Adivinhação rima com ciência?
Luciano Siqueira
Desde priscas eras seres humanos de diferentes culturas perseguem o desejo de prever o futuro. Seria uma beleza. Quem sabe pudéssemos evitar catástrofes – ou melhor nos prepararmos para enfrenta-las -, saber antecipadamente o time campeão em torneio duramente disputado e mesmo a sorte no amor.
De vez em quando surge alguém que se diz dotado de premonição, que não é exatamente a capacidade de adivinhar, mas chega perto; serve para “ler” em fatos fortuitos o “sinal” de que algo pode acontecer. E se o dito cujo estiver envolto numa aura de misticismo ou excentricidade, aí é que a coisa pega.
Quando vivia clandestino, junto com Luci, no sertão das Alagoas, à época do regime militar, passou por nossa cidade, Santana do Ipanema, frei Damião. Tido como santo, desde o meio da madrugada a comandar procissões, tinha também a fama de “ler” o pensamento dos fiéis e antecipar o futuro. Pior: quem fosse ao confessionário e ocultasse algum pecado (não apenas atos, mas também maus pensamentos) pagaria caríssimo: repreensão em regra, em voz alta para que todos ouvissem, e a penitência de incontáveis Pai Nossos e Ave Marias.
Complicada essa coisa de adivinhar e prever. E polêmica. Um ex-professor de Harvard, hoje professor emérito de psicologia social da Universidade Cornell, em Nova York, Daryl J. Bem, divulgou artigo no prestigiado "Journal of Personality and Social Psychology" dando conta de um estudo feito com 1.100 voluntários que tentaram adivinhar o futuro. Percepção extrassensorial (PES) é o atributo desses voluntários, isto é, a capacidade de pressentir o que está para acontecer.
Causou a maior balbúrdia. Cientistas de diversos naipes protestaram veementemente contra o que lhes parece ser a vulgarização da ciência – eufemismo para charlatanice. Ou as duas coisas, pois os tais voluntários fizeram mesmo foi dar palpites sobre se uma fotografia vai aparecer do lado esquerdo ou direito da tela do computador ou descobrir onde está a imagem erótica (sic). Quem acertou mais vezes ganhou o status de dotado de premonição.
Sei não, o problema foge em muito à minha compreensão, mas que valeria a pena selecionar uma turma dessas e submete-la a uma agenda de previsões de acontecimentos importantes para a vida de todos nós. Numa lista se anotaria as coisas boas que estão para acontecer, noutra as coisas ruins. E se constituiria um fórum internacional destinado a indicar as providências necessárias que para vingassem só as boas, evitando-se ou amainando-se ao máximo possível as consequências das coisas ruins.
Mudaria algo? Muito pouco, talvez. O acirramento das contradições sociais, por exemplo, poderiam ser previstas – mas aí uns tratariam de aproveitá-las em favor da ruptura com status quo, enquanto outros cuidariam de preservar seus privilégios e interesses. Donde o polêmico pesquisador ianque poderia concluir: há premonição, sim; porém nada impede que a roda da História se mova.
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 janeiro 2011
Tarefa de quem?
. Absolutamente sem sentido cobrar de Dilma a reforma política. A tarefa é do Congresso Nacional e a matéria se mantém travada pelos grandes partidos.
. Por que não se dá sequencia ao que já se produziu na Câmara e no Senado?
. Cadê a tal reclamada independência do Legislativo?
. Por que não se dá sequencia ao que já se produziu na Câmara e no Senado?
. Cadê a tal reclamada independência do Legislativo?
30 janeiro 2011
Salário mínimo: Centrais Sindicais X Dilma
Salário mínimo: o outro lado da moeda
Por Wagner Gomes
Publicado na Agência Sindical http://twixar.com/RjkqL5y
O governo da presidente Dilma Rousseff convive em seus primeiros dias com duas “verdades” que soam como absolutas, embora uma delas esteja muito distante dessa definição. A primeira mostra que é preciso cortar os gastos públicos, como forma de se conter a inflação e colocar as contas do governo federal nos eixos; a outra evoca o fato de que a política de valorização do salário mínimo foi uma das responsáveis pelo bom momento econômico vivido pelo Brasil, a despeito da crise internacional que ainda assombra diversos países.
Diante de tais “dogmas”, como deveria agir o governo recém-instalado no Palácio do Planalto para definir o valor do salário mínimo para 2011? Por que interromper a política iniciada durante o governo Lula? Por que a falta de diálogo com a classe trabalhadora em torno dessa questão?
A imprensa vem noticiando nos últimos dias que as centrais sindicais têm sido muito duras com o novo governo, mas não é esse o ponto crucial do debate. O fato é que a proposta de reajuste para R$ 545,00 está na contramão daquilo que foi colocado em prática – com sucesso – nos últimos anos. É frustrante acompanhar o ressurgimento da tese de que os salários deterioram as contas públicas, especialmente porque esse ideário não fez parte do programa com o qual a presidente Dilma foi eleita – ao contrário, fazia parte do discurso da oposição.
Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstram que 47 milhões de pessoas são diretamente beneficiadas pelo aumento do salário mínimo. É nesse universo que está um dos principais pilares de sustentação do crescimento da economia brasileira, responsável pelas excelentes perspectivas para o curto, médio e longo prazos do país.
Setores do governo argumentam que o reajuste para R$ 545,00 corresponde ao valor acordado com as centrais sindicais, a partir da fórmula que utiliza a variação do Produto Interno Bruto e a inflação anual. Esse é um viés bastante discutível, pois não é essa a expectativa criada por um governo comprometido com o desenvolvimento do país. O PIB negativo de 2009 foi um ponto fora da curva, que não pode servir de pretexto para interromper o ciclo de crescimento real dos salários.
Essa discussão não pode ser encerrada por meio de uma medida provisória, conforme demonstra a equipe econômica do novo governo. É preciso mais diálogo com a sociedade e com os movimentos sociais em geral. Se as centrais sindicais hoje pressionam por um reajuste maior do salário mínimo, isso é mero reflexo do que anseia a classe trabalhadora do país, setor que apoiou em massa a continuidade do projeto iniciado pelo presidente Lula e viu em Dilma Rousseff a líder ideal para conduzir o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento.
Wagner Gomes é presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Por Wagner Gomes
Publicado na Agência Sindical http://twixar.com/RjkqL5y
O governo da presidente Dilma Rousseff convive em seus primeiros dias com duas “verdades” que soam como absolutas, embora uma delas esteja muito distante dessa definição. A primeira mostra que é preciso cortar os gastos públicos, como forma de se conter a inflação e colocar as contas do governo federal nos eixos; a outra evoca o fato de que a política de valorização do salário mínimo foi uma das responsáveis pelo bom momento econômico vivido pelo Brasil, a despeito da crise internacional que ainda assombra diversos países.
Diante de tais “dogmas”, como deveria agir o governo recém-instalado no Palácio do Planalto para definir o valor do salário mínimo para 2011? Por que interromper a política iniciada durante o governo Lula? Por que a falta de diálogo com a classe trabalhadora em torno dessa questão?
A imprensa vem noticiando nos últimos dias que as centrais sindicais têm sido muito duras com o novo governo, mas não é esse o ponto crucial do debate. O fato é que a proposta de reajuste para R$ 545,00 está na contramão daquilo que foi colocado em prática – com sucesso – nos últimos anos. É frustrante acompanhar o ressurgimento da tese de que os salários deterioram as contas públicas, especialmente porque esse ideário não fez parte do programa com o qual a presidente Dilma foi eleita – ao contrário, fazia parte do discurso da oposição.
Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) demonstram que 47 milhões de pessoas são diretamente beneficiadas pelo aumento do salário mínimo. É nesse universo que está um dos principais pilares de sustentação do crescimento da economia brasileira, responsável pelas excelentes perspectivas para o curto, médio e longo prazos do país.
Setores do governo argumentam que o reajuste para R$ 545,00 corresponde ao valor acordado com as centrais sindicais, a partir da fórmula que utiliza a variação do Produto Interno Bruto e a inflação anual. Esse é um viés bastante discutível, pois não é essa a expectativa criada por um governo comprometido com o desenvolvimento do país. O PIB negativo de 2009 foi um ponto fora da curva, que não pode servir de pretexto para interromper o ciclo de crescimento real dos salários.
Essa discussão não pode ser encerrada por meio de uma medida provisória, conforme demonstra a equipe econômica do novo governo. É preciso mais diálogo com a sociedade e com os movimentos sociais em geral. Se as centrais sindicais hoje pressionam por um reajuste maior do salário mínimo, isso é mero reflexo do que anseia a classe trabalhadora do país, setor que apoiou em massa a continuidade do projeto iniciado pelo presidente Lula e viu em Dilma Rousseff a líder ideal para conduzir o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento.
Wagner Gomes é presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Livre para voar
A sugestão de domingo é de Geraldo Azevedo e Carlos Fernando: “Quero ver você voando, quero ouvir você cantando/Quero paz no coração”.
ProUni ainda tem vagas
. O Programa Universidade para Todos (ProUni) inscreveu este ano um número recorde de estudantes: mais de 1 milhão.
. Mas ainda há bolsas disponíveis. Para o primeiro semestre de 2011, a oferta foi de 123 mil bolsas, mas 117,6 mil estudantes foram convocados em primeira chamada para preenchê-las. Há ociosidade de 4% do total.
. Mas para que o estudante se habilite, devem comprovar que atendem aos critérios de renda exigidos pelo programa.
. O ProUni oferece bolsas de estudo para ex-alunos de escola pública que tenham bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para conseguir o benefício integral, o candidato precisa ter renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo. No caso das bolsas parciais, que custeiam 50% das mensalidades, a renda por pessoa pode deve ser de até 3 salários mínimos. Até o ano passado, 748 mil estudantes tiveram acesso a uma bolsa do programa.
. Mas ainda há bolsas disponíveis. Para o primeiro semestre de 2011, a oferta foi de 123 mil bolsas, mas 117,6 mil estudantes foram convocados em primeira chamada para preenchê-las. Há ociosidade de 4% do total.
. Mas para que o estudante se habilite, devem comprovar que atendem aos critérios de renda exigidos pelo programa.
. O ProUni oferece bolsas de estudo para ex-alunos de escola pública que tenham bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para conseguir o benefício integral, o candidato precisa ter renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo. No caso das bolsas parciais, que custeiam 50% das mensalidades, a renda por pessoa pode deve ser de até 3 salários mínimos. Até o ano passado, 748 mil estudantes tiveram acesso a uma bolsa do programa.
29 janeiro 2011
Bom dia, Francisco Miguel Duarte
Não cultives a fraqueza
Vive o fraco na fraqueza
o bom na sua bondade
vive o firme na firmeza
lutando por liberdade.
Não cultives a fraqueza,
procura sempre ser forte,
que o homem que tem firmeza
não se rende nem à morte.
Educa a tua vontade
faz-te firme: em decisões,
que não terá liberdade
quem não fizer revoluções.
Se queres o mundo melhor
vem cá pôr a tua pedra,
quem da luta fica fora
neste jogo nunca medra.
Vive o fraco na fraqueza
o bom na sua bondade
vive o firme na firmeza
lutando por liberdade.
Não cultives a fraqueza,
procura sempre ser forte,
que o homem que tem firmeza
não se rende nem à morte.
Educa a tua vontade
faz-te firme: em decisões,
que não terá liberdade
quem não fizer revoluções.
Se queres o mundo melhor
vem cá pôr a tua pedra,
quem da luta fica fora
neste jogo nunca medra.
Física e neurociência: uma parceria virtuosa
Ciência Hoje Online:
. Uso de recursos ópticos para observar ou desencadear processos biológicos em nível celular tem se mostrado um método promissor na análise e recuperação funcional de circuitos neuronais. Carlos Alberto dos Santos apresenta os avanços nessa área de pesquisa.
. Parece até provocação, mas é uma extraordinária coincidência que, na estreia do jovem e renomado neurocientista Stevens Kastrup Rehen aqui na CH On-line, um físico, neófito até a raiz do cabelo na área do prof. Rehen, cometa o desatino de falar sobre optogenética, um método que aplica recursos da física em estudos biológicos, em especial, os de neurociência.
. Optogenética é uma técnica de investigação da genética que usa recursos ópticos e que foi escolhida pelos editores da revista Nature Methods como o método do ano de 2010.
. Desde a época de Galileu Galilei (1564-1642), aumentar a capacidade visual na pesquisa científica – o que pode ser feito por meio de recursos ópticos – tem sido uma busca incessante por parte dos pesquisadores.
. Leia a matéria completa http://twixar.com/FOc6
. Uso de recursos ópticos para observar ou desencadear processos biológicos em nível celular tem se mostrado um método promissor na análise e recuperação funcional de circuitos neuronais. Carlos Alberto dos Santos apresenta os avanços nessa área de pesquisa.
. Parece até provocação, mas é uma extraordinária coincidência que, na estreia do jovem e renomado neurocientista Stevens Kastrup Rehen aqui na CH On-line, um físico, neófito até a raiz do cabelo na área do prof. Rehen, cometa o desatino de falar sobre optogenética, um método que aplica recursos da física em estudos biológicos, em especial, os de neurociência.
. Optogenética é uma técnica de investigação da genética que usa recursos ópticos e que foi escolhida pelos editores da revista Nature Methods como o método do ano de 2010.
. Desde a época de Galileu Galilei (1564-1642), aumentar a capacidade visual na pesquisa científica – o que pode ser feito por meio de recursos ópticos – tem sido uma busca incessante por parte dos pesquisadores.
. Leia a matéria completa http://twixar.com/FOc6
Declarações minhas no Jornal do Commercio de hoje
Siqueira lastima briga entre Joões
por Gabriela Bezerra
Convivendo entre os “Joões” durante oito anos – tempo em que foi vice-prefeito do Recife –, o deputado estadual eleito Luciano Siqueira (PCdoB) acredita que a cisão entre João Paulo (PT) e João da Costa (PT) representa “um contraste com a situação política do Estado e da Frente Popular hoje”. Além de se dizer surpreso com o rompimento entre criador e criatura, Luciano torce para que as divergências sejam solucionadas. Sobre o pleito do próximo ano, que poderia trazer os antigos aliados como rivais nas urnas, Luciano foi cauteloso e não quis antecipar o debate. “A antecipação só prejudica a Frente Popular e a gestão de João da Costa.”
Mesmo sem querer adentrar na briga interna do partido alheio, Luciano deixa claro que lastima, assim como o PCdoB, essa divisão. “Sou testemunha de que durante sete anos e meio o atual prefeito foi um colaborador muito próximo de João Paulo numa relação de muita confiança. É ruim que os dois não estejam se entendendo”, comenta. Ele também avalia bem a gestão de João da Costa, que “mesmo enfrentando dificuldades de saúde, conseguiu acumular um conjunto de realizações importantes, trabalhando com um programa de governo correto”.
Há mais de 20 anos, Luciano nutre uma relação muito próxima com João Paulo e garante que a única preocupação do aliado é com o mandato que terá início no dia 1º de fevereiro. Numa votação expressiva – quase 265 mil votos –, o ex-prefeito conquistou uma vaga na Câmara Federal na última eleição. “Isso (de que João Paulo quer voltar para a Prefeitura) está mais no noticiário do que na pauta dele. João Paulo está muito tranquilo e muito motivado para assumir a nova tarefa”, garante.
Sobre uma possível migração de João Paulo para o PCdoB, especulada a partir da declaração do presidente nacional do partido, Renato Rabelo, de que a sigla receberia o ex-prefeito com grande alegria, Luciano é categórico: “O convite nunca existiu, inclusive porque João Paulo pertence a um partido-irmão. Seria inadequado e constrangedor”. Ele fez um paralelo da situação com o caso do deputado estadual Nelson Pereira (PCdoB), que se desligou do PT e ingressou no PCdoB em 2001. “Só fizemos o convite quando a possibilidade de Nelson Pereira permanecer no PT se esgotou e ele saiu do partido.” Para Luciano os problemas enfrentados por João Paulo no PT ainda não se resolveram, nem para a unidade nem para o esgotamento.
por Gabriela Bezerra
Convivendo entre os “Joões” durante oito anos – tempo em que foi vice-prefeito do Recife –, o deputado estadual eleito Luciano Siqueira (PCdoB) acredita que a cisão entre João Paulo (PT) e João da Costa (PT) representa “um contraste com a situação política do Estado e da Frente Popular hoje”. Além de se dizer surpreso com o rompimento entre criador e criatura, Luciano torce para que as divergências sejam solucionadas. Sobre o pleito do próximo ano, que poderia trazer os antigos aliados como rivais nas urnas, Luciano foi cauteloso e não quis antecipar o debate. “A antecipação só prejudica a Frente Popular e a gestão de João da Costa.”
Mesmo sem querer adentrar na briga interna do partido alheio, Luciano deixa claro que lastima, assim como o PCdoB, essa divisão. “Sou testemunha de que durante sete anos e meio o atual prefeito foi um colaborador muito próximo de João Paulo numa relação de muita confiança. É ruim que os dois não estejam se entendendo”, comenta. Ele também avalia bem a gestão de João da Costa, que “mesmo enfrentando dificuldades de saúde, conseguiu acumular um conjunto de realizações importantes, trabalhando com um programa de governo correto”.
Há mais de 20 anos, Luciano nutre uma relação muito próxima com João Paulo e garante que a única preocupação do aliado é com o mandato que terá início no dia 1º de fevereiro. Numa votação expressiva – quase 265 mil votos –, o ex-prefeito conquistou uma vaga na Câmara Federal na última eleição. “Isso (de que João Paulo quer voltar para a Prefeitura) está mais no noticiário do que na pauta dele. João Paulo está muito tranquilo e muito motivado para assumir a nova tarefa”, garante.
Sobre uma possível migração de João Paulo para o PCdoB, especulada a partir da declaração do presidente nacional do partido, Renato Rabelo, de que a sigla receberia o ex-prefeito com grande alegria, Luciano é categórico: “O convite nunca existiu, inclusive porque João Paulo pertence a um partido-irmão. Seria inadequado e constrangedor”. Ele fez um paralelo da situação com o caso do deputado estadual Nelson Pereira (PCdoB), que se desligou do PT e ingressou no PCdoB em 2001. “Só fizemos o convite quando a possibilidade de Nelson Pereira permanecer no PT se esgotou e ele saiu do partido.” Para Luciano os problemas enfrentados por João Paulo no PT ainda não se resolveram, nem para a unidade nem para o esgotamento.
A prosa poética de Virgínia Barros
Noites sem fim
Por Virginia Barros em seu Blog Entre tantos loucos e livres http://twixar.com/4l3sZEu
Guardo em mim noites sem fim. Poderia sair catando nas esquinas da Rua da Moeda e da Praça do Arsenal pedacinhos de lembranças que falem de gestos, falem de frevo, falem de uma alegria qualquer. Em cada um dos incontáveis detalhes do Bairro do Recife, há um instante crucial de minha vida. Guardo em mim noites sem fim, portanto.
Mas as noites que mais me perseguem nestes dias recentes são as que não consigo catar nessas bandas próximas ao Equador. São essas lembranças que me fazem sentir presa nas pontes do Capibaribe, que sempre me foi liberdade. Se voltar não é possível, resta seguir adiante tentando controlar aquilo que me escapa pelas bordas. Sobre as noites que não têm fim, eu guardo profundidade.
Entre lembranças de toques provocados e olhares desviados, busco pistas de prudência para não me iludir com felicidade de precipitação e risco. Agora, já na noite mais tardia do norte, enxergo qualquer coisa de boniteza naqueles poucos momentos no sul que, de tão ligeiros, ainda fazem minhas horas passarem bem devagarinho, arrastadas pela ansiedade.
Camarada, uma noite não acaba nunca quando já passa das 7 e você não quer ir para casa. Ela continua viva, neste cenário de luzes brandas e músicas invisíveis...
Por Virginia Barros em seu Blog Entre tantos loucos e livres http://twixar.com/4l3sZEu
Guardo em mim noites sem fim. Poderia sair catando nas esquinas da Rua da Moeda e da Praça do Arsenal pedacinhos de lembranças que falem de gestos, falem de frevo, falem de uma alegria qualquer. Em cada um dos incontáveis detalhes do Bairro do Recife, há um instante crucial de minha vida. Guardo em mim noites sem fim, portanto.
Mas as noites que mais me perseguem nestes dias recentes são as que não consigo catar nessas bandas próximas ao Equador. São essas lembranças que me fazem sentir presa nas pontes do Capibaribe, que sempre me foi liberdade. Se voltar não é possível, resta seguir adiante tentando controlar aquilo que me escapa pelas bordas. Sobre as noites que não têm fim, eu guardo profundidade.
Entre lembranças de toques provocados e olhares desviados, busco pistas de prudência para não me iludir com felicidade de precipitação e risco. Agora, já na noite mais tardia do norte, enxergo qualquer coisa de boniteza naqueles poucos momentos no sul que, de tão ligeiros, ainda fazem minhas horas passarem bem devagarinho, arrastadas pela ansiedade.
Camarada, uma noite não acaba nunca quando já passa das 7 e você não quer ir para casa. Ela continua viva, neste cenário de luzes brandas e músicas invisíveis...
Viver a vida
A dica de sábado é de Gonzaguinha: “Somos nós que fazemos a vida/Como der ou puder ou quiser.”
PCdoB se opõe a ajuste fiscal e propõe reformas estruturais
. A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil reuniu-se nesta sexta-feira (28) em São Paulo para atualizar as linhas de atuação no período inicial do governo da presidente Dilma Rousseff e iniciar um debate sobre o reforço do caráter da legenda, como um partido comunista, com projeto socialista claro para o Brasil e de luta pelos direitos do povo brasileiro.
. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, destacou na fala de abertura que o novo governo se instalou quando "o mundo vive um momento instável, marcado por profundos desequilíbrios e crise sistêmica do capitalismo”. Nesse quadro, referiu-se ao papel das economias dos países em desenvolvimento, do Bric, da China e do comércio Sul-Sul, como escoadouros mais naturais das mercadorias brasileiras.
. O cenário nacional, por sua vez, na opinião do dirigente, é favorável, mas com grandes desafios a enfrentar. Na política, o de manter unida a ampla coalizão e o apoio da base social; na economia, o de manter e elevar a taxa média de crescimento econômico do país; no aspecto social, o de prosseguir a distribuição da renda e, sobretudo, realizar a meta principal anunciada pela presidente de erradicar a miséria.
. Referindo-se às novas exigências da situação nacional, do ponto de vista dos comunistas, o presidente do PCdoB levantou duas ordens de questões: em primeiro lugar a solução urgente de problemas cruciais imediatos e em segundo lugar, a necessidade de preparar e realizar reformas estruturais.
Oposição ao ajuste - Quanto à primeira ordem de questões, o presidente do PCdoB foi enfático: “A alta dos juros não pode continuar sendo a única saída para combater a inflação”. Ele também criticou que até agora a equipe econômica não foi capaz de reverter a tendência de sobrevalorização da moeda brasileira, com grande prejuízo para a economia nacional. Destacou também que vê com preocupação que o Brasil, ao invés de intensificar sua transformação em país industrializado, com alto padrão tecnológico, permanece ainda marcando passo na condição de exportador de commodities agrícolas e minerais.
. Rabelo criticou duramente as pressões do imperialismo, através do FMI, das classes dominantes, das forças políticas derrotadas nas últimas eleições e da mídia, para que o governo promova um ajuste fiscal que, em sua opinião, “é o caminho mais curto para o país deixar de crescer e entrar em recessão”. Nesse aspecto, o dirigente comunista foi ainda mais enérgico: “Estamos em oposição a tais diretrizes”.
. Para ele, “nas definições sobre esses problemas, estão em jogo disputas políticas de grande envergadura, que podem definir o rumo e o caráter do governo Dilma, pressupondo-se que o enfrentamento dos problemas do país suscitará intensa luta de ideias e opiniões dentro e fora do governo, na qual obviamente os comunistas têm inteira liberdade de crítica”.
. De conformidade com a linha política e programática do partido, Rabelo reafirmou que “é preciso resolver os grandes problemas nacionais na ótica da soberania nacional, da democracia e do avanço social”.
. Como medidas econômicas imediatas, o presidente do PCdoB propôs o estabelecimento de limites e prazos para a entrada e saída de capitais, mais precisamente o controle dos fluxos de capitais; a adoção de algum controle nas remessas de lucros e dividendos para o exterior; a redução da taxa real de juros; o aumento da taxa de investimentos; a elevação real do salário mínimo e o fomento ao consumo de massas. Para ele, se essas medidas não forem tomadas, “o Brasil será sempre atrativo para os especuladores e não sairá do círculo vicioso e perverso do combate à inflação com juros altos e câmbio valorizado”. Essas medidas, em seu conjunto, fazem parte de um esforço para “redirecionar a política macroeconômica”, o que ainda não foi feito devido “aos inarredáveis compromissos com os setores dominantes”.
Reformas estruturais - A segunda ordem de questões diz respeito aos temas cruciais para fazer o Brasil avançar e dar um salto em seu desenvolvimento econômico e progresso social: as reformas estruturais, “sobre as quais o governo nada disse ainda, se vai empreendê-las ou mesmo se estão em seu horizonte”. Na concepção do dirigente comunista, “são reformas estruturais democráticas”.
. Citou as mais urgentes: reforma do sistema financeiro para reverter a lógica rentista e favorecer a lógica produtiva; reforma tributária progressiva; reforma urbana; reforma agrária, fortalecendo os pequenos e médios empreendimentos e a agricultura familiar; reforma política e democratização dos meios de comunicação.
Hegemonismo petista - O presidente do PCdoB analisou a conjuntura política em que se constituiu o governo, o balanço de forças no Ministério e no Congresso - destacando que o quadro político é marcado pela hegemonia do PT e por uma aliança básica deste com o PMDB. Da aliança, lembrou, participam também, em posição inferior, outros partidos de esquerda, mas também um amplo espectro de forças de centro.
. Para Rabelo, “é preciso instar o PT a concretizar o projeto nacional e democrático de maneira conseqüente”. Mas a questão fundamental a resolver para avançar no rumo democrático, de fortalecimento da soberania nacional e progressista, é “constituir uma maioria de esquerda no Congresso Nacional”.
Fortalecimento do PCdoB - É nesse quadro que avulta a importância de fortalecer o Partido Comunista do Brasil. “O PCdoB deve sustentar sua identidade, demarcando claramente as suas fronteiras políticas e ideológicas, em combinação com sua necessária atualização nas condições da época, ousar na formulação e aplicação de uma tática ampla e flexível e ousar lutar”, disse o líder do PCdoB.
. Nesse sentido, Rabelo propôs cinco eixos para a atividade partidária no curto prazo: 1) Construir o projeto político-eleitoral para 2012 para avançar na acumulação eleitoral do PCdoB; 2) Mobilizar o movimento social e popular, na defesa dos anseios das massas, em conjunção com a luta política em curso no país por avanços de caráter nacional, democrático e popular; 3) Defender o Programa do PCdoB e se orientar por ele; 4) Organizar e mobilizar o partido pela base e 5) Fortalecer materialmente o partido.
. Durante intervalo da reunião, Renato Rabelo aproveitou para debater com internautas, via Twitcam, a conjuntura política nacional.
Da redação, com informações da Secretaria de Comunicação do PCdoB
. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, destacou na fala de abertura que o novo governo se instalou quando "o mundo vive um momento instável, marcado por profundos desequilíbrios e crise sistêmica do capitalismo”. Nesse quadro, referiu-se ao papel das economias dos países em desenvolvimento, do Bric, da China e do comércio Sul-Sul, como escoadouros mais naturais das mercadorias brasileiras.
. O cenário nacional, por sua vez, na opinião do dirigente, é favorável, mas com grandes desafios a enfrentar. Na política, o de manter unida a ampla coalizão e o apoio da base social; na economia, o de manter e elevar a taxa média de crescimento econômico do país; no aspecto social, o de prosseguir a distribuição da renda e, sobretudo, realizar a meta principal anunciada pela presidente de erradicar a miséria.
. Referindo-se às novas exigências da situação nacional, do ponto de vista dos comunistas, o presidente do PCdoB levantou duas ordens de questões: em primeiro lugar a solução urgente de problemas cruciais imediatos e em segundo lugar, a necessidade de preparar e realizar reformas estruturais.
Oposição ao ajuste - Quanto à primeira ordem de questões, o presidente do PCdoB foi enfático: “A alta dos juros não pode continuar sendo a única saída para combater a inflação”. Ele também criticou que até agora a equipe econômica não foi capaz de reverter a tendência de sobrevalorização da moeda brasileira, com grande prejuízo para a economia nacional. Destacou também que vê com preocupação que o Brasil, ao invés de intensificar sua transformação em país industrializado, com alto padrão tecnológico, permanece ainda marcando passo na condição de exportador de commodities agrícolas e minerais.
. Rabelo criticou duramente as pressões do imperialismo, através do FMI, das classes dominantes, das forças políticas derrotadas nas últimas eleições e da mídia, para que o governo promova um ajuste fiscal que, em sua opinião, “é o caminho mais curto para o país deixar de crescer e entrar em recessão”. Nesse aspecto, o dirigente comunista foi ainda mais enérgico: “Estamos em oposição a tais diretrizes”.
. Para ele, “nas definições sobre esses problemas, estão em jogo disputas políticas de grande envergadura, que podem definir o rumo e o caráter do governo Dilma, pressupondo-se que o enfrentamento dos problemas do país suscitará intensa luta de ideias e opiniões dentro e fora do governo, na qual obviamente os comunistas têm inteira liberdade de crítica”.
. De conformidade com a linha política e programática do partido, Rabelo reafirmou que “é preciso resolver os grandes problemas nacionais na ótica da soberania nacional, da democracia e do avanço social”.
. Como medidas econômicas imediatas, o presidente do PCdoB propôs o estabelecimento de limites e prazos para a entrada e saída de capitais, mais precisamente o controle dos fluxos de capitais; a adoção de algum controle nas remessas de lucros e dividendos para o exterior; a redução da taxa real de juros; o aumento da taxa de investimentos; a elevação real do salário mínimo e o fomento ao consumo de massas. Para ele, se essas medidas não forem tomadas, “o Brasil será sempre atrativo para os especuladores e não sairá do círculo vicioso e perverso do combate à inflação com juros altos e câmbio valorizado”. Essas medidas, em seu conjunto, fazem parte de um esforço para “redirecionar a política macroeconômica”, o que ainda não foi feito devido “aos inarredáveis compromissos com os setores dominantes”.
Reformas estruturais - A segunda ordem de questões diz respeito aos temas cruciais para fazer o Brasil avançar e dar um salto em seu desenvolvimento econômico e progresso social: as reformas estruturais, “sobre as quais o governo nada disse ainda, se vai empreendê-las ou mesmo se estão em seu horizonte”. Na concepção do dirigente comunista, “são reformas estruturais democráticas”.
. Citou as mais urgentes: reforma do sistema financeiro para reverter a lógica rentista e favorecer a lógica produtiva; reforma tributária progressiva; reforma urbana; reforma agrária, fortalecendo os pequenos e médios empreendimentos e a agricultura familiar; reforma política e democratização dos meios de comunicação.
Hegemonismo petista - O presidente do PCdoB analisou a conjuntura política em que se constituiu o governo, o balanço de forças no Ministério e no Congresso - destacando que o quadro político é marcado pela hegemonia do PT e por uma aliança básica deste com o PMDB. Da aliança, lembrou, participam também, em posição inferior, outros partidos de esquerda, mas também um amplo espectro de forças de centro.
. Para Rabelo, “é preciso instar o PT a concretizar o projeto nacional e democrático de maneira conseqüente”. Mas a questão fundamental a resolver para avançar no rumo democrático, de fortalecimento da soberania nacional e progressista, é “constituir uma maioria de esquerda no Congresso Nacional”.
Fortalecimento do PCdoB - É nesse quadro que avulta a importância de fortalecer o Partido Comunista do Brasil. “O PCdoB deve sustentar sua identidade, demarcando claramente as suas fronteiras políticas e ideológicas, em combinação com sua necessária atualização nas condições da época, ousar na formulação e aplicação de uma tática ampla e flexível e ousar lutar”, disse o líder do PCdoB.
. Nesse sentido, Rabelo propôs cinco eixos para a atividade partidária no curto prazo: 1) Construir o projeto político-eleitoral para 2012 para avançar na acumulação eleitoral do PCdoB; 2) Mobilizar o movimento social e popular, na defesa dos anseios das massas, em conjunção com a luta política em curso no país por avanços de caráter nacional, democrático e popular; 3) Defender o Programa do PCdoB e se orientar por ele; 4) Organizar e mobilizar o partido pela base e 5) Fortalecer materialmente o partido.
. Durante intervalo da reunião, Renato Rabelo aproveitou para debater com internautas, via Twitcam, a conjuntura política nacional.
Da redação, com informações da Secretaria de Comunicação do PCdoB
28 janeiro 2011
Sinpro PE e Centro Morais Fono lançam campanha de saúde vocal
No JC Online:
. Os distúrbios da voz são apontados por especialistas como um dos principais problemas diagnosticados em professores. Pensando nisso, o Sindicato dos Professores de Pernambuco – Sinpro PE - e o Centro Morais Fono firmaram uma parceria para divulgar o Programa de Saúde Vocal para professores do Estado.
. Professores sindicalizados terão descontos de 20% no Curso Prático-Teórico ‘Programa de Saúde Vocal’, oferecido pela Morais Fono, além de outros abatimentos em quaisquer serviços fonoaudiológicos oferecidos, como capacitações pedagógicas e serviços clínicos de habilitação e reabilitação da comunicação.
. A campanha também inclui a distribuição de cartilhas educacionais e garrafinhas nas salas de aulas de escolas e universidades a partir de fevereiro.
. Os distúrbios da voz são apontados por especialistas como um dos principais problemas diagnosticados em professores. Pensando nisso, o Sindicato dos Professores de Pernambuco – Sinpro PE - e o Centro Morais Fono firmaram uma parceria para divulgar o Programa de Saúde Vocal para professores do Estado.
. Professores sindicalizados terão descontos de 20% no Curso Prático-Teórico ‘Programa de Saúde Vocal’, oferecido pela Morais Fono, além de outros abatimentos em quaisquer serviços fonoaudiológicos oferecidos, como capacitações pedagógicas e serviços clínicos de habilitação e reabilitação da comunicação.
. A campanha também inclui a distribuição de cartilhas educacionais e garrafinhas nas salas de aulas de escolas e universidades a partir de fevereiro.
Professores terão descontos nos cursos da Fafire
No JC Online:
. Uma parceria firmada entre Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro PE) e Faculdade Frassinete do Recife (Fafire) irá beneficiar professores interessados em incrementar a formação profissional. O acordo oferece descontos variados (entre 20% e 40%) nas mensalidades dos cursos de Administração, Ciências Biológicas, Letras, Pedagogia, Psicologia e Turismo. O beneficiado também ficará isento da taxa de inscrição vestibular.
. O abatimento será de 20% com até 10 alunos matriculados na turma, cresce para 30% caso haja entre 10 e 20 inscritos, 35% entre 20 e 30; e 40% de desconto para as classes que cheguem a 40 matriculados pelo convênio.
. Para usufruir do abatimento, o interessado deve ser filiado ou dependente de sócio do Sinpro PE e comparecer à sede da entidade, localizada na Rua Almeida Cunha, número 65, no bairro da Boa Vista, no Recife.
. Uma parceria firmada entre Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro PE) e Faculdade Frassinete do Recife (Fafire) irá beneficiar professores interessados em incrementar a formação profissional. O acordo oferece descontos variados (entre 20% e 40%) nas mensalidades dos cursos de Administração, Ciências Biológicas, Letras, Pedagogia, Psicologia e Turismo. O beneficiado também ficará isento da taxa de inscrição vestibular.
. O abatimento será de 20% com até 10 alunos matriculados na turma, cresce para 30% caso haja entre 10 e 20 inscritos, 35% entre 20 e 30; e 40% de desconto para as classes que cheguem a 40 matriculados pelo convênio.
. Para usufruir do abatimento, o interessado deve ser filiado ou dependente de sócio do Sinpro PE e comparecer à sede da entidade, localizada na Rua Almeida Cunha, número 65, no bairro da Boa Vista, no Recife.
História: 28 de janeiro de 1943
Manifestação da UNE, no Rio, pelo ingresso do Brasil na 2ª Guerra. Graças à pressão popular, o Brasil será o único país latino-americano presente no campo de batalha para vencer o nazismo. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).
Bom dia, Thiago de Mello
As ensinanças da dúvida
Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.
Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.
Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor.
Tive um chão (mas já faz tempo)
todo feito de certezas
tão duras como lajedos.
Agora (o tempo é que fez)
tenho um caminho de barro
umedecido de dúvidas.
Mas nele (devagar vou)
me cresce funda a certeza
de que vale a pena o amor.
27 janeiro 2011
Tiro incerto
. Em resposta a mensagem de João Paulo Lima e Silva Filho, o Jampa, filho do nosso ex-prefeito João Paulo, postei no Twitter: "Ambição, amigo @Jampa2010, não tem limites - desde que se assente a militância em compromissos estratégicos com a Nação e o povo."
. Isso em tese. De maneira genérica. Mas vejo que em matéria do Diário de Pernambuco de hoje sobre a polêmica entre o ex-prefeito e o atual prefeito, João da Costa, meu comentário foi incluído como se fizesse parte de um “twitasso” de solidariedade a João Paulo.
. Interpretação equivocada do repórter.
. Minha postura é de equidistância, pois se trata de contradições no interior do PT e não cabe a nenhum de nós, integrantes dos partidos aliados, tomar partido. Antes cabe, sim, desejar que o PT se uma e assim fortaleça mais ainda a Frente Popular.
. Isso em tese. De maneira genérica. Mas vejo que em matéria do Diário de Pernambuco de hoje sobre a polêmica entre o ex-prefeito e o atual prefeito, João da Costa, meu comentário foi incluído como se fizesse parte de um “twitasso” de solidariedade a João Paulo.
. Interpretação equivocada do repórter.
. Minha postura é de equidistância, pois se trata de contradições no interior do PT e não cabe a nenhum de nós, integrantes dos partidos aliados, tomar partido. Antes cabe, sim, desejar que o PT se uma e assim fortaleça mais ainda a Frente Popular.
PAC intocável
. “Vou repetir três vezes. Nós não vamos contingenciar o PAC”, disse hoje, no Rio de Janeiro, a presidenta Dilma.
. Ótimo. Significa que na quebra de braço com a inflação, o governo não pretende reduzir os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento e, dessa forma, mantém o crescimento industrial e das demais atividades econômicas em patamar aceitável para as circunstancias.
. Melhor ainda se vierem a se confirmar as previsões da equipe econômica, de um crescimento do PIB nos próximos quatro anos superior a 5%.
. Ótimo. Significa que na quebra de braço com a inflação, o governo não pretende reduzir os investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento e, dessa forma, mantém o crescimento industrial e das demais atividades econômicas em patamar aceitável para as circunstancias.
. Melhor ainda se vierem a se confirmar as previsões da equipe econômica, de um crescimento do PIB nos próximos quatro anos superior a 5%.
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Não basta ser filiado, tem que participar
Luciano Siqueira
De vez em quando o TSE divulga estatísticas sobre filiados a partidos políticos no país. A última dá conta de que o PMDB continua no pódio com mais de dois milhões de inscritos. E há outros considerados grandes, incluindo o PT. O PCdoB se aproxima do porte médio, embora ainda muito distante do que os comunistas desejam.
O tema é relevante sob vários aspectos. A começar pelo fato de que historicamente no Brasil os partidos políticos sempre tiveram dificuldades de se firmar. Os lapsos de prática democrática em pouco mais de um século de vida republicana, curtos e atribulados, jamais ofereceram o ambiente plenamente satisfatório à atividade partidária. Apenas de 1985 em diante – e já se vão vinte e seis anos – nosso frágil sistema democrático dá sinais de relativa estabilidade. Demais, um país de dimensões continentais, marcado por acentuadas disparidades regionais e culturais e ainda muito jovem quanto à sedimentação das classes sociais se constitui, por si mesmo, um desafio à estruturação partidária que não se vê no Uruguai ou em Portugal, por exemplo; nem mesmo em países latino-americanos e europeus maiores, como a Argentina e a Alemanha.
Outra variável certamente importante tem sido a natureza do desenvolvimento capitalista que aqui vicejou, onde a tônica não foi, durante mais de um século, o trabalho formal, que aglutina e organiza, e sim a informalidade que dispersa e desestabiliza.
De toda sorte, cabe saudar como positivas as estatísticas atuais sobre o tamanho dos partidos no Brasil. Mas é preciso acrescentar: não basta ser filiado, é preciso participar. A vida partidária possibilita a tomada de posição sobre o que acontece na aldeia e no país – e, desse modo, contribui decisivamente para a formação de uma consciência social avançada.
O PCdoB, que ostenta a condição de mais antigo partido brasileiro, fundado em 1922 e desde então atuante ininterruptamente, mesmo sob condições de ilegalidade e repressão, luta permanente para dotar suas fileiras de um exercício permanente e estável da vida militante, a partir de suas direções locais e organizações de base. Amealha avanços e insuficiências. No seu 12º. Congresso, realizado no ano passado, aprovou resolução sobre a política de quadros que tem nesta questão uma de suas vertentes essenciais. Quadros para liderar grandes contingentes de militantes de base vinculados à luta do povo.
Que cada partido a seu modo enfrente esse desafio. O vínculo partidário não pode se limitar a assinar a ata de convenções eleitorais, antes há que se constituir no exercício do debate de ideias e na participação ativa na vida social e política local e nacional. Partidos atuantes e lastreados em militância dinâmica são a forma de organização superior do povo e demais segmentos da sociedade.
Luciano Siqueira
De vez em quando o TSE divulga estatísticas sobre filiados a partidos políticos no país. A última dá conta de que o PMDB continua no pódio com mais de dois milhões de inscritos. E há outros considerados grandes, incluindo o PT. O PCdoB se aproxima do porte médio, embora ainda muito distante do que os comunistas desejam.
O tema é relevante sob vários aspectos. A começar pelo fato de que historicamente no Brasil os partidos políticos sempre tiveram dificuldades de se firmar. Os lapsos de prática democrática em pouco mais de um século de vida republicana, curtos e atribulados, jamais ofereceram o ambiente plenamente satisfatório à atividade partidária. Apenas de 1985 em diante – e já se vão vinte e seis anos – nosso frágil sistema democrático dá sinais de relativa estabilidade. Demais, um país de dimensões continentais, marcado por acentuadas disparidades regionais e culturais e ainda muito jovem quanto à sedimentação das classes sociais se constitui, por si mesmo, um desafio à estruturação partidária que não se vê no Uruguai ou em Portugal, por exemplo; nem mesmo em países latino-americanos e europeus maiores, como a Argentina e a Alemanha.
Outra variável certamente importante tem sido a natureza do desenvolvimento capitalista que aqui vicejou, onde a tônica não foi, durante mais de um século, o trabalho formal, que aglutina e organiza, e sim a informalidade que dispersa e desestabiliza.
De toda sorte, cabe saudar como positivas as estatísticas atuais sobre o tamanho dos partidos no Brasil. Mas é preciso acrescentar: não basta ser filiado, é preciso participar. A vida partidária possibilita a tomada de posição sobre o que acontece na aldeia e no país – e, desse modo, contribui decisivamente para a formação de uma consciência social avançada.
O PCdoB, que ostenta a condição de mais antigo partido brasileiro, fundado em 1922 e desde então atuante ininterruptamente, mesmo sob condições de ilegalidade e repressão, luta permanente para dotar suas fileiras de um exercício permanente e estável da vida militante, a partir de suas direções locais e organizações de base. Amealha avanços e insuficiências. No seu 12º. Congresso, realizado no ano passado, aprovou resolução sobre a política de quadros que tem nesta questão uma de suas vertentes essenciais. Quadros para liderar grandes contingentes de militantes de base vinculados à luta do povo.
Que cada partido a seu modo enfrente esse desafio. O vínculo partidário não pode se limitar a assinar a ata de convenções eleitorais, antes há que se constituir no exercício do debate de ideias e na participação ativa na vida social e política local e nacional. Partidos atuantes e lastreados em militância dinâmica são a forma de organização superior do povo e demais segmentos da sociedade.
Matriz energética diversificada
. Além de todas as vantagens técnicas e ambientais, a mistura de biodiesel no diesel já tem efeito positivo na balança comercial – informa hoje o Valor Econômico.
. O consumo desse biocombustível respondeu por 30% do volume de diesel mineral importado pelo país no ano passado. A legislação brasileira exige mistura de 5% de biodiesel, percentual que deve subir para 10% em 2014 e 20% em 2020.
. . No ano passado, o consumo de biodiesel totalizou 2,5 bilhões de litros, com crescimento de 56% em relação a 2009. Com isso, o país deixou de importar diretamente 2,5 bilhões de litros de diesel, evitando gastos em torno de US$ 1,4 bilhão. Ainda assim, foram importados 9,1 bilhões de litros de diesel em 2010, com despesas totais de US$ 5,131 bilhões.
. O consumo desse biocombustível respondeu por 30% do volume de diesel mineral importado pelo país no ano passado. A legislação brasileira exige mistura de 5% de biodiesel, percentual que deve subir para 10% em 2014 e 20% em 2020.
. . No ano passado, o consumo de biodiesel totalizou 2,5 bilhões de litros, com crescimento de 56% em relação a 2009. Com isso, o país deixou de importar diretamente 2,5 bilhões de litros de diesel, evitando gastos em torno de US$ 1,4 bilhão. Ainda assim, foram importados 9,1 bilhões de litros de diesel em 2010, com despesas totais de US$ 5,131 bilhões.
26 janeiro 2011
Idosos voltam às aulas
. Informa a Agência Brasil que entre os 3,3 milhões de estudantes que fizeram o o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2010, um grupo de 4. 268 mil candidatos tinha um perfil diferente do que é tradicionalmente esperado. Eram pessoas com mais de 60 anos que se misturaram aos jovens vestibulandos na disputa de vagas em universidades públicas. Entre os 100 participantes mais idosos da prova, as idades variaram entre 64 e 76 anos.
. O percentual de participantes do Enem que já deixaram a escola tem crescido a cada edição. Para o Ministério da Educação (MEC), uma das explicações para o aumento desse novo público está na possibilidade de utilizar a nota do exame para conseguir certificação de ensino médio. Desde 2009, adultos acima de 18 anos podem obter o certificado de conclusão mesmo sem ter frequentado a escola regular. Para isso, precisam alcançar um mínimo de 400 pontos em cada prova e 500 na redação.
. Cerca de 353 mil participantes declararam na inscrição que fariam o Enem pela certificação. Desse total, 100 mil alcançaram nota mínima - entre eles, 1.112 presidiários. A emissão dos certificados é feita pelas secretarias estaduais de Educação.
. O percentual de participantes do Enem que já deixaram a escola tem crescido a cada edição. Para o Ministério da Educação (MEC), uma das explicações para o aumento desse novo público está na possibilidade de utilizar a nota do exame para conseguir certificação de ensino médio. Desde 2009, adultos acima de 18 anos podem obter o certificado de conclusão mesmo sem ter frequentado a escola regular. Para isso, precisam alcançar um mínimo de 400 pontos em cada prova e 500 na redação.
. Cerca de 353 mil participantes declararam na inscrição que fariam o Enem pela certificação. Desse total, 100 mil alcançaram nota mínima - entre eles, 1.112 presidiários. A emissão dos certificados é feita pelas secretarias estaduais de Educação.
China lidera investimento no país
. A notícia está no Valor Econômico. A China liderou em 2010, pela primeira vez, a lista dos países com maior investimento direto no Brasil, com um fluxo de capital de US$ 17 bilhões, pouco menos de um terço do total de ingressos de US$ 52,6 bilhões. A estimativa é da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet). Em dezembro, o investimento estrangeiro direto líquido atingiu US$ 15,3 bilhões, volume inflado pela compra de 40% do capital da Repsol pela chinesa Sinopec, no valor de US$ 7,1 bilhões.
. O presidente da Sobeel, Luis Afonso lima, diz que é difícil ter uma ideia exata do valor do investimento chinês porque as companhias estatais da China enviam muitas vezes os recursos a partir de outros países. Os números do Banco Central, por exemplo, mostram apenas US$ 392 milhões de capital chinês nas operações de participação de capital em todo o ano passado. Só a operação da Sinopec com a Repsol foi de 18 vezes esse valor, mas os recursos entraram via Luxemburgo, país que oferece generosos benefícios fiscais.
. O presidente da Sobeel, Luis Afonso lima, diz que é difícil ter uma ideia exata do valor do investimento chinês porque as companhias estatais da China enviam muitas vezes os recursos a partir de outros países. Os números do Banco Central, por exemplo, mostram apenas US$ 392 milhões de capital chinês nas operações de participação de capital em todo o ano passado. Só a operação da Sinopec com a Repsol foi de 18 vezes esse valor, mas os recursos entraram via Luxemburgo, país que oferece generosos benefícios fiscais.
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
A letra e a classe de cada um
Luciano Siqueira
Vou logo dizendo que me custa muito assimilar essa classificação social pelas letras de A a E. Coisa de pesquisa mercadológica, sem lastro teórico consistente. Pelo menos do ponto de vista marxista – e até hoje ninguém foi capaz de refutar a explicitação da natureza de classes da sociedade tal como a fez Marx, deslindando as contradições de classe como motor do desenvolvimento da sociedade.
Mas, para que possamos nos entender, incorporo esse artifício em voga, que identifica a letra (e a classe de cada um) cruzando nível de renda com escolaridade e algumas coisinhas mais – e não necessariamente pelo lugar ocupado no sistema produtivo. E o faço para ressaltar o quanto alvissareira é a notícia de que o número de integrantes da classe C deve chegar a 113 milhões de pessoas em 2014, correspondendo a 56% da população brasileira. Isto segundo previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, esgrimindo documento com dados tidos como confiáveis, que indicam que a turma da letra C deve crescer quase 19%, considerando-se que em 2009 cerca de 95 milhões de brasileiros se encontravam nessa situação.
Tudo bem que você leia esses números com um pé atrás. Futurologia nem sempre dá certo – mesmo apoiada em dados objetivos. Mais ainda porque são tantas as variáveis que interferem nesse processo de mobilidade social que, ao final das contas, ninguém pode ter certeza de nada. Para que efetivamente parcelas de milhões de brasileiros continuem mudando para melhor suas condições de existência é necessário que o crescimento econômico se dê com sustentabilidade e seja capaz de promover uma efetiva melhoria na distribuição de renda.
É aí que a porca entorta o rabo. Distribuição de renda não se dá por um lance de mágica, implica transferência de renda, via partilha menos concentrada da produção e da riqueza, ampliação real do volume da massa salarial dos que sobrevivem à custa do próprio trabalho.
É possível realizar essa proeza sem ruptura com os condicionantes macroeconômicos que perduraram no governo Lula e ainda não há sinais de que serão removidos com Dilma? Com o câmbio sobrevalorizado e taxas básicas de juros elevadas não tem como se incrementar a produção na dimensão necessária. Então, cabe deduzir duas consequências da afirmação do ministro Mantega: saudar a expectativa otimista e lutar para que ela se concretize através dos ajustes necessários na condução da economia visando a destravar os investimentos produtivos, condição sine qua non da manutenção do crescimento.
A quem cabe essa empreitada? Cabe ao governo, claro, desde que a presidenta confirme suas convicções desenvolvimentistas e reúna força política para tanto. Cabe aos sindicatos e às organizações populares em geral fazer a pressão sobre o governo. E cabe o mesmo aos setores da economia que sobrevivem da produção isolando os que se banqueteiam com a usura e por isso preferem que as coisas fiquem como estão.
Luciano Siqueira
Vou logo dizendo que me custa muito assimilar essa classificação social pelas letras de A a E. Coisa de pesquisa mercadológica, sem lastro teórico consistente. Pelo menos do ponto de vista marxista – e até hoje ninguém foi capaz de refutar a explicitação da natureza de classes da sociedade tal como a fez Marx, deslindando as contradições de classe como motor do desenvolvimento da sociedade.
Mas, para que possamos nos entender, incorporo esse artifício em voga, que identifica a letra (e a classe de cada um) cruzando nível de renda com escolaridade e algumas coisinhas mais – e não necessariamente pelo lugar ocupado no sistema produtivo. E o faço para ressaltar o quanto alvissareira é a notícia de que o número de integrantes da classe C deve chegar a 113 milhões de pessoas em 2014, correspondendo a 56% da população brasileira. Isto segundo previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, esgrimindo documento com dados tidos como confiáveis, que indicam que a turma da letra C deve crescer quase 19%, considerando-se que em 2009 cerca de 95 milhões de brasileiros se encontravam nessa situação.
Tudo bem que você leia esses números com um pé atrás. Futurologia nem sempre dá certo – mesmo apoiada em dados objetivos. Mais ainda porque são tantas as variáveis que interferem nesse processo de mobilidade social que, ao final das contas, ninguém pode ter certeza de nada. Para que efetivamente parcelas de milhões de brasileiros continuem mudando para melhor suas condições de existência é necessário que o crescimento econômico se dê com sustentabilidade e seja capaz de promover uma efetiva melhoria na distribuição de renda.
É aí que a porca entorta o rabo. Distribuição de renda não se dá por um lance de mágica, implica transferência de renda, via partilha menos concentrada da produção e da riqueza, ampliação real do volume da massa salarial dos que sobrevivem à custa do próprio trabalho.
É possível realizar essa proeza sem ruptura com os condicionantes macroeconômicos que perduraram no governo Lula e ainda não há sinais de que serão removidos com Dilma? Com o câmbio sobrevalorizado e taxas básicas de juros elevadas não tem como se incrementar a produção na dimensão necessária. Então, cabe deduzir duas consequências da afirmação do ministro Mantega: saudar a expectativa otimista e lutar para que ela se concretize através dos ajustes necessários na condução da economia visando a destravar os investimentos produtivos, condição sine qua non da manutenção do crescimento.
A quem cabe essa empreitada? Cabe ao governo, claro, desde que a presidenta confirme suas convicções desenvolvimentistas e reúna força política para tanto. Cabe aos sindicatos e às organizações populares em geral fazer a pressão sobre o governo. E cabe o mesmo aos setores da economia que sobrevivem da produção isolando os que se banqueteiam com a usura e por isso preferem que as coisas fiquem como estão.
24 janeiro 2011
Boa tarde, Amadeu Kazunde
Entre o calor das tuas pernas
Entre o calor da tuas pernas
sobressai firme e vigorosa
numa atitude de lascúdia
a rosa dos meus desejos.
E vejo em cada curva das suas pétalas
milhões de gestos provocantes
que me inundam o corpo
com milhões de riachos prateados
Entre o calor das tuas pernas
desabrocha muda e esperançosa
a rosa dos meus desejos.
Por ela vivo uma ânsia profunda
de ver chegar o dia
em que me deliciarei diluído
no seu aroma inebriante.
E nesse dia,
milhões de forças gritantes
percorrerão o meu sangue
e galgarei sobre a montanha sagrada
abrindo trilhos por entre o mar de flores
penetrarei embriagado
nas cavernas negras e alagadas
de paredes desejosas
e descarregarei
todo o meu furor bastante
sobre os recantos mais profundos
dos subterrâneos conquistados
do jardim afrodisíaco
E então
regressarei flácido mas ressuscitado
e sobre a montanha sagrada
dormirei um sonho profundo!
Entre o calor da tuas pernas
sobressai firme e vigorosa
numa atitude de lascúdia
a rosa dos meus desejos.
E vejo em cada curva das suas pétalas
milhões de gestos provocantes
que me inundam o corpo
com milhões de riachos prateados
Entre o calor das tuas pernas
desabrocha muda e esperançosa
a rosa dos meus desejos.
Por ela vivo uma ânsia profunda
de ver chegar o dia
em que me deliciarei diluído
no seu aroma inebriante.
E nesse dia,
milhões de forças gritantes
percorrerão o meu sangue
e galgarei sobre a montanha sagrada
abrindo trilhos por entre o mar de flores
penetrarei embriagado
nas cavernas negras e alagadas
de paredes desejosas
e descarregarei
todo o meu furor bastante
sobre os recantos mais profundos
dos subterrâneos conquistados
do jardim afrodisíaco
E então
regressarei flácido mas ressuscitado
e sobre a montanha sagrada
dormirei um sonho profundo!
Uma crônica minha no site da Revista Algomais
Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo
Luciano Siqueira
Não opino sobre futebol faz muito tempo, desde que abandonei os estádios com o nascimento da minha primeira filha, Neguinha. Se numa tarde de domingo não tivesse reunião, viagem ou outro compromisso político, ou plantão em hospital, entre ir a um jogo e dar atenção à família optei pela segunda alternativa. E nunca me arrependi. Afinal, a vida – quantas pessoas já disseram isso! – é uma sequência interminável de escolhas.
Como só vejo jogos pela TV e muitas vezes desisto quando a partida é mal disputada, não me sinto autorizado a dar palpites. Mas hoje ergo o braço e peço a palavra. É sobre o repatriamento (termo em voga) de dois ex-destacados astros da seleção canarinha – Ronaldinho Gaúcho (31 anos) e Rivaldo (38). Ambos outrora escolhidos “o melhor do mundo”, vencedores de muitas pelejas e glórias.
Rivaldo retornou sem muito alarde, assumiu o controle do Mogi Mirim, da cidade homônima no interior de São Paulo, clube importante em sua trajetória iniciada no Santa Cruz, do Recife. Depois do Mogi Mirim, veio o Palmeiras, se não me engano (ou foi primeiro o Corinthians?), e em seguida a Europa e tudo mais. Seu último clube no exterior foi o desconhecido Bunyodkor, do Uzbequistão. Agora é contratado pelo São Paulo para reforçar o elenco comandado por Paulo Cesar Carpegiani.
Com Ronaldinho foi tudo diferente. Estava no todo-poderoso Milan, da Itália. Protagonizou leilão milionário envolvendo seu clube de origem, o Grêmio de Porto Alegre, o Palmeiras e o Flamengo. Ganhou o Flamengo mediante o que os economistas chamariam de “arranjo produtivo”, onde convergem muitos interesses comerciais e midiáticos.
Ronaldinho recebe mais de um milhão de reais ao mês. Rivaldo, não sei – deve ser bem remunerado, mas longe desse portentoso valor.
Tenho cá minhas dúvidas sobre qual dos dois será mais útil a suas agremiações atuais. Imagino que Ronaldinho venha a ser decisivo em algumas partidas, delicie os torcedores rubro-negros (e os amantes do futebol em geral) com jogadas geniais, porém concentre suas energias em administrar os múltiplos compromissos públicos determinados pelos seus patrocinadores. Já Rivaldo, suponho, relegado a um tratamento menos glamoroso, talvez se sinta instado a mostrar a que veio e dê duro de verdade – e, claro, pelo talento de que é dono, faça também jogadas deslumbrantes, sem perder contudo aquela característica que o acompanha desde menino pobre da cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, a disciplinada objetividade.
Tenho comigo essa impressão porque sinto que o futebol se parece com a luta política: não basta saber guerrear, é preciso se sentir motivado por razões que extrapolem os limites de cada batalha. Quem sabe Rivaldo sinta lá no seu íntimo a necessidade se afirmar, nesse fim de carreira, pelo menos para provar que também merece destaque nas primeiras páginas dos jornais e nas resenhas de TV e rádio.
Tomara. Para o bem do quase esquecido futebol arte.
Luciano Siqueira
Não opino sobre futebol faz muito tempo, desde que abandonei os estádios com o nascimento da minha primeira filha, Neguinha. Se numa tarde de domingo não tivesse reunião, viagem ou outro compromisso político, ou plantão em hospital, entre ir a um jogo e dar atenção à família optei pela segunda alternativa. E nunca me arrependi. Afinal, a vida – quantas pessoas já disseram isso! – é uma sequência interminável de escolhas.
Como só vejo jogos pela TV e muitas vezes desisto quando a partida é mal disputada, não me sinto autorizado a dar palpites. Mas hoje ergo o braço e peço a palavra. É sobre o repatriamento (termo em voga) de dois ex-destacados astros da seleção canarinha – Ronaldinho Gaúcho (31 anos) e Rivaldo (38). Ambos outrora escolhidos “o melhor do mundo”, vencedores de muitas pelejas e glórias.
Rivaldo retornou sem muito alarde, assumiu o controle do Mogi Mirim, da cidade homônima no interior de São Paulo, clube importante em sua trajetória iniciada no Santa Cruz, do Recife. Depois do Mogi Mirim, veio o Palmeiras, se não me engano (ou foi primeiro o Corinthians?), e em seguida a Europa e tudo mais. Seu último clube no exterior foi o desconhecido Bunyodkor, do Uzbequistão. Agora é contratado pelo São Paulo para reforçar o elenco comandado por Paulo Cesar Carpegiani.
Com Ronaldinho foi tudo diferente. Estava no todo-poderoso Milan, da Itália. Protagonizou leilão milionário envolvendo seu clube de origem, o Grêmio de Porto Alegre, o Palmeiras e o Flamengo. Ganhou o Flamengo mediante o que os economistas chamariam de “arranjo produtivo”, onde convergem muitos interesses comerciais e midiáticos.
Ronaldinho recebe mais de um milhão de reais ao mês. Rivaldo, não sei – deve ser bem remunerado, mas longe desse portentoso valor.
Tenho cá minhas dúvidas sobre qual dos dois será mais útil a suas agremiações atuais. Imagino que Ronaldinho venha a ser decisivo em algumas partidas, delicie os torcedores rubro-negros (e os amantes do futebol em geral) com jogadas geniais, porém concentre suas energias em administrar os múltiplos compromissos públicos determinados pelos seus patrocinadores. Já Rivaldo, suponho, relegado a um tratamento menos glamoroso, talvez se sinta instado a mostrar a que veio e dê duro de verdade – e, claro, pelo talento de que é dono, faça também jogadas deslumbrantes, sem perder contudo aquela característica que o acompanha desde menino pobre da cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, a disciplinada objetividade.
Tenho comigo essa impressão porque sinto que o futebol se parece com a luta política: não basta saber guerrear, é preciso se sentir motivado por razões que extrapolem os limites de cada batalha. Quem sabe Rivaldo sinta lá no seu íntimo a necessidade se afirmar, nesse fim de carreira, pelo menos para provar que também merece destaque nas primeiras páginas dos jornais e nas resenhas de TV e rádio.
Tomara. Para o bem do quase esquecido futebol arte.
Dimensão regional do crescimento econômico
. As desigualdades regionais permanecem como forte traço da realidade brasileira. Mas, fruto de decisões estratégicas tomadas pelo governo Lula, sinais de melhora podem ser anotados.
. O Valor Econômico de hoje informa sobre alterações na importância relativa dos portos do Nordeste, considerando-se o volume de cargas movimentado. Por Suape (PE) passam hoje 9,3 milhões de toneladas, mas já em 2013 serão 30 milhões, com o início das operações da refinaria Abreu de Lima e o escoamento da produção trazida pela ferrovia Transnordestina.
. A Ferrovia Norte-Sul ampliará os serviços do porto maranhense de Itaqui e de Vila do Conde, no Pará, que também planeja abrir, a partir do rio Tocantins, uma hidrovia com mais de 400 km de extensão, ligando o Sul do Estado até Barcarena, no litoral.
. O Valor Econômico de hoje informa sobre alterações na importância relativa dos portos do Nordeste, considerando-se o volume de cargas movimentado. Por Suape (PE) passam hoje 9,3 milhões de toneladas, mas já em 2013 serão 30 milhões, com o início das operações da refinaria Abreu de Lima e o escoamento da produção trazida pela ferrovia Transnordestina.
. A Ferrovia Norte-Sul ampliará os serviços do porto maranhense de Itaqui e de Vila do Conde, no Pará, que também planeja abrir, a partir do rio Tocantins, uma hidrovia com mais de 400 km de extensão, ligando o Sul do Estado até Barcarena, no litoral.
23 janeiro 2011
Agenda, ideias e textos inconclusos
. Aproveito a manhã chuvosa de domingo e revisito meus arquivos: anotações, textos diversos, artigos e crônicas que não concluí, porque permanentemente envolto em pesada agenda.
. Fichas de leitura sobre diversos temas são uma riqueza que deve ser guardada.
. Meus próprios textos, nem tanto. Mas ouso dizer que tem algo interessante, que devo retomar na forma de artigo ou crônica. Por uma necessidade interior, como recomendava Rilke – mesmo que reconheça não terem assim maior valor literário.
. Pelo menos servem de diversão – para mim e para os meus prováveis poucos leitores.
. Fichas de leitura sobre diversos temas são uma riqueza que deve ser guardada.
. Meus próprios textos, nem tanto. Mas ouso dizer que tem algo interessante, que devo retomar na forma de artigo ou crônica. Por uma necessidade interior, como recomendava Rilke – mesmo que reconheça não terem assim maior valor literário.
. Pelo menos servem de diversão – para mim e para os meus prováveis poucos leitores.
Cartola sabia das coisas
A sugestão de domingo é de Cartola: “Viva de forma que seja mistério, incertezas, de luta, de paz e de amor.”
Uma visão da crise mundial
No portal da Fundação Maurício Grabois, por A. Sérgio Barroso:
2011. Clivagens e tendências na crise
. No crepúsculo de 2010 a reunião do G-20 (Seul, 11/2010) ecoou a gritaria opositora aos EUA em manter a supremacia de sua moeda contra o mundo - ataque cataléptico de sua desidratada economia em crise. “Nova guerra financeira mundial”, definiu o influente economista Michael Hudson, o outro pacotaço dos EUA (U$ 600 bilhões) para aprofundar a desvalorização do dólar, facilitar suas exportações, assim como o pagamento de suas contas externas e a especulação contra as moedas (já ultravalorizadas) de vários dos “emergentes”; o que se soma à desvalorização do euro – a do yuan chinês, noutro nível - frente a várias outras moedas.
. Desta feita, até as Filipinas (antiga colônia americana) denunciou o porrete imperialista, junto a Brasil, China, Índia, África do Sul, Japão, Alemanha. Testemunhou-se “indignação” e ameaças da parte de Timothy Geithner, o secretário do tesouro norte-americano. [2] Enfim, “guerra de capitais”, como bem conceituou o economista Lecio Morais [3]; intensificação da guerra comercial pelo império, o que já vem se desdobrando em inevitável protecionismo global. Não à toa, Daniel Eckert, colunista do jornal alemão “Die Welt” e autor do livro “Weltkrieg der Währungen” (“Guerra mundial de divisas”) compara os EUA com um “viciado em heroína, que tem a sua droga fornecida pela China”; os EUA consomem – diz ele - e a China produz o que os americanos consomem; os EUA se endividam, a China fornece o capital para o endividamento americano; a China é, maior credor americano. [4]
. Leia o texto na íntegra http://twixar.com/YywpLI
2011. Clivagens e tendências na crise
. No crepúsculo de 2010 a reunião do G-20 (Seul, 11/2010) ecoou a gritaria opositora aos EUA em manter a supremacia de sua moeda contra o mundo - ataque cataléptico de sua desidratada economia em crise. “Nova guerra financeira mundial”, definiu o influente economista Michael Hudson, o outro pacotaço dos EUA (U$ 600 bilhões) para aprofundar a desvalorização do dólar, facilitar suas exportações, assim como o pagamento de suas contas externas e a especulação contra as moedas (já ultravalorizadas) de vários dos “emergentes”; o que se soma à desvalorização do euro – a do yuan chinês, noutro nível - frente a várias outras moedas.
. Desta feita, até as Filipinas (antiga colônia americana) denunciou o porrete imperialista, junto a Brasil, China, Índia, África do Sul, Japão, Alemanha. Testemunhou-se “indignação” e ameaças da parte de Timothy Geithner, o secretário do tesouro norte-americano. [2] Enfim, “guerra de capitais”, como bem conceituou o economista Lecio Morais [3]; intensificação da guerra comercial pelo império, o que já vem se desdobrando em inevitável protecionismo global. Não à toa, Daniel Eckert, colunista do jornal alemão “Die Welt” e autor do livro “Weltkrieg der Währungen” (“Guerra mundial de divisas”) compara os EUA com um “viciado em heroína, que tem a sua droga fornecida pela China”; os EUA consomem – diz ele - e a China produz o que os americanos consomem; os EUA se endividam, a China fornece o capital para o endividamento americano; a China é, maior credor americano. [4]
. Leia o texto na íntegra http://twixar.com/YywpLI
A prosa poética de um jovem cronista
Eu e...
Matheus Landim
Aqueles dois olhos esbugalhados, tensos, me fitando com apavorada preocupação (incapaz de se mover de tanto medo, arrisco); ao mesmo tempo atentos ao momento, a uma possível ação que se seguiria de uma desengonçada e inevitável reação. Era inacomodável a tensão do encontro, nós, os dois, incapazes de qualquer coisa, amedrontados demais para qualquer atitude de sua respectiva pessoa, extrema e intimamente em guarda, a espera de qualquer passo alheio para que a partir do mesmo tudo adquirisse consequente definição. Mas o inquietante se tornou insuportável e percebeu-se que esse seria como tantos outros encontros (todos os outros), dependentes da interferência de um terceiro para que o fim tomasse forma – ainda que esses momentos nunca fossem para sempre, assim o parecia, e de novo parecia que os dois se encarariam inertes para toda a eternidade. Os dois tão aflitos na companhia um do outro… Havia tanto a se fazer na teoria e tão pouco a ser feito na prática…! Avançar, recuar, gritar, intimidar, dissimular, nada podia ser feito naquela embaraçosa situação. O roçar de sua pele em mim me dava calafrios, a ideia de nos tocarmos por mais tempo do que o de uma reação instintiva me habitava os ataques de ansiedade. Era nisso que dava ir para aquela casa, esses encontros eram inevitáveis e a vã tentativa de, mesmo assim, evitá-los ocupava mais espaço do que o saudável, mas, novamente, era impossível escapar, ele estava no terraço, no quarto, na sala, no banheiro, se aproximando sorrateiramente, como se quisesse que o embaraço do encontro se fizesse presente em todas as ocasiões, só podia ser isso! Como me perturbava que encontros tão raros fossem tão cheios de falso decoro – seria melhor que nunca acontecessem! Por mim, não eram desejados nem um pouco, embora enquanto naquela casa a possibilidade de ficarmos cara a cara pouco saísse da minha cabeça e nunca fosse inexistente. A essa altura, ambos ansiavam pela interferência terceira, que viesse logo, pois alguém tinha que fazer alguma coisa, pelo amor de Deus! Queria me mexer – mas não pude; provavelmente ele também tentou e não conseguiu. Quem sabe? Ambos estáticos, amedrontados, apavorados, olhos vidrados, músculos tesos, respiração contida. Era o limite. Sorte a minha que a minha mãe, minha salvadora naquela hora, abriu a porta em direção ao banheiro, passando pela sala em que o evento ocorria e, constatando um filho atônito, aturdido, pegou a vassoura e me – nos – salvou do sapo, afugentando-o. Agora nós dois estávamos livres, até a próxima ida até lá ou até outro lugar.
Matheus Landim
Aqueles dois olhos esbugalhados, tensos, me fitando com apavorada preocupação (incapaz de se mover de tanto medo, arrisco); ao mesmo tempo atentos ao momento, a uma possível ação que se seguiria de uma desengonçada e inevitável reação. Era inacomodável a tensão do encontro, nós, os dois, incapazes de qualquer coisa, amedrontados demais para qualquer atitude de sua respectiva pessoa, extrema e intimamente em guarda, a espera de qualquer passo alheio para que a partir do mesmo tudo adquirisse consequente definição. Mas o inquietante se tornou insuportável e percebeu-se que esse seria como tantos outros encontros (todos os outros), dependentes da interferência de um terceiro para que o fim tomasse forma – ainda que esses momentos nunca fossem para sempre, assim o parecia, e de novo parecia que os dois se encarariam inertes para toda a eternidade. Os dois tão aflitos na companhia um do outro… Havia tanto a se fazer na teoria e tão pouco a ser feito na prática…! Avançar, recuar, gritar, intimidar, dissimular, nada podia ser feito naquela embaraçosa situação. O roçar de sua pele em mim me dava calafrios, a ideia de nos tocarmos por mais tempo do que o de uma reação instintiva me habitava os ataques de ansiedade. Era nisso que dava ir para aquela casa, esses encontros eram inevitáveis e a vã tentativa de, mesmo assim, evitá-los ocupava mais espaço do que o saudável, mas, novamente, era impossível escapar, ele estava no terraço, no quarto, na sala, no banheiro, se aproximando sorrateiramente, como se quisesse que o embaraço do encontro se fizesse presente em todas as ocasiões, só podia ser isso! Como me perturbava que encontros tão raros fossem tão cheios de falso decoro – seria melhor que nunca acontecessem! Por mim, não eram desejados nem um pouco, embora enquanto naquela casa a possibilidade de ficarmos cara a cara pouco saísse da minha cabeça e nunca fosse inexistente. A essa altura, ambos ansiavam pela interferência terceira, que viesse logo, pois alguém tinha que fazer alguma coisa, pelo amor de Deus! Queria me mexer – mas não pude; provavelmente ele também tentou e não conseguiu. Quem sabe? Ambos estáticos, amedrontados, apavorados, olhos vidrados, músculos tesos, respiração contida. Era o limite. Sorte a minha que a minha mãe, minha salvadora naquela hora, abriu a porta em direção ao banheiro, passando pela sala em que o evento ocorria e, constatando um filho atônito, aturdido, pegou a vassoura e me – nos – salvou do sapo, afugentando-o. Agora nós dois estávamos livres, até a próxima ida até lá ou até outro lugar.
22 janeiro 2011
A força do ProUni
. No primeiro dia de inscrições do Programa Universidade para Todos (ProUni), 316 mil estudantes preencheram o formulário de inscrição através da Internet.
. O programa oferece disponibiliza 123,1 mil bolsas de estudo em 1,5 mil instituições privadas de ensino superior.
. Desse montante, 80,5 mil bolsas são integrais e 42,6 mil parciais, que cobrem 50% da mensalidade. O prazo termina na próxima terça-feira, dia 25.
. Linha de ação do governo Lula que Dilma deve manter e reforçar.
. O programa oferece disponibiliza 123,1 mil bolsas de estudo em 1,5 mil instituições privadas de ensino superior.
. Desse montante, 80,5 mil bolsas são integrais e 42,6 mil parciais, que cobrem 50% da mensalidade. O prazo termina na próxima terça-feira, dia 25.
. Linha de ação do governo Lula que Dilma deve manter e reforçar.
Especial: 120 anos de Gramsci
. Antônio Gramsci nasceu em 22 de janeiro de 1891 na minúscula e paupérrima cidade de Ales, no oeste da Sardenha, Reino da Itália. Fundador do Partido Comunista Italiano, se dispôs a estabelecer uma unidade entre a teoria e a prática do marxismo. Criticou o elitismo dos intelectuais e exerceu profunda influência sobre o pensamento marxista. Na Universidade de Turim, entrou em contato com a Federação Juvenil Socialista e filiou-se em 1914 ao Partido Socialista. Em 1919 fundou, com Palmiro Togliatti, o jornal "L'Ordine nuovo". Este especial é dedicado aos 120 anos do seu nascimento.
. Veja no portal da Fundação Maurício Grabois http://twixar.com/BbemEL
. Veja no portal da Fundação Maurício Grabois http://twixar.com/BbemEL
A vida segundo Cora Coralina
A dica de sábado é de Cora Coralina: “Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”
Boa noite, Carlos Pena Filho
Tuca Siqueira
Soneto para Greta Garbo
(em louvor da decadência bem comportada)
Entre silêncio e sombra se devora
e em longínquas lembranças se consome
tão longe que esqueceu o próprio nome
e talvez já não sabe por que chora
Perdido o encanto de esperar agora
o antigo deslumbrar que já não cabe
transforma-se em silêncio por que sabe
que o silêncio se oculta e se evapora
Esquiva e só como convém a um dia
despregado do tempo, esconde a tua face
que já foi sol e agora é cinza fria
Mas vê nascer da sombra outra alegria
como se o olhar magoado contemplasse
o mundo em que viveu, mas que não via.
Ciência brasileira: mais barato e eficaz
Ciência Hoje Online:
. Equipamento inédito no Brasil permite identificar em tempo real o fim do processo de produção do biodiesel. Desenvolvido por pesquisadores da PUC/RS, o aparelho pode aumentar a produtividade das usinas desse combustível.
. Um processo consagrado na indústria nacional pode se tornar mais eficaz graças ao trabalho de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS).
. O doutorando em engenharia e tecnologia de materiais Luis Alcides Brandini De Boni, juntamente com os estudantes Fabiano Zanon, da Engenharia Mecânica, Gabriel Assis e Marcirio Ruschel Olivera, da Engenharia de Controle de Automação, desenvolveram, sob a orientação do professor Isaac Newton, um equipamento (tanto a parte de hardware quanto o software) que permite determinar quando a transesterificação – reação química entre um éster e um álcool e atualmente o método mais usado na produção do biodiesel – entrou em estado de equilíbrio químico. Até hoje não há no Brasil aparelho que permita identificar, em tempo real, quando o fenômeno acontece.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/Nqnv1
. Equipamento inédito no Brasil permite identificar em tempo real o fim do processo de produção do biodiesel. Desenvolvido por pesquisadores da PUC/RS, o aparelho pode aumentar a produtividade das usinas desse combustível.
. Um processo consagrado na indústria nacional pode se tornar mais eficaz graças ao trabalho de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS).
. O doutorando em engenharia e tecnologia de materiais Luis Alcides Brandini De Boni, juntamente com os estudantes Fabiano Zanon, da Engenharia Mecânica, Gabriel Assis e Marcirio Ruschel Olivera, da Engenharia de Controle de Automação, desenvolveram, sob a orientação do professor Isaac Newton, um equipamento (tanto a parte de hardware quanto o software) que permite determinar quando a transesterificação – reação química entre um éster e um álcool e atualmente o método mais usado na produção do biodiesel – entrou em estado de equilíbrio químico. Até hoje não há no Brasil aparelho que permita identificar, em tempo real, quando o fenômeno acontece.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/Nqnv1
21 janeiro 2011
Empregados no conselho das estatais
. Noticia o Valor Econômico que Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras, são algumas das companhias abertas que passarão a ter obrigatoriamente um representante dos empregados no conselho de administração a partir deste ano. A exigência, válida para todas as empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União, consta da lei 12.353, publicada no dia 29 de dezembro no Diário Oficial da União.
Jomard comenta e convida: "Poemas", de Daniel dos Santos Lima
MARES PELO RISO DA POETICIDADE
Jomard Muniz de Britto
Para anunciar o mês próximo nada melhor do que relembrar o texto-síntese da poeta-pesquisadora Maria Alice Amorim: “la mer/o mar/toujours/iemanjá". Além da devoção pela paisagem da Rainha, precisamos saudar a estréia do amigo Daniel dos Santos Lima e seu inédito conjunto de livros: POEMAS (CEPE).
...“E ao chegar fevereiro
ainda serás imortal
da trágica imortalidade dos palhaços
das colombinas e dos arlequins”...
No país da carnavália perdurante, esqueçamos a tragédia do meio-inteiro ambiente que se faz presença antes durante depois das folias metropolitanas. Mesmo que tentemos o não ser dos arlequinais e palhaços famigerados. Da Região Serrana aos mangues dormentes do Beberibe, outras Holandas em Olindas incendiárias pelo Eu acho é pouco. Insegurando as coisas e feitiços. Inabaláveis e utilíssimas paisagens envenenadas por foliões em trânsito. Pelas diferenças e adversidades, este novo Daniel continua sendo nosso transgressor tão contemporâneo quanto extemporâneo:
...“Mês leviano, essencial
eterno e contingente
No dia em que o perderes
com ele perderás a tua mocidade
e terás assinado antes da hora
um pacto de morte com a tristeza
e seus horrores”...
Se Iemanjá habita mas não reside neste país das maravilhas, nossas paisagens se transfiguram pelo poeta sem medo da paixão e dos mares da poeticidade. Sem medo da retórica das monoculturas nem da memória dos álbuns de família.Sem temer o riso perfurante danielino. Riso-ironia-sarcasmo pela dialética sem síntese. Todas as antíteses, paradoxos, críticas culturais, desde que o "Brasil não é estado confessional", conforme análise histórico-sociológica de Roberto Martins. Sem medo das citações necessárias.
...“Navega sempre os mares das palavras
mas sabe-as sempre incertas, imprecisas,
bem longe da Palavra que procuras
A exata palavra.
Não há palavra exata no poema.
Há beleza.
E a beleza é inexata e equívoca.”
Aos novos leitores de Daniel dos Santos Lima, todos no dia 2 de fevereiro, às 19h, no auditório da Livraria Cultura do Recife, vizinha do Paço Alfândega e da Galeria Arte Plural.
Jomard Muniz de Britto
Para anunciar o mês próximo nada melhor do que relembrar o texto-síntese da poeta-pesquisadora Maria Alice Amorim: “la mer/o mar/toujours/iemanjá". Além da devoção pela paisagem da Rainha, precisamos saudar a estréia do amigo Daniel dos Santos Lima e seu inédito conjunto de livros: POEMAS (CEPE).
...“E ao chegar fevereiro
ainda serás imortal
da trágica imortalidade dos palhaços
das colombinas e dos arlequins”...
No país da carnavália perdurante, esqueçamos a tragédia do meio-inteiro ambiente que se faz presença antes durante depois das folias metropolitanas. Mesmo que tentemos o não ser dos arlequinais e palhaços famigerados. Da Região Serrana aos mangues dormentes do Beberibe, outras Holandas em Olindas incendiárias pelo Eu acho é pouco. Insegurando as coisas e feitiços. Inabaláveis e utilíssimas paisagens envenenadas por foliões em trânsito. Pelas diferenças e adversidades, este novo Daniel continua sendo nosso transgressor tão contemporâneo quanto extemporâneo:
...“Mês leviano, essencial
eterno e contingente
No dia em que o perderes
com ele perderás a tua mocidade
e terás assinado antes da hora
um pacto de morte com a tristeza
e seus horrores”...
Se Iemanjá habita mas não reside neste país das maravilhas, nossas paisagens se transfiguram pelo poeta sem medo da paixão e dos mares da poeticidade. Sem medo da retórica das monoculturas nem da memória dos álbuns de família.Sem temer o riso perfurante danielino. Riso-ironia-sarcasmo pela dialética sem síntese. Todas as antíteses, paradoxos, críticas culturais, desde que o "Brasil não é estado confessional", conforme análise histórico-sociológica de Roberto Martins. Sem medo das citações necessárias.
...“Navega sempre os mares das palavras
mas sabe-as sempre incertas, imprecisas,
bem longe da Palavra que procuras
A exata palavra.
Não há palavra exata no poema.
Há beleza.
E a beleza é inexata e equívoca.”
Aos novos leitores de Daniel dos Santos Lima, todos no dia 2 de fevereiro, às 19h, no auditório da Livraria Cultura do Recife, vizinha do Paço Alfândega e da Galeria Arte Plural.
Alta de juros: os setores produtivos condenam a volta ao passado
Editorial do Vermelho:
A condenação à retomada da alta dos juros, e do conservadorismo político-econômico que ela sinaliza, só não foi unânime porque a oligarquia financeira aplaudiu a medida. Os demais setores – dos trabalhadores à burguesia industrial – condenaram com veemência a alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic, anunciada na noite de ontem (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), puxando-a para 11,25% ao ano e mantendo o Brasil no inglório posto de campeão mundial de juros.
Entre os sindicalistas a extorsão representada pelos juros altos provocou forte indignação. A Força Sindical considerou que a alta é “desnecessária”, indica a persistência da “agenda econômica que foi derrotada nas últimas eleições por privilegiar o capital especulativo” e fortalecer “os obstáculos ao desenvolvimento do País com distribuição de renda”.
A CTB, por sua vez, considerou que ela significa “um início frustrante do governo Dilma”. “Esse aumento nos preocupa bastante, pois confirma um mau início de governo que teve todo o nosso apoio para sua eleição, mas que se mostra, em suas primeiras decisões, destoante em relação às demandas da classe trabalhadora e do povo brasileiro”, disse Wagner Gomes, presidente da CTB.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), encarou a decisão como um “um mau começo” do governo Dilma Rousseff e denunciou o indecente volume que o governo federal vai gastar com juros em 2011: 200 bilhões de reais, muito acima da soma dos gastos previstos com Saúde (72 bilhões) e Educação (60 bilhões). Segundo os cálculos da Fiesp, a subida de 0,5 ponto percentual acrescenta nove bilhões de reais por ano à despesa pública, dinheiro que vai abastecer ainda mais os cofres improdutivos da oligarquia financeira. Ele daria, segundo a entidade dos industriais paulistas, para construir 390 mil casas do Minha Casa Minha vida ou custear mais da metade do Bolsa Família durante todo este ano.
Outras entidades patronais que se manifestaram contra a insanidade do Copom foram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que viu o aumento como “precipitado”, comprometendo “a capacidade de crescimento de longo prazo da economia”; a Fecomercio-SP, para quem ela é “negativa” e atrapalha o bom ritmo da economia; a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que denunciou outro malefício do aumento dos juros, a valorização do real pois juros elevados atraem ainda mais investimentos estrangeiros especulativos que derrubam o preço do dólar em relação à moeda nacional e facilitam, assim, as importações em prejuízo da economia brasileira.
O Brasil continua o campeão mundial dos juros. Em termos nominais, só perde para a Venezuela (onde a taxa é de 18,1%) e para o Paquistão (onde é 14%). Mas nesses países a inflação é alta (27% na Venezuela e cerca de 20% no Paquistão), enquanto no Brasil ela se mantém no patamar de um dígito (5,9% no ano passado). Assim, descontada a inflação da taxa oficial de juros, no Brasil o juro real gira em torno de 7% ao ano, superando de longe aqueles países com taxas nominais elevadas.
O argumento do Copom, da área econômica do governo e da oligarquia financeira para o aumento dos juros é o risco de aumento da inflação, que combatem com o velho e desmoralizado remédio da contenção do consumo para “esfriar” a economia. Esta política, aplicada dogmaticamente nas últimas décadas por governos conservadores e neoliberais, provocou a estagnação da economia e o empobrecimento do país e de sua população. Desde 2003, com Lula, ela não foi radicalmente abandonada mas timidamente reduzida, e só isso já permitiu a retomada do crescimento econômico, do emprego, a recuperação da renda dos trabalhadores e o fortalecimento do mercado interno. Foi essa limitada guinada pelo desenvolvimentismo que deu ao país as condições para derrotar a crise econômica que prostrou a Europa e os EUA e resultou no clima de animação que o país vive hoje.
Ela indica algo que o dogmatismo monetarista que contamina o Procom e parte da equipe econômica do governo não percebe – o combate mais eficiente à inflação não se dá pela contenção do consumo, mas pelo aumento da oferta de bens e serviços para a população. É disso que o Brasil precisa para continuar avançando, cumprindo o lema de campanha da presidente Dilma Rousseff. A subida nos juros aponta para o rumo oposto: é uma puxada no freio, comprometendo o crescimento e acenando com a volta de um passado que parecia superado. A presidente Dilma Rousseff precisa deixar claro para a nação o que pretende: manter e acelerar o crescimento ou puxar o freio. A decisão do Procom indica a última opção, que o Brasil rejeita.
A condenação à retomada da alta dos juros, e do conservadorismo político-econômico que ela sinaliza, só não foi unânime porque a oligarquia financeira aplaudiu a medida. Os demais setores – dos trabalhadores à burguesia industrial – condenaram com veemência a alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic, anunciada na noite de ontem (19) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), puxando-a para 11,25% ao ano e mantendo o Brasil no inglório posto de campeão mundial de juros.
Entre os sindicalistas a extorsão representada pelos juros altos provocou forte indignação. A Força Sindical considerou que a alta é “desnecessária”, indica a persistência da “agenda econômica que foi derrotada nas últimas eleições por privilegiar o capital especulativo” e fortalecer “os obstáculos ao desenvolvimento do País com distribuição de renda”.
A CTB, por sua vez, considerou que ela significa “um início frustrante do governo Dilma”. “Esse aumento nos preocupa bastante, pois confirma um mau início de governo que teve todo o nosso apoio para sua eleição, mas que se mostra, em suas primeiras decisões, destoante em relação às demandas da classe trabalhadora e do povo brasileiro”, disse Wagner Gomes, presidente da CTB.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), encarou a decisão como um “um mau começo” do governo Dilma Rousseff e denunciou o indecente volume que o governo federal vai gastar com juros em 2011: 200 bilhões de reais, muito acima da soma dos gastos previstos com Saúde (72 bilhões) e Educação (60 bilhões). Segundo os cálculos da Fiesp, a subida de 0,5 ponto percentual acrescenta nove bilhões de reais por ano à despesa pública, dinheiro que vai abastecer ainda mais os cofres improdutivos da oligarquia financeira. Ele daria, segundo a entidade dos industriais paulistas, para construir 390 mil casas do Minha Casa Minha vida ou custear mais da metade do Bolsa Família durante todo este ano.
Outras entidades patronais que se manifestaram contra a insanidade do Copom foram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que viu o aumento como “precipitado”, comprometendo “a capacidade de crescimento de longo prazo da economia”; a Fecomercio-SP, para quem ela é “negativa” e atrapalha o bom ritmo da economia; a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que denunciou outro malefício do aumento dos juros, a valorização do real pois juros elevados atraem ainda mais investimentos estrangeiros especulativos que derrubam o preço do dólar em relação à moeda nacional e facilitam, assim, as importações em prejuízo da economia brasileira.
O Brasil continua o campeão mundial dos juros. Em termos nominais, só perde para a Venezuela (onde a taxa é de 18,1%) e para o Paquistão (onde é 14%). Mas nesses países a inflação é alta (27% na Venezuela e cerca de 20% no Paquistão), enquanto no Brasil ela se mantém no patamar de um dígito (5,9% no ano passado). Assim, descontada a inflação da taxa oficial de juros, no Brasil o juro real gira em torno de 7% ao ano, superando de longe aqueles países com taxas nominais elevadas.
O argumento do Copom, da área econômica do governo e da oligarquia financeira para o aumento dos juros é o risco de aumento da inflação, que combatem com o velho e desmoralizado remédio da contenção do consumo para “esfriar” a economia. Esta política, aplicada dogmaticamente nas últimas décadas por governos conservadores e neoliberais, provocou a estagnação da economia e o empobrecimento do país e de sua população. Desde 2003, com Lula, ela não foi radicalmente abandonada mas timidamente reduzida, e só isso já permitiu a retomada do crescimento econômico, do emprego, a recuperação da renda dos trabalhadores e o fortalecimento do mercado interno. Foi essa limitada guinada pelo desenvolvimentismo que deu ao país as condições para derrotar a crise econômica que prostrou a Europa e os EUA e resultou no clima de animação que o país vive hoje.
Ela indica algo que o dogmatismo monetarista que contamina o Procom e parte da equipe econômica do governo não percebe – o combate mais eficiente à inflação não se dá pela contenção do consumo, mas pelo aumento da oferta de bens e serviços para a população. É disso que o Brasil precisa para continuar avançando, cumprindo o lema de campanha da presidente Dilma Rousseff. A subida nos juros aponta para o rumo oposto: é uma puxada no freio, comprometendo o crescimento e acenando com a volta de um passado que parecia superado. A presidente Dilma Rousseff precisa deixar claro para a nação o que pretende: manter e acelerar o crescimento ou puxar o freio. A decisão do Procom indica a última opção, que o Brasil rejeita.
20 janeiro 2011
Muitos amigos no Facebook
. Acabo de descobrir que tenho 2352 amigos no Facebook. Mais do que aqui no Twitter. Quase 50% dos 4 mil e tantos que trocam e-mails comigo.
. E faz muito pouco tempo que tenho minha conta.
O carro adiante dos bois
. A antecipação do debate sobre o pleito de 2012 no Recife pode criar dificuldades absolutamente evitáveis, no âmbito da Frente Popular.
. E contamina o governo João da Costa, que vive agora um momento de demarragem.
. Bom senso e paciência só fazem bem.
. E contamina o governo João da Costa, que vive agora um momento de demarragem.
. Bom senso e paciência só fazem bem.
Sabedoria poética
Cecília Meireles vive: “Atrás de portas fechadas,/à luz de velas acesas, /uns sugerem, uns recusam,/uns ouvem, uns aconselham.”
18 janeiro 2011
O desastre no Rio de Janeiro e o Código Florestal
Editorial do Vermelho
O debate da mudança do Código Florestal, que já consumiu tempo e tinta desde 2009 – quando o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) iniciou os trabalhos da relatoria da Comissão Especial constituída na Câmara dos Deputados para elaborar um novo projeto de lei – parece ganhar novo alento depois da tragédia da região serrana do Rio de Janeiro.
Ambientalistas e outros opositores da proposta apresentada por Aldo Rebelo voltam à carga, agora fortalecidos pela conjunção de descaso, desmandos e pelo universo de irregularidades que a tragédia expôs com sua contabilidade de destruição e de mortos que supera a quantia de 640 vítimas.
Eles têm razão num aspecto: a ocupação irregular do solo, seja por gente pobre atrás de terrenos baratos seja por privilegiados em busca das “belezas da natureza”, é uma das raízes do desastre. Neste sentido a tragédia ajuda a aprofundar o sentido de responsabilidade pública necessário à formulação de um novo Código Florestal.
Mas a razão termina aí, pois não há como misturar, numa mesma linha de argumentação, a defesa impositiva e urgente das matas e dos rios brasileiros – objetivo precípuo do Código – com a responsabilidade de posturas municipais que regulam a ocupação do solo para uso residencial e a necessária obediência à lei.
A proposta de Código Florestal feita por Aldo Rebelo – que decorre de mais de 60 audiências públicas em 18 Estados – pretende normalizar o uso econômico da terra e criar condições para a eliminação de monstrengos jurídicos que, mudando as regras em períodos de tempo muito curtos, criam a uma situação de insegurança jurídica para os lavradores, principalmente pequenos e médios, jogando milhões deles na ilegalidade.
A proposta abre caminho para retirar da ilegalidade plantações de arroz feitas em várzeas de rios (como se faz em todo o mundo), ou a plantação de café, maçãs e uvas em encostas de morros, e cultivos assemelhados que, pela lei em vigor, não poderiam existir. E cria também a possibilidade, para os pequenos agricultores, de aproveitar melhor suas pequenas propriedades ao isentá-los das regras relativas às reservas legais. A discussão destas propostas caberá, agora, ao plenário da Câmara dos Deputados e o deputado Aldo Rebelo, otimista, prevê a votação até o mês de março.
A recolocação do debate revela também um aspecto do oportunismo dos críticos do projeto de Aldo Rebelo. O Código Florestal proposto é uma orientação legal positiva cuja aplicação caberá aos estados e municípios, responsáveis principais pelas regras do uso do solo para moradia. Pela proposta, as licenças devem ser emitidas com base em critérios técnicos fixados pela lei, e autorizadas pelo órgão ambiental estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Mas nenhuma lei vai disciplinar realmente esse uso sem uma reforma urbana radical que crie obstáculos severos à especulação imobiliária e criminalize empresários e autoridades de todos os níveis que compactuem com violações das regras, desde as posturas municipais até a regra mais alta, o Código Florestal.
Este é o problema. A mercantilização do uso da terra, o conluio entre autoridades e especuladores, a irresponsabilidade cívica que move a busca do lucro, são verdadeiros “tratores” que reduzem as leis a escombros e criam situações de risco graves como estas que o país, infelizmente, vê reiteradas todo início de ano.
Só um exemplo: a regra em vigor determina um tamanho mínimo para a legalização de lotes para moradia em áreas de preservação de mananciais. Pois bem, é comum que especuladores retalhem estes lotes em pedaços menores para acomodar famílias nessas áreas. O truque: não há escrituras de propriedade para os lotes pequenos, mas só para a unidade com o tamanho mínimo admitido pela lei; assim, as vítimas envolvidas por esta especulação somente uma parte da propriedade registrada pela escritura comum do lote maior de que fazem parte.
Numa situação como esta nenhuma lei pode garantir a proteção ambiental de matas e rios nem a segurança dos moradores que a especulação imobiliária, a ambição e o descaso público empurram para dentro de áreas que deviam ser preservadas.
O Código Florestal sozinho, por mais perfeito que seja, não vai resolver este problema, mesmo estabelecendo parâmetros que podem viabilizar o encontro de uma solução. A questão urgente suscitada por desastres como o da região serrana fluminense, o de Angra dos Reis em 2010, o de Santa Catarina em outros anos, como o de inúmeras catástrofes ambientais que de ano em ano afligem e desesperam a população, precisa ser equacionada através de uma reforma urbana para garantir o direito à moradia, transporte, saneamento e abastecimento de água etc. à população e eliminar a especulação imobiliária que joga com este direito constitucional, faz nascer fortunas que estão entre o ilícito e o imoral e, no limite, destrói vidas, patrimônios e a infraestrutura pública.
O debate da mudança do Código Florestal, que já consumiu tempo e tinta desde 2009 – quando o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) iniciou os trabalhos da relatoria da Comissão Especial constituída na Câmara dos Deputados para elaborar um novo projeto de lei – parece ganhar novo alento depois da tragédia da região serrana do Rio de Janeiro.
Ambientalistas e outros opositores da proposta apresentada por Aldo Rebelo voltam à carga, agora fortalecidos pela conjunção de descaso, desmandos e pelo universo de irregularidades que a tragédia expôs com sua contabilidade de destruição e de mortos que supera a quantia de 640 vítimas.
Eles têm razão num aspecto: a ocupação irregular do solo, seja por gente pobre atrás de terrenos baratos seja por privilegiados em busca das “belezas da natureza”, é uma das raízes do desastre. Neste sentido a tragédia ajuda a aprofundar o sentido de responsabilidade pública necessário à formulação de um novo Código Florestal.
Mas a razão termina aí, pois não há como misturar, numa mesma linha de argumentação, a defesa impositiva e urgente das matas e dos rios brasileiros – objetivo precípuo do Código – com a responsabilidade de posturas municipais que regulam a ocupação do solo para uso residencial e a necessária obediência à lei.
A proposta de Código Florestal feita por Aldo Rebelo – que decorre de mais de 60 audiências públicas em 18 Estados – pretende normalizar o uso econômico da terra e criar condições para a eliminação de monstrengos jurídicos que, mudando as regras em períodos de tempo muito curtos, criam a uma situação de insegurança jurídica para os lavradores, principalmente pequenos e médios, jogando milhões deles na ilegalidade.
A proposta abre caminho para retirar da ilegalidade plantações de arroz feitas em várzeas de rios (como se faz em todo o mundo), ou a plantação de café, maçãs e uvas em encostas de morros, e cultivos assemelhados que, pela lei em vigor, não poderiam existir. E cria também a possibilidade, para os pequenos agricultores, de aproveitar melhor suas pequenas propriedades ao isentá-los das regras relativas às reservas legais. A discussão destas propostas caberá, agora, ao plenário da Câmara dos Deputados e o deputado Aldo Rebelo, otimista, prevê a votação até o mês de março.
A recolocação do debate revela também um aspecto do oportunismo dos críticos do projeto de Aldo Rebelo. O Código Florestal proposto é uma orientação legal positiva cuja aplicação caberá aos estados e municípios, responsáveis principais pelas regras do uso do solo para moradia. Pela proposta, as licenças devem ser emitidas com base em critérios técnicos fixados pela lei, e autorizadas pelo órgão ambiental estadual integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Mas nenhuma lei vai disciplinar realmente esse uso sem uma reforma urbana radical que crie obstáculos severos à especulação imobiliária e criminalize empresários e autoridades de todos os níveis que compactuem com violações das regras, desde as posturas municipais até a regra mais alta, o Código Florestal.
Este é o problema. A mercantilização do uso da terra, o conluio entre autoridades e especuladores, a irresponsabilidade cívica que move a busca do lucro, são verdadeiros “tratores” que reduzem as leis a escombros e criam situações de risco graves como estas que o país, infelizmente, vê reiteradas todo início de ano.
Só um exemplo: a regra em vigor determina um tamanho mínimo para a legalização de lotes para moradia em áreas de preservação de mananciais. Pois bem, é comum que especuladores retalhem estes lotes em pedaços menores para acomodar famílias nessas áreas. O truque: não há escrituras de propriedade para os lotes pequenos, mas só para a unidade com o tamanho mínimo admitido pela lei; assim, as vítimas envolvidas por esta especulação somente uma parte da propriedade registrada pela escritura comum do lote maior de que fazem parte.
Numa situação como esta nenhuma lei pode garantir a proteção ambiental de matas e rios nem a segurança dos moradores que a especulação imobiliária, a ambição e o descaso público empurram para dentro de áreas que deviam ser preservadas.
O Código Florestal sozinho, por mais perfeito que seja, não vai resolver este problema, mesmo estabelecendo parâmetros que podem viabilizar o encontro de uma solução. A questão urgente suscitada por desastres como o da região serrana fluminense, o de Angra dos Reis em 2010, o de Santa Catarina em outros anos, como o de inúmeras catástrofes ambientais que de ano em ano afligem e desesperam a população, precisa ser equacionada através de uma reforma urbana para garantir o direito à moradia, transporte, saneamento e abastecimento de água etc. à população e eliminar a especulação imobiliária que joga com este direito constitucional, faz nascer fortunas que estão entre o ilícito e o imoral e, no limite, destrói vidas, patrimônios e a infraestrutura pública.
Tarefa vã
Desconstruir a imagem de Lula junto à população é tarefa vã, que assim mesmo alguns enfrentam, de FHC a outros menos cotados.
Amplitude e eficiência
. Ampliar e tornar mais plural ainda a composição do governo pode ser um fator de dinamização da gestão de João da Costa. Soma forças.
. A permanência de quadros do PTB na equipe de João da Costa é importante – pela representatividade política e pela capacidade de realizar.
. A permanência de quadros do PTB na equipe de João da Costa é importante – pela representatividade política e pela capacidade de realizar.
17 janeiro 2011
João Paulo tranquilo e firme
. Conversei com João Paulo por telefone hoje à tarde. A nota esclarecendo a realidade financeira que deixou para o sucessor, João da Costa, é essencialmente um gesto de respeito à opinião pública.
. O ex-prefeito está tranquilo, descansando para iniciar o mandato de deputado federal com aquela disposição de luta que todos conhecemos. E renovado compromisso com o desenvolvimento de Pernambuco.
. O ex-prefeito está tranquilo, descansando para iniciar o mandato de deputado federal com aquela disposição de luta que todos conhecemos. E renovado compromisso com o desenvolvimento de Pernambuco.
Bom dia, Manuel Bandeira
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
A palavra do professor José Amaro
Sobre a minha crônica "Perdão, Coelho Neto":
A sua autocrítica é procedente. Assim como Coelho Neto, existem muitos nomes esquecidos. Nomes que contribuíram para a formação cultural e intelectual da gente brasileira.
É sempre bom lembrar que o citadíssimo Platão, na Grécia antiga, já chamava a atenção para o culto à memória daqueles que procederam com exemplos marcantes, dentro do campo da criatividade e legando heranças, que só fazem adicionar ao crescimento de pessoas, de comunidades, de nações inteiras...
Enquanto aqui é lembrado o escritor e gestor público Coelho Neto, na minha área, gostaria de lembrar nomes da música brasileira e, em particular, da cena pernambucana. Quando eu ministrava aulas de história da música brasileira no Dep. de Música da UFPE, num dado momento fiz uma indagação à classe: quem, entre os alunos, conhecia obras do maestro Nelson Ferreira. Para minha surpresa, nenhum aluno conhecia sua obra, assim como nunca ouvira falar do maestro Nelson Ferreira. Aproveitei, então, para indagar sobre outros nomes que fizeram músicas entre nós, a exemplo de Levino Ferreira, o famoso Mestre Vivo. José Gonçalves Junior (Zumba), Felix Lins de Albuquerque, o indefectível Felinho, autor das famosas variações de Vassourinha. O próprio Lourenço da Fonseca Barbosa, este conhecido como Capiba. E o que dizer dos Irmãos Valença: João Vitor e Raul do Rego Valença, autores de páginas musicais admiráveis? Era mais fácil que nossos estudantes conhecessem John Lennon.
A ignorância da nossa juventude no que se refere à nossa música e músicos brasileiros se deve a uma mídia radiofônica, descompromissada com a formação cultural da maioria da população. Agem impatrioticamente pondo à margem nossos valores e, movidos ao que chamam de "jabá", as famosas propinas por baixo da mesa, propositalmente fazem questão em não conhecer os nossos valores culturais. A ignorância lhes favorecem.
Daí resolvi incluir um capítulo sobre a música dos compositores pernambucanos na disciplina de História da Música Brasileira, quando os alunos tiveram a oportunidade em conhecer nomes e obras de vários compositores do passado e do presente.
Como hoje me encontro em gozo de uma honrosa aposentadoria, não sabemos se nossa preocupação em destacar nossos valores musicais continua presente com os docentes e a juventude estudiosa da UFPE.
Urge fazer-se retomadas de projetos e histórias de vidas, por todos os exemplos que inúmeros próceres nos legaram através de suas obras.
É isso. José Amaro Santos da Silva
A sua autocrítica é procedente. Assim como Coelho Neto, existem muitos nomes esquecidos. Nomes que contribuíram para a formação cultural e intelectual da gente brasileira.
É sempre bom lembrar que o citadíssimo Platão, na Grécia antiga, já chamava a atenção para o culto à memória daqueles que procederam com exemplos marcantes, dentro do campo da criatividade e legando heranças, que só fazem adicionar ao crescimento de pessoas, de comunidades, de nações inteiras...
Enquanto aqui é lembrado o escritor e gestor público Coelho Neto, na minha área, gostaria de lembrar nomes da música brasileira e, em particular, da cena pernambucana. Quando eu ministrava aulas de história da música brasileira no Dep. de Música da UFPE, num dado momento fiz uma indagação à classe: quem, entre os alunos, conhecia obras do maestro Nelson Ferreira. Para minha surpresa, nenhum aluno conhecia sua obra, assim como nunca ouvira falar do maestro Nelson Ferreira. Aproveitei, então, para indagar sobre outros nomes que fizeram músicas entre nós, a exemplo de Levino Ferreira, o famoso Mestre Vivo. José Gonçalves Junior (Zumba), Felix Lins de Albuquerque, o indefectível Felinho, autor das famosas variações de Vassourinha. O próprio Lourenço da Fonseca Barbosa, este conhecido como Capiba. E o que dizer dos Irmãos Valença: João Vitor e Raul do Rego Valença, autores de páginas musicais admiráveis? Era mais fácil que nossos estudantes conhecessem John Lennon.
A ignorância da nossa juventude no que se refere à nossa música e músicos brasileiros se deve a uma mídia radiofônica, descompromissada com a formação cultural da maioria da população. Agem impatrioticamente pondo à margem nossos valores e, movidos ao que chamam de "jabá", as famosas propinas por baixo da mesa, propositalmente fazem questão em não conhecer os nossos valores culturais. A ignorância lhes favorecem.
Daí resolvi incluir um capítulo sobre a música dos compositores pernambucanos na disciplina de História da Música Brasileira, quando os alunos tiveram a oportunidade em conhecer nomes e obras de vários compositores do passado e do presente.
Como hoje me encontro em gozo de uma honrosa aposentadoria, não sabemos se nossa preocupação em destacar nossos valores musicais continua presente com os docentes e a juventude estudiosa da UFPE.
Urge fazer-se retomadas de projetos e histórias de vidas, por todos os exemplos que inúmeros próceres nos legaram através de suas obras.
É isso. José Amaro Santos da Silva
Com câmbio sobrevalorizado não dá
. Matéria publicada hoje no Valor Econômico informa que Governo vai atuar para proteger saldo comercial. Diz o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que o governo terá "uma política mais proativa" para proteger o saldo positivo no comércio exterior, e tomará iniciativas de defesa comercial sem esperar provocação do setor privado.
. Tudo bem. Que assim seja. Mas há que se resolver o nó do câmbio sobrevalorizado, uma das causas essenciais da tendência ao aprofundamento do déficit da balança comercial.
. Tudo bem. Que assim seja. Mas há que se resolver o nó do câmbio sobrevalorizado, uma das causas essenciais da tendência ao aprofundamento do déficit da balança comercial.
16 janeiro 2011
Sentido da vida
A sugestão de domingo é de Cora Coralina: “Entre pedras/cresceu a minha poesia./Minha vida.../Quebrando pedras/e plantando flores.”
15 janeiro 2011
A palavra de Tadeu Colares
Faz algum tempo que não lhe escrevo, não que o tenha esquecido, pois amigos verdadeiros testados pelo tempo e pelas lutas...e que lutas (!) não se esquecem nunca.
As esperanças e os avanços se renovam com Dilma, muito embora que será "guerreada" mais do que o Lula o foi. Estamos num momento histórico onde esperanças reais se misturam com ameaças politicas (não só politicas) reais internas e externas. Os fatos estão ai. Fatos graves de intolerância politica e religiosa ocorrem nos USA, como ocorreram nas eleições recentes no Brasil. Há que se lutar contra a expansão desses tipos mais graves de intolerância essa luta é antes de tudo uma luta politica, uma luta ideológica.
Andei dando um longo "passeio" pelo seu Blog, a cada dia melhor e mais variado. Não seja tão humilde, não parece ser tão amador como você diz. E nessa curtição de sair lendo "textos" de forma aleatória, três me chamaram a atenção por serem algo que considero primorosos. "Céu de confeiteiro", uma beleza e um prazer na leitura cadenciada que pede... O segundo, a citação do poema, "Eu te amo" de Tom e Chico Buarque. Cabe bem nos tempos atuais de tanta violência e desamor.
O terceiro, "Ideias roubadas, afetos transfigurados" de Jomard M. de Brito que o conheci nos tempos da Católica em 1968... Um belo texto, é a "cara" do autor.
Seu blog além de seus textos é rico de "participações" que demonstram "democracia cultural". Há algo de leve na leitura alongada do blog, pois não sentimos "cansaço" ao longo da leitura.
Pra terminar um grande abraço estendido aos seus, com os votos renovados de um grande mandato conquistado com justiça.
Tadeu Colares
As esperanças e os avanços se renovam com Dilma, muito embora que será "guerreada" mais do que o Lula o foi. Estamos num momento histórico onde esperanças reais se misturam com ameaças politicas (não só politicas) reais internas e externas. Os fatos estão ai. Fatos graves de intolerância politica e religiosa ocorrem nos USA, como ocorreram nas eleições recentes no Brasil. Há que se lutar contra a expansão desses tipos mais graves de intolerância essa luta é antes de tudo uma luta politica, uma luta ideológica.
Andei dando um longo "passeio" pelo seu Blog, a cada dia melhor e mais variado. Não seja tão humilde, não parece ser tão amador como você diz. E nessa curtição de sair lendo "textos" de forma aleatória, três me chamaram a atenção por serem algo que considero primorosos. "Céu de confeiteiro", uma beleza e um prazer na leitura cadenciada que pede... O segundo, a citação do poema, "Eu te amo" de Tom e Chico Buarque. Cabe bem nos tempos atuais de tanta violência e desamor.
O terceiro, "Ideias roubadas, afetos transfigurados" de Jomard M. de Brito que o conheci nos tempos da Católica em 1968... Um belo texto, é a "cara" do autor.
Seu blog além de seus textos é rico de "participações" que demonstram "democracia cultural". Há algo de leve na leitura alongada do blog, pois não sentimos "cansaço" ao longo da leitura.
Pra terminar um grande abraço estendido aos seus, com os votos renovados de um grande mandato conquistado com justiça.
Tadeu Colares
Paraíba dará força ao saneamento básico
. Ricardo Coutinho (PSB), novo governador da Paraíba, anuncia prioridade ao saneamento básico. Ex-prefeito de João Pessoa, gestor público competente, fará um governo exitoso.
. Estivemos juntos em missão técnica em Paris, a convite do governo francês, quando eu era vice-prefeito do Recife, conhecendo a experiência de revitalização de áreas antigas da capital da França e arredores. Causou-me ótima impressão.
. Estivemos juntos em missão técnica em Paris, a convite do governo francês, quando eu era vice-prefeito do Recife, conhecendo a experiência de revitalização de áreas antigas da capital da França e arredores. Causou-me ótima impressão.
Caminhos corretos
A dica de sábado é do amigo Normando: “Se sabes onde queres chegar, todos os caminhos são válidos – dentro dos limites da dignidade.”
14 janeiro 2011
Boa noite, Henriqueta Lisboa
A Ovelha
Encontrastes acaso
a ovelha desgarrada?
A mais tenra
do meu rebanho?
A que despertava ao primeiro
contato do sol?
A que buscava a água sem nuvens
para banhar-se?
A que andava solitária entre as flores
e delas retinha a fragrância
na lã doce e fina?
A que temerosa de espinhos
aos bosques silvestres
preferia o prado liso, a relva?
A que nos olhos trazia
uma luz diferente
quando à tarde voltávamos
ao aprisco?
A que nos meus joelhos brincava
tomada às vezes de alegria louca?
A que se dava em silêncio
ao refrigério da lua
após o longo dia estival?
A que dormindo estremecia
ao menor sussurro de aragem?
Encontrastes acaso
a mais estranha e dócil
das ovelhas?
Aquela a que no coração eu chamava
– a minha ovelha?
Encontrastes acaso
a ovelha desgarrada?
A mais tenra
do meu rebanho?
A que despertava ao primeiro
contato do sol?
A que buscava a água sem nuvens
para banhar-se?
A que andava solitária entre as flores
e delas retinha a fragrância
na lã doce e fina?
A que temerosa de espinhos
aos bosques silvestres
preferia o prado liso, a relva?
A que nos olhos trazia
uma luz diferente
quando à tarde voltávamos
ao aprisco?
A que nos meus joelhos brincava
tomada às vezes de alegria louca?
A que se dava em silêncio
ao refrigério da lua
após o longo dia estival?
A que dormindo estremecia
ao menor sussurro de aragem?
Encontrastes acaso
a mais estranha e dócil
das ovelhas?
Aquela a que no coração eu chamava
– a minha ovelha?
Um dinossauro de 230 milhões de anos
Ciência Hoje Online:
. A nova espécie - Segundo Ricardo Martinez, do Instituto e Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan (Argentina), e colaboradores, Eodromaeus murphy é conhecido a partir de meia dúzia de exemplares, todos incompletos, encontrados em diferentes camadas formadas entre 232 e 229 milhões de anos atrás.
. Estudo de uma nova espécie primitiva encontrada na Argentina demonstra que a evolução e o sucesso desses répteis na dominação do planeta não estão ligados à extinção de outros vertebrados, como se supunha até então. A descoberta é tema da coluna de Alexander Kellner.
. Uma nova página sobre a evolução dos dinossauros acaba de ser aberta com a descrição de uma espécie que viveu em uma época próxima à origem do grupo. A fera, descrita na revista Science, foi batizada de Eodromaeus murphy, que, em tradução livre, significa “o corredor do alvorecer”. O nome é uma referência ao fato de esse dinossauro ser primitivo e é também uma homenagem a J. Murphy, militante do grupo Earthwatch e descobridor do fóssil mais completo dessa espécie, que reúne, inclusive, seu crânio.
. A nova espécie - Segundo Ricardo Martinez, do Instituto e Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan (Argentina), e colaboradores, Eodromaeus murphy é conhecido a partir de meia dúzia de exemplares, todos incompletos, encontrados em diferentes camadas formadas entre 232 e 229 milhões de anos atrás.
. O local é o famoso Valle de la Luna, na incrivelmente bela área do parque de Ischigualasto, situado na região norte de San Juan, na Argentina. Há mais de 50 anos, pesquisas e coletas sistemáticas são realizadas nesse parque, revelando como era o ambiente e a fauna quando os primeiros dinossauros surgiram na face do planeta.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/HfkXI7A
Gente conectada
. O número de acessos aos serviços de banda larga no país cresceu 71% no ano passado, chegando a 34,2 milhões de acessos fixos e móveis – noticia a Agência Brasil.
. Segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), nos últimos 12 meses foram ativadas 14,2 milhões de novas conexões, o que significa que, a cada minuto, 27 novos clientes passaram a ter acesso à internet rápida no Brasil.
. A banda larga móvel pelas redes de telefonia de terceira geração (3G), que foram implantadas no Brasil há cerca de três anos, ultrapassou a internet fixa em 2010, com 20,6 milhões de acessos, a partiur de smartphones (telefones com conexão à internet e recursos de computador) ou modems (que permitem conectar computadores pessoais e portáteis à internet).
. A banda larga fixa subiu de 11,4 milhões para 13,6 milhões no mesmo período, com elevação de 20%. Já o número de modems passou de 4,6 milhões para 6 milhões, crescimento de 31% ao longo de 12 meses.
. Segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), nos últimos 12 meses foram ativadas 14,2 milhões de novas conexões, o que significa que, a cada minuto, 27 novos clientes passaram a ter acesso à internet rápida no Brasil.
. A banda larga móvel pelas redes de telefonia de terceira geração (3G), que foram implantadas no Brasil há cerca de três anos, ultrapassou a internet fixa em 2010, com 20,6 milhões de acessos, a partiur de smartphones (telefones com conexão à internet e recursos de computador) ou modems (que permitem conectar computadores pessoais e portáteis à internet).
. A banda larga fixa subiu de 11,4 milhões para 13,6 milhões no mesmo período, com elevação de 20%. Já o número de modems passou de 4,6 milhões para 6 milhões, crescimento de 31% ao longo de 12 meses.
13 janeiro 2011
Ciência perde Jayme Tiomno
. Faleceu na madrugada de ontem o físico Jayme Tiomno, 90, um dos principais cientistas do país.
. Ele deu contribuição fundamental no estudo das partículas elementares - que não são formadas por outras menores, como o elétron.
. Era uma das minhas referências – junto com César Lates e Leite Lopes – quando no início da década de sessenta, junto com amigos, fundei um Clube de Ciências e pensava em me tornar cientista.
. Ele deu contribuição fundamental no estudo das partículas elementares - que não são formadas por outras menores, como o elétron.
. Era uma das minhas referências – junto com César Lates e Leite Lopes – quando no início da década de sessenta, junto com amigos, fundei um Clube de Ciências e pensava em me tornar cientista.
A palavra sensata de Alanir Cardoso
. Sobre a hipotética transferência de João Paulo do PT para outro partido, são sensatas e justas as declarações do presidente regional do PCdoB, Alanir Cardoso, no Jornal do Commercio de hoje.
. Diz Alanir que João Paulo “honraria qualquer partido”, pois é “um quadro importante da cena política de Pernambuco”. Mas a sua ida para o PCdoB “não está posta”, mas se for colocada, será examinada pelos comunistas.
. Diz Alanir que João Paulo “honraria qualquer partido”, pois é “um quadro importante da cena política de Pernambuco”. Mas a sua ida para o PCdoB “não está posta”, mas se for colocada, será examinada pelos comunistas.
12 janeiro 2011
Minha coluna semanal no portal Vermelho
PT versus PMDB menos Programa de Governo
Luciano Siqueira
Passada a euforia da vitória e da posse, os primeiros meses de governo são sempre espinhosos – de todo governo, sobretudo o da República. A agenda é extensa e complexa, os problemas não esperam.
As tensões entre o PT e o PMDB fazem parte. Ambos despontam como os maiores dentre os dezesseis partidos que se aglutinam em apoio ao governo e representam interesses em muitos aspectos conflitantes, que se refletem na disputa por ministérios, direção de empresas estatais e quejandos. Seria ingenuidade imaginar que as coisas pudessem transcorrer em clima de harmonia e paz. Entretanto, há que se qualificar a disputa e cingi-la aos limites do bom senso, sob pena de prejudicar o governo.
A ânsia de petistas e peemedebistas em se fazerem representar em postos considerados importantes e estratégicos não pode nem deve resultar num rebaixamento, sob todos os títulos nocivo, da contribuição dos demais partidos. Se acontecer, será péssimo – para o governo e para o País. PCdoB, PDT, PSB, PRB e outros têm o que apresentar como realizações efetivas a partir das missões recebidas no governo anterior, do presidente Lula, e se mostram credenciados a repetir a dose no atual governo.
Demais, o PT e o PMDB são organizações muito heterogêneas e convivem internamente com contradições que borram seus matizes de esquerda (o PT) e de centro (o PMDB). O predomínio exagerado desses dois partidos no governo, e também na Câmara e no Senado, resultará numa linha centrista que estará muito longe de corresponder às exigências atuais do desenvolvimento do País e às aspirações da grande maioria da população.
Petistas e peemedebistas – persistindo na postura atual – poderão envolver o governo numa teia pragmática e imediatista, pondo a segundo plano compromissos programáticos. Coteje as declarações de próceres dos dois partidos em meio à disputa pelos espaços no governo e descubra quem, onde e quando justificou tal ou qual pretensão com base no programa de governo. O resultado lamentavelmente é zero (diferentemente do PCdoB, por exemplo, que encaminhou à presidenta Dilma documento contendo propostas para a fase de transição).
Alguém pode ponderar que a presidenta Dilma sabe o que quer e está apta a percorrer os caminhos administrativos necessários. Ninguém pode negar isso. Mas ela terá que “fazer política” o tempo todo, combinando firmeza e habilidade, para conduzir ministros e ocupantes de cargos estratégicos a uma prática coerente e efetivamente produtiva. E o fio condutor há que ter o conteúdo programático tão pouco valorizado por petistas e peemedebistas.
Luciano Siqueira
Passada a euforia da vitória e da posse, os primeiros meses de governo são sempre espinhosos – de todo governo, sobretudo o da República. A agenda é extensa e complexa, os problemas não esperam.
As tensões entre o PT e o PMDB fazem parte. Ambos despontam como os maiores dentre os dezesseis partidos que se aglutinam em apoio ao governo e representam interesses em muitos aspectos conflitantes, que se refletem na disputa por ministérios, direção de empresas estatais e quejandos. Seria ingenuidade imaginar que as coisas pudessem transcorrer em clima de harmonia e paz. Entretanto, há que se qualificar a disputa e cingi-la aos limites do bom senso, sob pena de prejudicar o governo.
A ânsia de petistas e peemedebistas em se fazerem representar em postos considerados importantes e estratégicos não pode nem deve resultar num rebaixamento, sob todos os títulos nocivo, da contribuição dos demais partidos. Se acontecer, será péssimo – para o governo e para o País. PCdoB, PDT, PSB, PRB e outros têm o que apresentar como realizações efetivas a partir das missões recebidas no governo anterior, do presidente Lula, e se mostram credenciados a repetir a dose no atual governo.
Demais, o PT e o PMDB são organizações muito heterogêneas e convivem internamente com contradições que borram seus matizes de esquerda (o PT) e de centro (o PMDB). O predomínio exagerado desses dois partidos no governo, e também na Câmara e no Senado, resultará numa linha centrista que estará muito longe de corresponder às exigências atuais do desenvolvimento do País e às aspirações da grande maioria da população.
Petistas e peemedebistas – persistindo na postura atual – poderão envolver o governo numa teia pragmática e imediatista, pondo a segundo plano compromissos programáticos. Coteje as declarações de próceres dos dois partidos em meio à disputa pelos espaços no governo e descubra quem, onde e quando justificou tal ou qual pretensão com base no programa de governo. O resultado lamentavelmente é zero (diferentemente do PCdoB, por exemplo, que encaminhou à presidenta Dilma documento contendo propostas para a fase de transição).
Alguém pode ponderar que a presidenta Dilma sabe o que quer e está apta a percorrer os caminhos administrativos necessários. Ninguém pode negar isso. Mas ela terá que “fazer política” o tempo todo, combinando firmeza e habilidade, para conduzir ministros e ocupantes de cargos estratégicos a uma prática coerente e efetivamente produtiva. E o fio condutor há que ter o conteúdo programático tão pouco valorizado por petistas e peemedebistas.
A prosa poética de Virgínia Barros
Dezenove anos
Por Virgínia Barros, no Blog Entre tantos loucos e livres
Certa vez, aos meus 19 anos, voltando embriagada e incansável de uma noitada qualquer, me deparei com um desses momentos mágico que vira e mexe acontecem na vida da gente: ao descer do carro na calçada e aguardar o porteiro abrir o portão do prédio, encontrei no chão um pedaço de papel nojento onde estava escrito:
"Por enquanto cantamos
Somos belos, bêbados cometas
Sempre em bandos de quinze ou de vinte
Tomamos cerveja
E queremos carinho
E sonhamos sozinhos
E olhamos estrelas
Prevendo o futuro
Que não chega"
Nada mais apropriado. “É isso!”, pensei. E realmente era. Decidi dali em diante seguir ainda mais à risca o hedonismo presente naqueles versos. Segui. Senti. Cansei. E hoje, um pouco mais madura, curto essa saudade boa daqueles tempos de alegorias tantas.
Por Virgínia Barros, no Blog Entre tantos loucos e livres
Certa vez, aos meus 19 anos, voltando embriagada e incansável de uma noitada qualquer, me deparei com um desses momentos mágico que vira e mexe acontecem na vida da gente: ao descer do carro na calçada e aguardar o porteiro abrir o portão do prédio, encontrei no chão um pedaço de papel nojento onde estava escrito:
"Por enquanto cantamos
Somos belos, bêbados cometas
Sempre em bandos de quinze ou de vinte
Tomamos cerveja
E queremos carinho
E sonhamos sozinhos
E olhamos estrelas
Prevendo o futuro
Que não chega"
Nada mais apropriado. “É isso!”, pensei. E realmente era. Decidi dali em diante seguir ainda mais à risca o hedonismo presente naqueles versos. Segui. Senti. Cansei. E hoje, um pouco mais madura, curto essa saudade boa daqueles tempos de alegorias tantas.
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
O rico, o pobre e a consultoria especializada
Luciano Siqueira
Nos poucos dias de recreio na praia, no final do ano, manuseei uma revista de amenidades onde vi, sem lê, um artigo cuja autora – de que não me recordo o nome – se apresenta como “consultora de riqueza”. Veja que não sou assim tão desinformado, pois tenho as antenas ligadas em tudo e no entanto me surpreendi com a qualificação da articulista.
Não li o texto, nem preciso: não estou entre os seus possíveis clientes, já que riqueza monetária nunca foi o meu forte nem jamais se incluiu entre as minhas aspirações pessoais. Posso até imaginar alguém que a contrate:
- Minha senhora, tenho acumulado muita mais-valia, absoluta e relativa, e meu problema é como administrar tanta riqueza!
- Pois não, senhor. Posso lhe oferecer um diagnóstico preciso para a sua fortuna e indicar as melhores técnicas para assegurar seus intentos.
- Pois bem. Meu interesse é exatamente fazer com que tudo que amealhei até agora não feneça, antes possa se reproduzir e me tornar mais rico ainda.
- Não seja por isso. Temos aqui alguns softwares testados com muito sucesso que o ajudarão a extorquir mais mais-valia ainda e bem aplicar o produto da extorsão em rentáveis negócios. A felicidade em suas mãos!
E assim por diante, creio cá com a minha ignorância.
Por outro lado, há que se perguntar: existe também “consultoria de pobreza”? Se sim, provavelmente ociosa e sem contratos à vista. Porque o pobre por ser pobre não pode contratar tais serviços especializados, que devem custar caro. Além disso, com tanta experiência acumulada ele já sabe como se comportar – se a empreitada for manter a sua pobreza. É o que penso.
De toda sorte, supondo que algum pobre deseje sair do seu estado atual e alcançar o polo oposto, o estado de riqueza, poderia contratar gente como a tal “consultora de riqueza”. A pergunta é: se a tal consultora tem autoconfiança profissional e certeza da eficácia do seu arsenal técnico destinado a reproduzir a riqueza, toparia um contrato de risco? Ou seja, aceitaria como cliente o pobre que deseja ficar rico sob o compromisso de honrar os custos da consultoria lá adiante, quando efetivamente realize sua ascensão social?
Enfim, minhas perguntas certamente nada esclarecem. Apenas refletem minha inaptidão para conviver com esse subproduto do capitalismo tupiniquim que, como se vê, vai se sofisticando tal como o de outras plagas.
Globalização dá nisso. Ou não?
Luciano Siqueira
Nos poucos dias de recreio na praia, no final do ano, manuseei uma revista de amenidades onde vi, sem lê, um artigo cuja autora – de que não me recordo o nome – se apresenta como “consultora de riqueza”. Veja que não sou assim tão desinformado, pois tenho as antenas ligadas em tudo e no entanto me surpreendi com a qualificação da articulista.
Não li o texto, nem preciso: não estou entre os seus possíveis clientes, já que riqueza monetária nunca foi o meu forte nem jamais se incluiu entre as minhas aspirações pessoais. Posso até imaginar alguém que a contrate:
- Minha senhora, tenho acumulado muita mais-valia, absoluta e relativa, e meu problema é como administrar tanta riqueza!
- Pois não, senhor. Posso lhe oferecer um diagnóstico preciso para a sua fortuna e indicar as melhores técnicas para assegurar seus intentos.
- Pois bem. Meu interesse é exatamente fazer com que tudo que amealhei até agora não feneça, antes possa se reproduzir e me tornar mais rico ainda.
- Não seja por isso. Temos aqui alguns softwares testados com muito sucesso que o ajudarão a extorquir mais mais-valia ainda e bem aplicar o produto da extorsão em rentáveis negócios. A felicidade em suas mãos!
E assim por diante, creio cá com a minha ignorância.
Por outro lado, há que se perguntar: existe também “consultoria de pobreza”? Se sim, provavelmente ociosa e sem contratos à vista. Porque o pobre por ser pobre não pode contratar tais serviços especializados, que devem custar caro. Além disso, com tanta experiência acumulada ele já sabe como se comportar – se a empreitada for manter a sua pobreza. É o que penso.
De toda sorte, supondo que algum pobre deseje sair do seu estado atual e alcançar o polo oposto, o estado de riqueza, poderia contratar gente como a tal “consultora de riqueza”. A pergunta é: se a tal consultora tem autoconfiança profissional e certeza da eficácia do seu arsenal técnico destinado a reproduzir a riqueza, toparia um contrato de risco? Ou seja, aceitaria como cliente o pobre que deseja ficar rico sob o compromisso de honrar os custos da consultoria lá adiante, quando efetivamente realize sua ascensão social?
Enfim, minhas perguntas certamente nada esclarecem. Apenas refletem minha inaptidão para conviver com esse subproduto do capitalismo tupiniquim que, como se vê, vai se sofisticando tal como o de outras plagas.
Globalização dá nisso. Ou não?
09 janeiro 2011
Boa tarde, Cida Pedrosa
Céu de confeiteiro
uma fatia de céu
é dada
nesta noite de maio
quinhão que cabe ao homem
que da janela espera
a urbe apita
e o calor
se faz bruma e precipício
uma fatia de céu
é dada
aos amantes da varanda
quinhão que cabe ao amor
em tempos de luas magras
uma fatia de céu
é dada
nesta noite de maio
quinhão que cabe ao homem
que da janela espera
a urbe apita
e o calor
se faz bruma e precipício
uma fatia de céu
é dada
aos amantes da varanda
quinhão que cabe ao amor
em tempos de luas magras
Recife 2012
Para a Frente Popular, a equação de 2012 no Recife será ao mesmo tempo complexa e simples. Desde que se evite antecipar precipitadamente o que não cabe.
Sonhar com os pés no chão
A sugestão de domingo é de Lenin: “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real...”.
08 janeiro 2011
Alta inflacionária: sinal de alerta
. Inflação oficial fecha o ano em 5,91%, maior taxa desde 2004. A informação é da Agência Brasil.
. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, fechou o ano de 2010 em 5,91%. A taxa, divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a mais elevada desde 2004, quando o índice alcançou 7,6%. O resultado também ficou acima do centro da meta de inflação do governo para o ano, de 4,5%.
. A principal pressão, de acordo com o IBGE, partiu dos alimentos, que ficaram, em média, 10,39% mais caros, contribuindo com 2,34 pontos percentuais na formação do IPCA de 2010, o que representa 40% do índice.
. Em dezembro, o IPCA diminuiu em relação a novembro, e ficou em 0,63%, depois de ter registrado 0,83%. Em dezembro de 2009, o índice alcançou 0,37%.
Risco elevado de Aids
. A notícia está no “Estadão” de hoje. Uma pesquisa feita em três hemocentros brasileiros entre 2007 e 2008 indica que o risco de contrair HIV em transfusões de sangue no Brasil é 20 vezes maior do que nos Estados Unidos, informa a repórter Lígia Formenti.
. O trabalho aponta que 1 em cada 100 mil bolsas de sangue do País pode estar contaminada pelo vírus. Nos EUA, a relação é de 1 para cada 2 milhões.
. Aqui, entre 30 e 60 pessoas por ano podem ser contaminadas via transfusão. O sangue doado é submetido a testes, mas há a janela imunológica, período no qual a presença do vírus não é identificada.
. O trabalho aponta que 1 em cada 100 mil bolsas de sangue do País pode estar contaminada pelo vírus. Nos EUA, a relação é de 1 para cada 2 milhões.
. Aqui, entre 30 e 60 pessoas por ano podem ser contaminadas via transfusão. O sangue doado é submetido a testes, mas há a janela imunológica, período no qual a presença do vírus não é identificada.
Questão racial na agenda
O ensaio sobre as desigualdades das raças humanas
No Vermelho, por Eduardo Bomfim
A agenda pós-moderna do século XXI, introduzida como pauta através da grande mídia oligopolizadora, é algo que nos deixa a pensar sobre as coisas verdadeiramente relevantes ao engrandecimento do pensamento da sociedade e de cada um de nós.
Tem sido comum a utilização de índices estatísticos para se determinar verdades, comportamentos na vida social e se baixar decretos, legais ou culturais, de códigos de postura coletivos.
Não que isso venha a ser algo de novo, mas é que ultimamente essa questão assumiu uma dimensão espetacular porque os instrumentos de comunicação e difusão das idéias atingiram proporções incríveis.
O que significa que estamos diante de uma verdadeira revolução tecnológica, mas que também ela em si mesma não quer dizer nada ou até pode vir a ser alguma coisa de tenebrosa se não for acompanhada pela revolução da inteligência.
E a revolução da inteligência provém da elevação dos feitos do ser humano nas artes, nas ciências e na filosofia, em cada época. É claro que a história da humanidade também é feita de cobiça, atrocidades e guerras tremendas. Algumas dessas guerras justas, em virtude da possibilidade de grandes constrangimentos e opressão contra uma nação ou mesmo contra todos os povos. Portanto a justeza ou não de uma guerra é algo a ser relativizado.
Mas o que não pode ser relativizado é a tendência das sociedades em transferir os seus diretos coletivos, e os individuais, para a contabilidade de direitos dos Estados pós-modernos. De tal forma que passam a diminuir sistematicamente os deveres dos referidos Estados e a escassearem os direitos dos cidadãos.
Como também determinadas “comprovações científicas” às vezes não são tão científicas assim porque ou são falsas, ou são superadas pelas pesquisas em permanente desenvolvimento, ou são adulteradas em proveito de ideologias algumas delas não só nocivas como terríveis.
É o que se vê no Ensaio Sobre as Desigualdades das Raças Humanas de 1855 do francês Gobineau, um dos oráculos da teoria sobre a existência das raças e partindo dessa constatação o determinismo cultural sobre raças superiores e raças inferiores.
Gobineau, e outros, com o seu estudo “científico” justificou a escravidão e inclusive guerras em nome de um higienismo, no caso o racial, como foi o nazismo. Só a prevalência da inteligência e da emancipação social humana funcionam como antídotos ao espírito da ignorância e da intolerância.
No Vermelho, por Eduardo Bomfim
A agenda pós-moderna do século XXI, introduzida como pauta através da grande mídia oligopolizadora, é algo que nos deixa a pensar sobre as coisas verdadeiramente relevantes ao engrandecimento do pensamento da sociedade e de cada um de nós.
Tem sido comum a utilização de índices estatísticos para se determinar verdades, comportamentos na vida social e se baixar decretos, legais ou culturais, de códigos de postura coletivos.
Não que isso venha a ser algo de novo, mas é que ultimamente essa questão assumiu uma dimensão espetacular porque os instrumentos de comunicação e difusão das idéias atingiram proporções incríveis.
O que significa que estamos diante de uma verdadeira revolução tecnológica, mas que também ela em si mesma não quer dizer nada ou até pode vir a ser alguma coisa de tenebrosa se não for acompanhada pela revolução da inteligência.
E a revolução da inteligência provém da elevação dos feitos do ser humano nas artes, nas ciências e na filosofia, em cada época. É claro que a história da humanidade também é feita de cobiça, atrocidades e guerras tremendas. Algumas dessas guerras justas, em virtude da possibilidade de grandes constrangimentos e opressão contra uma nação ou mesmo contra todos os povos. Portanto a justeza ou não de uma guerra é algo a ser relativizado.
Mas o que não pode ser relativizado é a tendência das sociedades em transferir os seus diretos coletivos, e os individuais, para a contabilidade de direitos dos Estados pós-modernos. De tal forma que passam a diminuir sistematicamente os deveres dos referidos Estados e a escassearem os direitos dos cidadãos.
Como também determinadas “comprovações científicas” às vezes não são tão científicas assim porque ou são falsas, ou são superadas pelas pesquisas em permanente desenvolvimento, ou são adulteradas em proveito de ideologias algumas delas não só nocivas como terríveis.
É o que se vê no Ensaio Sobre as Desigualdades das Raças Humanas de 1855 do francês Gobineau, um dos oráculos da teoria sobre a existência das raças e partindo dessa constatação o determinismo cultural sobre raças superiores e raças inferiores.
Gobineau, e outros, com o seu estudo “científico” justificou a escravidão e inclusive guerras em nome de um higienismo, no caso o racial, como foi o nazismo. Só a prevalência da inteligência e da emancipação social humana funcionam como antídotos ao espírito da ignorância e da intolerância.
Igualdade de gênero
No Recife, a 5ª Conferência Municipal da Mulher começa com plenárias preparatórias. Avança a luta pela igualdade de gênero na cidade.
Uma joia da Música Popular Brasileira
Eu te amo
Chico Buarque e Tom Jobim
Quer ouvir? http://twixar.com/jl3R8
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
Chico Buarque e Tom Jobim
Quer ouvir? http://twixar.com/jl3R8
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
Vida é luta
A amiga Berenice dá a dica do sábado: “A paz é e sempre será resultante de muita luta. Na política, na vida e no amor.”