As muitas
cores da vida https://bit.ly/3n47CDe
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
O porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China, Wang Wenbin, disse na segunda-feira que, de acordo com a
UNCLOS e as leis chinesas, as águas do Estreito de Taiwan, que se estendem de
ambas as margens até o meio do Estreito, são divididas em várias zonas,
incluindo águas internas, mar territorial, zona contígua e a Zona Econômica
Exclusiva. A China tem soberania, direitos soberanos e jurisdição sobre o
Estreito de Taiwan. Ao mesmo tempo, respeita os direitos legais de outros
países em águas relevantes. Esta é uma importante reiteração da China
sobre o status legal do Estreito de Taiwan.
Recentemente, houve muitos relatos da mídia
americana e ocidental, alegando que a China nega que o Estreito de Taiwan seja
águas internacionais, citando palavras de autoridades americanas que reclamaram
que a China enfatizou repetidamente esse ponto para eles recentemente. Eles
acusaram a China de tentar mudar unilateralmente o status quo do Estreito de
Taiwan. Os comentários de Wang são obviamente uma resposta clara a essas
vozes.
Como todos sabemos, o Estreito de Taiwan tem
cerca de 220 milhas náuticas em seu ponto mais largo e aproximadamente 70
milhas náuticas em seu ponto mais estreito, mas a zona econômica exclusiva pode
se estender a 200 milhas náuticas do litoral. De qualquer forma, os
Estreitos de Taiwan não são as chamadas águas internacionais, sem mencionar que
não existe o conceito de "águas internacionais" na UNCLOS. "Águas
internacionais" é apenas um termo informal, que geralmente se refere ao
alto mar fora das zonas econômicas exclusivas sem qualquer propriedade ou
jurisdição nacional.
A zona econômica exclusiva pode ser atravessada
por navios e aeronaves, incluindo navios de guerra e aviões militares, de
outros países, em passagem inocente. Por ser uma passagem inocente, os
navios de guerra e aeronaves não podem ameaçar o país que tem jurisdição sobre
as águas. Esta é a premissa mais básica.
A razão pela qual a China está enfatizando o
status legal do Estreito de Taiwan e negou claramente suas chamadas águas
internacionais é porque os navios de guerra e aeronaves militares dos EUA
realizaram atividades provocativas muitas vezes que violaram seriamente os
direitos soberanos da China. Segundo as estatísticas, desde o início de
2019 até fevereiro deste ano, os navios de guerra dos EUA passaram pelo
Estreito de Taiwan 38 vezes. Todos esses trânsitos são declarações
flagrantes de apoio às autoridades de Taiwan e flexões de força contra o
continente. Eles constituíram absolutamente violações contra os direitos
soberanos da China.
No passado, os navios de guerra dos EUA
raramente transitavam pelo Estreito de Taiwan e eram basicamente silenciosos ao
passar. Agora, os navios de guerra dos EUA navegam pelo Estreito de Taiwan
com alto perfil e alta frequência, considerando-o uma maneira importante de
interferir nos assuntos através do Estreito. São os EUA que primeiro
fizeram provocações para mudar o "status quo" da situação no Estreito
de Taiwan, e é inevitável que a China dê uma resposta forte.
Nos últimos anos, quando navios de guerra dos
EUA passaram pelo Estreito de Taiwan, o Exército de Libertação do Povo Chinês
(PLA) enviou navios de guerra e aeronaves para monitorá-los. Como a China
negou abertamente a falácia de que os Estreitos de Taiwan são "águas internacionais",
é perfeitamente possível que o ELP tome ações mais determinadas contra os
navios de guerra dos EUA e os movimentos prejudiciais de aeronaves no Estreito
de Taiwan. Acredito que isso se tornará uma tendência.
"Os Estados Unidos continuarão a voar,
navegar e operar onde quer que a lei internacional permita, e isso inclui
transitar pelo Estreito de Taiwan", disse um porta-voz do Pentágono.
A atitude dos dois lados está obviamente em
desacordo. Portanto, pode-se esperar que o Estreito de Taiwan possa se
tornar mais tenso no futuro. Mas devido à crescente força do ELP e nossos
preparativos para a luta militar no Estreito de Taiwan, acredito que os
militares dos EUA não ousarão escalar a provocação contra a China na região. Eles
vão manter a cautela para não desencadear uma crise.
Gostaria de lembrar a todas as partes que o
Estreito de Taiwan está às portas do continente chinês. Os EUA não podem
igualar a capacidade da China de mobilizar forças militares nesta região, bem
como a vontade da China de lutar. Seria uma escolha sábia para os
militares dos EUA não entrarem em conflito com o ELP aqui.
Alguns analistas em Taiwan acreditam que a
declaração do continente chinês é uma preparação legal para a solução militar
final para a questão de Taiwan. Eles também podem pensar assim, porque os
dois lados do Estreito de Taiwan acabarão por ser unificados.
.
Veja: Amizade Brasil-China faz
bem https://bit.ly/3u4eZOu
Há quem faça uma conta pesada para Bolsonaro (e seu clã) em relação à quantidade de processos judiciais que terá de responder após perder o fórum privilegiado e deixar o cargo de presidente.
Será aceitável que 9 crimes tão graves fiquem impunes? https://youtu.be/sJ2lSvc193E
Analistas avaliam que é decisivo para as chances de Bolsonaro nas eleições de outubro reduzir o índice de rejeição dele entre as mulheres. Se for por aí ele não terá chances.
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Enquanto a maioria dos países latino-americanos alternavam entre governos de direita e esquerda, a Colômbia sempre foi aquele quartel-general da direita no continente. Sendo uma das principais economias do continente, o país acabava sendo um ponto fora da curva para governos de esquerda nas articulações estratégicas da Unasul, o bloco regional criado por governos de esquerda no início deste século.
Com a eventual eleição da chapa Lula-Alckmin, a vitória na Colômbia coroa uma virada histórica no continente e vai consolidar a integração regional e uma iniciativa que dará nova voz no mundo, não só ao Brasil, mas à América Latina. Esta é a opinião expressa pelo cientista político e professor da UFRJ, Luis Fernandes.
Com a vitória inédita da esquerda de Gustavo Petro e Francia Márquez, anuncia-se uma virada importante nas relações regionais. Para o analista internacional, este resultado eleitoral não foi importante apenas para a esquerda.
Leia também: Celso Amorim: Com vitória na Colômbia, integração será feita de laços de afeto, além de confiança
“Mais do que para a esquerda, é importante para a democracia no continente, porque a Colômbia é um país com uma trajetória de grande polarização interna, de dificuldade de construção de um projeto comum nacional, onde a presença de grupos paramilitares sempre foi uma força nociva na vida política e uma ameaça à democracia”, diz ele. O analista diz que a violência de paramilitares de direito sempre foi convenientemente mobilizada e dirigida contra forças de esquerda e centro-esquerda, e era um fator de intimidação da democracia. Ele se refere aos recordes de assassinato de lideranças ambientais, camponesas e sindicais que a Colômbia sempre liderou no continente.
Para ele, o resultado da eleição, em primeiro lugar, mostrou que uma força originária de esquerda dentro de uma plataforma de união ampla é uma força legítima para governar a Colômbia. “Isso me parece que tolhe e enfraquece ações de polarização, movidas por uma lógica de milícia e ações paramilitares para coibir a democracia na região”, reafirmou.
Mas a governança progressista naquele país também amplia estratégias de integração regional, especialmente, se houver um triunfo de esquerda nas eleições do Brasil, em outubro. Para além da Unasul, seria possível ampliar a integração continental para o Norte.
Leia também: A Colômbia precisa do Estado para impulsionar a industrialização, diz economista Renan Vega
“No coração da América do Sul, junto com os ventos favoráveis as forças progressistas e democráticas, ela estabelece uma plataforma firme de integração regional, em que deixará de ser uma plataforma de integração apenas sul-americana para ser uma integração latinoamericana, com as mudanças democráticas favoráveis vividas no México e outros países da América Central”.
Esgotamento de um modelo
A vitória da esquerda após o período de ascenção neoliberal nos anos 1990, já era apontada como uma consequência do esgotamento daquele modelo econômico. Agora, principalmente após a pandemia e o modo como se explicitou o desmonte do estado de proteção social, a esquerda volta ao poder na maioria dos países do continente.
Os colombianos escolheram a esquerda este ano, na opinião de Luis Fernandes, no fundo, pelo esgotamento do modelo que a direita tradicional colombiana representa. “É um desgaste social gerado por esse modelo, mas também uma clara condenação do não cumprimento e tentativa de desvirtuar os acordos de paz. É uma condenação da presença muito forte de grupos paramilitares entre estas forças da direita tradicional”, disse. Ele se refere aos acordos feitos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs), guerrilha de esquerda, desmobilizada e traída pelos governos recentes, enquanto as milícias de direita continuam atuando.
Leia também: França e Colômbia: devemos comemorar?
“Isso chegou a um ponto de esgotamento e se traduziu no próprio segundo turno, porque o candidato da direita não era representativo das elites tradicionais da Colômbia. Era uma espécie de candidato do sistema, mas que se apresentou com um discurso antissistema. Ele não era exatamente igual a figura do Bolsonaro, mas ecoava algumas características da trajetória dele. Esta direita tradicional da Colômbia foi a grande derrotada nessas eleições”, resumiu.
Com todos os fatores de instabilidade democrática observados na Colômbia e a própria força da direita expressa nas eleições, o sociólogo avalia que foi muito importante que todos os atores da direita reconheceram o resultado. “Não houve questionamento do resultado. Isso é muito importante para nós aqui no Brasil, porque sabemos que está em curso uma tentativa de natureza golpista de deslegitimar o resultado da eleição”, comparou.
O fato tanto no Chile, quanto na Colômbia da direita derrotada ter reconhecido prontamente a soberania popular expressa nos resultados das eleições, é, para ele, um bom sinal. “Para que, nós também não demos guarida a qualquer pensamentos ou devaneios golpistas no Brasil”, concluiu.
Leia também: Cinco respostas que explicam a importância da vitória de Petro na Colômbia
.
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Escreve Cínthia Leone que nos últimos dois anos houve forte aumento de ações na justiça contra governos ou empresas por danos ao clima. Dos 2002 casos abertos desde 1986 em 44 países quase 25% (475) foram apresentados após 2020. Capitalismo predatório, acrescento.
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Ontem vi na TV quase todo o jogo Nátuco 1 x 1 Crisciúma. Descobri que a mediocridade também diverte.
A gente se encontra em várias trincheiras https://bit.ly/3vhYCww
Do
jornalista e político Carlos Lacerda, dono de tiradas verbais desconcertantes,
está na memória o debate parlamentar em que o interlocutor o provocava, dizendo
que "suas palavras entram por um ouvido e logo saem por outro". A
resposta, fulminante: "Impossível, o som não se propaga no vácuo".
Mas
isso é reminiscência de um momento em que, à direita ou à esquerda,
personalidades de temperamento e manifestações fortes como Lacerda demonstravam
alguma elegância para com o discurso social. Até nas ofensas, como aquela
dirigida a um deputado gaúcho: "Este centauro mitológico dos pampas,
metade cavalo e a outra metade... cavalo também!".
É
hoje muito evidente a crise do discurso civil nas tecnodemocracias ocidentais,
mas ela é particularmente aguda no contexto brasileiro, onde palavras-charlatãs circulam sem
qualquer ancoragem no real-histórico ou no senso comum e, ainda assim, produzem
efeitos de comportamento.
[Veja; Prenúncio
de guerra suja nas eleições de outubro https://bit.ly/3Hr4Mz9 ]
Por
exemplo, carecem de sentido muitos dos nomes das "igrejas" em
expansão. Já nas redes digitais, bolhas protofascistas obtêm melhor desempenho
do que as progressistas. Discursivamente, o meme abre portas ao fenômeno.
Exemplo abstruso é a palavra "Ratanabá", que designa cidade
inventada por um ufólogo bolsonarista, suposta "capital do mundo"
localizada na Amazônia e com ouro suficiente para "tornar todos os
brasileiros milionários". Transformada em meme, a palavra-charlatã adquire
força viral na rede, por mais absurda que seja à cognição. E não é inócua:
junto com ela são viralizadas ideias antiambientalistas e anti-indigenistas.
O texto
bíblico abrange hoje as palavras que, destituídas de valor e de peso, embora
carregadas de força emocional, apenas acentuam o vazio das vozes. Temia
Nietzsche em 1882: "Mais um século de jornalismo e as palavras começarão a
feder".
Não se
trata, porém, de jornalismo, e sim do "vácuo" a que se referiu o
polemista no debate, aquele onde o som não se propaga. Só que isso acontece
agora como disfunção societária, isto é, como zeramento progressivo dos valores
cívicos e morais, que fazem exigências internas e externas de obrigações
coerentes por meio de falas lógicas. O "fedor" nietzscheano foi
profético. Mas o mal-estar nauseante que contamina a sociabilidade nacional
transparece na corrupção das palavras públicas. É hora de, em silêncio,
trocá-las por ações mobilizadoras.
.
Veja: A mentira o desgasta e enfraquece;
mas o mantém conectado à sua base https://t.co/Dp8f13AzZ4
Não são poucas as
vozes qualificadas e experientes que têm comentado o risco de rebaixamento do
debate nas eleições deste ano em Pernambuco.
Não pela disputa
presidencial, marcada aqui pela polarização entre Lula e Bolsonaro, sob alta
temperatura, com larga vantagem para o ex-presidente.
O risco maior está na
disputa pelo governo do Estado, que em meio a uma multiplicidade de candidaturas
destacam-se 5 potencialmente competitivas: a do deputado Danilo Cabral pelo
PSB, à testa da Frente Popular, versus quatro ex-aliados, hoje oposicionistas —
Marília Arraes, Solidariedade; Raquel Lyra, PSDB; Miguel Coelho, União Brasil e
Anderson Ferreira, PL.
Todos buscam um veio
por onde possa ampliar sua base eleitoral.
Marília aposta no
recall da última eleição municipal no Recife, em que recebeu o apoio explícito
de Lula. Porém concentra suas baterias num combate ao PSB, um dos seus
ex-partidos, com tamanha ferocidade que beira o ódio.
Os demais tentarão,
por mil argumentos, consistentes ou não, negar os feitos da Frente Popular nos
últimos quatro governos liderados pelo PSB, com os governadores Eduardo Campos
e Paulo Câmara.
Correndo por fora e
sem maior expressão eleitoral, há outras candidaturas, na quase totalidade
situadas à esquerda, que igualmente concentram o ataque nos socialistas.
Todos estão "com
sangue nos olhos", dizem.
O que faz lembrar uma
"tese" que circulava aqui nos anos 80, segundo a qual campanha
majoritária vitoriosa haveria de conter sangue e lama.
Na terceira década do
século XXI e em estado historicamente politizado como Pernambuco, retroceder a
esse baixo nível de disputa seria lamentável. Pois mais do que nunca é
necessário situar o debate acerca de alternativas para o desenvolvimento de
Pernambuco no âmbito de um projeto de reconstrução nacional.
O país está
destroçado pelo desgoverno Bolsonaro. O Estado nacional fragilizado. A busca de saídas para tamanha crise há de repercutir aqui aplicada aos desafios próprios
da vida pernambucana.
Pois em que pese a integração
completa das economias regionais à condição de economia nacional una, desde
meados dos anos 70, persiste o recorte regional em qualquer projeto sério de
desenvolvimento do país.
Na hipótese de um
novo governo Lula, explorar plenamente o lugar próprio da economia instalada em
território pernambucano traduz-se em desafio e possibilidade.
Nesse cenário, será
possível elevar o nível do debate entre os contendores majoritários em
Pernambuco? Se houver vontade política, sim.
Iniciada a campanha propriamente
dita pós-convenções partidárias, que acontecerão entre julho e início de
agosto, veremos.
[ILustração: Tereza Costa Rêgo]
.
Lula
da Silva (PT) foi preso em abril de 2018. Em junho, liderava o Datafolha, com 30% dos votos para
presidente. Em segundo lugar vinha "Ninguém", com 21%: isto é, a soma
de nulos, brancos e indecisos. Jair Bolsonaro (PL), então PSL, tinha 17%.
No
outro cenário da pesquisa, Fernando Haddad era o candidato petista, com 4%.
"Ninguém" liderava, com 33%. Bolsonaro vinha a seguir, com 19%.
Foi
uma eleição esdrúxula e lúgubre. Parece compreensível que, em meados do ano,
"Ninguém" tivesse tantos votos, que acabariam tendo outro destino
quando o país entrou em surto terminal.
Mas
houve outras eleições em que havia tantos ou mais votos nulos, brancos e indecisos
no meio do ano.
Na campanha de 2022, o nível de abstinência eleitoral e indecisão é do mais
baixo na redemocratização.
Óbvio
que o voto pode mudar até outubro, mas mais gente tomou partido mais cedo. É
mais um dado para pensar o que pode mudar o destino da eleição, assim como é o
caso do voto feminino, da rejeição maior de pobres e pretos a Bolsonaro ou do
peso que podem ter os estelionatos eleitorais.
Veja:
Pesquisas eleitorais revelam tendências que devem ser estudadas https://bit.ly/3Ixrze0
Das
pessoas que ora têm idade para votar, quase 40% não podiam fazê-lo ou nem haviam
nascido em 2002, na vitória de Lula 1. Quase um quarto do eleitorado tinha
menos de 16 anos quando Lula deixou o poder, em 2010. Devem ter memória
diferente dos "bons anos petistas". Os evangélicos eram 15% da
população em 2000, são mais de 30% agora.
Em
2006, o número de celulares equivalia a 53% da população _não quer dizer que
fosse essa a parcela dos brasileiros com celular: alguém tinha mais de um,
outrem nenhum. Em 2018, equivalia a 109%; agora, a 120%.
O
número de contas em
redes sociais passou
de 86 milhões em 2014 para 130 milhões em 2018 e 171 milhões em 2022 (dados de
várias fontes compilados no site Datareportal, a serem tomados com grãos de
sal).
Lula
tem 56% contra 20% de Bolsonaro entre as famílias que ganham até dois salários
mínimos; perde ou empata nas demais faixas de renda. É uma eleição "de
classe" ou da revolta da pobreza, mas não é história tão diferente pelo
menos desde 2006. Bolsonaro, de resto, ainda tem 20% dos pobres na pior crise
da República.
Como
se sabe, 36% dos homens e 21% das mulheres votam em Bolsonaro. É diferença
expressiva, ainda maior que na votação de Lula em 2002 e 2006, também mais
votado por homens.
"Ninguém"
(nulos, brancos, indecisos) teve 11% dos votos no Datafolha desta semana, tão
pouco quanto no junho ou julho da eleição de Lula 1 (2002) e Dilma 1 (2010).
Veja: A gente se junta no WhatsApp e depois nas ruas.
Combinado? https://bit.ly/3LcXQYD
No domingo (19), em que Gustavo Petro e Francia Marquez foram eleitos para a Presidência da República na Colômbia, o chanceler Celso Amorim viajava com o ex-presidente Lula num avião. “Por essa coincidência, eu me atrevi a ligar diretamente e tive a sorte de falar com ele [Petro] no dia mesmo da eleição”, relatou ao Portal Vermelho, o embaixador. “Para você ter uma ideia da solidariedade que existe hoje na região, quem me deu o telefone dele foi o Alberto Fernandez [presidente da Argentina]. É assim que estamos vivendo este novo momento na América Latina”, completou.
Para Amorim, que foi um dos idealizadores mais entusiasmados da integração da América Latina, quando dirigiu as Relações Exteriores do Brasil, este episódio exemplifica a importância da vitória inédita da esquerda na Colômbia.
Leia também: Eleição de Francia e Petro na Colômbia mostra ao Brasil a necessidade de mudar
Na opinião dele, a integração da América Latina é importante “de qualquer maneira”, independente de uma vitória de esquerda. “Nós conseguimos construir laços de confiança, mesmo entre diferentes e diversos. Mas quando a gente tem semelhantes, como é o caso agora, é muito melhor, porque além dos laços de confiança, a gente pode construir laços de ternura e afeto, de visões comuns de mudança da sociedade, de eliminação das discriminações”, defendeu ele.
Amorim foi ministro das Relações Exteriores nos governos Itamar e Lula, e ainda ocupou o ministério da Defesa, no governo Dilma Rousseff. Neste período, ele encabeçou uma orientação diplomática de traçar uma política que visava reduzir a dependência dos Estados Unidos e da Europa, não só do Brasil, mas da América do Sul como um todo, com a consolidação do Mercosul, a criação da Unasul, entre outros organismos regionais.
Por isso, conforme explica ele, esta eleição é tão importante na sequência da Bolívia e do Chile. “Um país que nunca teve sequer um governo de centro-esquerda é uma grande e importante vitória”. São mais de 200 anos de República elegendo governos de direita no país, ininterruptamente.
Leia também: Colombianos celebram a vitória da paz, da justiça social e ambiental
“Conheci bem a elite colombiana, que aliás é muito preparada, e se gaba de falar o melhor espanhol, etc. Mas o povo estava à margem. Eu nunca vi uma pessoa como a Francia [Marquez], que acabou de ser eleita, circulando no meio da elite. Não é uma questão de dizer que vi um ou dois. Eu nunca vi ninguém”, disse Amorim sobre o fato da vice-presidenta ser representante dos afrodescendentes. Francia construiu sua história como militante ambiental, em defesa dos recursos naturais de suas comunidades quilombolas e indígenas, contra a exploração predatória das elites estrangeiras.
“O que você vê, agora, é, de fato, uma maior integração do país com base na igualdade e não discriminação”, observou.
Correlação de forças
O ex-ministro brasileiro está otimista com as potencialidades do novo governo colombiano. Embora a correlação de forças no país seja complexa e desfavorável, ele acredita que o cenário de solidariedade continental ajuda.
Leia também: Cinco respostas que explicam a importância da vitória de Petro na Colômbia
“Nada é facil, sobretudo quando se quer fazer algo ousado. Mas eu acredito que o ambiente no conjunto da América Latina é muito mais favorável nesse momento”, disse. Amorim acha muito mais difícil haver golpes como ocorreram no passado. “Há uma solidariedade que vai fazer com que esses países encontrem um caminho de progresso e justiça social”.
A Colômbia tem graves problemas estruturais de segurança, tendo consolidado uma relação dependente dos EUA, devido ao enfrentamento de guerrilhas e milícias internas, além do tráfico de drogas. Governos vizinhos desconfiam do enclave militar americano que a Colômbia se tornou no continente.
“Essas coisas vão ser resolvidas cada uma a seu tempo. Não adianta querer chegar varrendo tudo, porque não é assim que as coisas acontecem e se solidificam. Acho que a Colômbia vai encontrar seu caminho e vai fazer isso de maneira pacífica, em benefício do seu povo, da paz e evitando conflitos desnecessários. Eu confio na lucidez do Petro”, avaliou.
Leia também: A Colômbia precisa do Estado para impulsionar a industrialização, diz economista Renan Vega
Um a cada quatro brasileiros não têm comida garantida para alimentar
diariamente a família. É o que aponta pesquisa Datafolha divulgada nesta
segunda-feira (27) pela Folha de S.Paulo e reveladora da
insegurança alimentar no País.
Nos últimos anos, sob o governo Jair Bolsonaro e com o quadro de
pandemia, a fome se espalhou. De acordo com o Datafolha, 26% dizem não ter
comida o suficiente em casa. Apenas 12% têm mais do que o suficiente.
O cenário de insegurança alimentar está em alta desde que o Datafolha
passou a pesquisar esse tema, em maio de 2021. Mesmo com os refluxos da crise
sanitária e a reabertura da economia, a falta de alimento nos lares brasileiros
não retrocedeu.
Leia também: A
influência do general Inflação https://bit.ly/3Oa6IAz
A situação é ainda pior para quem não tem emprego e para as camadas mais
pobres da população: falta comida a 42% dos desempregados e a 38% dos que
ganham até dois salários mínimos (R$ 2.424).
Na comparação entre as regiões, o problema é maior no Nordeste (32%) e
no Norte (30%). Mesmo no Sudeste, região menos atingida, embora mais populosa,
a escassez de comida chega a 22% dos moradores.
A Folha lembra outros dados que confirmam a crise
alimentar no País. “Em uma cidade como São Paulo, a renda dos 5% mais pobres
não é suficiente para comprar dois pratos feitos ou 1 quilo de carne por mês”,
registra o jornal. “Além disso, 33 milhões de pessoas passam fome no País,
segundo apontou a segunda edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança
Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil – um patamar semelhante
ao que havia sido registrado há três décadas.”
O Datafolha ouviu 2.556 brasileiros, presencialmente, em 181 cidades,
nos dias 22 e 23 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Veja: A fome por si mesma não esclarece https://bit.ly/3sorzHH
Um
estudo publicado na revista Sleep Epidemiology (Epidemiologia do Sono, em
tradução livre) indica que 65,5% dos brasileiros
têm sono de má qualidade. As mulheres são as mais afetadas: quando comparadas às dos
homens, as chances de dormir mal são 10% maiores para elas.
A
qualidade do sono é definida pela pesquisa por fatores como duração (falta ou
excesso), regularidade (interrupções durante a noite) e estados (leve, profundo
e REM). A satisfação pessoal com o sono também é considerada.
O
sono ruim compromete a retenção de informações e de memórias e causa
irritabilidade e cansaço, entre outros problemas.
Os
dados foram coletados entre os dias 16 e 30 de março de 2020, poucos dias
depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar a pandemia de Covid-19.
A
iminência da alta de casos no Brasil, a possibilidade de lockdowns e o medo de
perder o emprego contribuíram para aumentar a ansiedade e depressão entre os
brasileiros, levando à piora do
sono,
segundo Luciano Drager, presidente da ABS (Associação Brasileira do Sono) e
professor da Faculdade de Medicina da USP.
Leia também: De volta à Idade Média https://bit.ly/3bAk6iT
Os fatores de risco são maiores para habitantes do
Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul. Viver em qualquer uma dessas regiões aumenta
em 12% a chance de ter pior qualidade de sono em comparação com a região Norte.
Quem mora nessa área, segundo o estudo, está mais protegido contra sono ruim.
"Para
nossa surpresa, a região Centro-Oeste é a que teve o indicativo de pior
qualidade de sono. O ritmo dos grandes centros, que nunca param, pode
influenciar. Por isso esperávamos que o Sudeste fosse a região com pior
índice."
Ser
jovem também é um fator de risco para dormir mal, devido a hábitos como uso
excessivo de celulares antes de dormir, consumo de café, energéticos e outros
estimulantes, além de
trabalho e estudo em ritmo acelerado.
Cruzando
fatores de risco, o perfil que se destaca é o da mulher jovem que vive no
Centro-Oeste. O homem que vive na região Norte é o perfil mais protegido contra
o sono de má qualidade.
Em
relação a rotinas, usar
celulares antes de dormir é outro fator que diminui a chance de uma noite bem
dormida. Atividades interativas como curtir fotos ou fazer comentários em redes
sociais deixam o cérebro em alerta e atrasam o sono.
Entre
os achados, chamou a atenção dos pesquisadores o que está relacionado a pessoas
que têm companheiros mas não dormem na mesma cama ou no mesmo cômodo.
"O
sono dessas pessoas é pior. Já sabemos que quando um parceiro tem um distúrbio
do sono ou ronca, o outro tem mais chance de dormir mal. Porém, dormir separado
também pode estar associado a piora do sono, o que nos leva a alguns
questionamentos", diz Drager.
Uma
das hipóteses levantadas é um problema de relacionamento. A dificuldade neste
caso se traduziria em estresse e ansiedade, afetando a noite de sono.
Os
pesquisadores também destacam o papel irrelevante da classe socioeconômica dos
voluntários nos resultados obtidos.
Dalva
Poyares, neurologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo) e membro da ABS, afirma que a chegada da Covid-19 "igualou para
pior" a relação entre a qualidade do sono e a classe socioeconômica
analisada.
"Um
exemplo é alguém de classe alta [A] que tem ou tinha seu negócio, mas passou a
ter medo dos riscos e imprevistos causados pelo vírus. A situação gera aumento
do estresse e queda da qualidade do sono."
A
pesquisa recebeu 2.635 respostas de voluntários com 18 anos ou mais ao
questionário PSQI (Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, em português).
O
PSQI é composto por 19 itens divididos em sete componentes que somam pontos de
0 a 3 cada. O resultado máximo do teste é 21 pontos. Quanto mais próximo de
zero for a pontuação de uma pessoa, melhor é o seu sono. Valores superiores a 5
indicam sono ruim.
Os
participantes responderam ao questionário online aplicado pelo Ibope
Intelligence. O resultado médio do PSQI brasileiro foi de 7,3, indicando que o
brasileiro dorme mal.
.
Veja: Em ambiente de instabilidade
tudo é possível https://bit.ly/3uEnGxa
O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), afirmou que
o aumento de até 63% no valor das bandeiras tarifárias para energia,
determinada pelo governo Bolsonaro, serve para “engordar os lucros já
exorbitantes da iniciativa privada no setor de energia” e tornou inútil a
redução de impostos.
“Nós votamos a redução dos impostos para baratear
energia e o governo aumenta as bandeiras em 63%! Ou seja, o aumento é muito
superior à economia gerada ao consumidor através dos projetos que votamos”,
disse.
“É um governo completamente irresponsável que
mente para as pessoas, mente para a sociedade, estabelecendo um custo cada vez
mais alto para as famílias brasileiras”, completou.
“Isso não é uma coisa séria, não é uma coisa
responsável, não é uma coisa pensada. É um governo que vive da improvisação com
um detalhe: nessa improvisação sempre ganha a iniciativa privada e sempre perde
o consumidor, as famílias brasileiras”, continuou o parlamentar.
O aumento, aprovado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), aumentou em 59,5% a taxa da bandeira amarela,
chegando a R$ 2,99 para cada 100 kWh consumidos.
A chamada bandeira vermelha patamar 1 foi a mais
elevada pela Aneel, com um reajuste de 63,7%, passando de R$ 3,97 para R$ 6,50
a cada 100 kWh. Por fim, a bandeira vermelha patamar 2 subiu 3,2% e chegou a R$
9,79.
A bandeira verde, quando não é cobrada nenhuma
tarifa extra, poderá ser mantida pelo governo Bolsonaro somente até depois da
eleição, em uma clara manobra eleitoreira.
Renildo Calheiros lembrou que o governo Bolsonaro
pressionou pela aprovação de leis que diminuem a cobrança do ICMS, que é um
imposto estadual, para a energia, argumentando que isso reduziria o custo final
para as famílias. Logo em seguida, o governo anunciou a elevação das bandeiras
tarifárias.
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“Vejam o que aconteceu no setor de energia:
votamos o PLP 18, que reduziu o ICMS para produtos e serviços essenciais. Eles
terão taxação de 17% a 18%, uma grande redução na arrecadação de Estados e
Municípios, com repercussão na saúde e educação. A argumentação apresentada foi
que a redução no ICMS serviria para diminuir o preço da energia”.
“Nós fizemos essas duas mudanças na tributação da
energia. E, agora, o governo anuncia aumento da bandeira tarifária. Que país é
este?!”, criticou Renildo.
“Então, todo esforço de redução de impostos serviu
não para baratear a conta de luz, mas para engordar os lucros já exorbitantes
da iniciativa privada no setor de energia”.
.
Veja:
Será aceitável que 9 crimes tão graves fiquem impunes? https://youtu.be/sJ2lSvc193E