31 março 2010

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

O PAC 2 e a precária crítica da oposição
Luciano Siqueira

Não é de agora a comprovação de que em política frequentemente a versão prevalece sobre o fato, sacrificando-se a verdade. No Brasil, isso vem da escola mineira. Mundo afora, muitas comprovações dessa assertiva se sucedem. Joseph Goebbels, ministro de Hitler, mestre no assunto, dizia que a mentira repetida inúmeras vezes termina por se converter em verdade.

Querer um debate pré-eleitoral isento de qualquer contaminação seria ingenuidade, sobretudo no Brasil de hoje às vésperas de um pleito decisivo quanto à continuidade do rumo do desenvolvimento em curso ou de um retrocesso aos padrões experimentados (com resultados nefastos) na chamada era FHC.

Todo fato relevante comportará no mínimo duas versões contraditórias – e nisso nada há de estranho, justamente pelos projetos de nação diametralmente opostos em disputa. Faz parte da democracia, amenizemos.

Entretanto, impressiona o modo como a oposição, beneficiada por reverberação estrondosa de influentes meios de comunicação, vem tratando o anúncio do PAC 2, tentando reduzi-lo a uma simples manobra eleitoreira (sic).

Razões existem, para tanto, do ponto de vista dos oposicionistas que prosseguem cegos defensores da teoria do Estado mínimo, um dos pilares do pensamento neoliberal. A ira contra o PAC deve-se justamente ao fato de que recupera o papel do Estado na promoção do desenvolvimento nacional. Há trinta anos não se falava mais em plano de desenvolvimento, desde o governo Geisel, na ditadura militar. Além disso, a oposição, sem propostas alternativas, concentra-se no combate ao que o governo faz e pretende fazer.

Ora, o PAC dá prioridade a investimentos públicos que a um só tempo incrementam as atividades econômicas e atendem a reivindicações de expressivos segmentos da população, nas áreas da saúde, habitação, energia e infra-estrutura. Isso e o verso da política de privilégios ao setor rentista, mediante superávits primários elevados, metas inflacionárias excessivamente rígidas e juros altos – que a duras penas vêm sendo contidas sob o governo Lula.

O PAC 2 pressupõe investimentos de 2011 a 2014, concentrando recursos em obras de água e esgotamento sanitário, transporte coletivo nas grandes cidades, construções de moradias e também na produção de energia e infra-estrutura de transporte. O que está errado nisso?

Nada, obviamente. A não ser – vejam que argumento frágil – o fato de que as obras previstas no PAC 1 ainda estão atrasadas. Mas que obras não se atrasam no país cuja legislação é um emaranhado de normas complexas e burocratizantes?

Em meio a esse verdadeiro tiroteio midiático a maioria dos brasileiros tem identificado o lado que corresponde aos seus interesses – e apoiará o PAC 2 tanto quanto aprova o PAC 1.

Bom dia, Mário Quintana


O que o vento não levou...

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo,
um carinho no momento preciso,
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

29 março 2010

Temporariamente fora de combate

. Passo aqui rapidamente para justificar aos amigos e amigas minha ausência desde a tarde da sexta feira. Uma virose me obriga a absoluto repouso.

. Teimoso, tive que abandonar reunião do PCdoB sábado por me sentir muito mal. Perdi a festa de aniversário de Paulo Valença, ex-vice-prefeito de Olinda e, no domingo, a comemoração da vitória de Humberto Costa e o aniversário do deputado Pedro Eugênio.

. Inicio a semana suspendendo uma agenda plena de compromissos – todos considerados “inadiáveis”. Infelizmente o vírus é mais forte do que a minha vontade.

27 março 2010

História: 27 de março de 1984


Os Txukahamãe liderados por Raoni bloqueiam a BR-80 e fazem 12 reféns. Exigem, e irão obter, seu território sagrado ao norte do Parque do Xingu, MT. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

25 março 2010

Desenvolvimento: dois debates importantes

. Às 9h, participo do Seminário "Cenário atual do desenvolvimento de Pernambuco" - Fecomércio, Fiepe e Sebrae (auditório do Senac).
. Às 14h, apresento meu Projeto de Lei de Incentivo à Inovação Tecnógica no 1º fórum Municipal de Ciência e Tecnologia promovido pela Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. No Anfiteatro do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPE.
. No Fórum, atuarei como debatedor ao lado do economista Sérgio Buarque, que apresentará estudo acerca do desenvolvimento econômico e inovação tecnológica nas cadeias produtivas de Recife.

Coluna semanal no portal Vermelho

A quem interessa uma UNE porra-louca?
Luciano Siqueira

Vejam essa manchete do Jornal do Commercio (do Recife): ‘O “protesto chapa-branca” da UNE’. Em boa técnica jornalística, “protesto” e “chapa-branca” aí estão como convite ao leitor, pelo contraditório, a formar antecipadamente um juízo de valor depreciativo sobre a União Nacional dos Estudantes e o evento ocorrido na tarde da última terça-feira na capital pernambucana.

Na verdade, a passeata de cerca de dois mil estudantes, sob a liderança da UNE e também da UEP (União dos Estudantes de Pernambuco), UBES e UMES (União Metropolitana de Estudantes Secundaristas) teve motivos nobres: a reivindicação de que 50% dos recursos advindos da exploração do petróleo e do gás da camada do pré-sal sejam destinados à educação pública universal e de qualidade; e a exaltação de uma grande conquista recém-obtida, a gratuidade do ensino na Universidade de Pernambuco (UPE), ato do governador Eduardo Campos.

A luta pela gratuidade na universidade estadual vem de longe, daí as homenagens prestadas, ao final da passeata, ao próprio governador e aos secretários de Estado Luciana Santos e Humberto Costa que, quando deputados, pelejaram por esse objetivo ao lado dos estudantes. Aliás, Humberto, Luciana e Eduardo também defendem a posição do movimento estudantil quanto ao uso dos recursos do pré-sal.

Nessas circunstâncias, pergunto: protestar contra o quê? Claro que não se trata de protesto, mas de uma luta que os estudantes travam em todo o país e da comemoração por uma vitória importante em âmbito local. Demais, mostra-se totalmente equivocada a assertiva – implícita na manchete e no corpo da matéria publicada pelo jornal pernambucano – de que ao movimento estudantil cabe tão somente protestar, sempre.

Ora, o país progride, muitos anseios populares têm sido alcançados sobretudo após a assunção de Lula à presidência da República. Os diversos segmentos do movimento social, o movimento estudantil entre eles, não deixam de reivindicar, pressionar, criticar e protestar quando assim consideram oportuno – como têm feito inúmeras vezes. Porém, por outro lado, exaltam suas próprias conquistas e não se eximem de reconhecer atitudes e decisões corretas de governantes aliados.

Ao contrário de se por o rótulo “chapa-branca”, importa reconhecer nessa conduta uma postura amadurecida, equilibrada e consequente. Do contrário caberia, aí sim, a pecha de “porra-louca” a um movimento que só soubesse dizer não, reclamar e atacar, sem jamais construir. O que certamente não corresponderia aos interesses fundamentais dos estudantes e do povo brasileiro.

24 março 2010

Mau artigo semanal no Blog de Jamildo (JOrnal do Commercio Online)

Aos 88 anos um partido que se renova
Luciano Siqueira

Amanhã, 25, os comunistas comemoram 88 anos da fundação do seu partido - registrado em 25 de março de 1922 sob a denominação de Partido Comunista do Brasil, no livro 3 do Registro de Pessoas Jurídicas do Cartório do 1º Ofício do Rio de Janeiro.

Seria uma efeméride inexpressiva, se fosse a história institucional brasileira marcada pela existência de partidos políticos longevos, mas não é. Em nosso país o espectro partidário sempre foi moldado por contingências meramente conjunturais.

Assim, ao observador isento, mesmo ao mais eqüidistante ou até discordante, chama a atenção que uma agremiação partidária tenha perdurado no cenário político brasileiro tanto tempo, atuando ininterruptamente. Mais ainda quando se sabe que nessas quase nove décadas, esse partido teve por cerca de dois terços de vida cerceado o direito constitucional de existir legalmente. Os últimos vinte e cinco anos, desde a derrocada da ditadura militar e o advento da Nova República, assinalam o seu mais largo período de legalidade.

A razão de tal proeza decorre de que, além de corresponder a uma necessidade objetiva, determinada pelo conflito social - a de uma representação ideológica, política e orgânica de uma classe, a dos proletários – o PCdoB aprende com a sua própria experiência, com a trajetória de lutas do povo brasileiro e com a evolução dos movimentos libertários no mundo. Amadurece em meio às permanentes tensões determinadas por desafios teóricos, políticos e práticos. Pois seus êxitos ou fracassos dependem diretamente da sua capacidade de compreender as mutações que se processam na sociedade; da natureza dos vínculos que estabeleça com a sua base social; e da habilidade com que se comporte nas diferentes situações políticas.

Sempre foi uma trajetória difícil, a do PCdoB. Complexa, caracterizada por lutas ingentes, perseguições violentas e odiosas, absurdas restrições legais; por vitórias e insucessos; e por um complexo e sinuoso processo de formação de um embasamento teórico e político próprio, cujos resultados assinalam o entusiasmo com que os comunistas comemoram o 25 de março.

Hoje o partido ostenta um contingente de mais de 220 mil filiados, uma presença significativa nos movimentos sociais, ocupa postos destacados nos governos da República, de estados e municípios e tem desempenho influente no parlamento.

O velho partido de 1922 se apresenta hoje renovado, moderno, ágil na abordagem da realidade nacional, portador de uma proposta programática avançada, de sentido socialista e assentada na defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Proposta consubstanciada no Programa aprovado no seu 12º. Congresso, realizado no final do ano passado. Um programa formulado em bases científicas, marxistas, sem se orientar entretanto por nenhum “modelo” preexistente. Um programa brasileiro.

23 março 2010

Tamarineira: um protesto consistente

Crime prestes a ser consumado
Othon Bastos (*)

Há cerca de três anos, vimos denunciando pelos periódicos locais, a cobiça e os propósitos mercantilistas da “Santa Casa de Misericórdia” e da Mitra Diocesana, em relação ao Hospital da Tamarineira e de seu precioso entorno. Logo após o carnaval deste ano, D.José Saburido OSB, sucessor do malfadado D. José Cardoso, tornou-se arauto de atos anteriores a sua posse e anunciou pela imprensa falada, escrita e televisiva a triste notícia da negociata da venda do referido imóvel a um grupo comercial do Rio de Janeiro. A cobiça inicial consumava-se em desastrada transação, efetuada à socapa, contendo sanções contra os vendilhões do patrimônio sanitário e ambiental do povo e da cidade do Recife.

A ilicitude do ato é do conhecimento público, o que já foi demonstrado historicamente. Há registros de propriedade desde 1551, ato de venda à Congregação do Oratório do Recife realizada em 1710, mas a Escritura de Aforamento à Congregação de São Felipe Néri é datada de julho de 1826. No governo do Barão de Lucena (Henrique Pereira de Lucena) foi iniciada a construção do Hospital da Tamarineira com recursos públicos e donativos de particulares. Por fim, foi inaugurado em 1874, em pleno segundo reinado, quando o trono e o altar encontravam-se unidos. Logo, o que pertencia à Igreja Católica também era patrimônio do Estado e vice-versa. A seguir, a Congregação dos Oratorianos afastou-se do Recife. Como era de costume, à pia “Santa Casa de Misericórdia do Recife” foi entregue a administração da Tamarineira, o que se verificou até 1924, quando foi reintegrada ao Governo do Estado, na gestão do Dr.Sérgio Loreto, sendo Secretário de Saúde o ilustre Dr. Amauri de Medeiros. Era dirigido, então, o Hospital de Alienados pelo Prof. Ulysses Pernambucano, fundador da Escola de Psiquiatria do Recife, ainda viva e presente no cenário científico brasileiro.

A luta atual pela preservação do espaço de Saúde, representado pelos serviços psiquiátricos históricos, ainda em funcionamento, lá existentes e também pela manutenção da última reserva ambiental devidamente tombada pelos órgãos competentes, tem sido assumida pelos intelectuais do Recife, pelos psiquiatras, trabalhadores de Saúde Mental e voluntários integrantes dos “Amigos da Tamarineira”. Trata-se, na realidade, do último pomar remanescente dos antigos quintais desta pobre cidade tão devastada pela insaciável febre imobiliária. Fato semelhante ocorreu em Lisboa, há 20 anos, em relação ao Hospital Júlio de Matos, localizado no bairro de Portela. A reação dos órgãos médicos portugueses impediu a consumação deste atentado. Quem conhece os serviços psiquiátricos londrinos, parisienses e alemães tem ciência de que todos aqueles serviços centenários preservam sua aparência externa, enquanto são interiormente modernizados. Refiro-me ao Maudsley Hospital, à Salpétrière, à Sainte Anne, ao Hospital de Heidelberg, etc.

Há igualmente um estranho silêncio e omissão das autoridades constituídas do Estado e do Município em relação a estes fatos, as quais parecem mais preocupadas com as próximas eleições. D. José Saburido, monge beneditino, deve estar por certo intimamente dividido entre a defesa dos interesses e deveres da Mitra e os seus princípios éticos emanados da Ordem de São Bento, tão contrastantes entre si. Mas, até a presente data, não se preocupou em receber em audiência os dirigentes dos serviços de saúde, ora ameaçados. Limitou-se a expor seus argumentos a um grupo restrito de parlamentares, vereadores e demais representantes do poder legislativo. Pouco importam os protestos veiculados pela imprensa não comprometida da cidade, contendo a opinião de parcela representativa da população e de técnicos de notório saber. As especulações financeiras, por certo, têm falado mais alto.

Resta-nos, porém, o pronunciamento de um terceiro poder, o Judiciário, representado pelo Ministério Público, a quem caberá julgar a ilicitude da transação, assim como das autoridades defensoras do meio ambiente, a quem cabe zelar pelo patrimônio comum do povo desta cidade indefesa.
(*) Professor Titular de Psiquiatria das Universidades Federal e Estadual de Pernambuco. Professor Emérito da UPE.

Jacaré com porco-espinho

. Dá pra acasalar esses dois? Pois é o que o deputado Ciro Gomes, do PSB, sugere ao afirmar que estaria disposto a promover uma “aliança de ideias” entre o PT e o PSDB.
. Em outras palavras, neoliberalismo e desenvolvimentismo em bases nacionais seriam fundidos.
. Surreal, totalmente surreal.

Jornada de lutas deve levar 3 mil estudantes às ruas hoje


. UEP, UNE, UMES e UBES prometem uma grande manifestação para esta terça-feira (23), no Recife, com a participação de estudantes de todo o Estado. A concentração acontecerá às 13h, em frente ao Ginásio Pernambucano, na Rua do Hospício.
. As palavras de ordem “Pernambuco na pressão por pré-sal pra educação!” e “ Brasil unido, royalty dividido!” devem dar o tom da passeata preparada pelas entidades estudantis que percorrerá o centro da cidade até o Palácio das Princesas. Os estudantes querem entregar uma pauta de reivindicações ao Governador Eduardo Campos a fim de garantir o apoio à proposta de 50% dos recursos do Pré-sal para a educação.
. A expectativa é que aproximadamente 3 mil estudantes compareçam ao ato. Estão sendo aguardadas personalidades como a secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente Luciana Santos (PCdoB), o ex-prefeito do Recife João Paulo, o professor e reitor da UPE Carlos Calado, o deputado estadual Luciano Moura (PCdoB), o secretário das Cidades Humberto Costa (PT), a deputada estadual Teresa Leitão (PT) e os ex-presidentes da União de Estudantes de Pernambuco (UEP), Geraldo Vilar e Anne Cabral. A Associação de Docentes da UPE (ADUPE) e o Sindicato dos Servidores da UPE (SINDUPE), também participarão do movimento.
. De acordo com a organização do movimento, as autoridades acompanharão a manifestação em cima de um trio elétrico, junto aos representantes da UNE, UEP, UMES e UBES. A intenção é homenagear aqueles que contribuíram na conquista da gratuidade da UPE. “Essa gratuidade da UPE nos deu impulso para conseguir mais mudanças na educação, então acreditamos que este é o momento para reconhecer que quando nós estudantes nos mobilizamos, conseguimos alcançar nossos objetivos”, afirmou a presidente da UEP, Virginia Barros.
. Os estudantes asseguram que, se forem destinados para a educação 50% do fundo Social do Pré-sal, o nível da educação será elevado. Dessa forma, será garantida a ampliação de vagas nas universidades públicas e escolas técnicas federais, além de melhorar o ensino básico. “A UBES sempre lutou para ter 10% do PIB destinado à educação, isso implica em ampliar os investimentos, colocando o país em outro patamar educativo. Historicamente, nunca se teve tantas chances de conseguirmos isso como estamos tendo agora. Temos essas condições em nossas mãos e não podemos perder a oportunidade de ter uma educação universalizada, pública, gratuita e de qualidade”, explicou a presidente da UMES, Manuela Braga.
(Do site http://www.lucianosiqueira.com.br/).

O centro do Recife em debate

. Participo hoje, a partir de 12h30, de almoço reunião promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL).
. No encontro, debaterei com a vereadora Priscila Krause (DEM) sobre o tema “Mais atenção para o Centro – uma visão da Câmara Municipal do Recife”, tendo como mediador o consultor empresarial, Francisco Cunha.
. O almoço-debate acontecerá no Restaurante Boi Preto.

Mulher e trabalho é tema de audiência pública hoje

No site http://www.lucianosiqueira.com.br/:
. As condições de trabalho da mulher no Recife serão debatidas nesta terça-feira (23), a partir das 09h, no Plenarinho da Câmara Municipal do Recife. A iniciativa integra a série de audiências públicas promovidas pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Casa, presidida pelo vereador Luciano Siqueira (PCdoB/PE).
. O tema “Mulher, por igualdade de oportunidades no trabalho” terá como debatedores Rejane Pereira, secretária Especial da Mulher do Recife, José Bertotti, secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia da PCR, Betânia Ávila, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM-PE) e do Núcleo de Reflexão Feminista sobre o Mundo do Trabalho e Márcia Ramos, coordenadora da UBM – União Brasileira de Mulheres em Pernambuco. O evento contará ainda com a participação de representantes do movimento de mulheres, sindicalistas e trabalhadoras, além de gestores públicos do Recife.
. Para o vereador Luciano Siqueira, a audiência pública visa aprofundar o debate sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres também no ambiente de trabalho. ”A Comissão de Desenvolvimento Econômico tem sempre prestado atenção às condições de trabalho dos trabalhadores em geral e esta é uma bela oportunidade para ressaltar as condições de trabalho da mulher. A realização dessa audiência pública significa que nós precisamos não apenas trabalhar um diagnóstico da situação, mas encontrar formas de lutarmos, homens e mulheres, pela igualdade de gênero, inclusive no trabalho”, afirmou o parlamentar.

Sobre o livro “Um rio de gente”(2)

No Interpoética:
A nascente toda a vida foi alí
por Inácio França
. É fácil encontrar Inácio José Bezerra na zona rural de Poção. Basta ir ao Sítio Lagoa do Angu e perguntar por ele a qualquer agricultor a caminho da roça ou a alguma dona-de-casa absorta no trabalho de varrer o alpendre. Além de o cidadão ser aprendiz de sanfoneiro e o contador de histórias mais falante do lugar, a comunidade está acostumada com forasteiros, principalmente pesquisadores, políticos da capital, equipes de TV, ambientalistas, repórteres ou estudantes universitários. Vez ou outra, até helicópteros fazem vôos rasantes por lá.
. O motivo de tanta movimentação é um olho-d’água fria e limpa, que brota no meio da propriedade de seu José Genu e dona Maria do Carmo, junto a uma mata, ou melhor, a um resto de mata fechada e ameaçada pelos pastos que avançam por todos os lados. O filete de água que mina na “cacimba” corre lento, passa por trás da casa do casal, cruza a estrada de terra e o povo vai chamando de Catibiribe, Catibaribe ou Capiberibe, tanto faz. Os mais jovens chamam de Capibaribe, do jeito que aprenderam na escola.
. Ali nas terras altas de Poção, onde a divisa dos estados de Pernambuco e Paraíba está a quase 1.200 metros acima do nível do mar, o mato é sempre verde, principalmente às margens do rio, mesmo que ele não passe de um riacho com dois palmos de largura. Nem no verão o calor é insuportável. Mas não foram o clima agradável e a abundância de água que prenderam Inácio ao lugar onde nasceu e foi criado.
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/quYV

Sobre o livro “Um rio de gente” (1)

No Interpoética:
Histórias tecidas na água
por Cida Pedrosa

O Capibaribe está presente em minha vida desde o dia em que pisei no solo do Recife. Todos os locais em que trabalhei ou estudei me levavam a passar por suas margens, ou melhor, por suas pontes. Nos meus livros de poesia, invariavelmente, tem um poema em que ele é ator principal, ou no mínimo cenário; também faz tempo tento terminar um livro de poemas que se chama “Visitação ao Capibaribe”. Não estranhem eu ter iniciado este texto na primeira pessoa e falando de coisas minhas, apenas quis situar o quanto acho importante para mim e para todos o projeto Histórias, causos e lendas do Capibaribe, que agora se materializa no livro Um Rio de Gente. Importante, pois ele dá voz aos homens, justo a espécie que costumamos citar como vilã da degradação desse mesmo rio. Esta opção em dar palco às mulheres e homens ribeirinhos, que confundem suas vidas com a vida do Rio, mesmo quando não falam dele, traz à tona um outro olhar, não o olhar técnico que estamos habituados a ler nos tratados, quase sempre maçantes, mas um olhar antes de tudo amoroso e telúrico. A fala dessas pessoas faz com que o Rio deixe de ser um ponto em uma carta de cartografia para ser um sujeito com identidade e roupagem próprias.

Na verdade quem for ler este livro pensando que vai encontrar única e exclusivamente longas narrativas sobre o Rio vai tomar um susto. Os autores. Sim. Os autores. Este é um livro de muitos autores puxam conversas que duram horas a fio, dessas que o tempo para e a gente esquece que tá sentado num banco duro de alpendre esperando a nuvem passar. As histórias são tão gostosas e livres como conversa boa de comadre. Tem de tudo. Tem o Rio, mas também o roçado, o amor, a arte, os bichos, as assombrações, o progresso, a mudança do tempo, a saudade e a vontade de conhecer o mar.

O escritor Ignácio França percorreu um caminho seguro e de respeito à fala dos narradores. Optou pelas longas transcrições dos depoimentos, costurando-os com pequenas inferências suas, apenas para criar um fio condutor da narrativa. Cumpriu não só o objetivo do projeto que é o de resgatar a memória oral de pessoas que margeiam o Capibaribe, como valorizou o que havia de melhor nesse trabalho, ou seja, os trejeitos, os sabores, a linguagem característica das gentes dos locais visitados, as nuances de sentimentos de cada personagem e nos serviu, de quebra, momentos de poesia e encantamento.
Foto: Tuca Siqueira
Conforme o curso d’água vai descendo, ou sumindo, as histórias vão sendo tecidas. Para seu Inácio o Rio é um filete que de vez em quando vira um pano d’água só, assim como sua vida de autos e baixos, pai ausente e muito trabalho na infância. Na voz de Josefa ele pode ser dilúvio, um pé d’água, berço da sua grande paixão por Raimundo: Eu passei uma vez, nós ficamos proseando, aí eu botei um amor a ela danado. Cicinato, homem sabido, viveu entre o sítio e a cidade, divide seu depoimento com Maria José, seu grande amor: ...nunca me esqueci de gostar dele... Bartolo fala de cheias, de peixes, de festas populares e arremata: O peixe nasce dentro d’água, o peixe conhece o rio. Eu nasci aqui, aí eu conheço tudo isso aí, né... José Gomes recorda um tempo em que o algodão era a base da economia local e em que veados, onças e assombrações eram uma realidade cotidiana e os bichos anunciavam as estações: ...Os passarinhos da natureza adivinham tudo. A gente não adivinha nada... Zé Ferrão conta tanto causo que não dá para saber em que local do açude de Poço Fundo ele aguou sua imaginação: ...ô fulano, repara a neve! Mas não era neve, não: era o cabelo dos gato voando... O escultor Nelson faz uma viagem para dentro de si e para as margens do Capibaribe, local em que recolhe o material para sua arte: Quando passava uma cheia, aí então aquelas árvores rolavam. ... e aquelas que estavam mortas eu serrava, trazia pra casa. Mestre Toinho conta da sua iniciação e das suas andanças por diversos maracatus e termina cantando loa: Oi, que sonho tão bonito,/ Não me deixaram sonhar, /Lanceiro pegar suas lança /Vamos pra rua lutar; Dona Miriam Pereira viveu em um Recife onde hortaliças eram plantadas na beira do Capibaribe e vivenciou a cheia de 1966, que fez ruir esse mundo e desabrigou sua família: ...Veio aquela cheia e acabou com tudo, né? Fiquei debaixo de um pé de árvore, com duas crianças. E por caminhos de águas eles vão falando e tecendo suas vidas no tear das palavras.

Termino esse texto e fico a matutar. São tantos fios, tantas curvas, tantos poetas, tantas e tantas histórias entrelaçadas pela mesma água, pela mesma sinergia que costumamos chamar de Rio Capibaribe, que não sei se ele é um Rio ou um curso de magia.

Meu artigo semanal no site da Revista Algomais

Chico Buarque e a reforma educacional

Luciano Siqueira

Numa canção dos anos sessenta, Meu refrão, Chico Buarque de Holanda critica o distanciamento entre o ensino vigente e a realidade brasileira: “Já chorei sentido/De desilusão/Hoje estou crescido/Já não choro não/Já brinquei de bola/Já soltei balão/Mas tive que fugir da escola/Pra aprender essa lição”.

E havia muita polêmica sobre que reforma educacional haveria de ser feita para conciliar a escola com a vida.

Até que no final de 1968, início de 1969, sob a vigência do Ato Institucional n. 5, que aniquilou por completo as liberdades democráticas no país, e com o Decreto-Lei 477, baixado pela Junta Militar, que afastou do ambiente escolar alunos, professores e funcionários identificados como oponentes à Ditadura (ou autor destas linhas inclusive), vimos, à distância, a concretização da reforma universitária concebida no chamado acordo MEC-Usaid. Uma reforma – dizíamos então os estudantes rebeldes – que amoldaria o ensino, a pesquisa e a extensão aos interesses de fora, em desacordo com a nossa realidade e as necessidades da sociedade brasileira.

Cinco anos e meio depois, ultrapassados a clandestinidade, a prisão e as torturas, esse amigo de vocês retorna à Faculdade de Medicina da UFPE para concluir o curso médico. E tem o desprazer de presenciar, além de uma espécie de torpor intelectual (em sala de aula quase não se discutia nada, ao contrário dos anos 67-68 em que se discutia tudo), a fragmentação da grade curricular. Ao invés de se estudar Clínica Médica, por exemplo; tinha-se, como se tem até hoje, aulas por curto período de endocrinologia, nefrologia, reumatologia, cardiologia, gastroenterologia e outras disciplinas. Ou seja: entráramos na era da especialização precoce, do conhecimento superficial e desconectado do todo.

Foi a reforma universitária imposta pelo regime militar.

Agora, mais de três décadas passadas, o PCdoB inclui entre as reformas – consignadas no Programa aprovado no seu 12º. Congresso, ocorrido no final do ano passado - que considera indispensáveis e inadiáveis, a reforma educacional.

Propõe uma reforma que proporcione a igualdade de acesso a todos ao ensino básico de qualidade e ao ensino superior; que permita o controle social do ensino privado e viabilize os investimentos necessários a incremento da pesquisa científica. Uma mudança sistêmica destinada a assegurar o direito de igualdade de oportunidade e de condições, reduzindo a imensa defasagem entre os poucos que hoje conseguem se instruir satisfatoriamente e os milhões que não têm acesso ao saber.

Que assim seja, para que escola seja o ambiente da busca democrática do conhecimento libertário, vinculado aos desafios de uma Nação que se prepara para alcançar seu verdadeiro destino e torne coisa do passado a crítica de Chico.

Dólar fraco, mais turistas no exterior

. Está no Estadão de hoje. Brasileiro bate recorde de gastos no exterior: despesa de turistas chegou a US$ 1,21 bilhão em janeiro e é a maior para o mês desde 1969.
. Os gastos dos turistas brasileiros em viagens internacionais atingiram o recorde de US$ 1,21 bilhão em janeiro, maior valor para o mês desde 1969. Na comparação entre janeiro de 2010 e janeiro de 2009, as despesas de brasileiros no exterior saltaram 72,4%. Sozinhas, totalizaram 31,6% de todo o déficit de transações correntes do mês.
. Nos anos 80, foram de 3% ao mês. Os gastos de brasileiros em viagens pelo mundo crescem rapidamente desde o segundo semestre de 2009. Depois dos meses turbulentos da crise mundial de 2008, a retomada da economia deu confiança aos turistas. A temporada de 2010 promete ser bem mais animadora para a atividade, especialmente para os destinos internacionais.

Refletindo acerca da mídia hegemônica

No Vermelho, por Eduardo Bomfim
De verdades e da História

Muito se tem falado e escrito sobre grande parte da mídia hegemônica de abrangência nacional. A maioria das opiniões não são nada positivas, pelo contrário, há uma generalizada queixa sobre a parcialidade da “imparcialidade” das informações veiculadas rotineiramente, sistematicamente.

Sob a proteção de uma inquestionável e absoluta liberdade de expressão e informação, o que comumente tem sido divulgado, em geral e com honrosas exceções, é a superficialidade dos fenômenos, sejam eles de caráter político, científico, histórico ou relativos ao cotidiano das pessoas ou das cidades.

Há uma nítida sensação que essa dita mídia hegemônica nacional, que determina a pauta informativa dos brasileiros, transformou-se em uma máquina de moer informações aleatórias e de preferência os assuntos secundários quando não bizarros.

Talvez por total ignorância de muitos não seja possível compreender a importância em se divulgar a imagem de uma árvore que desabou sob forte chuva em uma rua de uma cidade qualquer em algum lugar do País.

Em contrapartida nada ou pouco se sabe sobre a realidade dessa mesma cidade. A sua condição econômica, as esperanças da sua população, as suas queixas e as suas expectativas como cidadãos brasileiros.

Vários dos âncoras das mais prestigiadas emissoras de televisão de abrangência nacional visitam-nos quase que diariamente, quando não todos os dias, com os seus semblantes lúgubres, atolados em tragédias e notícias escatológicas como se fossem essas as preocupações e as essencialidades dos brasileiros e da humanidade.

Tudo isso me faz lembrar um episódio acontecido há vários anos quando, ao lado do ilustre professor Florestan Fernandes, de saudosa memória, visitávamos com um guia, as ruas de Madri.

Ao fim do périplo, o grande cientista político reclamou do guia porque ele havia nos mostrado lugares cuja referência dizia respeito só e unicamente ao período fascista, do governo de Franco, de trágica lembrança.

Então o referido guia respondeu-nos secamente e de maneira abusada: há gosto para tudo senhores. No que Florestan Fernandes retrucou imediatamente: não meu senhor, não se trata de gosto, mas de respeito à História e à verdade.

De certa maneira a nossa atual mídia hegemônica nacional tem agido assim. Empanturra-nos de fatos, menos da verdade e da História.

20 março 2010

Contradição tucana

Aécio sugere a Serra não bater em Lula no Nordeste, mas Serra deseja ter Jarbas – raivoso anti-Lula – como candidato em Pernambuco. Será?

19 março 2010

Mais um rolo para Serra

. Está nos jornais: o DEM exige a vice de Serra. Ou seja: já que o governador Aécio, de Minas, não opou...
. Quem sou eu para opinar sobre o que acontece no time adversário, mas vale anotar que o momento é muito pouco apropriado para o Democratas fazer tal exigência, depois que um dos seus quadros mais destacados – o governador Arruda, do Distrito Federal – tornou-se ex-filiado envolto na tormenta que o mantém preso.

Oposição sabe nada sobre o projeto Cidade da Copa

No Blog de Política (Diário de Pernambuco Online), por Cássio Zirpoli:
Tropeçando no próprio discurso
. Faltando apenas 4 dias para a licitação da arena pernambucana para a Copa do Mundo de 2014, eis que a bancada de oposição no estado aparece com uma última cartada contra o projeto de São Lourenço da Mata. Lançaram até adesivo (acima). Política, política, política… E pouco conteúdo. Analisando o discurso do deputado Augusto Coutinho (DEM), fica nítida a falta de informação para o Plano B.
. Não vou utilizar o post para dizer se sou a favor ou contra o projeto (pra lá de caro mesmo), mas ao criticar abertamente a Cidade da Copa, a oposição na Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco) acaba tropeçando em alguns pontos sobre o Mundial de 2014. E, consequentemente, o discurso perde a sua força.
. Um dos pontos está relacionado à capacidade de público. A Arena Coral (chamada de Arena Pernambuco pelo parlamentar) teria capacidade para 68.500 pessoas, num projeto orçado em R$ 195 milhões. Coutinho alega que assim Pernambuco poderia pleitear um jogo da semifinal da Copa do Mundo. Antes da análise, o texto de Coutinho:
. “Além de tudo, a Arena Pernambuco (nossa proposta) teria capacidade de 68 mil pessoas. O elefante branco apenas, 45 mil. Com a Arena Pernambuco, poderíamos sediar jogos das semifinais (a FIFA exige, para esta fase, estádio com capacidade superior a 60 mil). Isso dobraria o número de jogos realizados no estado, de 4 para 8, já que o elefante branco não pode receber jogos desta fase.”
. Francamente… Essa hipótese está descartada. Mesmo que o estádio tivesse 100 mil lugares, diga-se. Na composição dos jogos, o que vale é outra política, bem além da capacidade, e neste tema a arena pernambucana (seja ela qual for) não chegará até a penúltima fase. Na semi, uma briga restrita a São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.
. A luta de Pernambuco é para chegar até as quartas de final. Assim, o estado teria um jogo a mais, uma vez que três partidas da primeira fase e uma das oitavas de final já estão garantidas.
. Curiosidade: o estádio Olímpico de Berlim, palco da final da Copa do Mundo de 2006, recebeu apenas 6 jogos. Sem mais.

Minha coluna semanal no portal Vermelho

Com o Programa do PCdoB na mão
Luciano Siqueira

Lá pelo início dos anos 70, circulando pela região em trabalho político clandestino, sentia-me de certo modo incomodado quando um ou outro simpatizante que nos abrigava em sua casa (correndo riscos) me perguntava sobre o que pretendia mesmo o PCdoB. De pronto em falava em derrubar a ditadura militar, mas em seguida vinha a pergunta embaraçosa: “E depois, o que vocês querem fazer com o país?”

O embaraço decorria da fragilidade programática do Partido àquela época. O texto servira como pedra de toque da reorganização do velho Partido Comunista do Brasil, agora com a sigla PCdoB, a preposição aí destinada a uma necessária diferenciação com o Partido Comunista “Brasileiro”, que se apropriara da sigla PCB, na conturbada cisão ocorrida no final dos anos 50 e início dos anos 60. A vida deu razão ao PCdoB – mas não é esse assunto que vem ao caso neste instante.

Voltemos à pergunta embaraçosa. Pois bem, nosso Programa de 1962 tinha caráter revolucionário, porém aos olhos dos nossos simpatizantes quase que consistia numa genérica declaração de intenções. E para mim sobrava a tarefa de explicá-lo... Invariavelmente minha vinha à mente o verso do samba de Noel “Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?”

Passados mais de trinta anos, tanta água rolou no mundo e no Brasil, tantos desafios téoricos e políticos se sucederam e o Partido percorreu longa e vitoriosa trajetória de construção, na qual se destaca o Programa aprovado no seu 12º. Congresso, no final do ano passado.

Agora, a coisa é diferente. Pode convidar para o samba que a gente chega com o Programa na mão. O rumo é o socialismo, sim senmhor; e o caminho é a conquista de um novo projeto nacional de desenvolvimento que a um só tempo proporcione a afirfmação do Brasil como nação soberana e progressista, aprofunde a democracia e a realização dos direitos e das necessidades fundamentais do povo. De quebra, o acúmlo de forças com vista a alcançar um novo poder político central, sob a hegemonia dos trabalhadores em aliança com amplos segmentos da sociedade, apto a desencadear a transição ao socialismo.

Ontem, na Câmara Municipal, um colega vereador me perguntou: “Vocês vão defender o quê na campanha eleitoral?” Estufei o peito e respndi: uma plataforma baseada no Programa do PCdoB, que inclui propostas como uma reforma urbana de tamanha importância para cidades como o Recife. A partir daí a conversa transcorreu sem que eu precisasse novamente me atormentar com os versos de Noel.

Estabilidade anêmica

. É muito cedo ainda para que as pesquisas acerca do próximo pleito presidencial expressem com nitidez o desenho da disputa. Mas não se pode desconhecer que a cada nova rodada cresce a aprovação do governo Lula e diminui a distância entre Dilma e Serra.
. Os analistas repetem o diagnóstico de que Serra “permanece estável”. Em linguagem médica o termo quando aplicado a um paciente cuja doença se agrava vem a ser um eufemismo destinado a manter as esperanças de cura, por mais remota que seja.
. A “estabilidade” de Serra reflete a absoluta anemia do candidato. Conta ainda com o recall acumulado, mas padece de um discurso insosso e de adiamentos sucessivos sobre a decisão final de confirmar ou não a candidatura.
. Melhor dizer que Serra, por enquanto, está estagnado. Dilma, no pólo oposto, segue crescendo.

Bom dia, Lya Luft

Picasso
Fontes

Como fontes que de noite mansamente
boca a boca trocam seus segredos d’ água,
o amor que fosse o transparente afago
da mútua solidão, teria ainda
a lúcida paixão oculta dessas águas. E nós,
trêmulas bocas de fontes sequiosas
deixamos que brotem, fundam-se, retornem,
os silêncios do amor como num lago.

17 março 2010

História: 17 de março de 1973

Morto após 24 horas de torturas nas dependências do DOI-Codi/São Paulo o estudante Alexandre Vanuchi Leme, 22 anos, estudante de Geologia da USP. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

O ovo podre e os defeitos de fabricação
Luciano Siqueira

Começou com a Toyota, se não me engano, e agora chega à Nissan e à Fiat – que esta semana promove o recall do modelo Stilo. Quer dizer: milhares de veículos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, saíram da fábrica com defeito que pode ameaçar a segurança dos seus proprietários.

Nos EUA milhares de usuários recorrem à Justiça reivindicando indenização polpuda que, causas ganhas, acrescentarão grandes dificuldades financeiras à Toyota.

Lembro de uma dura discussão entre o meu pai, dono de mercearia em Natal, no Rio Grande do Norte, com um freguês que lhe trouxera contido numa terrina de louça um ovo apodrecido. Queria trocar a mercadoria. E meu pai, certamente irritado com outro assunto, descarregou no indigitado comprador toda a sua ira: - E o senhor acha que estou dentro dos ovos que vendo? Precisou que Oneide, minha mãe, sempre hábil conciliadora, interferisse para trocar o ovo e deixar as coisas em paz.

Pois bem. Os altos executivos das grandes montadoras de automóveis não podem usar o mesmo argumento. Estar dentro de um ovo é obviamente impossível, mas submeter as linhas de montagem dos veículos a rigoroso controle de qualidade, sim. E se não o fazem é porque motivos têm para tanto.

Situações semelhantes ocorrem praticamente em todas as áreas da produção e comercialização de mercadorias. Basta ver as estatísticas do Procon. Em São Paulo, no ranking de reclamações de consumidores ostenta o primeiro lugar por quatro anos consecutivos a Telefonica, empresa espanhola que controla os serviços de telefonia na maior cidade do país, seguida de perto pela Eletropaulo, estatal encarregada da distribuição de energia elétrica. Em terceiro lugar, o Banco Itaú.

Aí se dá uma peleja desigual entre o cidadão e as grandes empresas. Entre a satisfação daqueles que a duras penas paga suas contas e com sacrifício adquire um bem de valor mais elevado – caso dos automóveis – e se vê sujeito à péssima prestação de serviços e mesmo ao risco de vida por defeito de fabricação. Essa é a face visível do problema.

O pano de fundo é o conflito entre o bem comum e a sanha de lucro. Vivemos, é claro, num sistema em que o lucro é o móvel principal de todos os que investem em algum tipo de atividade empresarial. Desconhecer isso não é o caso. Mas é minimamente razoável que se preserve o direito e a segurança do cidadão.

O tema ganha relevo agora que o Código de Defesa do Consumidor completa vinte anos. Pois que o usemos em toda a sua inteireza.

A peleja contra o aumento dos juros

Renato Rabelo no Blog do Renato:
A ameaça de aumento da taxa Selic
. Desde a década de 1980, no campo das idéias, o pensamento entreguista no Brasil adotou como bandeira unificadora de sua política econômica: o “combate a inflação”, o inimigo número 1 a ser liquidado. Era a senha para transformar em senso comum a idéia de que o Brasil não tendo poupança interna – uma mentira grotesca, diga-se de passagem –, deveria desregulamentar totalmente sua economia de forma a que o capital estrangeiro (claro, o capital estrangeiro especulativo) preenchesse os hiatos de uma economia nacional “deformada por estatais gigantescas e ineficientes”. Para isso, altas taxas de juros e câmbio sem interferência do Estado (leia-se “sem interferência política”) funcionariam como pilares, “imexíveis”. Assim configurou-se uma idéia, tipo Quinta Coluna, de combate a inflação pela via do arrocho da demanda (juros altos) e abertura comercial (câmbio livre) que se transformou em dogma, senso comum. Nenhum desses critérios até hoje provou historicamente que algum país do mundo — em mais de 300 anos de capitalismo –conseguisse crescer sob esses parâmetros.
. Em política, assim como em economia, sempre existem vencedores e perdedores, neste caso os vencedores foram os especuladores, bancos nacionais e internacionais e os perdedores o povo, o país e a mentalidade da necessidade de planejamento estatal estratégico. Se a indústria brasileira no século passado transformou-se em uma conservadora realidade, desde Eugênio Gudin até seus apóstolos contemporâneo do Banco Central do Brasil, a indústria deve ser rastro de um sonho: não somente a agricultura brasileira deveria ser utilizada como uma “vantagem comparativa”, para os agraristas – versão século XXI – os juros praticados deveriam se transformar em vantagem comparativa!!!
. Infelizmente é essa a teoria das pessoas ocupadas em gerir nossa política monetária. O chamado Comitê de Política Monetária (Copom), os senhores do destino da economia brasileira, irão se reunir essa semana sob o véu criado pela mídia de um “aquecimento da demanda” e de “ameaças inflacionárias”. Eles querem que os juros saiam do atual patamar de 8,75% e alcancem no final do ano a casa dos 11%. Isso tudo apesar de a economia brasileira ainda não ter recuperado seus índices pré-crise. Essa tendência só redunda em atraso e boicote ao nascente projeto nacional.
. Porém, a solução técnica não é suficiente. Gritar, também, não é suficiente. Mas o principal a se fazer, nesta contenda de dimensões estratégicas, é denunciar veementemente esse plano e conquistar as consciências para alterar o rumo da política macro-econômica, fortalecendo o mercado interno e externo, promovendo o crescimento econômico de forma sustentada, com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Fomentando os pequenos empreendimentos

. Está na Folha de S. Paulo de hoje. O BNDES muda microcrédito para duplicar desembolsos.
. As mudanças no programa de microcrédito tem o objetivo de duplicar o volume de desembolsos e expandir em 50% o valor da carteira em dois anos, de R$ 80 milhões para R$ 120 milhões.
. Entre as mudanças, o valor mínimo de financiamento para instituições repassadoras para o microempreendedor foi reduzido de R$ 1 milhão para R$ 500 mil, o que credencia maior número de empresas a atuarem no setor, aumentando o alcance do programa, conforme divulgou o banco.
. O prazo de carência foi ampliado de 24 para 36 meses, no caso de operações de 1º piso -aquelas em que os empréstimos ocorrem diretamente ao microempreendedor-; e para 60 meses nas operações de 2º piso -em que instituições de crédito de maior porte (cooperativas centrais, bancos cooperativos ou comerciais e agências de fomento) repassam recursos a instituições credenciadas a oferecer microcrédito ao tomador final.
. Segundo o BNDES, a medida garante mais estabilidade e segurança na oferta de crédito aos agentes repassadores dos empréstimos.
. O banco anunciou a simplificação dos procedimentos internos, a fim de reduzir o tempo entre o pedido de financiamento e a liberação de recursos. Segundo o BNDES, foram implementadas melhorias na metodologia e na análise de risco de crédito das instituições repassadoras, o que resultou que instituições que emprestam fossem autorizadas a elevar seu endividamento e com isso oferecer mais recursos a mais tomadores.

16 março 2010

Projeto eleitoral em construção

. Ana Lúcia Andrade deu informação incompleta em sua coluna Pinga-Fogo, no Jornal do Commercio de domingo, sobre o projeto eleitoral do PCdoB em Pernambuco.
. Meu nome é posto na a lista de candidatos a deputado estadual ao lado de quase trinta outros pré-candidatos, entre os quais Jorge Carreiro, presidente da URB-Recife, o vereador Vicente André Gomes, Augusto Simões, os vice-prefeitos Dr. Cacau, de Salgueiro, e Carlinhos de Bezerros, os professores Fernando Luis, de Palmares, e Paulo Bandeira, da Faculdade de Direito do Recife, o deputado estadual Luciano Moura.
. O presidente Alanir Cardoso coordena o projeto, que ainda inclui os nomes de Luciana Santos e Nelson Pereira para deputado federal.

15 março 2010

Dramática situação sanitária no mundo

Estadão online:
Quase 40% da população mundial não tem acesso a saneamento básico
Relatório elaborado pela OMS e Unicef aponta, por outro lado, avanços no âmbito da água potável
. Passados dez anos desde os compromissos que a ONU aprovou para melhorar a vida dos mais pobres do planeta, 884 milhões de pessoas seguem sem acesso à água potável e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico nos locais em que vivem.
. Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) diz que, apesar desses números, os avanços no âmbito da água são certamente encorajadores, com 87% da população mundial bebendo e utilizando água apta para o consumo. Por outro lado, a situação é decepcionante quando se trata do saneamento básico: 39% da população mundial não tem acesso a ele.
. A diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, María Neira, explicou à Agência Efe que a diferença no progresso alcançado nas duas áreas se deve, entre outros fatores, a "razões culturais e à falta de investimento" e "de colaboração entre os diferentes setores públicos envolvidos". "É preciso uma mudança cultural para que o saneamento seja considerado uma necessidade tão clara e tão óbvia como o é o acesso à água potável", acrescentou.
. Segundo o estudo, os avanços foram diferentes de acordo com as regiões: um terço das pessoas que não têm acesso à água limpa vive na África Subsaariana, onde 40% da população sofre com essa situação. Já quase metade das pessoas que ganharam acesso à água desde o começo dos anos 90 está na Índia e na China.
. Em relação ao saneamento, só metade da população dos países em desenvolvimento tem um banheiro, uma latrina ou um poço séptico de uso doméstico. Os maiores progressos nesse campo nos últimos anos foram registrados no norte da África e em regiões do leste e do sudeste da Ásia.
. "Vale a pena chamar a atenção sobre algo que é tão óbvio que quase dá vergonha dizer isso em 2010. Sem água potável e saneamento básico, não há nenhuma base de saúde pública que possa se desenvolver. Se não acabarmos com essa situação, nunca vamos arrancar esses povoados da pobreza", disse Neira.
Desenvolvimento do Milênio - Segundo os resultados do relatório, o mundo alcançará o objetivo do Desenvolvimento do Milênio de cortar pela metade o número de pessoas sem acesso à água potável em 2015, mas fracassará em fazer o mesmo em relação aos serviços de saneamento.
A "boa notícia" é que a prática de defecar ao ar livre - considerada a mais perigosa do ponto de vista higiênico - está em declínio no mundo inteiro em termos percentuais, embora tenha aumentado em números absolutos. Se em 1990 era uma prática de 25% da população mundial, hoje essa taxa se situa em 17%.
. Por outro lado, embora a população mundial esteja dividida quase em partes iguais entre rural e urbana, a grande maioria dos que não têm água potável nem saneamento está no campo.
. O relatório mostra que as disparidades entre o campo e a cidade são particularmente visíveis em três regiões: América Latina e Caribe, sul da Ásia e Oceania.
. As diferenças de gênero também ficam evidentes na questão do acesso à água limpa. Em dois terços das famílias que não têm água encanada em casa são as mulheres que vão buscar esse recurso em outros lugares.
. "Muitas das mortes por diarreias que ocorrem a cada ano, além de outras doenças ligadas à falta de higiene, afetam mais as mulheres e as crianças porque são elas que dedicam horas a carregar água", explicou a diretora de Saúde Pública da OMS. Isso significa, acrescentou a especialista, que os menores não vão à escola e, inclusive, se expõem a violações e agressões quando têm que buscar água em áreas remotas.
. Além disso, o relatório revela que a água não-potável e as práticas insalubres influenciam na morte de 1,5 milhão de crianças menores de 5 anos todos os anos.

Mídia parcial: novo lance

No Vermelho:
Jornalista denuncia plano midiático contra Lula, Dilma e o PT
. Em texto reproduzido no blog Escrivinhador, o jornalista Mauro Carrara denuncia um suposto plano midiático intitulado "Tempestade no Cerrado" que, segundo ele, está sendo implementado pelos principais meios de comunicação do país contra o governo Lula, a pré-candidata Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores. Ao final do texto ele sugere "cinco tarefas" aos internautas para responder aos ataques da direita.
. Veja a integra do texto: http://migre.me/owCS

Falsa tábua de salvação

. Jarbas candidato ajuda a delimitar mais claramente os campos perante o eleitorado. Afinal, o senador do PMDB é o “anti-Lula” em Pernambuco: agressivo, destemperado. E, no governo, foi dócil apoiador de FHC e suas políticas neoliberais.
. Mas erra quem pensa ele possa “salvar” os dois senadores oposicionistas. O buraco é mais embaixo.

14 março 2010

Bom dia, Mario Quintana

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

O peso da Câmara Alta

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
A questão do Senado

Nas eleições de outubro próximo creio que quase ninguém tem mais dúvidas sobre a intenção do voto popular que será sufragado nas urnas, carregado de um nítido caráter plebiscitário.

No entanto, o que parece óbvio para a população em geral torna-se complicado às forças políticas e coalizões que se defrontarão nesse pleito que se revestirá como um embate de proporções históricas.

Porque às oposições não interessa essa dimensão sobre o julgamento da sociedade acerca de qual projeto deverá optar em 3 de outubro. Porque elas levam uma nítida desvantagem nesse quesito fundamental.

Em primeiro lugar a era neoliberal no Brasil encarnada pelos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso ficou conhecida como desconstrutora das empresas estratégicas do Estado nacional através de privatizações maciças e de redução das conquistas sociais promulgadas na constituição de 1988, logo após a extinção da ditadura.

Nesse mesmo período de exaltação do Estado mínimo e endeusamento das virtudes do mercado como solução aos graves problemas da sociedade brasileira, as políticas públicas implementadas pelos governos FHC não só foram desastrosas como conduziram a economia nacional à estagnação geral.

Levando em consequência ao desemprego generalizado, à paralisia do crescimento da riqueza do País, ao endividamento externo, ao sucateamento do parque industrial nacional, à inanição do comércio e à crise da agricultura brasileira além da total ausência de obras fundamentais em infra-estrutura, básicas ao Brasil.

Esse é em resumo o legado dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi na verdade um período de ascensão de uma elite política, consagrada pela mídia como a era dos tucanos, e a fina flor dos financistas, em especial aquela aquartelada nos quarteirões da majestosa Avenida Paulista.

O Brasil mudou substancialmente em relação ao desenvolvimento, mas persistem algumas heranças de um Estado anêmico e impotente, resultante das orientações neoliberais. E é no Senado da República onde estão entrincheirados os quadros mais destacados das políticas minimalistas do Estado.

Por isso é onde haverá uma das lutas mais renhidas nas próximas eleições. Não é por acaso que a atual eleição ao Senado tem assumido na mídia uma magnitude só inferior à da campanha à presidência da República.

13 março 2010

Carga tributária cai para 34,28% no Brasil em 2009, revela Ipea

Uol Notícias:
. A arrecadação tributária brasileira caiu para 34,28% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009, depois de atingir o pico de 34,85% em 2008, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
. No ano passado, a receita tributária das três esferas do governo – União, Estados e municípios – totalizou R$ 1,077 trilhão, ante R$ 1,047 trilhão em 2008, o que corresponde a uma expansão de 2,9% em termos nominais, inferior aos 4,6% registrados pelo PIB, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) - que indicam queda real de 0,2%.
Esforço anticíclico - Na esfera estadual e municipal, a carga tributária passou de 11,35% para 11,32% no período, enquanto que, na federal, ela diminuiu de 23,50% para 22,96%.
. De acordo com o Ipea, os dados mostram o esforço anticíclico pelo lado da política tributária em 2009, que ficou fortemente concentrado na União.
. “Considerando o contexto de desaceleração econômica e todas as medidas de desoneração adotadas, podemos concluir que a queda na carga tributária foi relativamente modesta em 2009 e que a perspectiva em 2010 é que a mesma volte a crescer, mesmo que para patamares inferiores a 2008, pico da série histórica, já que parte das desonerações tributárias foi temporária”, diz o Ipea.

PCdoB unido

Após rico debate, a reunião plenária do Comitê Estadual do PCdoB termina em clima de muita unidade acerca dos caminhos para as eleições de outubro.

Critica contundente à parcialidade da grande mídia

Do Blog do Miro:
Veríssimo espinafra a mídia golpista
Reproduzo abaixo entrevista com Luis Fernando Veríssimo - cronista, romancista, novelista, quadrinista, saxofonista e tantas outras coisas criativas -, concedida ao jornalista Ayrton Centeno, do sítio Brasília Confidencial. Frasista brilhante – “às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data” -, Veríssimo espinafra o antilulismo da mídia brasileira. A entrevista é imperdível:
BC: Hoje, no Brasil, a mídia enxerga um país totalmente diferente daquele que a maioria da população vê. Enquanto a grande imprensa, pessimista, trabalha sobre uma paleta de escândalos, a população, otimista, toca a sua vida de modo mais tranquilo. Que país o Sr. vê?
Luís Fernando Veríssimo – A imprensa cumpre o seu papel fiscalizador, mas não há dúvida que, com algumas exceções, antipatiza com o Lula e com o PT. Acho que os historiadores do futuro terão dificuldade em entender o contraste entre essa quase-unânime reprovação do Lula pela grande imprensa e sua também descomunal aprovação popular. O que vai se desgastar com isto é a idéia da grande imprensa como formadora de opinião.
BC: A grande imprensa enaltece a diversidade de opiniões, mas, curiosamente, os principais jornais do Brasil têm a mesma opinião sobre os mesmos assuntos. Este pensamento único não compromete uma pluralidade de opiniões que a mídia costuma defender quando não está olhando para si própria?
LFV: O irônico é que hoje existem menos alternativas à imprensa “oficial” do que existia nos tempos da censura. Mas as alternativas existem, e o tal pensamento único não é imposto, mas decorre de uma identificação dos grandes grupos jornalísticos do país com alguns princípios, como o da economia de mercado, o governo mínimo, etc.
BC: O senhor defende na sua coluna a reforma agrária e questiona a criminalização dos movimentos sociais. Não se sente muito solitário na mídia tratando desses temas?
LFV: Meus palpites não são muito consequentes. Acho que me toleram como a um parente excêntrico.
BC: Todas as pesquisas indicam a queda da circulação dos grandes diários dentro e fora do Brasil. Com uma longa trajetória no jornalismo, como percebe esta queda persistente, que expressa também o afastamento de uma geração do hábito de ler jornais? E como acompanha o trânsito de boa parte do público para a internet?
LFV: Quem é viciado em jornal e revista como eu só pode lamentar que a era da letrinha impressa esteja chegando ao fim, como anunciam. Mas este é um preconceito como qualquer outro. Mesmo mudando o veículo ainda existirá o texto, e um autor. Vou começar a me preocupar quando o próprio computador começar a escrever.
BC: Atribui-se a um advogado famoso, dono de clientela de altíssimo poder aquisitivo, uma reação irada ao saber que seu cliente endinheirado fora preso: “O que é isso? No Brasil só vão presos os três Ps: preto, puta e pobre!”, reagiu indignado. Estamos no século 21, mas as elites parecem continuar no 19. Acredita que vá ver isto mudar?
LFV: As nossas elites não mudaram muito desde D. João VI. Vamos lhes dar mais um pouco de tempo.
BC: A atual política externa do Brasil, mais independente, colabora de alguma maneira para mudar este comportamento?
LFV: A política externa independente é uma das coisas positivas deste governo. Embora o pragmatismo excessivo possa levar a uma tolerância desnecessária com bandidos, às vezes.
BC: O escritor argentino Jorge Luís Borges dizia que a única notícia realmente nova em toda a sua vida foi a chegada do homem à Lua. O resto já tinha acontecido antes de uma ou outra forma. O que o surpreendeu, além disso? Borges tinha razão?
LFV: O sistema GPS. Finalmente, uma voz vinda do alto para guiar os nossos passos.
BC: Em que trabalha no momento ou pretende trabalhar? De outra parte, o que acha dos e-books?
LFV: Acabei de lançar um romance, chamado Os Espiões. Não tenho outro romance planejado no momento. Devem sair um livro para público juvenil, um de quadrinhos e um sobre futebol este ano, mas não sei bem quando. Quanto aos e-books, só vou aceitar quando tiverem cheiro de livro.
BC: Teremos eleições em 2010 e o governo Lula opera na proposta de um pleito plebiscitário – Nós x Eles – contrapondo os oito anos do PT contra os oito anos do PSDB. Se fosse fazer esta comparação o que diria?
LFV: De certo modo, este governo continuou o outro. E vou votar para que o próximo continue este.

A verdade sobre Cuba


No Blog do Emir, porEmir Sader:
Os fariseus e a dignidade
O que sabem os leitores dos diários brasileiros sobre Cuba? O que sabem os telespectadores brasileiros sobre Cuba? O que sabem os ouvintes de rádio brasileiros sobre Cuba? O que saberia o povo brasileiro sobre Cuba, se dependesse da mídia brasileira?

O que mais os jornalistas da imprensa mercantil adoram é concordar com seus patrões. Podem exorbitar na linguagem, para badalar os que pagam seu salários. Sabem que atacar ao PT é o que mais agrada a seus patrões, porque é quem mais os perturba e os afeta. Vale até dar espaco para qualquer mercenário publicar calúnias contra o Lula, para, depois jogá-lo de volta na lata do lixo.

No circo dessa imprensa recentemente realizado em São Paulo, os relatos dizem que os donos das empresas – Frias, Marinhos – tinham intervenções mais discretas, – ninguem duvida das suas posiçõoes de ultra-direita -, mas seus empregados se exibiam competindo sobre quem fazia a declaração mais extremista, mais retumbante, sabendo que seriam recolhidas pela mídia, mas sobretudo buscando sorrisinho no rosto dos patrões e, quem sabe, uns zerinhos a mais no contracheque no fim do mês.

Quem foi informado pela imprensa que há quase 50 anos Cuba já terminou com o analfabetismo, que mais recentemente, com a participação direta dos seus educadores, o analfabetismo foi erradicado na Venezuela, na Bolívia e no Equador? Que empresa jornalística noiticiou? Quais mandaram repórteres para saber como países pobres ou menos desenvolvidos conseguiram o que mais desenvolvidos como os EUA ou mesmo o Brasil, a Argentina, o México, náo conseguiram?

Mandaram repórteres saber como funciona naquela ilha do Caribe, pouco desenvolvida economicamente, o sistema educacional e de saúde universal e gratuito para todos? Se perguntaram sobre a comparação feita por Michael Moore no seu filme "Sicko" sobre os sistemas de saúde – em particular o brutalmente mercantilizado dos EUA e o público e gratuito de Cuba?

Essas empresas privadas da mídia fizeram reportagens sobre a Escola Latinoamericana de Medicina que, em Cuba, já formou mais de cinco gerações de médicos de todos os países da América Latina e inclusive dos EUA, gratuitamente, na melhor medicina social do mundo? Foi despertada a curiosidade de algum jornalista, econômico, educativo ou não, sobre o fato de que Cuba, passando por grandes dificuldades econômicas – como suas empresas não deixam de noticiar – não fechou nenhuma vaga nem nas suas escolas tradicionais, nem na Escola Latinoamericana de Medicina, nem fechou nenhum leito em hospitais?

Se dependesse dessas empresas, se trataria de um regime “decrépito”, governado por dois irmãos há mais de 50 anos, um verdadeiro “goulag tropical”, uma ilha transformada em prisão.

Alguém tentou explicar como é possivel conviver esse tipo de sociedade igualitária com a base naval de Guantánamo? Se noticiam regularmente as barbaridades que ocorrem lá, onde presos sob simples suspeita, são interrogados e torturados – conforme tantas testemunhas que a imprensa se nega em publicar – em condições fora de qualquer jurisdição internacional?

Noticiam que, como disse Raul Castro, sim, se tortura naquela ilha, se prende, se julga e se condena da forma mais arbitrária possível, detidos em masmorras, como animais, mas isso se passa sob responsabilidade norteamericana, desse mesmo governo que protesta por uma greve de fome de uma pessoa que – apesar da ignorância de cronistas da família Frias – não é um preso, mas está livre, na sua casa?

Perguntam-se por que a maior potência imperial do mundo, derrotada por essa pequena ilha, ainda hoje tem um pedaco do seu territorio? Escandalizam-se, dizendo que se “passou dos limites”, quando constatam que isso se dá há mais de um século, sob os olhos complacentes da “comunidade internacional”, modelo de “civilização”, agentes do colonialismo, da escravidão, da pirataria, do imperialismo, das duas grandes guerras mundiais, do fascismo?

Comparam a “indignação” atual dos jornais dos seus patrões com o que disseram ou calaram sobre Abu-Graieb? Sobre os “falsos positivos” (sabem do que se trata?) na Colômbia? Sobre a invasao e os massacres no Panamá, por tropas norteamericanas, que sequestraram e levaram para ser julgado em Miami seu ex-aliado e então presidente eleito do país, Noriega, cujos 30 anos foram completamente desconhecidos pela imprensa? Falam do muro que os EUA construíram na fronteira com o México, onde morre todos os anos mais gente do que em todo tempo de existência do muro de Berlim? A ocupação brutal da Palestina, o cerco que ainda segue a Gaza, é tema de seus espacos jornalisticos ou melhor calar para que os cada vez menos leitores, telespectadores e ouvintes possam se recordar do que realmente é barbarie, mas que cometida pela “civilizada” Israel – que ademais conta com empresas que anunciam regularmente nos orgãos dessas empresas – deve ser escondida? Que protestos fizeram os empregados da empresa que emprestou seus carros para que atuassem os servicos repressivos da ditadura, disfarçaados de jornalistas, para sequestrar, torturar, fuzilar e fazer opositores desaparecerem? Disseram que isso “passou de todos os limites” ou ficaram calados, para não perder seus empregos?

Mas morreu um preso em Cuba. Que horror! Que oportunidade para bajular os seus patrões, mostrando indignação contra um país de esquerda! Que bom poder reafirmar diante deles que se se foi algum dia de esquerda, foi um resfriado, pego por más convivências, em lugares que não frequentam mais; já estão curados, vacinados, nunca mais pegarão esse vírus. (Um empregado da família Frias, casado com uma tucana, orgulha-se de ter ido a todos os Foruns Econômicos de Davos e a nenhum Fórum Social Mundial.

Ali pôde conhecer ricaços e entrevistá-los, antes que estivessem envoldidos em escândalos, quebrassem ou fossem para a prisão. Cada um tem seu gosto, mas não dá para posar como “progressista”, escolhendo Davos a Porto Alegre.)

Não conhecem Cuba, promovem a mentira do silêncio, para poder difamar Cuba. Não dizem o que era na época da ditadura de Batista e em que se transformou hoje. Não dizem que os problemas que têm a ilha é porque não quer fazer o que fez o darling dessa midia, FHC, impondo duro ajuste fiscal para equilibrar as finanças públicas, privatizando, favorecendo o grande capital, financeirizando a economia e o Estado. Cuba busca manter os direitos universais a toda sua população, para o que trata de desenvolver um modelo econômico que não faça com que o povo pague as dificuldades da economia. Mentem silenciando sobre o fato de que, em Cuba, não há ninguem abandonado nas ruas, de que todos podem contar com o apoio do Estado cubano, um Estado que nunca se rendeu ao FMI.

Cuba é a sociedade mais igualitária do mundo, a mais solidária, um país soberano, assediado pelo mais longo bloqueio que a história conheceu, de quase 50 anos, pela maior potência econômica e militar da história. Cuba é vítima privilegiada da imprensa saudosa do Bush, porque se é possivel uma sociedade igualitária, solidária, mesmo que pobre, que maior acusação pode haver contra a sociedade do egoísmo, do consumismo, da mercantilizacao, em que tudo tem preço, tudo se vende, tudo se compra?

Como disse Celso Amorim, o Ministro de Relações Exteriores do Brasil: os que querem contribuir a resolver a situação de Cuba tem uma fórmula muito simples – terminem com o bloqueio contra a ilha. Terminem com Guantanamo como base de terrorismo internacional, terminem com o bloqueio informativo, dêem aos cubanos o mesmo direito que dão diariamente aos opositores ao regime – o do expor o que pensam. Relatem as verdades de Cuba no lugar das mentiras, do silêncio e da covardia.

Diante de situações como essa, a razão e a atualidade de José Martí:

“Há de haver no mundo certa quantidade de decoro,
como há de haver certa quantidade de luz.
Quando há muitos homens sem decoro, há sempre outros
que têm em si o decoro de muitos homens.
Estes são os que se rebelam com força terrível
contra os que roubam aos povos sua liberdade,
que é roubar-lhes seu decoro.
Nesses homens vão milhares de homens,
vai um povo inteiro,
vai a dignidade humana…

História: 13 de março de 1964

Jango fala no comício
Comício da Central do Brasil pró-reformas de base reúne 300 mil em clima já carregado pela conspiração golpista. Goulart anuncia nacionalização das refinarias de petróleo. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

Campanha surreal

. Está nos jornais de hoje. PPS suspende campanha por chapa Serra-Aécio. Um fato ante de tudo inusitado.
. Nunca tinha visto campanha para vice. Muito menos em torno de um nome de outro partido., no caso do PPS em relação ao PSDB.
. Agora o PPS anuncia que desistiu da “campanha”.
. O povo diz: “em casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Deve ser isso. Está faltando propostas e nomes nas hostes oposicionistas reunidas em torno de Serra. A ponto da escolha de um nome para completar a chapa ao invés de assunto tratado pelo próprio passa a ser alvo de campanha pública.
. Coisas da política.

Conversar é preciso

Dica do sábado: A busca do consenso pressupõe a prévia explicitação sincera de eventuais divergências. Na política, no amor, na vida.

Alecrim-do-campo sofre com agravos ambientais

Ciência Hoje Online, por Camilla Muniz :
Vítima do carbono

Estudo da UFMG revela que a exposição do alecrim-do-campo a altas concentrações de gás carbônico na atmosfera provoca alterações fisiológicas prejudiciais ao desenvolvimento da planta.
O alecrim-do-campo é usado no tratamento da esquistossomose e em restaurações ambientais e sua resina é essencial para a produção da própolis verde (substância empregada no combate a microrganismos). Foto: Wikimedia Commons.
. As consequências do aumento das emissões de carbono na atmosfera podem ir muito além do aquecimento global e atingir até o desenvolvimento das plantas. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que altas concentrações de gás carbônico (CO2) no ar provocam alterações negativas no alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia) – planta nativa do Brasil também conhecida como vassourinha.
. Os cientistas buscam investigar os efeitos das mudanças na atmosfera sobre a biodiversidade. Para isso, decidiram verificar inicialmente se o alecrim-do-campo sofre alterações fisiológicas, químicas e ecológicas quando exposto a altas concentrações de CO2.
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/o0nx

Conflito de agendas

. Hoje pela manhã, a partir das 9 horas, reunião plenária do Comitê Estadual do PCdoB. Na pauta as eleições de outubro.
. No mesmo horário, homenagem a Gregório Bezerra na Câmara Municipal do Recife. O ex-vereador e dirigente municipal do PCdoB Audísio Costa representa o Partido.

Bom dia, Carlos Drummond de Andrade

Segredo


A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução?o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.

11 março 2010

Na agenda do PCdoB ato de apoio a Dilma

No Vermelho:
PCdoB convoca ato em apoio a Dilma; Renato destaca convergências

. A direção nacional do PCdoB realizará na tarde do dia 8 de abril no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, um ato político no qual vai comunicar a filiados e simpatizantes a indicação de apoio à pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Roussef. O presidente do Partido, Renato Rabelo, revelou que já vem conversando com a ministra da Casa Civil “há cerca de oito meses” e observou que há uma convergência de opiniões sobre muitos temas que estarão em pauta nas eleições.
. “Identificamos uma convergência muito grande de opiniões entre o PCdoB e Dilma”, sublinhou o dirigente comunista. “Para apoiar uma pré-candidatura, como é o caso, é indispensável uma plataforma clara com pontos de vista comuns. Essas conversas permitiram maior conhecimento mútuo e a revelação da identidade de objetivos.”
. Leia a matéria completa http://migre.me/nwTm

Castro Alves libertário

Blog O mundo Circundante, por Luis Carlos Monteiro:
CASTRO ALVES E O 14 DE MARÇO

. Castro Alves foi o poeta romântico brasileiro por excelência, reunindo qualidades de dândi, inteligência precoce e inclinação poderosa para a poesia. Nasceu de boa família baiana, na fazenda Cabaceiras, a 49 km da vila de Curralinho: o pai médico de prestígio na Bahia, Dr. Antônio José Alves, e a mãe D. Clélia Brasília da Silva Castro, dona-de-casa, com o que isso implicava no século XIX, tendo de cuidar de filhos, parentes próximos, aderentes e agregados.
. Orador entusiasmado, mas estudante mediano e boêmio, Castro Alves era, contudo, sensível às questões políticas do século 19. Adepto da República em oposição à Monarquia, combateu com veemência a exploração, o sujeitamento e a condição de mercadoria de troca que caracterizava os escravos, rusticamente leiloados pelos mercantilistas, capitães-do-mato, fazendeiros, políticos abastados e, não raro, gente da ordem religiosa.
. Os dois textos republicados abaixo são de 1997, comemorativos dos 150 anos do nascimento do poeta. O esboço biográfico apareceu na Revista Arrecifes, anos 2000/2001, com o mesmo título, “Breve roteiro biográfico de Castro Alves. A revista integra as publicações do Conselho Municipal de Cultura da Prefeitura do Recife. No ensaio crítico, que saiu no Suplemento Cultural da CEPE, ano X, março/1997, preservou-se também o mesmo título, mas obedecendo agora ao texto escrito originalmente pelo autor. Ambos publicados pelas mãos do escritor, jornalista e editor Mário Hélio. Em tributo ao poeta prematuramente falecido, o Dia Nacional da Poesia, comemorado anualmente em 14 de março, foi instituído para lembrar o dia do seu nascimento.
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/noOO 

Novela interminável

“Solta e agarra”, bom título para a novela estrelada por Serra e Jarbas tendo como enredo a dúvida atroz entre ir à luta ou recuar.

Minha coluna semanal no portal Vermelho

Ideologia, política e eleições

Luciano Siqueira

Recorrente em certos círculos a afirmação de que “no Brasil já não se fazem alianças ideológicas” nas eleições. E a coisa é dita não raro com certa empáfia por “cientistas políticos” sempre prontos a destilar diatribes contra os partidos políticos, sem considerar a história real. Nem a verdadeira natureza da conjugação de forças na peleja eleitoral.

No primeiro plano a crítica tem endereço certo: o PT e, em certa medida, o PCdoB. Partido dos Trabalhadores que esses críticos gostariam de ver isolado politicamente, como nos seus primeiros anos de existência, avesso a alianças mesmo à esquerda – o que fazia a alegria das elites reacionárias que o cultuavam como exemplo a ser seguido e como contraponto aos comunistas, praticantes amplas alianças.

Foi a partir da Frente Brasil Popular, em 1989, na primeira tentativa de Lula alcançar a presidência, que o PT começou a compreender a necessidade de alianças para viabilizar o projeto político nacional. Assim mesmo, no segundo turno daquele pleito, Lula recusou publicamente o apoio de Ulysses Guimarães por julgá-lo conservador – erro que o atual presidente veio a reconhecer posteriormente.

Mas há também um equívoco grosseiro ao se tratar de alianças políticas como questão ideológica. Pois que a ideologia como representação do modelo de sociedade pretendido por esta ou aquela classe ou segmento de classe, traduzida na base teórica de cada partido (socialismo, marxismo-leninismo – no caso de partidos comunistas) não é exatamente a variável que determina o arco das alianças. O que determina é a política.

Como dizia um dos que a manejaram como poucos, Lênin, a alma da política é a tática; e a essência da tática está na correlação de forças. Donde se depreende que a natureza e a amplitude das alianças entre partidos é mediada por uma plataforma imediata em torno da qual se considera possível unir aliados mais próximos, atrair outras forças suscetíveis de ser atraídas, neutralizar outros para isolar, enfraquecer e derrotar o inimigo principal. Partidos de projetos estratégicos distintos ou díspares, de inspiração ideológica completamente diferentes, podem eventualmente e no plano imediato, marchar juntos. A coalizão que hoje dá sustentação ao governo Lula, formada por quinze legendas partidárias é um exemplo emblemático.

Demais, não se registram em nossa história política e institucional, desde o Império e da República Velha ao do período que se sucedeu à Revolução de 30, coligações partidárias pautadas pela confluência de ideologias. Sempre se deram, aqui e mundo afora, em função de projetos políticos de curto e médio prazo, respeitada a ideologia de cada um.

09 março 2010

História: 9 de março de 1857

Vitória dos colonos rebelados da fazenda Ibicaba (Limeira, SP) contra a "nova escravidão". A Cia. Vergueiro cede em vários pontos. Inspira o 1º livro escrito por um trabalhador de nosso país, Memórias de um colono no Brasil, de Thomas Davatz. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

Brasil endurece comércio com EUA

. Está na Folha de S. Paulo de hoje. Uma série de produtos norte-americanos poderá ficar mais cara para o consumidor brasileiro daqui a 30 dias, prazo marcado para a entrada em vigor da retaliação comercial contra os Estados Unidos por causa dos subsídios concedidos pelo país aos produtores de algodão, prática que foi condenada pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
. Na lista de retaliação, publicada ontem no "Diário Oficial da União", foram incluídos 102 itens, que vão desde alimentos até automóveis. O objetivo é elevar o custo desses bens e, consequentemente, estimular a substituição pelo consumo de equivalentes nacionais ou importados de outros países.
. "Não esperamos um aumento de preços no mercado. Apenas os produtos americanos ficarão mais caros", explicou a secretária-executiva da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Lytha Spíndola. "Espera-se que ocorra um desvio de comércio para produtos de outros fornecedores", afirmou.
. Autoridades dos EUA, no entanto, ainda tentam negociar uma saída que evite que a retaliação seja colocada em prática, em abril. Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, encontrou-se em Brasília com o chanceler Celso Amorim para debater o assunto e hoje é a vez de o secretário de Comércio americano, Gary Locke, chegar ao país para buscar um acordo.
. Mas o governo brasileiro, apesar de seguir aberto ao diálogo, alega ainda não ter recebido proposta satisfatória. "Temos recebidos indicações em vários níveis políticos sobre negociação, mas nada concreto", afirmou o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey.
. Com a lista, o governo espera que os setores afetados pela medida pressionem o Congresso americano a retirar ao menos parte do subsídio ao algodão. A retaliação, que tem prazo de vigência de um ano, pode ser renovada enquanto os EUA continuarem a conceder incentivos ilegais e que distorcem o mercado mundial do produto.