol, para que “nosso time esteja bem preparado física, técnica e psicologicamente”. E, quando vier a hora de entrar em campo, em condições de vencer o campeonato.
Nesse caso, aparência e essência se fundem.
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Sucesso do Pan revela acertos da política esportiva brasileira
No Vermelho:
. Depois de 17 dias de competições, de 13 a 29 de julho, encerraram hoje os 15º Jogos Pan-americano Rio 2007. O Brasil ficou com a terceira colocação no ranquing, chegando a lutar pelo segundo lugar em alguns momentos. Em relação ao Pan anterior, em Santo Domingo, subiu um degrau no podium. O resultado alcançado mostra que a política esportiva adotada pelo governo federal, aliada às diversas iniciativas de empresas e agremiações esportivas, está no rumo certo.
. Em coletiva de imprensa concedida no sábado, o ministro Orlando Silva, afirmou que os resultados sem precedentes obtidos pelos atletas brasileiros nos Jogos Pan-americanos são fruto da ampliação dos investimentos públicos no esporte nacional nos últimos anos.
. Para ele, o grande legado do Pan é ter tornado o Rio uma cidade olímpica, definitivamente inscrita no calendário dos grandes eventos esportivos internacionais e credenciada para candidatar-se a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Prova disso seriam os campeonatos mundiais de judô, de jogos militares, de nado sincronizado e de futebol de salão que terão lugar nas instalações do Pan em 2007 e 2008.
. Para ele, o grande legado do Pan é ter tornado o Rio uma cidade olímpica, definitivamente inscrita no calendário dos grandes eventos esportivos internacionais e credenciada para candidatar-se a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Prova disso seriam os campeonatos mundiais de judô, de jogos militares, de nado sincronizado e de futebol de salão que terão lugar nas instalações do Pan em 2007 e 2008.
29 julho 2007
De lavar a alma
Economia mundial: uma análise pertinente
Cedo demais para esquecer
Na CartaCapital, por Luiz Gonzaga Belluzzo
O terremoto financeiro teve caráter privado, para a perplexidade dos badalados analistas do mercado. Conta paga pelo sistema, para evitar um crash global. Viva o moral hazard!
No segundo semestre de 1996, nuvens negras começaram a se acumular nos céus da Tailândia, um tigre de terceira geração, onde o capital eficiente dedicou-se, entre outras estrepolias, à farra das bolsas e dos mercados imobiliários, prestando inestimável ajuda à valorização do baht e à ampliação do déficit em conta corrente à beira dos 9% do PIB. Em meados de 1997, as autoridade tailandesas subiram as taxas de juro para 1.400% ao ano, na tentativa de conter o ataque especulativo. Não conseguiram: a moeda tailandesa despencou.
A crise espalhou-se pela Ásia. Em seqüência infernal, as moedas começaram a ceder. Chegou a Hong Kong. Para defender o seu dólar, as autoridades locais botaram as taxas de juro na lua. Na Coréia, os empréstimos de curto prazo em moeda estrangeira, freneticamente intermediados pelos bancos locais, deram no pé. Fugiram, a despeito dos bons “fundamentos” fiscais da economia e dos esforços para evitar a desvalorização do won.
O governo americano e o FMI haviam subestimado a gravidade dos problemas financeiros que então devastavam as economias da Ásia. O diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, dizia, impávido, que “o modelo asiático já cumpriu o seu papel e está superado”. Mais do que qualquer outra coisa, o globocrata quis dizer que se tratava da crise de um modelo de desenvolvimento, com muito Estado, bancos emprestando adoidado, economias protegidas e outras mazelas do gênero.
Já o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin, no alvorecer da turbulência cambial e financeira, veio a público para ameaçar que “não gastaria um níquel para salvar investidores e credores privados”. Como a trapalhada asiática era fruto da ação de investidores e credores privados, sobretudo americanos, não se sabe bem o que o secretário Rubin pretendia dizer.
Em meio às festividades natalinas do ano da graça de 1997, os Estados Unidos e o FMI trataram de providenciar um pacote de emergência destinado a impedir a moratória coreana. Papai Noel vacilou, mas não faltou.
Os analistas mais badalados da finança globalizada estavam perplexos com o caráter privado da crise. É possível adivinhar o que passava nas cabeças como a do secretário Rubin: os mercados privados são “eficientes” e, portanto, os agentes usam de forma adequada a informação disponível e decidem racionalmente. Sendo assim, os episódios de descontrole financeiro desse porte só podem ser explicados por desmandos dos governos. Maldição: os fundamentos fiscais da Coréia estavam em ordem, como atestam os dados do FMI, que, diga-se, poucos meses atrás, derramou encômios à situação macroeconômica do combalido tigre, sublinhando as virtudes da taxa de poupança agregada.
Diante da realidade macroeconômica coreana, esses senhores encontraram remédio para a fragilidade de suas hipóteses. “Crony Capitalism”, capitalismo de compadres, era a expressão que movia os lábios dos experts ocidentais: a catástrofe financeira era fruto das relações promíscuas entre os bancos, os conglomerados (chaebol) e os governos.
Um regime de crédito dirigido e ativo sustentou, de fato, o espetacular e bem-sucedido processo de industrialização e de crescimento econômico do Japão e da Coréia (assim como os dos demais asiáticos e da China de depois das reformas de 1978) durante as três últimas décadas. É difícil sustentar o ponto de vista de que a gestão econômica nesses países, particularmente a forma de financiamento da economia, tenha respeitado as normas de impessoalidade, transparência e eficiência microeconômica. Muito ao contrário: prevaleceram as prioridades dos Estados nacionais, perseguidas à custa de favorecimentos e arbitrariedades. No caso da Coréia, essas tropelias eram praticadas pelo regime militar, sobretudo nos tempos do grande timoneiro da industrialização, o general Park Chung Hee.
Apesar disso, Coréia do Sul, Taiwan e Japão, nos tempos da Guerra Fria, sempre foram tratados como baluartes do mundo livre na Ásia. Por isso, os Estados Unidos, durante um bom tempo, não só abriram seus mercados, como fizeram vista grossa para o nacionalismo econômico, o que incluía políticas industriais seletivamente protecionistas e fortes incentivos às exportações. Nos anos 70, Richard Nixon concedeu as bençãos democráticas e os favores do capitalismo para a China comunista.
A política econômica de Reagan no início dos 80 – com o dólar supervalorizado, os enormes déficits orçamentários e nas contas de comércio – deu ainda mais fôlego ao crescimento dos países da Ásia. Esse foi o período dos grandes superávits comerciais japoneses, coreanos e taiwaneses e o primeiro momento do processo de internacionalização dos chaebols coreanos, como Samsung, LG, Daewoo, Hyundai. Beneficiários das enormes reservas em dólar acumuladas ao longo dos anos, os bancos japoneses apareceram no espaço das finanças globais como rivais dos grandes bancos americanos e europeus.
Depois do famoso acordo do Plaza, celebrado em setembro de 1985, os Estados Unidos resolveram reverter a brutal valorização do dólar, que já havia causado danos quase irreparáveis à sua indústria. Foi dado um sinal claro de que a festa estava prestes a acabar. Os japoneses foram obrigados a engolir a endaka, uma forte valorização do iene, o que, por um lado, afetou suas exportações para a área de predominância da moeda americana e, por outro, causou sérios prejuízos para os bancos, corretoras e seguradoras que carregavam em suas carteiras ativos em dólar.
Nesse momento, intensificam-se as pressões para a liberalização comercial e financeira do Japão e dos dois tigres asiáticos de segunda geração, Coréia e Taiwan. As investidas contra o protecionismo coreano e japonês datam já do fim dos 70, envolvendo restrições voluntárias de exportação, cotas e sobretaxação de produtos com suspeita de preços subsidiados.
Na segunda metade dos 80, o Japão, os tigres e dragões da Ásia – tanto por razões internas (acumulação de excedentes financeiros pelas grandes empresas japonesas que se tornaram aplicadoras líquidas) quanto externas (reservas em moeda forte e exigências dos Estados Unidos) – enveredaram pelos caminhos da abertura e da desregulamentação dos serviços financeiros. Nessa aventura, foram acompanhados pelos vizinhos e parceiros.
A professora Meredith Woo-Cummings da Northwestern University, em magistral artigo sobre a liberalização dos mercados na Ásia, mostra que a internacionalização financeira, em vez da maior eficiência na alocação de recursos, levou sim à especulação com ativos reais e financeiros, à aquisição de empresas já existentes, ao sobreendividamento e, finalmente, à fuga de capitais. Os bancos japoneses, acostumados às operações de crédito “papai e mamãe” com as empresas, amparados pelas práticas de redesconto do banco central, deitaram e rolaram nos mercados imobiliários e nas bolsas de valores da Tailândia, Indonésia e Malásia.
O economista da Unctad, Yilmaz Akyuz, em um pequeno texto (Causas e Origens da Crise Financeira Asiática) cuidou, três anos depois, de reavaliar as explicações sobre a crise asiática de 97/98. Diante da diversidade de situações macroeconômicas e, sobretudo, da excelência dos desempenhos fiscais – os orçamentos apresentavam superávit primário e as relações dívida/PIB eram espantosamente baixas –, Akyuz sustenta que abertura financeira e rápido ingresso de capitais eram os únicos fatores comuns na desdita de todos os países.
O governo dos Estados Unidos e o FMI não tiveram outra opção senão sancionar as expectativas dos mercados, de que os desequilíbrios incorridos por administradores de carteiras e grandes financiadores seriam amparados por dinheiro oficial. A alternativa era a contaminação de outras praças financeiras e o agravamento do crash global. Essa história de “deixa quebrar” é muito boa quando se trata do vizinho. Viva o moral hazard.
Na CartaCapital, por Luiz Gonzaga Belluzzo
O terremoto financeiro teve caráter privado, para a perplexidade dos badalados analistas do mercado. Conta paga pelo sistema, para evitar um crash global. Viva o moral hazard!
No segundo semestre de 1996, nuvens negras começaram a se acumular nos céus da Tailândia, um tigre de terceira geração, onde o capital eficiente dedicou-se, entre outras estrepolias, à farra das bolsas e dos mercados imobiliários, prestando inestimável ajuda à valorização do baht e à ampliação do déficit em conta corrente à beira dos 9% do PIB. Em meados de 1997, as autoridade tailandesas subiram as taxas de juro para 1.400% ao ano, na tentativa de conter o ataque especulativo. Não conseguiram: a moeda tailandesa despencou.
A crise espalhou-se pela Ásia. Em seqüência infernal, as moedas começaram a ceder. Chegou a Hong Kong. Para defender o seu dólar, as autoridades locais botaram as taxas de juro na lua. Na Coréia, os empréstimos de curto prazo em moeda estrangeira, freneticamente intermediados pelos bancos locais, deram no pé. Fugiram, a despeito dos bons “fundamentos” fiscais da economia e dos esforços para evitar a desvalorização do won.
O governo americano e o FMI haviam subestimado a gravidade dos problemas financeiros que então devastavam as economias da Ásia. O diretor-gerente do FMI, Michel Camdessus, dizia, impávido, que “o modelo asiático já cumpriu o seu papel e está superado”. Mais do que qualquer outra coisa, o globocrata quis dizer que se tratava da crise de um modelo de desenvolvimento, com muito Estado, bancos emprestando adoidado, economias protegidas e outras mazelas do gênero.
Já o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin, no alvorecer da turbulência cambial e financeira, veio a público para ameaçar que “não gastaria um níquel para salvar investidores e credores privados”. Como a trapalhada asiática era fruto da ação de investidores e credores privados, sobretudo americanos, não se sabe bem o que o secretário Rubin pretendia dizer.
Em meio às festividades natalinas do ano da graça de 1997, os Estados Unidos e o FMI trataram de providenciar um pacote de emergência destinado a impedir a moratória coreana. Papai Noel vacilou, mas não faltou.
Os analistas mais badalados da finança globalizada estavam perplexos com o caráter privado da crise. É possível adivinhar o que passava nas cabeças como a do secretário Rubin: os mercados privados são “eficientes” e, portanto, os agentes usam de forma adequada a informação disponível e decidem racionalmente. Sendo assim, os episódios de descontrole financeiro desse porte só podem ser explicados por desmandos dos governos. Maldição: os fundamentos fiscais da Coréia estavam em ordem, como atestam os dados do FMI, que, diga-se, poucos meses atrás, derramou encômios à situação macroeconômica do combalido tigre, sublinhando as virtudes da taxa de poupança agregada.
Diante da realidade macroeconômica coreana, esses senhores encontraram remédio para a fragilidade de suas hipóteses. “Crony Capitalism”, capitalismo de compadres, era a expressão que movia os lábios dos experts ocidentais: a catástrofe financeira era fruto das relações promíscuas entre os bancos, os conglomerados (chaebol) e os governos.
Um regime de crédito dirigido e ativo sustentou, de fato, o espetacular e bem-sucedido processo de industrialização e de crescimento econômico do Japão e da Coréia (assim como os dos demais asiáticos e da China de depois das reformas de 1978) durante as três últimas décadas. É difícil sustentar o ponto de vista de que a gestão econômica nesses países, particularmente a forma de financiamento da economia, tenha respeitado as normas de impessoalidade, transparência e eficiência microeconômica. Muito ao contrário: prevaleceram as prioridades dos Estados nacionais, perseguidas à custa de favorecimentos e arbitrariedades. No caso da Coréia, essas tropelias eram praticadas pelo regime militar, sobretudo nos tempos do grande timoneiro da industrialização, o general Park Chung Hee.
Apesar disso, Coréia do Sul, Taiwan e Japão, nos tempos da Guerra Fria, sempre foram tratados como baluartes do mundo livre na Ásia. Por isso, os Estados Unidos, durante um bom tempo, não só abriram seus mercados, como fizeram vista grossa para o nacionalismo econômico, o que incluía políticas industriais seletivamente protecionistas e fortes incentivos às exportações. Nos anos 70, Richard Nixon concedeu as bençãos democráticas e os favores do capitalismo para a China comunista.
A política econômica de Reagan no início dos 80 – com o dólar supervalorizado, os enormes déficits orçamentários e nas contas de comércio – deu ainda mais fôlego ao crescimento dos países da Ásia. Esse foi o período dos grandes superávits comerciais japoneses, coreanos e taiwaneses e o primeiro momento do processo de internacionalização dos chaebols coreanos, como Samsung, LG, Daewoo, Hyundai. Beneficiários das enormes reservas em dólar acumuladas ao longo dos anos, os bancos japoneses apareceram no espaço das finanças globais como rivais dos grandes bancos americanos e europeus.
Depois do famoso acordo do Plaza, celebrado em setembro de 1985, os Estados Unidos resolveram reverter a brutal valorização do dólar, que já havia causado danos quase irreparáveis à sua indústria. Foi dado um sinal claro de que a festa estava prestes a acabar. Os japoneses foram obrigados a engolir a endaka, uma forte valorização do iene, o que, por um lado, afetou suas exportações para a área de predominância da moeda americana e, por outro, causou sérios prejuízos para os bancos, corretoras e seguradoras que carregavam em suas carteiras ativos em dólar.
Nesse momento, intensificam-se as pressões para a liberalização comercial e financeira do Japão e dos dois tigres asiáticos de segunda geração, Coréia e Taiwan. As investidas contra o protecionismo coreano e japonês datam já do fim dos 70, envolvendo restrições voluntárias de exportação, cotas e sobretaxação de produtos com suspeita de preços subsidiados.
Na segunda metade dos 80, o Japão, os tigres e dragões da Ásia – tanto por razões internas (acumulação de excedentes financeiros pelas grandes empresas japonesas que se tornaram aplicadoras líquidas) quanto externas (reservas em moeda forte e exigências dos Estados Unidos) – enveredaram pelos caminhos da abertura e da desregulamentação dos serviços financeiros. Nessa aventura, foram acompanhados pelos vizinhos e parceiros.
A professora Meredith Woo-Cummings da Northwestern University, em magistral artigo sobre a liberalização dos mercados na Ásia, mostra que a internacionalização financeira, em vez da maior eficiência na alocação de recursos, levou sim à especulação com ativos reais e financeiros, à aquisição de empresas já existentes, ao sobreendividamento e, finalmente, à fuga de capitais. Os bancos japoneses, acostumados às operações de crédito “papai e mamãe” com as empresas, amparados pelas práticas de redesconto do banco central, deitaram e rolaram nos mercados imobiliários e nas bolsas de valores da Tailândia, Indonésia e Malásia.
O economista da Unctad, Yilmaz Akyuz, em um pequeno texto (Causas e Origens da Crise Financeira Asiática) cuidou, três anos depois, de reavaliar as explicações sobre a crise asiática de 97/98. Diante da diversidade de situações macroeconômicas e, sobretudo, da excelência dos desempenhos fiscais – os orçamentos apresentavam superávit primário e as relações dívida/PIB eram espantosamente baixas –, Akyuz sustenta que abertura financeira e rápido ingresso de capitais eram os únicos fatores comuns na desdita de todos os países.
O governo dos Estados Unidos e o FMI não tiveram outra opção senão sancionar as expectativas dos mercados, de que os desequilíbrios incorridos por administradores de carteiras e grandes financiadores seriam amparados por dinheiro oficial. A alternativa era a contaminação de outras praças financeiras e o agravamento do crash global. Essa história de “deixa quebrar” é muito boa quando se trata do vizinho. Viva o moral hazard.
Nova direita e monopólio da mídia
No Blog do Emir, por Emir Sader:
A nova direita (e como derrotá-la)
Órgãos de imprensa que pregaram as ditaduras militares no continente, foram seus instrumentos de divulgação, se calaram diante dos crimes com que esses regimes se afirmaram no poder, se crêem no direito de julgar que governo é democrático ou não na América Latina. Eles são o centro da nova direita.
Existe uma nova esquerda na América Latina, de que o processo bolivariano de Hugo Chávez na Venezuela, o MAS e o governo de Evo Morales na Bolívia, o governo de Rafael Correa, a ALBA, são algumas das suas expressões mais desenvolvidas e significativas. O movimento que se agrupa em torno da candidatura de Fernando Lugo, no Paraguai, se candidata a incorporar-se a esse grupo. Há governos progressistas, que são igualmente vítimas dessa nova direita.
Sua fisionomia passa pela assunção dos valores liberais e neoliberais: livre comércio, modelo estadunidense de sociedade, elogio da empresa privada e do mercado, crítica do Estado como regulador, das políticas redistributivas, apologia da midia oligopólica como critério de liberdade e de democracia. Ataques furibundos, desqualificadores da esquerda, do socialismo, a qualquer papel regulador ao Estado, do igualitarismo, a políticas de afirmação de direitos, do Sul do mundo à América Latina em particular, dos partidos aos movimentos sociais.
Uma das catacterísticas dessa nova direita é que se apóia fortemente no monopólio privado dos meios de comunicação, que dá as pautas e a orientação ideológica. No Brasil, a Folha de São Paulo, O Globo, o Estado de São Paulo e a Veja são seus representantes mais evidentes. Todas empresas oligopólicas, de propriedade familiar, em que os filhos sucedem automaticamente aos pais na direção dos jornais, como se fossem fazendas ou heranças de casas. Todas comprometidas com o golpe militar de 1964, que destruiu a democracia e cometeu os maiores crimes contra o povo brasileiro.
Desqualificar ao que consideram governos ou candidatos que não se submeteriam a seus interesses –que podem ser um índio, um militar, uma mulher, um operário – é uma forma de defesa do seu lema fundamental: “civilização ou barbárie”, em que eles se apropriam do que consideram ser civilizado e rejeitam todos os outros como representantes da barbárie.
O instrumento mais reiterado na sua luta por impor seus interesses está na desqualificaçáo dos governos, da política, do Estado, dos partidos, de todas as formas de ação coletiva e organizada de caráter popular. Por isso apoiaram tão generalizadamente governos como os de Menem, Fujimori, FHC, entre outros, que faziam justamente isso: privatizavam para debilitar ao Estado, atacavam os movimentos sociais, desqualificavam os partidos, promoviam a dominação direta da economia sobre a política.
Comum à imprensa escrita, radial e televisiva dessa nova internacional da direita é o ataque desqualificador a governos como os de Evo Morales, de Hugo Chavez, de Rafael Correa, mas também aos de Lula, de Kirchner, com uma intolerância que beira ao golpismo. Tentam promover uma irritação, explorando expressões do tipo “basta”, “cansei” ou outras afins, que levam ao pedido de soluções autoritárias ao que seria uma crise moral, uma ferida, que deveria ser extirpada por intervenção cirúrgica – numa atualização da Doutrina de Segurança Nacional, que orientou as ditaduras do terror no continente -, que dispensaria vitória eleitoral, porque se apoiaria num sentimento de indignação supostamente majoritária da população.
Precisam de governos e parlamentos fracos, do enfraquecimento do sistema político, dos partidos, para impor os grandes interesses econômicos privados sobre o Estado.
A nova direita (e como derrotá-la)
Órgãos de imprensa que pregaram as ditaduras militares no continente, foram seus instrumentos de divulgação, se calaram diante dos crimes com que esses regimes se afirmaram no poder, se crêem no direito de julgar que governo é democrático ou não na América Latina. Eles são o centro da nova direita.
Existe uma nova esquerda na América Latina, de que o processo bolivariano de Hugo Chávez na Venezuela, o MAS e o governo de Evo Morales na Bolívia, o governo de Rafael Correa, a ALBA, são algumas das suas expressões mais desenvolvidas e significativas. O movimento que se agrupa em torno da candidatura de Fernando Lugo, no Paraguai, se candidata a incorporar-se a esse grupo. Há governos progressistas, que são igualmente vítimas dessa nova direita.
Sua fisionomia passa pela assunção dos valores liberais e neoliberais: livre comércio, modelo estadunidense de sociedade, elogio da empresa privada e do mercado, crítica do Estado como regulador, das políticas redistributivas, apologia da midia oligopólica como critério de liberdade e de democracia. Ataques furibundos, desqualificadores da esquerda, do socialismo, a qualquer papel regulador ao Estado, do igualitarismo, a políticas de afirmação de direitos, do Sul do mundo à América Latina em particular, dos partidos aos movimentos sociais.
Uma das catacterísticas dessa nova direita é que se apóia fortemente no monopólio privado dos meios de comunicação, que dá as pautas e a orientação ideológica. No Brasil, a Folha de São Paulo, O Globo, o Estado de São Paulo e a Veja são seus representantes mais evidentes. Todas empresas oligopólicas, de propriedade familiar, em que os filhos sucedem automaticamente aos pais na direção dos jornais, como se fossem fazendas ou heranças de casas. Todas comprometidas com o golpe militar de 1964, que destruiu a democracia e cometeu os maiores crimes contra o povo brasileiro.
Desqualificar ao que consideram governos ou candidatos que não se submeteriam a seus interesses –que podem ser um índio, um militar, uma mulher, um operário – é uma forma de defesa do seu lema fundamental: “civilização ou barbárie”, em que eles se apropriam do que consideram ser civilizado e rejeitam todos os outros como representantes da barbárie.
O instrumento mais reiterado na sua luta por impor seus interesses está na desqualificaçáo dos governos, da política, do Estado, dos partidos, de todas as formas de ação coletiva e organizada de caráter popular. Por isso apoiaram tão generalizadamente governos como os de Menem, Fujimori, FHC, entre outros, que faziam justamente isso: privatizavam para debilitar ao Estado, atacavam os movimentos sociais, desqualificavam os partidos, promoviam a dominação direta da economia sobre a política.
Comum à imprensa escrita, radial e televisiva dessa nova internacional da direita é o ataque desqualificador a governos como os de Evo Morales, de Hugo Chavez, de Rafael Correa, mas também aos de Lula, de Kirchner, com uma intolerância que beira ao golpismo. Tentam promover uma irritação, explorando expressões do tipo “basta”, “cansei” ou outras afins, que levam ao pedido de soluções autoritárias ao que seria uma crise moral, uma ferida, que deveria ser extirpada por intervenção cirúrgica – numa atualização da Doutrina de Segurança Nacional, que orientou as ditaduras do terror no continente -, que dispensaria vitória eleitoral, porque se apoiaria num sentimento de indignação supostamente majoritária da população.
Precisam de governos e parlamentos fracos, do enfraquecimento do sistema político, dos partidos, para impor os grandes interesses econômicos privados sobre o Estado.
Quando atacam aos governos, aos parlamentos eleitos pelo povo, desqualificam ao povo. Se dispõem do monopólio da mídia, tem que entender que a opinão média da população é fortamente influenciada pela mídia. Ou são incompetentes ou o povo não aceita a influência de seus programas informativos totalmente partidarizados, de seus comentaristas e programas de entrevistas que refletem suas visões elitistas do país, da sua programação – esta sim – populista, de baixissimo nível cultural e e educativo. São minotirários, como eram – segundo as pesquisas de opinião só reveladas recentemente – no clima prévio ao golpe de 1964, em que estiverem envolvidos todos esses meios de comunicação. São minoritários, segundo a maior pesquisa nacional e a mais direta, que envolve não uma amostra, mas a totalidade dos cidadãos – a eleição presidencial feita há 8 meses.
No entanto, dá a impressão que nada disso aconteceu, nem que o povo se pronunciou contra a oposição, nem que o governo venceu. Que lições o governo tirou do longo processo de campanha opositora, que o desestabilizou profundamente, que quase levou a seu final, mas que terminou com uma recuperação eleitoral e com a reeleição de Lula?
A primeira lição deveria ser a de que, quando Lula assumiu uma atitude concreta de denunciar a direita e suas políticas – em que as privatizações estiveram no centro -, conseguiu o apoio popular que lhe delegou este segundo mandato. Ele soube reconhecer – ainda que contraditoriamente – ao dizer no discurso da vitória de que o seu é um governo para os pobres.
Contraditoriamente porque reconheceu que, paradoxalmente, nunca os ricos ganharam tanto. Se a economia cresceu pouco – e segue assim -, setores médios perderam para que os pobres ganhassem, ao invés da penalização dos mais ricos.A segunda é a de que a nova direita, o centro da oposição, está no monopólio privado da mídia, cuja persistência impede a possibilidade de formação democrática da opinião pública. Que, sem democratização da mídia, não haverá democracia.
Em terceiro lugar, que foram principalmente as políticas de democratização social as que responderam pela vitória do governo e pela derrota da oposição. Mas essas imensas camadas populares estão submetidas a influência ideológica da maciça campanha da oposição atraves da mídia. Além de que esses setores populares majoritários não estão organizados, não tem condições de expressar politicamente sua opinião, nem de defender suas conquistas, caso atentem contra elas. A organização destes setores é responsabilidade fundamental do PT e do governo, se a esquerda quer evitar retrocessos e, ao contrário, consolidar os avanços e construir um Brasil pós-neoliberal.
Para isso é indispensável dar continuidade à vitória de novembro de 2006 e, ao contrário do que tem sido a atitude principal do governo até aqui, apontar os adversários fundamentais da democratização econômica, social, política e cultural, lutar contra eles e construir a força popular, política e ideológica para derrotar a direita e afirmar a hegemonia da esquerda.
No entanto, dá a impressão que nada disso aconteceu, nem que o povo se pronunciou contra a oposição, nem que o governo venceu. Que lições o governo tirou do longo processo de campanha opositora, que o desestabilizou profundamente, que quase levou a seu final, mas que terminou com uma recuperação eleitoral e com a reeleição de Lula?
A primeira lição deveria ser a de que, quando Lula assumiu uma atitude concreta de denunciar a direita e suas políticas – em que as privatizações estiveram no centro -, conseguiu o apoio popular que lhe delegou este segundo mandato. Ele soube reconhecer – ainda que contraditoriamente – ao dizer no discurso da vitória de que o seu é um governo para os pobres.
Contraditoriamente porque reconheceu que, paradoxalmente, nunca os ricos ganharam tanto. Se a economia cresceu pouco – e segue assim -, setores médios perderam para que os pobres ganhassem, ao invés da penalização dos mais ricos.A segunda é a de que a nova direita, o centro da oposição, está no monopólio privado da mídia, cuja persistência impede a possibilidade de formação democrática da opinião pública. Que, sem democratização da mídia, não haverá democracia.
Em terceiro lugar, que foram principalmente as políticas de democratização social as que responderam pela vitória do governo e pela derrota da oposição. Mas essas imensas camadas populares estão submetidas a influência ideológica da maciça campanha da oposição atraves da mídia. Além de que esses setores populares majoritários não estão organizados, não tem condições de expressar politicamente sua opinião, nem de defender suas conquistas, caso atentem contra elas. A organização destes setores é responsabilidade fundamental do PT e do governo, se a esquerda quer evitar retrocessos e, ao contrário, consolidar os avanços e construir um Brasil pós-neoliberal.
Para isso é indispensável dar continuidade à vitória de novembro de 2006 e, ao contrário do que tem sido a atitude principal do governo até aqui, apontar os adversários fundamentais da democratização econômica, social, política e cultural, lutar contra eles e construir a força popular, política e ideológica para derrotar a direita e afirmar a hegemonia da esquerda.
Lula é o culpado?
No Conversa Afiada, por Paulo Henrique Amorim:
TRANSPONDER E MANETE: A CULPA É DO LULA?
. O repórter Marcio Aith, na edição da Veja desta semana, diz que o comandante Kleyber Lima, que pilotava o avião da TAM, cometeu o seguinte erro: "o manete direito da turbina que estava com o reverso travado continuou na posição de 'aceleração'. Com isso, enquanto a turbina esquerda tentava frear o avião, a direita o empurrava para a frente. O piloto, então, perdeu o controle."
. Marcio Aith diz que não havia “aquaplanagem” – aquela história da moedinha na chuva do Rodrigo Bocardi, no Jornal Nacional ... A moedinha do Bocardi precisará ter outra destinação: não foi responsável pela queda do avião da TAM.
. Marcio Aith diz também que, se a pista não fosse tão curta, não teria havido desastre.
. Ele tem toda a razão: se a pista de Congonhas se emendasse com a pista de Guarulhos, que, por sua vez, se estivesse colada a uma ponta da pista do aeroporto de Viracopos, a certa altura, o avião parava.
. E a pista do Santos Dumont ? – o Marcio Aith poderia recomendar a construção de uma extensão da pista, uma pista inclinada, ascendente, que fizesse com que os paulistas que chegassem ao maravilhoso Santos Dumont desembarcassem direto no finger do bondinho do Pão de Açúcar, e admirassem aquela maravilhosa paisagem, do alto.
. O Airbus da TAM, segundo Aith, precisava de uma pista mais longa.
. Não foi o que aconteceu em outros dois vôos anteriores que o mesmo avião fez, naquele mesmo dia, com mais chuva. Foram pousos normais.
. Nos últimos seis anos, Congonhas operou 1,5 milhão de pousos e decolagens.
. Ninguém sentiu falta de pista mais longa.
. É preciso tomar a reportagem de Aith com um grão de sal.
. Ele é o autor daquela famosa “reportagem” co-assinada por Daniel Dantas, que provou a existência de contas secretas do Presidente Lula e do Dr. Paulo Lacerda.
. (Aliás, a investigação da Polícia (Republicana) Federal sobre essa associação editorial parece que não acaba nunca.)
. Vamos SUPOR, apenas SUPOR que a reportagem de Aith, dessa vez, esteja certa.
. O golpe da mídia conservadora (e golpista) chegou ao seu objetivo.
. O Governo Lula curvou-se à mídia e à Globo.
. Lula fez um pronunciamento à Nação, na verdade, dirigido à Globo.
. Nomeou o General Patton para o Ministério da Defesa.
. Que não poderia ser mais indelicado com Waldir Pires na cerimônia de transmissão do cargo...
. Nelson Jobim começou a trabalhar a campanha da Sicília com o presidente eleito José Serra, a quem deu posse numa solenidade no Palácio dos Bandeirantes, e celebrou num almoço neste sábado.
(Clique aqui para ler que Serra já assumiu a co-presidência e clique aqui para ver como o Conversa Afiada desde logo percebeu que o presidente de Jobim era Serra e não Lula.)
. José Serra assumiu a co-presidência e vai espetar nas costas do contribuinte federal umas pequenas obras em São Paulo que os magistrais administradores tucanos devem aos paulistas há décadas.
. A mídia conservadora (e golpista) celebra hoje a trapalhada dos controladores que liberaram e desliberaram a pista de Congonhas.
. Uma trapalhada que levou seis minutos.
. Mas a mídia conservadora (e golpista) tratou o assunto como se fosse uma outra lambança do Presidente Lula.
. Mas, pergunta-se: quem era o Ministro da Defesa, ONTEM: já não era o General Patton ?
- Em tempo: segundo Mauricio Dias, diretor-adjunto da Carta Capital, também é do Lula a responsabilidade pela queda de um aviãozinho de propaganda que caiu na praia do Leblon, no Rio, no fim de semana passado. Os surfistas, provavelmente eleitores de Cesar Maia, salvaram o piloto - mas, não há dúvida: a culpa é da "crise" aérea.
- Em tempo 2: o iG e o Uol dizem a que a falha do piloto foi a “causa inicial”. Interessante: qual será a causa final ? O Lula ?
TRANSPONDER E MANETE: A CULPA É DO LULA?
. O repórter Marcio Aith, na edição da Veja desta semana, diz que o comandante Kleyber Lima, que pilotava o avião da TAM, cometeu o seguinte erro: "o manete direito da turbina que estava com o reverso travado continuou na posição de 'aceleração'. Com isso, enquanto a turbina esquerda tentava frear o avião, a direita o empurrava para a frente. O piloto, então, perdeu o controle."
. Marcio Aith diz que não havia “aquaplanagem” – aquela história da moedinha na chuva do Rodrigo Bocardi, no Jornal Nacional ... A moedinha do Bocardi precisará ter outra destinação: não foi responsável pela queda do avião da TAM.
. Marcio Aith diz também que, se a pista não fosse tão curta, não teria havido desastre.
. Ele tem toda a razão: se a pista de Congonhas se emendasse com a pista de Guarulhos, que, por sua vez, se estivesse colada a uma ponta da pista do aeroporto de Viracopos, a certa altura, o avião parava.
. E a pista do Santos Dumont ? – o Marcio Aith poderia recomendar a construção de uma extensão da pista, uma pista inclinada, ascendente, que fizesse com que os paulistas que chegassem ao maravilhoso Santos Dumont desembarcassem direto no finger do bondinho do Pão de Açúcar, e admirassem aquela maravilhosa paisagem, do alto.
. O Airbus da TAM, segundo Aith, precisava de uma pista mais longa.
. Não foi o que aconteceu em outros dois vôos anteriores que o mesmo avião fez, naquele mesmo dia, com mais chuva. Foram pousos normais.
. Nos últimos seis anos, Congonhas operou 1,5 milhão de pousos e decolagens.
. Ninguém sentiu falta de pista mais longa.
. É preciso tomar a reportagem de Aith com um grão de sal.
. Ele é o autor daquela famosa “reportagem” co-assinada por Daniel Dantas, que provou a existência de contas secretas do Presidente Lula e do Dr. Paulo Lacerda.
. (Aliás, a investigação da Polícia (Republicana) Federal sobre essa associação editorial parece que não acaba nunca.)
. Vamos SUPOR, apenas SUPOR que a reportagem de Aith, dessa vez, esteja certa.
. O golpe da mídia conservadora (e golpista) chegou ao seu objetivo.
. O Governo Lula curvou-se à mídia e à Globo.
. Lula fez um pronunciamento à Nação, na verdade, dirigido à Globo.
. Nomeou o General Patton para o Ministério da Defesa.
. Que não poderia ser mais indelicado com Waldir Pires na cerimônia de transmissão do cargo...
. Nelson Jobim começou a trabalhar a campanha da Sicília com o presidente eleito José Serra, a quem deu posse numa solenidade no Palácio dos Bandeirantes, e celebrou num almoço neste sábado.
(Clique aqui para ler que Serra já assumiu a co-presidência e clique aqui para ver como o Conversa Afiada desde logo percebeu que o presidente de Jobim era Serra e não Lula.)
. José Serra assumiu a co-presidência e vai espetar nas costas do contribuinte federal umas pequenas obras em São Paulo que os magistrais administradores tucanos devem aos paulistas há décadas.
. A mídia conservadora (e golpista) celebra hoje a trapalhada dos controladores que liberaram e desliberaram a pista de Congonhas.
. Uma trapalhada que levou seis minutos.
. Mas a mídia conservadora (e golpista) tratou o assunto como se fosse uma outra lambança do Presidente Lula.
. Mas, pergunta-se: quem era o Ministro da Defesa, ONTEM: já não era o General Patton ?
- Em tempo: segundo Mauricio Dias, diretor-adjunto da Carta Capital, também é do Lula a responsabilidade pela queda de um aviãozinho de propaganda que caiu na praia do Leblon, no Rio, no fim de semana passado. Os surfistas, provavelmente eleitores de Cesar Maia, salvaram o piloto - mas, não há dúvida: a culpa é da "crise" aérea.
- Em tempo 2: o iG e o Uol dizem a que a falha do piloto foi a “causa inicial”. Interessante: qual será a causa final ? O Lula ?
DESTAQUE DO DOMINGO
Nomes e destinos
Moacyr Scliar
Há muito tempo, e com a ajuda de leitores, coleciono nomes que condicionam destinos, ou seja, aqueles nomes que estão associados com a profissão da pessoa ou com outro característico destas. Pois acaba de aparecer, na Argentina, um livro dedicado exatamente a este assunto; chama-se Marcados por el Destino: Cuando la Vocacion te Llama por tu Nombre, e ao qual cheguei graças ao prof. Ruben Oliven (UFRGS). O autor, Walter Duer, reuniu dezenas de casos, dos quais selecionei alguns exemplos.
Assim, ficamos sabendo que existe um general romeno chamado Nicolai Militaru, um chapeleiro que atende pelo nome de A.Cabezas, um pianista (conhecido na Argentina) que é Sebastian Piana. Um médico chama-se Fernando Cura (bota sobrenome animador nisso) e um advogado tem o nome de Eduardo Leyes. E vocês sabiam que houve um pioneiro do nudismo, um cara que andava pelado e se chamava Heinrich Pudor, mostrando que o conceito de pudor é muito relativo? Há um vendedor de vinhos muito parcial, o Aniceto Tinto; para ser justo, ele deveria se chamar Aniceto Tinto y Blanco. Marcelo Lo Pinto é o que? Pintor, claro (poderia também ser urologista, mas aí já estamos no terreno da gozação). Um dos diretores da Câmara de Construção da Argentina chama-se Diego Buraco. E que tal um fotógrafo chamado Miklos Lente?
O livro mostra a foto da loja de uma decoradora: é a Claudia Adorno. Há uma dermatologista que se chama Patricia Dermer (e que deveria casar com o Patricio Epidermer). O livro fala de um ministro da agricultura do Uruguai chamado Álvaro Trigo, e de um presidente da Sociedade Rural que é o Carlos Vaquer. Por último, o mais que adequado nome do gerente do Banco de La Nación: Daniel Cash. Este, pelo visto, só paga em "cash", em dinheiro vivo. Num país em que, no passado, os depósitos bancários foram retidos, deixando as pessoas sem grana, Daniel Cash está com tudo.
Moacyr Scliar
Há muito tempo, e com a ajuda de leitores, coleciono nomes que condicionam destinos, ou seja, aqueles nomes que estão associados com a profissão da pessoa ou com outro característico destas. Pois acaba de aparecer, na Argentina, um livro dedicado exatamente a este assunto; chama-se Marcados por el Destino: Cuando la Vocacion te Llama por tu Nombre, e ao qual cheguei graças ao prof. Ruben Oliven (UFRGS). O autor, Walter Duer, reuniu dezenas de casos, dos quais selecionei alguns exemplos.
Assim, ficamos sabendo que existe um general romeno chamado Nicolai Militaru, um chapeleiro que atende pelo nome de A.Cabezas, um pianista (conhecido na Argentina) que é Sebastian Piana. Um médico chama-se Fernando Cura (bota sobrenome animador nisso) e um advogado tem o nome de Eduardo Leyes. E vocês sabiam que houve um pioneiro do nudismo, um cara que andava pelado e se chamava Heinrich Pudor, mostrando que o conceito de pudor é muito relativo? Há um vendedor de vinhos muito parcial, o Aniceto Tinto; para ser justo, ele deveria se chamar Aniceto Tinto y Blanco. Marcelo Lo Pinto é o que? Pintor, claro (poderia também ser urologista, mas aí já estamos no terreno da gozação). Um dos diretores da Câmara de Construção da Argentina chama-se Diego Buraco. E que tal um fotógrafo chamado Miklos Lente?
O livro mostra a foto da loja de uma decoradora: é a Claudia Adorno. Há uma dermatologista que se chama Patricia Dermer (e que deveria casar com o Patricio Epidermer). O livro fala de um ministro da agricultura do Uruguai chamado Álvaro Trigo, e de um presidente da Sociedade Rural que é o Carlos Vaquer. Por último, o mais que adequado nome do gerente do Banco de La Nación: Daniel Cash. Este, pelo visto, só paga em "cash", em dinheiro vivo. Num país em que, no passado, os depósitos bancários foram retidos, deixando as pessoas sem grana, Daniel Cash está com tudo.
"Duas grandes conversas"
No Vermelho, por Eduardo Bomfim
Há vários anos atrás, o deputado Aldo Rebelo e eu, retornávamos ao Brasil pelo aeroporto de Bruxelas, tarjetas de embarque em mãos, quando ouvimos uma áspera discussão em português. Era o professor Bautista Vidal, cabelos brancos despenteados, gesticulando como quem fazia um inflamado discurso.
Chegamos perto do balcão da extinta VASP e uma belga falando um português misturado com espanhol, tentava enquadrar o genioso compatriota que respondia: não adianta que não vou pagar uma passagem para mim e outra para a minha mala e quer saber de uma coisa, fique com ela e as minhas roupas usadas.
Abriu a bagagem, retirou o que lhe interessava, depositou em uma outra bem menor, deixando a maior aberta, escancarada, na fila de passageiros que olhavam espantados o episódio. Retirou-se impávido, como quem ganhara uma monumental batalha militar. Quando nos viu fez um gesto largo de alegria com as mãos e convidou-nos à lanchonete como se nada tivesse acontecido.
Passou a fazer considerações antropológicas sobre a civilização dos anfitriões. Daí em diante, uma apologia aos povos ibéricos, sobre a importância da ocupação moura na região, a riqueza cultural e científica que deixaram como legado aos portugueses e espanhóis.
Falava passionalmente e alternadamente sobre o povo brasileiro e as inesgotáveis fontes alternativas de energia para o futuro da humanidade. Íamos do petróleo, motivo das guerras em curso, promovidas pelo império do norte e seus subalternos, até ao biocombustível. Agarrava com as mãos o futuro como se elas alcançassem os tempos que vinham.
Afirmava que nós precisávamos de uma tragédia histórica. Não necessariamente de caráter natural como um terremoto, um tsunami ou coisa que o valha. Mas nas estruturas injustas dos povos latino-americanos.
Tempos depois, em Brasília, tive a oportunidade de conversar com o embaixador do Vietnã. Falei da grande admiração que tínhamos pelo heroísmo do seu povo, derrotando a maior potência militar do planeta em defesa da pátria e por um novo regime social. Respondeu-me com sabedoria: nós precisamos aprender com vocês que conseguem evitar guerras por tanto tempo.
Hoje vejo que as duas conversas não são contraditórias, mas exemplos extraordinários dos caminhos na História dos povos. Na paz devemos saber avançar com destemor.
Há vários anos atrás, o deputado Aldo Rebelo e eu, retornávamos ao Brasil pelo aeroporto de Bruxelas, tarjetas de embarque em mãos, quando ouvimos uma áspera discussão em português. Era o professor Bautista Vidal, cabelos brancos despenteados, gesticulando como quem fazia um inflamado discurso.
Chegamos perto do balcão da extinta VASP e uma belga falando um português misturado com espanhol, tentava enquadrar o genioso compatriota que respondia: não adianta que não vou pagar uma passagem para mim e outra para a minha mala e quer saber de uma coisa, fique com ela e as minhas roupas usadas.
Abriu a bagagem, retirou o que lhe interessava, depositou em uma outra bem menor, deixando a maior aberta, escancarada, na fila de passageiros que olhavam espantados o episódio. Retirou-se impávido, como quem ganhara uma monumental batalha militar. Quando nos viu fez um gesto largo de alegria com as mãos e convidou-nos à lanchonete como se nada tivesse acontecido.
Passou a fazer considerações antropológicas sobre a civilização dos anfitriões. Daí em diante, uma apologia aos povos ibéricos, sobre a importância da ocupação moura na região, a riqueza cultural e científica que deixaram como legado aos portugueses e espanhóis.
Falava passionalmente e alternadamente sobre o povo brasileiro e as inesgotáveis fontes alternativas de energia para o futuro da humanidade. Íamos do petróleo, motivo das guerras em curso, promovidas pelo império do norte e seus subalternos, até ao biocombustível. Agarrava com as mãos o futuro como se elas alcançassem os tempos que vinham.
Afirmava que nós precisávamos de uma tragédia histórica. Não necessariamente de caráter natural como um terremoto, um tsunami ou coisa que o valha. Mas nas estruturas injustas dos povos latino-americanos.
Tempos depois, em Brasília, tive a oportunidade de conversar com o embaixador do Vietnã. Falei da grande admiração que tínhamos pelo heroísmo do seu povo, derrotando a maior potência militar do planeta em defesa da pátria e por um novo regime social. Respondeu-me com sabedoria: nós precisamos aprender com vocês que conseguem evitar guerras por tanto tempo.
Hoje vejo que as duas conversas não são contraditórias, mas exemplos extraordinários dos caminhos na História dos povos. Na paz devemos saber avançar com destemor.
Bom dia, Sophia de Mello Breyner Andresen
O sol bate no chão e as pedras ardem.
Longe caminham os deuses fantásticos do mar
Longe caminham os deuses fantásticos do mar
Brancos de sal e brilhantes como peixes.
Pássaros selvagens de repente,
Pássaros selvagens de repente,
Atirados contra a luz como pedradas,
Sobem e morrem no céu verticalmente
E o seu corpo é tomado nos espaços.
As ondas marram quebrando contra a luz
As ondas marram quebrando contra a luz
A sua fronte ornada de colunas.
E uma antiquíssima nostalgia de ser mastro
E uma antiquíssima nostalgia de ser mastro
Baloiça nos pinheiros.
27 julho 2007
Recado 1: Tucano cara de pau
O governador José Serra fala dos problemas do setor aéreo com desenvoltura que não demonstrou diante do grave acidente das obras do Metro, em são Paulo. E esquece as responsabilidades acumuladas pelo governo tucano de FHC, do qual foi ministro.
Reclama agora – por que não antes? – a necessidade de profissionalização (óbvia) da ANAC. E considera “escapismo” a construção de ovo aeroporto, para desafogar Congonhas.
Serra é um tucano de bico, ou melhor, cara de pau.
Reclama agora – por que não antes? – a necessidade de profissionalização (óbvia) da ANAC. E considera “escapismo” a construção de ovo aeroporto, para desafogar Congonhas.
Serra é um tucano de bico, ou melhor, cara de pau.
Recado 2: Epidemiologia de elite
Moradores do Jardim Paulista, área nobre de São Paulo, capital, estão preocupados com os casos de dengue na área, registra a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Em 2005, houve um único caso; em 2006, nenhum. Este ano já foram dois registros.
Mas a prefeitura reclama que agentes de combate ao mosquito que transmite a doença têm dificuldades para realizar o seu trabalho: 50% dos moradores impedem as visitas por questões de "segurança", apesar dos funcionários se apresentarem uniformizados, portarem crachá.
A epidemiologia da elite na cidade mais rica do país.
Em 2005, houve um único caso; em 2006, nenhum. Este ano já foram dois registros.
Mas a prefeitura reclama que agentes de combate ao mosquito que transmite a doença têm dificuldades para realizar o seu trabalho: 50% dos moradores impedem as visitas por questões de "segurança", apesar dos funcionários se apresentarem uniformizados, portarem crachá.
A epidemiologia da elite na cidade mais rica do país.
DESTAQUE DESTA SEXTA-FEIRA
Lula, Jobim e aliança com o centro
Esquerda é esquerda, direita é direita e centro é centro. A frase parece brincadeira, mas não é. Apenas expressa o óbvio – e o óbvio, infelizmente, em geral não é levado em consideração por “analistas” que ocupam espaços privilegiados na mídia.
A bola da vez é o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Menciona-se como algo extraordinário o fato de que se trata de um ex-ministro do governo FHC.
Ora, importa considerar que Jobim é peemedebista – ou seja, pertence a um partido de centro e que, como tal, tem participado praticamente de todos os governos desde o fim do regime militar.
Fez falta ao governo Lula, no primeiro mandato, uma aliança com o PMDB, em favor da governabilidade. No atual, ela existe. A escolha do novo ministro é parte dessa aliança.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br
Esquerda é esquerda, direita é direita e centro é centro. A frase parece brincadeira, mas não é. Apenas expressa o óbvio – e o óbvio, infelizmente, em geral não é levado em consideração por “analistas” que ocupam espaços privilegiados na mídia.
A bola da vez é o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Menciona-se como algo extraordinário o fato de que se trata de um ex-ministro do governo FHC.
Ora, importa considerar que Jobim é peemedebista – ou seja, pertence a um partido de centro e que, como tal, tem participado praticamente de todos os governos desde o fim do regime militar.
Fez falta ao governo Lula, no primeiro mandato, uma aliança com o PMDB, em favor da governabilidade. No atual, ela existe. A escolha do novo ministro é parte dessa aliança.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br
Importância e reflexos do PAN
No Vermelho:
Orlando: Não é o Pan que vai reduzir "desigualdade histórica"
.O ministro do Esporte, Orlando Silva, que está no Rio de Janeiro para acompanhar os Jogos Pan-Americanos, afirmou que o legado social do Pan não pode ser analisado especificamente pelo olhar da redução da pobreza. Segundo ele, não há contradição entre os valores investidos para a realização dos jogos e a desigualdade social no país. Os investimentos públicos federais para os Jogos Pan-Americanos de 2007 já somam quase R$ 2 bilhões, de acordo com dados preliminares. Só em instalações esportivas e acomodações foram aplicados cerca de R$ 700 milhões.
. Leia a matéria completa clicando aqui http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22067
Orlando: Não é o Pan que vai reduzir "desigualdade histórica"
.O ministro do Esporte, Orlando Silva, que está no Rio de Janeiro para acompanhar os Jogos Pan-Americanos, afirmou que o legado social do Pan não pode ser analisado especificamente pelo olhar da redução da pobreza. Segundo ele, não há contradição entre os valores investidos para a realização dos jogos e a desigualdade social no país. Os investimentos públicos federais para os Jogos Pan-Americanos de 2007 já somam quase R$ 2 bilhões, de acordo com dados preliminares. Só em instalações esportivas e acomodações foram aplicados cerca de R$ 700 milhões.
. Leia a matéria completa clicando aqui http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=22067
Taxa de desemprego de junho apresenta primeira diminuição do ano
Da Agência Brasil:
. A taxa de desemprego no país recuou pela primeira vez este ano e ficou em 9,7% no mês de junho, depois de passado três meses (março, abril e maio) no patamar de 10,1% da população economicamente ativa. A redução foi ainda maior em relação a junho de 2006, quando o índice foi de 10,4%. Com o resultado de junho, o país fecha o semestre com uma média de desemprego de 9,9%, abaixo dos 10,1% registrados no mesmo período do ano passado.
. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE). Segundo Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, o declínio na taxa de desemprego interrompe um período de estagnação e reflete a criação de 87 mil novos postos de trabalho na região metropolitana de São Paulo.
. "O mercado de trabalho saiu do processo de engessamento que estava nos últimos três meses. Foi a primeira inflexão, um primeira queda, uma primeira criação de novos postos de trabalho no mercado. Essa queda tem endereço certo. É proveniente especificamente de bons resultados em São Paulo, onde nós conseguimos verificar uma queda de 1 ponto percentual na taxa de desocupação, em conseqüência de um aumento de 2,1% no contingente de pessoas ocupadas” informou o técnico.
. Ele explicou que as novas vagas no mercado de trabalho paulista foram concentradas no setor do comércio e foram ocupadas principalmente por trabalhadores por conta própria. A pesquisa do IBGE apontou ainda redução de 0,5% no rendimento médio dos trabalhadores, estimado em R$ 1.119,20 para o conjunto das seis regiões metropolitanas avaliadas, em relação ao mês de maio.Azeredo informou, no entanto, o recuo não representa queda no poder de compra dos trabalhadores e sim, reflete a entrada de um número maior de pessoas em um segmento que tem menor remuneração, especialmente para os recém chegados no mercado.Na comparação com junho do ano passado, os rendimentos médios cresceram 2,7%, dando continuidade à melhoria do poder de compra dos trabalhadores que vem sendo observada há vários meses em relação a períodos semelhantes de anos anteriores. O ritmo do crescimento em junho, contudo, foi menos intenso do que nos primeiros meses de 2007.
. No primeiro semestre deste ano, o rendimento médio dos trabalhadores avançou 4,4% sobre a média registrada no mesmo período do ano passado. De acordo com o levantamento, cerca de 2,2 milhões de pessoas estavam em busca de emprego em junho nas seis principais regiões metropolitanas do país consideradas na pesquisa: São Paulo, Rio De Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. O número é 3,9% menor do que o apurado no mês de maio e 4,9% inferior ao de junho de 2006. ',''
. A taxa de desemprego no país recuou pela primeira vez este ano e ficou em 9,7% no mês de junho, depois de passado três meses (março, abril e maio) no patamar de 10,1% da população economicamente ativa. A redução foi ainda maior em relação a junho de 2006, quando o índice foi de 10,4%. Com o resultado de junho, o país fecha o semestre com uma média de desemprego de 9,9%, abaixo dos 10,1% registrados no mesmo período do ano passado.
. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE). Segundo Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, o declínio na taxa de desemprego interrompe um período de estagnação e reflete a criação de 87 mil novos postos de trabalho na região metropolitana de São Paulo.
. "O mercado de trabalho saiu do processo de engessamento que estava nos últimos três meses. Foi a primeira inflexão, um primeira queda, uma primeira criação de novos postos de trabalho no mercado. Essa queda tem endereço certo. É proveniente especificamente de bons resultados em São Paulo, onde nós conseguimos verificar uma queda de 1 ponto percentual na taxa de desocupação, em conseqüência de um aumento de 2,1% no contingente de pessoas ocupadas” informou o técnico.
. Ele explicou que as novas vagas no mercado de trabalho paulista foram concentradas no setor do comércio e foram ocupadas principalmente por trabalhadores por conta própria. A pesquisa do IBGE apontou ainda redução de 0,5% no rendimento médio dos trabalhadores, estimado em R$ 1.119,20 para o conjunto das seis regiões metropolitanas avaliadas, em relação ao mês de maio.Azeredo informou, no entanto, o recuo não representa queda no poder de compra dos trabalhadores e sim, reflete a entrada de um número maior de pessoas em um segmento que tem menor remuneração, especialmente para os recém chegados no mercado.Na comparação com junho do ano passado, os rendimentos médios cresceram 2,7%, dando continuidade à melhoria do poder de compra dos trabalhadores que vem sendo observada há vários meses em relação a períodos semelhantes de anos anteriores. O ritmo do crescimento em junho, contudo, foi menos intenso do que nos primeiros meses de 2007.
. No primeiro semestre deste ano, o rendimento médio dos trabalhadores avançou 4,4% sobre a média registrada no mesmo período do ano passado. De acordo com o levantamento, cerca de 2,2 milhões de pessoas estavam em busca de emprego em junho nas seis principais regiões metropolitanas do país consideradas na pesquisa: São Paulo, Rio De Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. O número é 3,9% menor do que o apurado no mês de maio e 4,9% inferior ao de junho de 2006. ',''
Quilombolas
Na Carta Maior:
Bancada ruralista ameaça titulação de terras de quilombos
. Projeto da Câmara quer sustar aplicação do decreto que regulamenta a demarcação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos. Baixa execução orçamentária dos programas para o setor dificulta fortalecimento do movimento.
. Veja matéria compoleta clicando aqui http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14536
Bancada ruralista ameaça titulação de terras de quilombos
. Projeto da Câmara quer sustar aplicação do decreto que regulamenta a demarcação de terras ocupadas por remanescentes de quilombos. Baixa execução orçamentária dos programas para o setor dificulta fortalecimento do movimento.
. Veja matéria compoleta clicando aqui http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14536
PSDB criou o esquema Marcos Valério
No Conversa Afiada, por Paulo Henrique Amorim:
O PRIMEIRO MENSALÃO É TUCANO
. Segundo o jornal Folha de S. Paulo na página A 10 de hoje, a Polícia Federal informou ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que o senador Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas, ex-presidente nacional do PSDB, utilizou recursos de origem pública e privada e não declarou à Justiça Eleitoral.
. O Caixa 2 era submetido a uma engenharia financeira montada por Marcos Valério.
. Faziam parte da operação aparentemente criminosa as empresas Comig, Copasa, Bemge, Cemig, Queiroz Galvão, ARG, Tercam, Erkal e Egesa.
. Como se vê, a fina flor do empresariado que opera em Minas Gerais.
. Trata-se do primeiro caso comprovado de ligação de políticos com o sistema do mensalão.
. Ironia da História.
. O mensalão foi expressão criada pela mídia conservadora (e golpista) para derrubar o Presidente Lula.
. E a primeira vítima é um tucano.
. E o assunto é tão irrelevante que não merece a primeira página na Folha.
O PRIMEIRO MENSALÃO É TUCANO
. Segundo o jornal Folha de S. Paulo na página A 10 de hoje, a Polícia Federal informou ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, que o senador Eduardo Azeredo, do PSDB de Minas, ex-presidente nacional do PSDB, utilizou recursos de origem pública e privada e não declarou à Justiça Eleitoral.
. O Caixa 2 era submetido a uma engenharia financeira montada por Marcos Valério.
. Faziam parte da operação aparentemente criminosa as empresas Comig, Copasa, Bemge, Cemig, Queiroz Galvão, ARG, Tercam, Erkal e Egesa.
. Como se vê, a fina flor do empresariado que opera em Minas Gerais.
. Trata-se do primeiro caso comprovado de ligação de políticos com o sistema do mensalão.
. Ironia da História.
. O mensalão foi expressão criada pela mídia conservadora (e golpista) para derrubar o Presidente Lula.
. E a primeira vítima é um tucano.
. E o assunto é tão irrelevante que não merece a primeira página na Folha.
26 julho 2007
Bom dia, Carlos Drummond de Andrade
O fim no começo
na primeira sílaba.
A consoante esvanecida
sem que a língua atingisse o alvéolo.
O que jamais se esqueceria
pois nem principiou a ser lembrado.
O campo – havia, havia um campo?
irremediavelmente murcho em sombra
antes de imaginar-se a figurade um campo.
A vida não chega a ser breve.
DESTAQUE DESTA QUINTA-FEIRA
Uma queda de braço de resultados imprevisíveis
Cerca de 100 mil servidores públicos de universidades federais, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Ministério da Cultura estão em greve. Não há sinais de acordo. O impasse prejudica algumas áreas importantes, como o atendimento em hospitais universitários, procedimentos relativos à reforma agrária, acesso a bibliotecas e museus, dentre outras.
As principais reivindicações são reajuste do vencimento básico, paridade salarial com outras categorias do serviço público e contratação de pessoal.
Ambos os lados se mantêm inflexíveis. Da parte do governo, prevalece a política da mão firme, de olho nas metas inflacionárias e, sobretudo, no superávit primário. Cedendo aos funcionários, o governo teme abrir precedentes que lhe tirem o controle da gestão ortodoxa da economia.
Os resultados da quebra de braço devem ultrapassar os limites das pautas de reivindicação dos grevistas. Pode enfraquecer a representação sindical e aumentar o fosso entre o governo e o funcionalismo.
*
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Cerca de 100 mil servidores públicos de universidades federais, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e do Ministério da Cultura estão em greve. Não há sinais de acordo. O impasse prejudica algumas áreas importantes, como o atendimento em hospitais universitários, procedimentos relativos à reforma agrária, acesso a bibliotecas e museus, dentre outras.
As principais reivindicações são reajuste do vencimento básico, paridade salarial com outras categorias do serviço público e contratação de pessoal.
Ambos os lados se mantêm inflexíveis. Da parte do governo, prevalece a política da mão firme, de olho nas metas inflacionárias e, sobretudo, no superávit primário. Cedendo aos funcionários, o governo teme abrir precedentes que lhe tirem o controle da gestão ortodoxa da economia.
Os resultados da quebra de braço devem ultrapassar os limites das pautas de reivindicação dos grevistas. Pode enfraquecer a representação sindical e aumentar o fosso entre o governo e o funcionalismo.
*
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Recado 1: O cuidado com as palavras
A linguagem é uma fonte de mal entendidos, ensina o Pequeno Príncipe, personagem de Antoine de Saint’Exupèry. Quando se fala sobre coisas complexas, todo cuidado é pouco – mais ainda se quem fala está no exercício de cargo público relevante.
As palavras do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, no ato de posse, ontem, devem ser recebidas com complacência, e não ao é da letra.
Homem experiente, surpreende ao começar falando em falta de comando e explicitando algo que, embora formalmente estabelecido, há que ser conquistado na prática: a sua ascendência, como ministro, sobre os comandos das Forças Armadas.
As palavras do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, no ato de posse, ontem, devem ser recebidas com complacência, e não ao é da letra.
Homem experiente, surpreende ao começar falando em falta de comando e explicitando algo que, embora formalmente estabelecido, há que ser conquistado na prática: a sua ascendência, como ministro, sobre os comandos das Forças Armadas.
Recado 2: Liderança necessária
Se os bicombustíveis tendem a crescer rapidamente em importância, deve ser visto como positivo o plano da Petrobras, que pretende liderar a produção no setor em nosso país em cinco anos.
Faz parte do plano a inauguração até o final deste ano de três usinas, que correspondem a RS 227 milhões de investimentos.
A meta imediata é alcançar 20% do mercado brasileiro de biodiesel até dezembro.
Faz parte do plano a inauguração até o final deste ano de três usinas, que correspondem a RS 227 milhões de investimentos.
A meta imediata é alcançar 20% do mercado brasileiro de biodiesel até dezembro.
Nossa coluna semanal de toda quinta-feira no portal Vermelho
Governos de centro-esquerda: a teoria e a prática
Em debate a escalada da violência criminal urbana nos países do Cone Sul, no seminário Hacia una visión política progressista en Seguridad Ciudadana, de que participamos, em Santiago, Chile, a convite do Instituto Igualdad e da Friedrich Ebert Stiftung (FES). À mesa, o sociólogo e professor universitário chileno Hugo Espinoza; a ministra do Interior do Uruguai, Deise Tourné; René Jofré, diretor de segurança do ministério do Interior do Chile; Martin Appiolaza, diretor da Escuela Latinoamericana de Seguridad e Democracia, da Argentina; e esse amigo de vocês, na modesta condição de vice-prefeito do Recife.
As opiniões são convergentes quanto ao diagnóstico da situação, grave e desafiadora. Idem quanto ao que os debatedores consideram fundamentos de uma política pública progressista na área da segurança – abordada sob novos paradigmas, diversos dos conceitos de segurança nacional e defesa do Estado que sustentavam a repressão política nas ditaduras miliatres em nosso subcontinente. Hoje se pretende uma “segurança cidadã”, focada na construção de ambientes seguros para a vida das pessoas em nossas cidades.
Mas surgem discrepâncias justamente quando se verifica, no curso do debate, uma tendência a examinar o assunto de maneira exageradamenmte setorial. As correntes de esquerda estariam, no dizer dos painelistas, demasiadamente embaraçadas diante da tarefa de gerirem o aparato estatal no que diz respeito à segurança.
Ora, essa dificuldade não estaria se verificando igualmente nas demais áreas da gestão pública em nível federal? Que dizer das políticas macroeconômicas ainda imperantes no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai, cujos presidentes são filiados a partidos de esquerda?
A questão que introduzimos parece despertar painelistas e público para algo que deveria ser óbvio. Nossos atuais governantes alcançaram seus postos sob condições nada revolucionárias e ainda por cima continuam constrangidos pela engrenagem do Estado mínimo neoliberal construída pelos seus antecessores.
Superar essa engrenagem é indispensavel para que se possa colocar o Estado nacional efetivamente a serviço do desenvolvimento e do bem-estar de nossas populações.
Aí reside um diferencial quando se discute limites e possibilidades dos nossos governos de centro-esquerda dos países do Cone Sul. Analistas que se ocupam de políticas setorias eludindo a natureza do Estado terminam se perdendo em teses bem-intencionadas, porém distantes da realidade concreta.
Por isso, em muitos casos, acadêmicos e técnicos de inegável valor, convidados a desempenhar papel na gestão pública, com alguma frequência se assustam ao perceberem que na prática a teoria muitas vezes é outra...
Em debate a escalada da violência criminal urbana nos países do Cone Sul, no seminário Hacia una visión política progressista en Seguridad Ciudadana, de que participamos, em Santiago, Chile, a convite do Instituto Igualdad e da Friedrich Ebert Stiftung (FES). À mesa, o sociólogo e professor universitário chileno Hugo Espinoza; a ministra do Interior do Uruguai, Deise Tourné; René Jofré, diretor de segurança do ministério do Interior do Chile; Martin Appiolaza, diretor da Escuela Latinoamericana de Seguridad e Democracia, da Argentina; e esse amigo de vocês, na modesta condição de vice-prefeito do Recife.
As opiniões são convergentes quanto ao diagnóstico da situação, grave e desafiadora. Idem quanto ao que os debatedores consideram fundamentos de uma política pública progressista na área da segurança – abordada sob novos paradigmas, diversos dos conceitos de segurança nacional e defesa do Estado que sustentavam a repressão política nas ditaduras miliatres em nosso subcontinente. Hoje se pretende uma “segurança cidadã”, focada na construção de ambientes seguros para a vida das pessoas em nossas cidades.
Mas surgem discrepâncias justamente quando se verifica, no curso do debate, uma tendência a examinar o assunto de maneira exageradamenmte setorial. As correntes de esquerda estariam, no dizer dos painelistas, demasiadamente embaraçadas diante da tarefa de gerirem o aparato estatal no que diz respeito à segurança.
Ora, essa dificuldade não estaria se verificando igualmente nas demais áreas da gestão pública em nível federal? Que dizer das políticas macroeconômicas ainda imperantes no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai, cujos presidentes são filiados a partidos de esquerda?
A questão que introduzimos parece despertar painelistas e público para algo que deveria ser óbvio. Nossos atuais governantes alcançaram seus postos sob condições nada revolucionárias e ainda por cima continuam constrangidos pela engrenagem do Estado mínimo neoliberal construída pelos seus antecessores.
Superar essa engrenagem é indispensavel para que se possa colocar o Estado nacional efetivamente a serviço do desenvolvimento e do bem-estar de nossas populações.
Aí reside um diferencial quando se discute limites e possibilidades dos nossos governos de centro-esquerda dos países do Cone Sul. Analistas que se ocupam de políticas setorias eludindo a natureza do Estado terminam se perdendo em teses bem-intencionadas, porém distantes da realidade concreta.
Por isso, em muitos casos, acadêmicos e técnicos de inegável valor, convidados a desempenhar papel na gestão pública, com alguma frequência se assustam ao perceberem que na prática a teoria muitas vezes é outra...
25 julho 2007
DESTAQUE DESTA QUARTA-FEIRA
Risco EUA
Dos países ditos emergentes, o Brasil é um dos que mais tem tirado proveito da elevada liquidez internacional. Agora pode ser um dos mais afetados pela ameaça que novamente se verifica de uma crise do setor imobiliário dos EUA, que pode ter seus efeitos espalhados pelo resto do mundo.
A Countrywide Financial, um dos gigantes norte-americanos de créditos hipotecários, anuncia redução de 33% no lucro líquido do segundo trimestre de 2007. Seria o que os analistas chamam de “contaminação” pelos problemas das hipotecas de alto risco, preferencial de grande parte dos especuladores.
A Bolsa de Nova York viu o índice Dow Jones cair em 1,6%. Um “espirro” que repercutiu aqui. A Bovespa, que vinha registrando valorização superior a 30% no ano, chegou a cair perto de 5%, reduzindo a perda para 3,86% no fim do dia. O dólar subiu 1,14%, após ter atingido a mínima dos últimos sete anos. O risco-País subiu 4,14% e os juros futuros seguiram na mesma direção.
É o risco EUA, que deve alertar os que comandam a nossa economia.
*
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Dos países ditos emergentes, o Brasil é um dos que mais tem tirado proveito da elevada liquidez internacional. Agora pode ser um dos mais afetados pela ameaça que novamente se verifica de uma crise do setor imobiliário dos EUA, que pode ter seus efeitos espalhados pelo resto do mundo.
A Countrywide Financial, um dos gigantes norte-americanos de créditos hipotecários, anuncia redução de 33% no lucro líquido do segundo trimestre de 2007. Seria o que os analistas chamam de “contaminação” pelos problemas das hipotecas de alto risco, preferencial de grande parte dos especuladores.
A Bolsa de Nova York viu o índice Dow Jones cair em 1,6%. Um “espirro” que repercutiu aqui. A Bovespa, que vinha registrando valorização superior a 30% no ano, chegou a cair perto de 5%, reduzindo a perda para 3,86% no fim do dia. O dólar subiu 1,14%, após ter atingido a mínima dos últimos sete anos. O risco-País subiu 4,14% e os juros futuros seguiram na mesma direção.
É o risco EUA, que deve alertar os que comandam a nossa economia.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br
Nosso artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (ex-Blog do JC)
Nem vôo de galinha, nem de águia
Luciano Siqueira*
Nem oito nem oitenta. Não cabe rebaixar os sinais de aquecimento da economia a um mero vôo de galinha, de alcance curto; nem alimentar otimismo exagerado, achando que agora teremos um vôo de águia, a singrar os céus.
Os números parecem ser incontestáveis. Diferentes modalidades de cálculos indicam um crescimento superior a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2007. O ministério do Planejamento chega a ser mais otimista: altera suas estimativas de 4,5% para 4,7%, o que também atestam consultorias privadas, insuspeitas por não guardarem relação direta com órgãos governamentais.
A razão para tanto otimismo se apóia em dois pilares: em indicadores do nível de atividade econômica e no volume de investimentos estrangeiros diretos.
O consumo de eletricidade, por exemplo, um importante indicador, cresceu 8,2% em maio sobre igual período de 2006, conforme dados do ministério de Minas e Energia.
Já o crescimento do volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) – que em junho atingiu US$ 10.318 bilhões, valor que não tem precedente em nossa história – se dissemina por diversos segmentos da economia. Por isso não pode ser confundido com o incremento de investimentos externos verificados em 1990, atraídos então pela privatização dos serviços. O DNA agora é mais consistente.
Mais uma vez os números do ministério do Planejamento impressionam. Esses investimentos externos diretos atingiram US$ 32.261 bilhões de maio do ano passado a junho deste ano.
E é evidente que essa gente não traria seus capitais para cá se não encontrasse ambiente favorável. Com um detalhe: 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas) ocorridos no primeiro semestre foram para a indústria.
Agora, é preciso considerar também que essa tendência ascensional da economia brasileira ocorre num quadro internacional que ajuda, mas não garante por si mesma a sustentabilidade desejada. Os condicionantes macroeconômicos internos, desse ponto de vista, ainda são conservadores e restritivos – mormente a persistência de juros elevados (ainda que tenham deixado o primeiro lugar no ranking mundial) e de metas inflacionárias e de superávit primário excessivamente rígidas.
O risco é o governo, ou seja, a equipe da área econômica, convencer o presidente de que já chegamos a céu e que, portanto, não há mais o que mudar. Aí seria o fim da picada, pois 4,7% de crescimento ainda é muito pouco para atender às demandas sociais acumuladas ao longo de quase três décadas perdidas.
*Vice-prefeito do Recife, escreve às quartas aqui no Blog.
Luciano Siqueira*
Nem oito nem oitenta. Não cabe rebaixar os sinais de aquecimento da economia a um mero vôo de galinha, de alcance curto; nem alimentar otimismo exagerado, achando que agora teremos um vôo de águia, a singrar os céus.
Os números parecem ser incontestáveis. Diferentes modalidades de cálculos indicam um crescimento superior a 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2007. O ministério do Planejamento chega a ser mais otimista: altera suas estimativas de 4,5% para 4,7%, o que também atestam consultorias privadas, insuspeitas por não guardarem relação direta com órgãos governamentais.
A razão para tanto otimismo se apóia em dois pilares: em indicadores do nível de atividade econômica e no volume de investimentos estrangeiros diretos.
O consumo de eletricidade, por exemplo, um importante indicador, cresceu 8,2% em maio sobre igual período de 2006, conforme dados do ministério de Minas e Energia.
Já o crescimento do volume de Investimento Estrangeiro Direto (IED) – que em junho atingiu US$ 10.318 bilhões, valor que não tem precedente em nossa história – se dissemina por diversos segmentos da economia. Por isso não pode ser confundido com o incremento de investimentos externos verificados em 1990, atraídos então pela privatização dos serviços. O DNA agora é mais consistente.
Mais uma vez os números do ministério do Planejamento impressionam. Esses investimentos externos diretos atingiram US$ 32.261 bilhões de maio do ano passado a junho deste ano.
E é evidente que essa gente não traria seus capitais para cá se não encontrasse ambiente favorável. Com um detalhe: 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas) ocorridos no primeiro semestre foram para a indústria.
Agora, é preciso considerar também que essa tendência ascensional da economia brasileira ocorre num quadro internacional que ajuda, mas não garante por si mesma a sustentabilidade desejada. Os condicionantes macroeconômicos internos, desse ponto de vista, ainda são conservadores e restritivos – mormente a persistência de juros elevados (ainda que tenham deixado o primeiro lugar no ranking mundial) e de metas inflacionárias e de superávit primário excessivamente rígidas.
O risco é o governo, ou seja, a equipe da área econômica, convencer o presidente de que já chegamos a céu e que, portanto, não há mais o que mudar. Aí seria o fim da picada, pois 4,7% de crescimento ainda é muito pouco para atender às demandas sociais acumuladas ao longo de quase três décadas perdidas.
*Vice-prefeito do Recife, escreve às quartas aqui no Blog.
Recado 1: Direito de greve: a lei e a prática
. Em 1977, no ABC paulista, operários metalúrgicos iniciaram a ruptura, na prática, com a proibição do direito de greve imposta pela ditadura militar.
. Faziam operação tartaruga – redução organizada do ritmo da produção – e gradativamente conquistavam antecipações salariais junto à direção das empresas.
. Em 1979, explodiram greves em muita parte do país, seguindo o exemplo dos trabalhadores do ABC, agora sob a liderança do metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva.
. Hoje, trinta anos após, o líder operário é presidente da República e deseja regulamentar o direito de greve de funcionários públicos em termos que os sindicalistas consideram restritivos.
. Mas as greves da categoria têm acontecido. E devem se repetir. À semelhança do que fizeram os operários em 1977.
. Na prática, a lei é outra.
. Faziam operação tartaruga – redução organizada do ritmo da produção – e gradativamente conquistavam antecipações salariais junto à direção das empresas.
. Em 1979, explodiram greves em muita parte do país, seguindo o exemplo dos trabalhadores do ABC, agora sob a liderança do metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva.
. Hoje, trinta anos após, o líder operário é presidente da República e deseja regulamentar o direito de greve de funcionários públicos em termos que os sindicalistas consideram restritivos.
. Mas as greves da categoria têm acontecido. E devem se repetir. À semelhança do que fizeram os operários em 1977.
. Na prática, a lei é outra.
Recado 2: Nove em cada dez cidades têm conselho tutelar
. Aos 17 anos desde a sua criação, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proporcionou que nove em cada dez municípios brasileiros tenham instalado o seu conselho tutelar, responsável pelo cumprimento dos direitos dos menores.
. A informação faz parte da pesquisa Conhecendo a Realidade, executada pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP), por solicitação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
. Os Conselhos Tutelares constituem um importante instrumento de política pública. O desafio é a capacitação dos conselheiros e a garantia de que tenham infra-estrutura adequada para que cumpram o seu papel.
. A informação faz parte da pesquisa Conhecendo a Realidade, executada pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP), por solicitação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).
. Os Conselhos Tutelares constituem um importante instrumento de política pública. O desafio é a capacitação dos conselheiros e a garantia de que tenham infra-estrutura adequada para que cumpram o seu papel.
Bom dia, Gabriela Mistral
Floco de lã de minha carne,
que em minha entranha eu teci,f
loco de lã friorento,
dorme apegado a mim!
A perdiz dorme no trevo
escutando-o latir:
não te perturbem meus alentos,
dorme apegado a mim!
Ervazinha assustada
assombrada de viver,
não te soltes de meu peito:
dorme apegado a mim!
Eu que tudo o hei perdido
agora tremo de dormir.
Não escorregues de meu braço:
dorme apegado a mim!
Tradução - Maria Teresa Almeida Pina
Violência no Cone Sul: semelhanças
. No seminário Hacia una visión política progressista en Seguridad Ciudadana, de que participamos, em Santiago, a convite do Instituto Igualdad e da Friedrich Ebert Stiftung (FES), tivemos o ensejo de registrar, a partir da exposição, sobre o tema-título, do sociólogo e professor universitário chileno Hugo Espinoza, que nossos problemas são muito semelhantes.
. Similitudes se verificam no diagnóstico e na identificação de pontos nevráulgicos para a formulação de políticas públicas específicas.
. Estivemos entre os debatedores, ao lado da ministra do Interior do Uruguai, Deise Tourné; de René Jofré, diretor de segurança do ministério do Interior do Chile e Martin Appiolaza, diretor da Escuela Latinoamericana de Seguridad e Democracia, da Argentina.
. Como moderador atuou o deputado Vanderley Siraque, do PT de São Paulo.
. Similitudes se verificam no diagnóstico e na identificação de pontos nevráulgicos para a formulação de políticas públicas específicas.
. Estivemos entre os debatedores, ao lado da ministra do Interior do Uruguai, Deise Tourné; de René Jofré, diretor de segurança do ministério do Interior do Chile e Martin Appiolaza, diretor da Escuela Latinoamericana de Seguridad e Democracia, da Argentina.
. Como moderador atuou o deputado Vanderley Siraque, do PT de São Paulo.
Companhias levam vantagem
Na Folha de S. Paulo:
. O aeroporto de Congonhas é uma "mina de ouro" para a TAM, Gol e Varig, donas de 91,9% do tráfego aéreo no país. Nos últimos anos, o uso intensivo de Congonhas como estratégia central das empresas multiplicou a lucratividade.
. No ano passado, a TAM aumentou seu lucro em 174%, para R$ 555,9 milhões. A Gol, em 62%, para R$ 684,5 milhões.
. Dos 140 aeroportos brasileiros, Congonhas proporciona sozinho cerca de 30% a 35% das receitas das duas companhias, segundo estimativas de analistas e da própria TAM (no caso de sua participação). A Gol não divulga esse percentual.
. Vôos de até duas horas de duração partindo ou chegando a Congonhas proporcionam, segundo analistas, duas vezes mais rentabilidade às empresas do que outros aeroportos. São, basicamente, rotas de executivos viajando a negócios.
. Das grandes companhias, a TAM é a mais dependente de Congonhas: 22% de seus vôos passam pelo aeroporto. No caso da Gol, 18%, segundo o Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo).
. A Varig, comprada neste ano pela Gol, tem 33% dos seus vôos passando pelo aeroporto, mas apenas 2,9% do mercado
. O aeroporto de Congonhas é uma "mina de ouro" para a TAM, Gol e Varig, donas de 91,9% do tráfego aéreo no país. Nos últimos anos, o uso intensivo de Congonhas como estratégia central das empresas multiplicou a lucratividade.
. No ano passado, a TAM aumentou seu lucro em 174%, para R$ 555,9 milhões. A Gol, em 62%, para R$ 684,5 milhões.
. Dos 140 aeroportos brasileiros, Congonhas proporciona sozinho cerca de 30% a 35% das receitas das duas companhias, segundo estimativas de analistas e da própria TAM (no caso de sua participação). A Gol não divulga esse percentual.
. Vôos de até duas horas de duração partindo ou chegando a Congonhas proporcionam, segundo analistas, duas vezes mais rentabilidade às empresas do que outros aeroportos. São, basicamente, rotas de executivos viajando a negócios.
. Das grandes companhias, a TAM é a mais dependente de Congonhas: 22% de seus vôos passam pelo aeroporto. No caso da Gol, 18%, segundo o Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo).
. A Varig, comprada neste ano pela Gol, tem 33% dos seus vôos passando pelo aeroporto, mas apenas 2,9% do mercado
Visões distintas
No Valor Econômico:
O Valor foi ao Aeroporto de Congonhas e, nas suas imediações, à favela de Águas Espraiadas, para perguntar quem seriam os responsáveis pelo caos aéreo. Entre esses dois grupos há um abismo social: muitas das passagens compradas pelos que estavam no aeroporto custaram mais que um mês de salário do outro grupo. Em Congonhas, passageiros que aguardavam vôos atrasados apontaram um amplo rol de culpados, encabeçados pelo governo federal, na sua mais representativa figura, o presidente Lula. Para os moradores, a culpa é da Infraero, que liberou a pista, e das companhias aéreas, que pressionaram por isso.
O Valor foi ao Aeroporto de Congonhas e, nas suas imediações, à favela de Águas Espraiadas, para perguntar quem seriam os responsáveis pelo caos aéreo. Entre esses dois grupos há um abismo social: muitas das passagens compradas pelos que estavam no aeroporto custaram mais que um mês de salário do outro grupo. Em Congonhas, passageiros que aguardavam vôos atrasados apontaram um amplo rol de culpados, encabeçados pelo governo federal, na sua mais representativa figura, o presidente Lula. Para os moradores, a culpa é da Infraero, que liberou a pista, e das companhias aéreas, que pressionaram por isso.
24 julho 2007
Bom dia, Alexis Castillo*
Sei que os campos não se mancham de estrelas
Sei que os campos de trigo não se mancham de estrelas
e que o mar sacode o grave sorriso da terra.
Também que as loucas sabem o que fazem
e que alguns fantasmas gemem pelos tubos de um velho edifício.
Sei que as ondas e o vento não espalham laranjas
e que a noite não é o sapato de um morto
e que as raízes da árvore são a única verdade
e que o tempo não é uma caixa de música
e que algum dia meu corpo já não falará
porque estarei escondido no nada, no nada.
E que serei mais o silencioso habitante da tarde
e perderei o costume de beber com amigos
e já não tentarei amar a vida porque sei muito bem
que tudo o que nasce deve morrer algum dia.
* Poeta chileno. Tradução: Cristiane Grando
Sei que os campos de trigo não se mancham de estrelas
e que o mar sacode o grave sorriso da terra.
Também que as loucas sabem o que fazem
e que alguns fantasmas gemem pelos tubos de um velho edifício.
Sei que as ondas e o vento não espalham laranjas
e que a noite não é o sapato de um morto
e que as raízes da árvore são a única verdade
e que o tempo não é uma caixa de música
e que algum dia meu corpo já não falará
porque estarei escondido no nada, no nada.
E que serei mais o silencioso habitante da tarde
e perderei o costume de beber com amigos
e já não tentarei amar a vida porque sei muito bem
que tudo o que nasce deve morrer algum dia.
* Poeta chileno. Tradução: Cristiane Grando
DESTAQUE DESTA TERÇA-FEIRA
Babel da aviação comercial
As coisas são mais complexas do que levam a supor a ligeireza de alguns “especialistas”, que dizem coisas desencontradas; o sensacionalismo superficial do noticiário (televisivo, sobretudo); e o oportunismo político de parlamentares e próceres oposicionistas que imaginam poder “faturar” em cima da crise.
Veja os jornais hoje: “170 pilotos e comissários desistem da TAM”, anuncia uma manchete. No texto, problemas de todos os lados.
. Inseguros e ansiosos, 170 pilotos e comissários da TAM recorrem à licença médica e demissão. A companhia reconhece, em comunicado interno, que a grade de vôos está ameaçada por falta de tripulação.
Ontem, o mau tempo em Congonhas, provocou o cancelamento e o atraso de mais de 50% dos vôos em todo o país. Argüindo medida de segurança, pilotos decidiram não mais pousar no Centro de São Paulo sob chuva. Para completar, o barranco na cabeceira da pista do aeroporto da tragédia despencou.
Nos EUA, deputados que acompanham as investigações sobre a caixa-preta, na pressa de aparecerem diante das câmeras de TV, divergEM QUANTO A informações a respeito das causas do acidente.
O governo, por seu turno, admite que as medidas anunciadas para enfrentar a crise poderão resultar em aumento no valor das tarifas aéreas.
O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa, em entrevista ao JB, responsabilizou o ex-ministro Antonio Palocci pela falência da Varig e pelo agravamento da crise na aviação.
Nessa babel, o governo ainda está devendo uma ação abrangente e eficaz sobre os múltiplos problemas que envolvem, na atualidade, a aviação comercial brasileira.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br
As coisas são mais complexas do que levam a supor a ligeireza de alguns “especialistas”, que dizem coisas desencontradas; o sensacionalismo superficial do noticiário (televisivo, sobretudo); e o oportunismo político de parlamentares e próceres oposicionistas que imaginam poder “faturar” em cima da crise.
Veja os jornais hoje: “170 pilotos e comissários desistem da TAM”, anuncia uma manchete. No texto, problemas de todos os lados.
. Inseguros e ansiosos, 170 pilotos e comissários da TAM recorrem à licença médica e demissão. A companhia reconhece, em comunicado interno, que a grade de vôos está ameaçada por falta de tripulação.
Ontem, o mau tempo em Congonhas, provocou o cancelamento e o atraso de mais de 50% dos vôos em todo o país. Argüindo medida de segurança, pilotos decidiram não mais pousar no Centro de São Paulo sob chuva. Para completar, o barranco na cabeceira da pista do aeroporto da tragédia despencou.
Nos EUA, deputados que acompanham as investigações sobre a caixa-preta, na pressa de aparecerem diante das câmeras de TV, divergEM QUANTO A informações a respeito das causas do acidente.
O governo, por seu turno, admite que as medidas anunciadas para enfrentar a crise poderão resultar em aumento no valor das tarifas aéreas.
O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa, em entrevista ao JB, responsabilizou o ex-ministro Antonio Palocci pela falência da Varig e pelo agravamento da crise na aviação.
Nessa babel, o governo ainda está devendo uma ação abrangente e eficaz sobre os múltiplos problemas que envolvem, na atualidade, a aviação comercial brasileira.
*
Para inserir sua opinião, clique sobre a palavra "comentários", abaixo. Você tem a opção de assinar gratuitamente o blog e toda vez que postar seu comentário sua assinatura será imediata. Ou usar a opção “anônimo”, porém assine ao final do texto para que possamos publicar o que você escreveu. Para enviar um e-mail clique aqui: lucianosiqueira@uol.com.br
Recado 1: 2008 é uma coisa, 2010 é outra
. Cá de Santiago do Chile, onde participamos do seminário Hacia una visión política progressista en Seguridad Ciudadana, a convite do Instituto Igualdad e da Friedrich Ebert Stiftung (FES), acompanhamos pela Internet e através de contatos telefônicos o que se passa na província.
. O noticiário dá conta de hipotético acordo no PT envolvendo pretendentes a postos majoritários em 2010. Em 2008 já se acertaria presumível candidatura ao Senado, em compensação a apoios imediatos na disputa pela prefeitura do Recife.
. Pode ser. No PT.
. Para os demais partidos – o PCdoB inclusive – o pleito de 2008 é uma espécie de ante-sala do de 2010. Estão articulados, porém independentes entre si, pois a realidade está em constante mutação. A correlação de forças de hoje certamente não será exatamente a mesma daqui a três anos.
. O noticiário dá conta de hipotético acordo no PT envolvendo pretendentes a postos majoritários em 2010. Em 2008 já se acertaria presumível candidatura ao Senado, em compensação a apoios imediatos na disputa pela prefeitura do Recife.
. Pode ser. No PT.
. Para os demais partidos – o PCdoB inclusive – o pleito de 2008 é uma espécie de ante-sala do de 2010. Estão articulados, porém independentes entre si, pois a realidade está em constante mutação. A correlação de forças de hoje certamente não será exatamente a mesma daqui a três anos.
Recado 2: Consumo de energia cresce com a economia
. Um dos indicadores das atividades econômicas é o consumo de energia. Não apenas a energia para fins industriais, mas também a do consumo residencial (que revela aquecimento do mercado de eletrodomésticos).
. Ocorre que o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 8,2% em maio sobre o mesmo período do ano passado. O crescimento do consumo total no ano foi de 5,2%. O mercado nacional de fornecimento de energia elétrica a consumidores livres e cativos totalizou em maio 30.650 gigawatts-hora (Gwh).
. A alta é liderada pelos consumidores residenciais lideraram alta, com taxas respectivamente de 6,8% e 7% no acumulado dos primeiros cinco meses de 2007.
. Os saudosistas dos tempos recessivos de FHC bem que poderiam se pronunciar sobre o assunto.
. Ocorre que o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 8,2% em maio sobre o mesmo período do ano passado. O crescimento do consumo total no ano foi de 5,2%. O mercado nacional de fornecimento de energia elétrica a consumidores livres e cativos totalizou em maio 30.650 gigawatts-hora (Gwh).
. A alta é liderada pelos consumidores residenciais lideraram alta, com taxas respectivamente de 6,8% e 7% no acumulado dos primeiros cinco meses de 2007.
. Os saudosistas dos tempos recessivos de FHC bem que poderiam se pronunciar sobre o assunto.
23 julho 2007
Elite X Lula
No Conversa Afiada, por Paulo Henrique Amorim:
POR QUE A FÚRIA CONTRA LULA ?
. Acabo de ler a pesquisa Focus do Banco Central.
. Ela contém as opiniões de cem representantes de instituições financeiras – na maioria absoluta privadas – e sai toda segunda-feira com as informações captadas até sexta da semana anterior.
. A pesquisa divulgada hoje (clique aqui) revela:
. A inflação deve fechar o ano em 3,70%, dentro da meta.
. Ano que vem, a inflação deve ser de 4%.
. PIB deve fechar o ano de 2007 em 4,5%.
. Na verdade, da semana passada para cá, a expectativa aumentou: a Focus registrou crescimento do PIB de 4,39%. Agora, passou para 4,5% em 2007.
. Ano que vem, o crescimento do PIB deve ser de 4,20%.
. Ou seja, o Governo Lula tem pela frente uma economia de desempenho brilhante.
. Dá de 10 a 0 na gestão tucana do Farol de Alexandria.
. É por isso que a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo), que se expressa na mídia conservadora (e golpista), precisa encontrar qualquer jeito de abater o Governo Lula.
. Os agentes designados para essa tarefa, no momento, são os pilotos da TAM, que falam com autorização da TAM o contrário do que disse o presidente da Tam.
POR QUE A FÚRIA CONTRA LULA ?
. Acabo de ler a pesquisa Focus do Banco Central.
. Ela contém as opiniões de cem representantes de instituições financeiras – na maioria absoluta privadas – e sai toda segunda-feira com as informações captadas até sexta da semana anterior.
. A pesquisa divulgada hoje (clique aqui) revela:
. A inflação deve fechar o ano em 3,70%, dentro da meta.
. Ano que vem, a inflação deve ser de 4%.
. PIB deve fechar o ano de 2007 em 4,5%.
. Na verdade, da semana passada para cá, a expectativa aumentou: a Focus registrou crescimento do PIB de 4,39%. Agora, passou para 4,5% em 2007.
. Ano que vem, o crescimento do PIB deve ser de 4,20%.
. Ou seja, o Governo Lula tem pela frente uma economia de desempenho brilhante.
. Dá de 10 a 0 na gestão tucana do Farol de Alexandria.
. É por isso que a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo), que se expressa na mídia conservadora (e golpista), precisa encontrar qualquer jeito de abater o Governo Lula.
. Os agentes designados para essa tarefa, no momento, são os pilotos da TAM, que falam com autorização da TAM o contrário do que disse o presidente da Tam.
Bom dia, Pablo Neruda
Os teus pés
Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
A duplicada purpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram voo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.
DESTAQUE DESTA SEGUNDA-FEIRA
Usinas tentam preservar ambiente
O capitalismo é por natureza predador. Vide a resistência dos EUA, Meca do sistema, em aceitar o Protocolo de Kioto.
Por isso merece atenção a criação de uma gestão socioambiental para o setor sucroalcooleiro, iniciativa de usinas paulistas, em resposta a exigências – vejam só – de gigantes multinacionais que utilizam 2 milhões de toneladas de açúcar - 20% do consumo nacional, Nestlé, Unilever, Coca-Cola e AmBev, que, por sua vez, estão de olho na imagem pública em tempos de defesa do Planeta.
As usinas de São Paulo operam com a cana produzida por cerca de 5 mil fornecedores, que deverão ser sensibilizados para a idéia da preservação ambiental.
É acompanhar para ver. Dando certo, virará exemplo a ser seguido.
*
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O capitalismo é por natureza predador. Vide a resistência dos EUA, Meca do sistema, em aceitar o Protocolo de Kioto.
Por isso merece atenção a criação de uma gestão socioambiental para o setor sucroalcooleiro, iniciativa de usinas paulistas, em resposta a exigências – vejam só – de gigantes multinacionais que utilizam 2 milhões de toneladas de açúcar - 20% do consumo nacional, Nestlé, Unilever, Coca-Cola e AmBev, que, por sua vez, estão de olho na imagem pública em tempos de defesa do Planeta.
As usinas de São Paulo operam com a cana produzida por cerca de 5 mil fornecedores, que deverão ser sensibilizados para a idéia da preservação ambiental.
É acompanhar para ver. Dando certo, virará exemplo a ser seguido.
*
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Recado 1: Camaragibe avança com João Lemos
. Herdou do antecessor uma situação calamitosa. Mas foi capaz de botar as coisas nos devidos lugares. Já no primeiro ano de governo conseguiu inaugurar obras importantes.
. Sob a liderança do prefeito, Camaragibe realiza sábado próximo a 3ª Conferência das Cidades, sob o tema Avançando na gestão democrática. Em destaque, o Plano Diretor e a eleição dos delegados à Conferência Estadual, a ser realizada no mês de setembro.
. Sob a liderança do prefeito, Camaragibe realiza sábado próximo a 3ª Conferência das Cidades, sob o tema Avançando na gestão democrática. Em destaque, o Plano Diretor e a eleição dos delegados à Conferência Estadual, a ser realizada no mês de setembro.
Recado 2: Cobranças precipitadas
. Início de governo, problemas de toda ordem acumulados durante a gestão passada, Eduardo Campos se vê alvo de cobranças precipitadas – por professores, policiais civis, médicos.
. É o ônus de ser democrático e assumir compromissos públicos para com o povo.
. É o ônus de ser democrático e assumir compromissos públicos para com o povo.
Trabalho escravo segue fronteira agrícola
Da Agência Brasil:
. A maior parte dos cidadãos encontrados em situação semelhante à escravidão trabalhava em áreas na fronteira agrícola do país, apontam entidades que acompanham o combate ao problema no Brasil. "A expansão do empreendimento agropecuário coincide com a libertação de trabalhadores", afirma a oficial de projetos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Andréa Bolzon. Para ela, na fronteira agrícola aliam-se as grandes propriedades às altas taxas de desemprego, favorecendo a contratação de trabalhadores em condições degradantes.
. "O trabalho escravo contemporâneo é uma forma do capital reduzir custos em seu processo de expansão e modernização, garantindo competitividade a produtores rurais”, avalia o cientista político Leonardo Sakamoto, da organização de direitos humanos Repórter Brasil. Para ele, o aumento da competição no campo, com o aumento das exportações, incentiva o trabalho escravo.
. “Utilizam mão-de-obra em condições degradantes, de baixo custo, e invadem terras públicas, o que gera desmatamento, principalmente, na Amazônia”.A incidência de trabalho escravo na fronteira agrícola pode ser confirmada pelo cruzamento de dados, feito pela Agência Brasil, da "lista suja" do Ministério do Trabalho com o mapa do desmatamento da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente e o crescimento da economia agrícola, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Veja o mapa.
. Outro dado que comprova essa avaliação, segundo as entidades que acompanham o assunto, são as atividade econômica das empresas em que são encontrados trabalhadores em situação semelhante à escravidão. Mais de 60% das fazendas autuadas cria bovinos. Em seguida vem a produção de carvão vegetal, 12%. Duas atividades típicas da fronteira agrícola brasileira.
. A função desempenhada pelos trabalhadores também indica a sua utilização em atividades de expansão agrícola, segundo as entidades. Metade deles tinha como trabalho cuidar do pasto. A segunda atividade mais desempenhada é o desmatamento – cerca de 20% dos trabalhadores libertados. São atividades que, segundo a oficial da OIT, antecedem a implementação de pastos e áreas de cultivos. '"
A casa do futuro passa por aqui
Na Ciência Hoje:
Fabricação de kits ‘faça você mesmo’ beneficiará população de baixa renda
. “Imagine que você precisa de uma janela nova para sua casa. Então você vai a uma loja de material de construção, faz a compra, traz a janela pra casa e a encaixa perfeitamente – e sem dificuldade – no lugar da antiga.” Com essa analogia simples, o coordenador do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aguinaldo Santos, explica o conceito de modulação, que direciona o projeto de fabricação de kits ‘faça você mesmo’, voltado para a construção de habitações populares.
. O núcleo, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), através do Programa Habitare, produziu recentemente um sistema de cobertura para moradias e desenvolve agora móveis que possibilitam a criação de diferentes ambientes, os chamados móveis-divisória. A meta é estabelecer padrões de como devem ser projetados produtos habitacionais, barateando custos de produção, e permitir sua montagem pelo próprio comprador, cortando gastos com mão-de-obra especializada
. Leia a matéria na íntegra clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/96820
Fabricação de kits ‘faça você mesmo’ beneficiará população de baixa renda
. “Imagine que você precisa de uma janela nova para sua casa. Então você vai a uma loja de material de construção, faz a compra, traz a janela pra casa e a encaixa perfeitamente – e sem dificuldade – no lugar da antiga.” Com essa analogia simples, o coordenador do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Aguinaldo Santos, explica o conceito de modulação, que direciona o projeto de fabricação de kits ‘faça você mesmo’, voltado para a construção de habitações populares.
. O núcleo, apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), através do Programa Habitare, produziu recentemente um sistema de cobertura para moradias e desenvolve agora móveis que possibilitam a criação de diferentes ambientes, os chamados móveis-divisória. A meta é estabelecer padrões de como devem ser projetados produtos habitacionais, barateando custos de produção, e permitir sua montagem pelo próprio comprador, cortando gastos com mão-de-obra especializada
. Leia a matéria na íntegra clicando aqui http://cienciahoje.uol.com.br/96820
Visão progressista da segurança
No seminário Hacia uma visión política progressista em Seguridad Ciudadana, de que participamos aqui em Santiago, Chile, convite da Friedrich Ebert Stiftung (FES), ouviremos hoje Alfred Stoll, representante da FES na Argentina; Santiago Escobar, diretor executivo do Instituto Igualdad, Ana Mayela Coto, vice-ministra da Justiça da Costa Rica; Deyse Tourmé, ministra do Interior do Uruguai e José Antonio Viera Gallo, ministro Secretário Geral da Presidência da República do Chile.
Cena de Santiago
22 julho 2007
Bom dia, Violeta Parra
Gracias a la vida
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro al bueno tan lejos del malo,
cuando miro al fondo de tus ojos claros
.Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abedecedario
con él las palabras que pienso y declaro
madre amigo hermano y luz alumbrando,
la ruta del alma del que estoy amando.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos,
playas y desiertos montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio.
Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano,
cuando miro al bueno tan lejos del malo,
cuando miro al fondo de tus ojos claros
.Gracias a la Vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto.
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida
Gracias a la Vida.
DESTAQUE DO DOMINGO
Da coletânea O Vermelho e Verde-Amarelo – 65 crônicas políticas (editora Anita Garibaldi, SP, 2005), escrita em fevereiro de 2004. Bom domingo!
*
Nos mínimos detalhes
Luciano Siqueira
Explorar todas as possibilidades de uma gestão "radicalmente" democrática tem sido quase uma obsessão na Prefeitura do Recife. Por convicção política e fidelidade aos compromissos de campanha. Vale tudo. Do Orçamento Participativo — que hoje é um dos três mais expressivos do País, tendo reunido em 2003 cerca de 70 mil cidadãos — ao fortalecimento dos Conselhos Municipais e a realização de Conferências com o intuito de formular e avaliar as políticas públicas setoriais. Mais ainda: esforçamo-nos por estabelecer, na medida do possível, contato direto com o cidadão, individualmente. Caso do vice-prefeito, por exemplo, que mantém intensa correspondência e ouve com atenção todos os que o abordam na rua.
O resultado tem sido fundamentalmente positivo. Aprendemos mutuamente — governantes e cidadãos. Mas há exageros. Como de um eleitor que nos envia inúmeras mensagens pelo correio eletrônico, pedindo explicações detalhadas sobre os mais diversos problemas — e o detalhe pode incluir, por exemplo, as medidas exatas da antiga ponte giratória, que teve parte da mureta de proteção semidestruída recentemente.
Pois bem. Outro dia, justamente o detalhista nos aborda em plena fila do cinema e, após cordial cumprimento, identifica-se e prorrompe em perguntas e pedidos de esclarecimento. De nada adianta lhe dizer que a fila começa a andar e que não queremos perder um bom lugar na sala de exibição. Nada ouve, tudo fala.
"E a ponte giratória — por que não foi consertada ainda? Custa muito? Quanto? Quando será a licitação? Aquelas placas de concreto da avenida Norte, já foram totalmente recuperadas? Qual a média de alunos nas escolas da rede municipal? E a programação do carnaval, quantos artistas vão se apresentar - quais são os daqui e quais são os de fora? Quantas casas a atual gestão já construiu? E Brasília Teimosa, tem prazo para a conclusão da obra? Quantas pessoas já foram atendidas pelo Banco do Povo? O senhor acha que o prefeito se reelege? Vai ter segundo turno? Lula vem para a campanha? Por que não?..."
Mal escuta quando dizemos "até logo, bom fim de semana". À distância, ainda pede que lhe responda tudo por escrito. "Se possível, com detalhes".
O filme Deus é brasileiro, despretensiosa produção nacional feita para divertir, surtiu o efeito de um bálsamo. Quanto ao inusitado diálogo com detalhista, restou a impressão de que a democracia é necessária — mas deve ter lá seus limites...
*
Nos mínimos detalhes
Luciano Siqueira
Explorar todas as possibilidades de uma gestão "radicalmente" democrática tem sido quase uma obsessão na Prefeitura do Recife. Por convicção política e fidelidade aos compromissos de campanha. Vale tudo. Do Orçamento Participativo — que hoje é um dos três mais expressivos do País, tendo reunido em 2003 cerca de 70 mil cidadãos — ao fortalecimento dos Conselhos Municipais e a realização de Conferências com o intuito de formular e avaliar as políticas públicas setoriais. Mais ainda: esforçamo-nos por estabelecer, na medida do possível, contato direto com o cidadão, individualmente. Caso do vice-prefeito, por exemplo, que mantém intensa correspondência e ouve com atenção todos os que o abordam na rua.
O resultado tem sido fundamentalmente positivo. Aprendemos mutuamente — governantes e cidadãos. Mas há exageros. Como de um eleitor que nos envia inúmeras mensagens pelo correio eletrônico, pedindo explicações detalhadas sobre os mais diversos problemas — e o detalhe pode incluir, por exemplo, as medidas exatas da antiga ponte giratória, que teve parte da mureta de proteção semidestruída recentemente.
Pois bem. Outro dia, justamente o detalhista nos aborda em plena fila do cinema e, após cordial cumprimento, identifica-se e prorrompe em perguntas e pedidos de esclarecimento. De nada adianta lhe dizer que a fila começa a andar e que não queremos perder um bom lugar na sala de exibição. Nada ouve, tudo fala.
"E a ponte giratória — por que não foi consertada ainda? Custa muito? Quanto? Quando será a licitação? Aquelas placas de concreto da avenida Norte, já foram totalmente recuperadas? Qual a média de alunos nas escolas da rede municipal? E a programação do carnaval, quantos artistas vão se apresentar - quais são os daqui e quais são os de fora? Quantas casas a atual gestão já construiu? E Brasília Teimosa, tem prazo para a conclusão da obra? Quantas pessoas já foram atendidas pelo Banco do Povo? O senhor acha que o prefeito se reelege? Vai ter segundo turno? Lula vem para a campanha? Por que não?..."
Mal escuta quando dizemos "até logo, bom fim de semana". À distância, ainda pede que lhe responda tudo por escrito. "Se possível, com detalhes".
O filme Deus é brasileiro, despretensiosa produção nacional feita para divertir, surtiu o efeito de um bálsamo. Quanto ao inusitado diálogo com detalhista, restou a impressão de que a democracia é necessária — mas deve ter lá seus limites...
Mídia partidarizada
No Coversa Afiada, por Paulo Henrique Amorim:
MÍDIA FOI CONTRA LULA EM 2006, MOSTRA LIVRO
. O livro “A Mídia nas Eleições de 2006”, da editora Fundação Perseu Abramo, organizado pelo sociólogo e jornalista, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, Venício Artur de Lima, mostra que a mídia adotou uma postura partidarizada contra o Presidente Lula nas eleições de 2006.
. O professor Venício de Lima disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta sexta-feira, dia 20, que um estudo do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro), publicado no livro, mostra que “não há como se concluir que a cobertura não tenha sido partidarizada” (clique aqui para ouvir o áudio).
. “Há uma concordância básica de que houve de fato nas eleições de 2006 um desequilíbrio muito grande na cobertura e que esse desequilíbrio favorecia um dos candidatos”, disse Lima.
Segundo o professor Venício de Lima, o desequilíbrio e a partidarização contra Lula é mais evidente nas colunas de opinião dos grandes jornais. “É onde a proporção é mais gritante... no caso do Observatório Brasileiro de Mídia, que fez essa observação detalhada, a divergência mais gritante, o desequilíbrio mais gritante é em relação aos articulistas”, disse Lima.
. O professor Venício de Lima disse que o livro reúne o estudo de diferentes institutos que acompanharam a cobertura da mídia nas eleições de 2006 com metodologias diferentes. E todos eles chegaram à mesma conclusão: a cobertura foi partidarizada contra Lula.
. “Esses institutos, embora não estivessem trabalhando exatamente no acompanhamento da cobertura dos mesmos jornais e revistas e embora tivessem usando metodologias relativamente diferentes, embora não totalmente diferentes, chegaram a conclusões praticamente idênticas: no acompanhamento da cobertura fica claro que houve uma preferência na cobertura por um dos candidatos em detrimento de outro”, disse Lima.
. Segundo Venício de Lima, no caso dos articulistas dos principais jornais e revistas brasileiras, a proporção de colunas favoráveis ao candidato Alckmin em relação às colunas desfavoráveis ao candidato Lula é de quatro para um.
. O professor Venício de Lima fala também que os sites e blogs da internet aumentaram sua importância no debate eleitoral. Esse tema é tratado nos capítulos três e nove do livro “A Mídia nas Eleições de 2006”.
. Para falar sobre a importância da internet, Lima citou Sérgio Amadeu, que ele diz: “78% dos que utilizam a internet afirmam utilizar a rede para se comunicar. O que isso significa? Um conjunto de atividades tais como enviar e receber e-mails (83%), trocar mensagens instantâneas (49%) e acessar sites de relacionamento (47%), tais como o Orkut e participar de chats (35%)”.
“Aí, o Sérgio Amadeu conclui o seguinte: é exatamente aí que está a importância da rede na política. Ela serviu para a organização das forças, das lideranças de opinião, da articulação de pessoas politicamente ativas nos seguimentos médios”, disse Lima
. Segundo Lima, mesmo que haja muita gente que ainda não tenha acesso à internet, aqueles que acessam são líderes de opinião.
Leia a íntegra da entrevista com o professor Venício de Lima clicando aqui http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/444501-445000/444919/444919_1.html
MÍDIA FOI CONTRA LULA EM 2006, MOSTRA LIVRO
. O livro “A Mídia nas Eleições de 2006”, da editora Fundação Perseu Abramo, organizado pelo sociólogo e jornalista, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da UnB, Venício Artur de Lima, mostra que a mídia adotou uma postura partidarizada contra o Presidente Lula nas eleições de 2006.
. O professor Venício de Lima disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta sexta-feira, dia 20, que um estudo do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro), publicado no livro, mostra que “não há como se concluir que a cobertura não tenha sido partidarizada” (clique aqui para ouvir o áudio).
. “Há uma concordância básica de que houve de fato nas eleições de 2006 um desequilíbrio muito grande na cobertura e que esse desequilíbrio favorecia um dos candidatos”, disse Lima.
Segundo o professor Venício de Lima, o desequilíbrio e a partidarização contra Lula é mais evidente nas colunas de opinião dos grandes jornais. “É onde a proporção é mais gritante... no caso do Observatório Brasileiro de Mídia, que fez essa observação detalhada, a divergência mais gritante, o desequilíbrio mais gritante é em relação aos articulistas”, disse Lima.
. O professor Venício de Lima disse que o livro reúne o estudo de diferentes institutos que acompanharam a cobertura da mídia nas eleições de 2006 com metodologias diferentes. E todos eles chegaram à mesma conclusão: a cobertura foi partidarizada contra Lula.
. “Esses institutos, embora não estivessem trabalhando exatamente no acompanhamento da cobertura dos mesmos jornais e revistas e embora tivessem usando metodologias relativamente diferentes, embora não totalmente diferentes, chegaram a conclusões praticamente idênticas: no acompanhamento da cobertura fica claro que houve uma preferência na cobertura por um dos candidatos em detrimento de outro”, disse Lima.
. Segundo Venício de Lima, no caso dos articulistas dos principais jornais e revistas brasileiras, a proporção de colunas favoráveis ao candidato Alckmin em relação às colunas desfavoráveis ao candidato Lula é de quatro para um.
. O professor Venício de Lima fala também que os sites e blogs da internet aumentaram sua importância no debate eleitoral. Esse tema é tratado nos capítulos três e nove do livro “A Mídia nas Eleições de 2006”.
. Para falar sobre a importância da internet, Lima citou Sérgio Amadeu, que ele diz: “78% dos que utilizam a internet afirmam utilizar a rede para se comunicar. O que isso significa? Um conjunto de atividades tais como enviar e receber e-mails (83%), trocar mensagens instantâneas (49%) e acessar sites de relacionamento (47%), tais como o Orkut e participar de chats (35%)”.
“Aí, o Sérgio Amadeu conclui o seguinte: é exatamente aí que está a importância da rede na política. Ela serviu para a organização das forças, das lideranças de opinião, da articulação de pessoas politicamente ativas nos seguimentos médios”, disse Lima
. Segundo Lima, mesmo que haja muita gente que ainda não tenha acesso à internet, aqueles que acessam são líderes de opinião.
Leia a íntegra da entrevista com o professor Venício de Lima clicando aqui http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/444501-445000/444919/444919_1.html