31 agosto 2006

Dulci rebate oposição e promete PIB de 4% no ano


O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) contestou as críticas da oposição ao crescimento de 0,5% no PIB do segundo trimestre e reafirmou a previsão de uma expansão de 4% no acumulado de 2006. "Temos certeza que vamos crescer 4%. A meta pode ser cumprida sim. O último trimestre do ano sempre é mais forte por causa das vendas do comércio. Podemos chegar aos 4%", afirmou Dulci.

A oposição culpou a política econômica do governo Lula pela expansão de 0,5% no PIB do segundo trimestre em relação aos três primeiros meses, anunciado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O pior desempenho foi o da indústria, que recuou 0,3%. (Veja matéria completa no Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

A TV e o voto

Na Folha de São Paulo de hoje são divulgados dados da última pesquisa Datafolha a propósito da influência do programa eleitoral gratuito na TV sobre o comportamento dos eleitores.

A pesquisa revela que 6% dos eleitores do país dizem ter mudado o voto por causa do horário eleitoral. Dos 43% dos votantes que assistiram os programas na TV e têm um candidato, a maioria (37%) não mudou o voto.

Dos atuais eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB), 11% declararam ter mudado o voto com o horário eleitoral. Como Alckmin tem 27% de intenções de voto, esses 11% correspondem a três pontos percentuais. Desde o início da campanha na TV, em 15 de agosto, Alckmin ganhou precisamente três pontos percentuais: tinha 24% na pesquisa realizada nos dias 7 e 8 de agosto, e passou para 27% no levantamento do dia 29. Em contraste com o desempenho do tucano, apenas 2% dos eleitores que declaram voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem ter mudado o voto em razão do horário eleitoral. Como Lula tem 50% das intenções de voto, esses 2% correspondem a um ganho de um ponto percentual. Como Lula conquistou três pontos percentuais após o início do horário eleitoral (ele passou de 47% para 50%), constata-se que este lhe acrescentou menos votos que outras modalidades de convencimento do eleitor.

Na modesta opinião desse amigo de vocês, não se deve analisar nenhum fenômeno dissociado do contexto em que acontece. É errado aferir a influência da TV sobre os eleitores, e sobre a disputa eleitoral como um todo, sem considerar muitas outras variáveis. Por exemplo: dos 43% dos que dizem assistir os programas, grande parte é formada por gente que se alimenta de argumentos por essa via e se sente estimulada a participar da luta e a buscar o voto junto ao conjunto do eleitorado. E esse é sem dúvida um fator importante nas campanhas.

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Mídia: mais críticas a Lula do que a Alckmin

Enquanto o presidente recebeu 595 menções negativas na grande imprensa, entre julho e agosto, candidato tucano é “poupado” e recebe 254, segundo pesquisa do Observatório Brasileiro de Mídia.

Uma pesquisa divulgada terça-feira (29) pelo Observatório Brasileiro de Mídia (OBM) avalia o espaço dado pelos jornais impressos aos quatro principais candidatos à Presidência da República. Os nomes de Lula, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque foram mencionados 3.667 vezes em reportagens nos seguintes veículos analisados: O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense.

Ao todo são 2056 menções, em reportagens, aos dois principais candidatos à Presidência. Geraldo Alckmin responde por 798 delas, sendo que 544 menções são positivas ou neutras, e 254 são negativas. Já Lula, como “candidato”, é citado 1.258 vezes nas matérias avaliadas, sendo que 439 citações são positivas e 740, negativas. A pesquisa tem um índice semanal de avaliação das notícias positivas, negativas e neutras, que vai de 7 de julho a 25 de agosto. (Rafael Sampaio – Carta Maior www.cartamaior.com.br).

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Ainda é pouco, mas ajuda

A queda em meio ponto, passando a taxa Selic para 14,25% ao ano, decidida ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária) facilita os empréstimos bancários comuns, tanto para pessoas físicas como para empresas. A Selic é uma componente importante na fixação, pelas instituições financeiras, do juro para o cliente.

José Alencar e a taxa de juros

No café da manhã sábado passado, no Recife, o vice-presidente José Alencar nos contou que quando foi convidado por Lula para permanecer na chapa como candidato, perguntou se o presidente não se incomodava com as críticas que costuma fazer à política de juros altos. O presidente respondeu: “E você acha que se eu não estivesse de acordo te convidaria?”

Cena de campanha

Foto TUCA SIQUEIRA
Com a alegre militante de Caruaru que nos disse: "Pessoalmente o senhor é mais simpático do que no retrato". Ainda bem.

Desânimo na campanha de Alckmin

A campanha do médico Geraldo Alckmin à Presidência da República atingiu um quadro clínico de desânimo generalizado entre os aliados. As duas pesquisas divulgadas na terça-feira (29) mostraram o candidato praticamente imóvel nas intenções de voto e provocaram uma apatia sintomática na cúpula de PFL e PSDB.

Sondagens do Datafolha e do Instituto Sensus apontaram um cenário sem grandes alterações. Em ambos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganharia a disputa no primeiro turno, já com 50 por cento dos votos.

O plenário do Senado, um dos termômetros para avaliar o ânimo da campanha nesta eleição, mediu a frustração de parlamentares da oposição ao longo do dia de ontem. (Veja matéria no Vermelho www.vermelho.org.br).

História: 31 de agosto de 1969


Junta dos 3 ministros militares assume a Presidência face à doença do general Costa e Silva, preterindo o vice Pedro Aleixo, com base no AI-12. Anos depois, sem citar nomes, Ulisses Guimarães alcunha-os de os 3 Patetas. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Bom dia, Fernando Pessoa

Nesta manhã de quinta-feira, versos de angustiada beleza de Fernando Pessoa:

Ah, a esta alma que não arde
Ah, a esta alma que não arde

Não envolve, porque ama,
A esperança, ainda que vã,
O esquecimento que vive
Entre o orvalho da tarde
E o orvalho da manhã.

Uma fase decisiva

Caruaru/Foto TUCA SIQUEIRA

Estamos findando agosto e iniciando setembro. Até o próximo dia 15, assistiremos a um crescimento exponencial da campanha. É sempre assim. A população desperta para o fato eleitoral, gente de todos os lugares se apresenta para ajudar. Novos apoios são conquistados. O que se conseguiu acumular antes, agora passa a exercer influência efetiva sobre o curso dos acontecimentos.

Temos sentido isso nas atividades de rua. Nos eventos em recinto fechado também. É como se todas as variáveis se entrecruzem e convirjam numa mesma direção. Cada candidatura passa a contar com a força real que conseguiu alcançar nas fases anteriores. E, através de manobras táticas, consideradas a correlação de forças, as próprias potencialidades e as vulnerabilidades de adversários e concorrentes, procura concentrar as ações no que parece mais apropriado para a conquista da vitória.

Nos últimos dias, então, a partir de 16 de setembro, será a hora da onça beber água...

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O favoritismo de Lula*

A julgar pelo conjunto das pesquisas divulgadas nos últimos dias, o presidente Lula poderá ser reeleito já no primeiro turno com larga vantagem sobre o principal adversário, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Há pouco mais de um ano, no auge da crise, poucos poderiam imaginar uma vitória assim tão consagradora, maior do que a alcançada no segundo turno em 2002.

É que agora se conjugam fatores contraditórios, que atuam nessa direção. De um lado, a continuidade de uma espécie de exaustão do chamado projeto neoliberal encetado por Fernando Henrique Cardoso e presente no que há de mais essencial no ideário de Geraldo Alckmin. O núcleo oposicionista constituído pelo PSDB pelo PFL foi incapaz de oferecer ao eleitorado uma alternativa ao novo rumo que Lula vem, a duras penas, imprimindo ao país. Agarra-se a um discurso falacioso de combate à corrupção, apoiado em fatos reais, porém abordados de modo tendencioso; sustentado por personalidades cujos currículos não lhes dão autoridade para tal. Quanto aos impasses do desenvolvimento, nada de novo; ao contrário, apenas a tentativa de reeditarem o esquema derrotado nas urnas há quatro anos. Tanto que a Folha de São Paulo, que se coloca numa posição de franco combate ao atual governo, reclamou da ausência de propostas inovadoras da parte da oposição, em editorial publicado no início da campanha.

Já a candidatura à reeleição do presidente Lula pôde crescer e se afirmar fundada em realizações muito concretas, que vêm influenciando para melhor a vida do povo e abrindo novas perspectivas à retomada do crescimento econômico em bases socialmente progressistas e sustentáveis. Pesam, e muito, os programas sociais de largo alcance – como o Bolsa-Família, o Luz no Campo, o ProUni, por exemplo – e, igualmente, um conjunto de medidas e de decisões políticas em favor do desenvolvimento. De tal modo que ecoa consistente o discurso do presidente ao acenar, num provável segundo governo, com o objetivo e promover o crescimento econômico com distribuição de renda, valorização do trabalho e educação de qualidade universalizada.

É pela aderência do discurso no seio da sociedade, alimentada pelas ações de governo, que prosperou a construção de uma ampla frente política e social de apoio à reeleição. Uma frente que vai bem além da coligação formalizada – PT-PCdoB-PRB – e envolve PSB, partes de partidos como o PMDB, o PTB, o PL e outros. O que possibilita a vitória eleitoral e, provavelmente, melhores condições de governabilidade do que as existentes no período atual.
* Texto de nossa coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br, publicada toda quinta-feira.
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30 agosto 2006

História: 30 de agosto de 1943

Diógenes Arruda em 1945
O PCB, duramente atingido pela repressão do Estado Novo, conclui a conferência da Mantiqueira, clandestina, em Engenheiro Passos, RJ. Tem então 1.800 militantes soltos. Decide se empenhar para o Brasil entrar na guerra contra o nazismo, elege Prestes para o CC e projeta nova geração de dirigentes: Diógenes Arruda, João Amazonas, Maurício Grabois, Pedro Pomar, Mário Alves. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Apoio importante e oportuno

Foto TUCA SIQUEIRA

Na atual fase da campanha, pesa muito o apoio qualificado e entusiasta que recebemos de trabalhadores em educação e de estudantes ontem, no Centro de Convenções, em Olinda. O Manifesto lido na ocasião dá sentido e conteúdo ao gesto, alevantando bandeiras sintonizadas com o propósito de Lula de concentrar esforços, no seu provável segundo mandato, em torno do desenvolvimento com distribuição e renda, valorização do trabalho e educação de qualidade. E em perfeita sintonia com as propostas programáticas da coligação Melhor pra Pernambuco.

Uma manifestação de apoio engajado mais do que importante e oportuna. De gente que vai às ruas e mobiliza o eleitorado.

Resistência moral

A campanha avança através de múltiplas atividades. A agenda em certos momentos é pesada e extenuante. Não há tempo para repouso. Os candidatos, no centro das atenções, pressionados de mil formas, são obrigados a reagir com firmeza, paciência e determinação.

Passamos praticamente todo o dia juntos, ontem, cumprindo compromissos desde o início da manhã, em Caruaru, até um jantar-reunião que ultapassou a meia-noite - e é certo assegurar que Humberto Costa se mantém altivo, firme e confiante de que o injusto indiciamento no inquérito da chamada Operação Vampiro e a exploração que os adversários fazem do assunto no programa eleitoral na TV e no rádio, constituem mais um obstáculo a ser ultrapassado. Só.

Prestemos muita atenção ao modo agressivo e desrespeitoso como na TV e no rádio a campanha de Mendonça Filho-Jarbas Vasconcelos aborda o tema. Trata-se de uma concepção e de um estilo, que parece haver se consolidado entre marqueteiros e líderes da União por Pernambuco. De nada valeram as amargas lições que recolheram nos pleitos municipais de 2000 e 2004, no Recife e em Olinda. A grosseria está no DNA.

Resta saber como reagirá o eleitorado. Por enquanto, segundo as pesquisas qualitativas de que dispomos, ponto para Humberto - que vai se afirmando pela coragem política e pela resistência moral.

Cena de campanha

Foto TUCA SIQUEIRA

Com Zé Vicente da Paraíba, no Grande Hotel, em Caruaru, ontem, no ato político que celebrou o apoio de Demóstenes Veras e de mais de cem lideranças locais à chapa Humberto Costa-Agusto César-Luciano Siqueira.

Bom dia, Adélia Prado

Explicação de poesia sem ninguém pedir

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.

29 agosto 2006

O BNDES e as demissões na Volks

Até prova em contrário, é a primeira vez que acontece no Brasil. O governo decidiu, nesta segunda-feira (29), suspender a liberação de um financiamento de quase R$ 500 milhões para a Volkswagen, até que a montadora feche um acordo com os sindicatos sobre a reestruturação de suas atividades no Brasil. A Volks ameaça fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP), na região do ABC paulista (leia matéria sobre a crise da montadora), caso os trabalhadores insistam em resistir à redução de direitos que a empresa está propondo – informa a Agência Carta Maior. Para o ministro Luiz Marinho, dinheiro público não pode financiar demissões. Sinal dos tempos... de Lula.

Por que Lula é franco favorito?


Segundo a pesquisa Sensus realizada entre 22 e 25 de agosto e divulgada hoje, o presidente Lula, candidato à reeleição, se mantém na liderança da corrida ao Planalto. Se as eleições fossem hoje, Lula teria 51,4% das intenções de voto e venceria já no primeiro turno, contra 19,6% do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

Instado pelo Uol News a analisar as razões de tamanho crescimento das intenções de voto no presidente, o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, salientou o desempenho da economia. Ou seja: é o desempenho do governo (e o quer tem produzido de positivo na vida dos brasileiros) que explica o favoritismo de Lula. E ponha favoritismo nisso: “Lula estaria com 62% dos votos válidos - que significa 51% no total do eleitorado - e, além disso, há o indicador de rejeição, porque a rejeição de Lula tem diminuído paulatinamente, estando em 25%, e a rejeição de Alckmin foi de 37% para 42% e dos demais candidatos acima de 50%”, observa Ricardo Guedes.

Mais força em Caruaru

Hoje pela manhã, no Grande Hotel, recebemos - Humberto Costa, Augusto César e esse amigo de vocês – o apoio do ex-prefeito e ex-vereador de Caruaru, Demóstenes Veras – que renuncia a candidatura de deputado federal e se afasta do PSDB para se integrar plenamente à campanha da coligação Melhor pra Pernambuco.

Mais de cem lideranças políticas de expressão na Região estiveram presentes, além de dirigentes do PCdoB, PT e PTB e sindicalistas.

História: 29 de agosto de 1983


Finda o congresso de fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Bernardo, SP. Reune 5.059 delegados de 912 entidades e elege Jair Menegueli presidente (até 1994). A unidade aludida na sigla não se efetiva, mas a CUT se afirma como maior e mais longeva central da história do sindicalismo brasileiro. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Lula reconquista eleitores que a crise havia afastado

O presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi beneficiado por um refluxo de eleitores que haviam deixado de apoiá-lo, mas não encontraram alternativas. Essa é a avaliação de especialistas sobre a pesquisa JB/Sensus, que aponta forte crescimento do presidente no Estado do Rio.

O levantamento, feito entre os dias 22 e 24 de agosto e divulgado na edição de ontem do JB, apontou um salto de 12,3 pontos percentuais - de 34,5% para 46,8% - em relação à pesquisa feita entre os dias 1º e 3. Boa parte deste avanço se deu entre os eleitores de maior poder aquisitivo da Zona Sul, faixa em que, até então, o petista tinha fraco desempenho. Nela, Lula subiu de 11,6% para 33,7%, uma diferença de 22,1 pontos percentuais. (Veja matéria no portal Vermelho www.vermelho.org.br).

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Cena de campanha

Foto TUCA SIQUEIRA

Com Renildo Calheiros, Luciano Moura, Luciana Santos e o garoto-militante Pedro Caldas, na carreata de Olinda, domingo.

Bom dia, Cida Pedrosa

O amor é agora

como dizer sempre
se o sempre é agora

basta ter nas mãos a carícia
o presente nos olhos
e o amor não demora

quem gosta da eternidade é a alma
o corpo não

o corpo se farta na chama
se espalha na chuva
se move entre mãos

quero dizer sempre
que o corpo é presente
é pele e é saliva
e o amor
o amor é agora

28 agosto 2006

História: 28 de agosto de 1979


O general Figueiredo sanciona a Anistia, parcial, limitada e recíproca mas ainda assim uma conquista. Parte dos presos políticos é libertada, os exilados retornam à pátria, os clandestinos voltam à superfície. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Confusão não cessa

O ninho tucano está mais complicado do que se pensa. Aécio depois que articulou Alckmin, recolheu-se a Minas onde quer vencer no primeiro turno por larga margem e começar a pensar na sucessão presidencial. O governador do Ceará, Lucio Alcântara, surpreendeu com a propaganda de Lula no seu programa, reconhecendo a força do Presidente e desafiando o presidente nacional, Tasso Jereissati, na própria terra. E, como se tudo isso não bastasse, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), que foi vice de Alckmin, admite publicamente a vitória de Lula no primeiro turno. E há também um organizado trabalho de conquista de prefeitos que se sensibilizam em aderir cada vez que tomam conhecimento de uma pesquisa. Com correligionários assim, Alckmin não precisa mesmo de adversários... (Política para Políticos www.politicaparapoliticos.com.br).

Pesquisa confirma liderança de Lula

Mais uma pesquisa de opinião confirma a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial. Segundo pesquisa do Ibope, divulgada neste domingo (27) pelo jornal O Estado de São Paulo, Lula tem agora 49% da preferência do eleitorado – dois pontos percentuais a mais do que no levantamento anterior.

Já Geraldo Alckmin aparece com 22%, tendo subido um ponto. A senadora Heloísa Helena, por sua vez, caiu três pontos e agora tem 9% das preferências.

Com isso, hoje, a vantagem do presidente sobre os demais adversários é de 15 pontos porcentuais - 49% a 34% - o que lhe garantiria a vitória já no primeiro turno das eleições. De acordo com o Ibope, o presidente tem agora 60% dos votos válidos (excluindo os que pretendem votar em branco ou nulo e os que ainda estão indecisos), enquanto Alckmin tem 26% e Heloísa Helena, 11%.

Na simulação de segundo turno, Lula venceria Alckmin por 54% a 32%. A pesquisa Ibope/Estadoentrevistou 2.002 eleitores entre os dias 23 e 25 de agosto, em 140 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais. (Vermelho www.vermelho.org.br).

Bom dia, Manuel Bandeira

Hiato

És na minha vida como um luminoso
Poema que se lê comovidamente
Entre sorrisos e lágrimas de gozo...

A cada imagem, outra alma, outro ente
Parece entrar em nós e manso enlaçar
A velha alma arruinada e doente...

- Um poema luminoso como o mar,
Aberto em sorrisos de espuma, onde as velas
Fogem como garças longínquas no ar...

27 agosto 2006

Eleição deve renovar mais de 60% da Câmara...

O índice de renovação da Câmara dos Deputados após as eleições deve chegar a 62%, segundo estimativa do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Historicamente os índices de renovação da Câmara oscilam entre 40% e 60%. Em 2002, o índice de renovação foi de 46%.

O percentual deve aumentar porque os técnicos do Diap acreditam que os eleitores devem rechaçar nas urnas os candidatos suspeitos de envolvimento com denúncias, como a máfia das ambulâncias e o mensalão. (Folha Online).

...e apenas 1/3 do Senado

As eleições de outubro prometem uma renovação pequena no Senado. Apenas um terço das 81 vagas ao Senado serão preenchidas por novos parlamentares. Como os senadores possuem mandato de oito anos, 27 encerram as atividades legislativas em 2007, enquanto outros 54 deixam o Senado somente em fevereiro de 2011. Segundo pesquisa realizada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), dos 27 senadores que encerram os mandatos em dezembro, apenas 13 vão tentar a reeleição.

A maioria vai se candidatar a governos estaduais ou à Câmara dos Deputados. Três senadores desistiram de se candidatar a cargos eletivos em outubro, mesmo perdendo o mandato este ano: Jorge Bornhausen (PFL-SC), Roberto Saturnino (PT-RJ) e Valmir Amaral (PTB-DF). (Folha Online).

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Sofisma

Na coluna Repórter JC, no Jornal do Commercio de hoje:

Jarbas Vasconcelos diz que não pretende entrar em polêmica com Luciano Siqueira, mas dá uma alfinetada no adversário do PCdoB: “Eu quero ser senador para representar e defender Pernambuco e não A, B ou C”. Se refere ao slogan de Luciano.

Puro sofisma. Nosso slogan "o senador de Lula" está relacionado com o projeto político que o presidente encarna neste momento. E ao dizer que apenas "representará Pernambuco", o ex-governador se omite quanto ao projeto que defende, o do candidato tucano Geraldo Alckmin.

Confira no Dicionário Houaiss: sofisma é um “argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa; qualquer argumentação capciosa, concebida com a intenção de induzir em erro, o que supõe má-fé por parte daquele que a apresenta; cavilação.”

Bom domingo, Cecília Meireles

Improviso

A lua nos nossos ombros
e a sombra que não se encontra
despedaçada no chão.

O resto, passos altivos
nos labirintos do tempo
que não se sabe aonde irão.

Faixas de silêncio dobram
sobre os olhos que estão vendo
jardins de recordação.

Deixai que cantem as fontes,
ao menos, sobre esta pedra
que põem no meu coração.

Contrariando o ex-governador

Bem que o ex-governador Jarbas Vasconcelos poderia ler o artigo do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, na Folha de São Paulo de hoje – Transferir renda e superar a pobreza -, a propósito dos programas sociais do governo, inclusive o Bolsa-Família. Claro que ele não tem obrigação de concordar com o ministro, mas poderia, sim, melhorar o nível de suas críticas ácidas e pouco fundamentadas.

Diz o ministro: “Temos conseguido cumprir nossas metas. O estudo realizado pelo Ipea, com base nos dados divulgados pela Pnad 2004 (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar), indica que, ao lado dos benefícios previdenciários vinculados ao salário mínimo, as políticas de transferência de renda, considerando o Bolsa-Família e o Benefício de Prestação Continuada, têm forte impacto na redução da desigualdade. Sem eles, a proporção de pobres, que em 2004 era de 31%, corresponderia a 38% da nossa população.”

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Lula ainda não ganhou

A colunista Eliane Catanhêde escreve na Folha de São Paulo de hoje:

“A eleição acabou antes do tempo. Aliás, bem antes do tempo, porque ainda falta um mês até a urna, o voto, o resultado.

No Planalto, os lulistas estão convencidos da vitória em primeiro turno. Lula já faz discurso de eleito, anuncia o plano de governo para o segundo mandato e convoca a oposição para um pacto nacional.”

Mas o vice-presidente José Alencar nos disse o contrário, na conversa que tivemos na manhã de ontem (sábado):

“Há um movimento espontâneo da sociedade em favor de Lula, sim. Mas é errado pensar que já vencemos as eleições. Estamos trabalhando duro e, humildemente, pedindo o voto para o Lula, em nome do Brasil.”

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História: 27 de agosto de 1961

Brizola inspeciona metralhadora
Os ministros militares vetam a posse de Jango na presidência. Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, afirma que garante a posse "a bala, se for preciso". O ministro da Guerra manda depô-lo, mas o comando do 3º Exército desobedece. Começa a Campanha da Legalidade, com centro no Rio Grande do Sul. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

26 agosto 2006

Desenvolvimento a longo prazo

"Operários" - Tarsila do Amaral
Aconteceu na última quinta-feira e merece a nossa atenção. Em sua 19ª reunião ordinária, no Palácio do Planalto, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), do qual participam 90 representantes de diversos segmentos da sociedade, começou a debater um esboço do plano nacional de desenvolvimento de longo prazo, com diretrizes e metas de crescimento sustentado e com distribuição de renda até 2022.

O documento que serve de base às discussões, apresentado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, prevê um crescimento contínuo de 6% até 2022, com duplicação do Produto Interno Bruto por habitante. A idéia é de um crescimento duradouro com baixa inflação teria como princípio orientador a equidade, traduzida em meta concreta de redução do índice de Gini (usado mundialmente para medirá a desigualdade nos países) dos atuais 0,569 para 0,400 no mesmo período, “aproximando o Brasil da mediana atual dos países classificados pelo PNUD”. O propósito é criar uma média de 100 a 150 mil vagas no mercado de trabalho ao mês e alcançar um valor real do salário mínimo da ordem de 150%, chegando, em valores atuais, a R$ 872.

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FHC engrossa o fogo amigo

Do blog de Alon Feuerwerker www.blogdoalon.blogspot.com

Tem gente que fala o que pensa e apanha. Tem gente que faz a mesma coisa e é ouvido em silêncio. Ontem, Cláudio Lembo jogou uma pá de terra no que imagina ser o caixão político do candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin. O mundo desabou no partido do governador, o PFL. Hoje, O Estado de S.Paulo (Expedito Filho) traz reportagem com Fernando Henrique Cardoso dizendo a mesma coisa. De quebra, FHC lança José Serra como candidato das oposições em 2010. Não esperem por fortes reações dos tucanos em público. Agora vou especular. Acho que o ex-presidente está se vingando de Alckmin, que o tratorou na corrida pela indicação do candidato do PSDB. E está mandando, ao mesmo tempo, um recado para Aécio Neves. Por esses dias FHC também andou falando bem de Carlos Lacerda. Disse que o Brasil precisaria de um Lacerda para combater Lula. Lacerdismo no Brasil é sinônimo de golpismo. Talvez o tucano esteja cultivando um eleitorado mais à direita, tentando impedir o surgimento de uma "heloísa helena" na outra ponta do espectro. Afinal, esses votos são cativos do PSDB há mais de uma década. E planta que não é regada pode secar. À guisa de (bonito isso, não?) conclusão: perto do fogo amigo no PSDB, a luta interna do PT é festa de São João em escola de criança.

Lula se solidariza com Humberto

Do site de Humberto Costa www.humberto13.can.br:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou, na manhã deste sábado, para o ex-ministro da Saúde e candidato ao Governo do Estado pela coligação Melhor Pra Pernambuco, Humberto Costa, expressando a sua total solidariedade pelos acontecimentos que culminaram no indiciamento do ex-ministro por parte da Polícia Federal.

Lula garantiu que, sempre que for questionado sobre o caso, defenderá a inocência de seu ex-ministro e ressaltará fato de ter sido ele (Humberto) o autor da denúncia que dasbaratou a quadrilha que atuava no Ministério da Saúde, naquilo que ficou conhecido como "Operação Vampiro".

O telefone de Lula aconteceu por volta das 8h, quando Humberto participava de eventos de campanha na cidade de Ouricuri, no sertão pernambucano. Os dois conversaram durante meia hora.

"O presidente disse que ficasse absolutamente tranquilo, pois ele sabe do que realmente aconteceu e que a denúncia que chegou à Polícia Federal foi encaminhada por mim", disse o ex-ministro.

Lula elogiou a forma como o assunto foi tratado e a iniciativa de Humberto Costa de se antecipar e exigir o completo esclarecimento de todas as denúncias, inclusive abrindo mão dos sigilos fiscal, bancário e telefônicos, dele (Humberto) e de toda a sua família.

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Vergonha de fazer campanha?

No café da manhã, hoje, no Hotel Recife Praia, em Boa Viagem, o vice-presidente José Alencar nos fez a seguinte observação: "Vejam vocês, o Alckmin foi fazer campanha no Acre, um estado pequeno, de poucos eleitores, onde tem quase nada de intenção de votos. Só pode estar fugindo dos grandes centros, com vergonha de fazer campanha...".

Lula: governar para quem?

Discursando hoje em comício realizado em Campinas, o presidente Lula afirmou que governar para uma minoria não é tão difícil. “Difícil é governar para 186 milhões de brasileiros e promover o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social ao mesmo tempo, como este governo está fazendo”. E associou ao tema do desenvolvimento a prioridade que tem dado – e pretender acentuar mais ainda no seu provável segundo mandato - à educação de qualidade, destacando o ProUni e a implantação de dez novas universidades federais.

Veja mais detalhes sobre o pronunciamento do presidente em Campinas no site www.lulapresidente.org.br.

UNE e UBES entregam plataforma a Lula


A presença da juventude na história do Brasil tem sido marcante. Especialmente em momentos cruciais da vida política. A União Nacional dos Estudantes (UNE), sobretudo, mas também a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), nas ruas ou nos fóruns de debate, têm dado contribuição qualificada. Hoje (sábado), em Guarulhos, São Paulo, continuando essa tradição, uma comissão de dirigentes das duas entidades entrega a Lula os projetos "UNE Brasil" e "UBES Brasil" - uma plataforma com as reivindicações que o movimento estudantil espera ver atendidas no provável segundo mandato do presidente.

Os dois documentos abordam questões como educação, programas sociais, cultura, economia, soberania nacional, integração latino americana, democracia, geração de emprego e renda e diretos sociais.

Veja aqui a íntegra do "Projeto UNE Brasil"
Veja aqui a íntegra do "Projeto UBES Brasil"

Uma pedra no caminho


Comecemos o sábado com os versos do clássico poema de Drummond:




No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

25 agosto 2006

Alhos e bugalhos

Ao ser entrevistado hoje na Rádio CBN, o ex-governador Jarbas Vasconcelos tentou misturar alhos e bugalhos, ao usar, em defesa de sua candidatura ao Senado, um argumento aparentemente lógico, porém improcedente. Afirmou ter recebido convite para ser vice-presidente de Lula – “esse ministro aí, o Tarso Genro, foi várias vezes para dizer que eu era o tal, que eu preenchia qualidades para ser vice-presidente" – para se dizer capacitado para a senatoria. Isto como insinuação de que não haveria distância entre ele o presidente.

Mas há, sim, uma enorme distância. Uma coisa é ter sido cogitado para compor a chapa, caso o PMDB se aliasse formalmente ao PT e ele, o ex-governador, mudasse de posição, passando a se somar aos que defendem um segundo mandato para o presidente. Outra coisa é tomar partido em favor de Alckmin e se opor abertamente, e de forma até contundente, como tem feito nos últimos dias, ao presidente Lula. Ou seja: Lula tem um lado e Alckmin outro. Jarbas optou por ficar do lado de Alckmin.

De nossa parte, jamais questionamos a qualificação do ex-governador para o exercício do mandato de senador. O que temos dito, isto sim, é que Lula precisa contar com o apoio de pelo menos num dos três senadores de Pernambuco. E pleiteamos o voto dos pernambucanos como candidato ao Senado, do lado de Lula – o oposto da posição em que Jarbas se encontra hoje.

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Bom dia, Cecília Meireles

Nesta manhã de muito sol e trabalho, um poema de Cecília Meireles para acentuar a leveza que há de se entrelaçar sempre com a determinação de lutar pelos nossos ideiais.

Modinha

Tuas palavras antigas
deixei-as todas, deixei-as,
junto com as minhas cantigas,
desenhadas nas areias.

Tantos sóis e tantas luas
brilharam sobre essas linhas,
das cantigas – que eram tuas –
das palavras – que eram minhas!

O mar, de língua sonora,
sabe o presente e o passado.
Canta o que é meu, vai-se embora
que o resto é pouco e apagado.

Na rota do crescimento


“Se o principal da economia está ordenado, isso não significa que possamos afrouxar as rédeas. Apesar de o Brasil se encontrar hoje em condições bem melhores do que alguns anos atrás, determinados esforços terão de continuar a ser feitos”. A declaração é do presidente Lula, ontem (24), na 19ª Reunião Ordinária do Conselho Desesenvolvimento Social (CDES), realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.

Disse mais: “Não penso como alguns críticos, que acham que colocar as contas em ordem significa cortar, cortar e cortar. Na verdade, precisamos trabalhar para melhorar a qualidade do nosso gasto, diminuindo as despesas de custeio para investir mais em infra-estrutura e ter condições de reduzir a carga tributária”.

Lula destacou a expressiva queda da inflação no país, que atingiu 12,5% em 2002, alcançou 17,2% em maio de 2003, e deve fechar o ano abaixo da meta de 4,5%. Lembrou a queda do risco-Brasil, o mais baixo da nossa história, além da extraordinária mudança nas contas externas, passando o Brasil a credor, uma vez que as reservas em dólar ultrapassaram a dívida externa pública. “Cumpre, então, colocar o país definitivamente na rota do crescimento de longo prazo”, disse ele.

Mais informações no site www.lulapresidente.org.br.

24 agosto 2006

Sobre a disputa pelo Senado

Do blog do JC:

A César o que é de César

Por Louise Caroline Vice-presidente da UNE

Nunca os brasileiros se questionaram tanto quanto à credibilidade de seus Parlamentos. Depois de quase duas décadas de vigência do atual sistema político, seu funcionamento subterrâneo veio à tona.

Para elevar o poder legislativo ao patamar que requer a democracia, é urgente e inadiável uma Reforma Política profunda, mas, é sobretudo decisivo que também se decida coletivamente pela conscientização de cada cidadão e cidadã.

A alteração da cultura política no povo reflete em seu parlamento e vice-versa. Essa é uma sentença que também vale para a as representações no executivo e para o poder judiciário. Mas a displicência e apatia da população com relação aos deputados e senadores é ainda mais contundente, palpável durante as eleições. E como o processo educacional e cultural não se perfaz apenas em bancos, além da transformação do conteúdo da Educação em nossas escolas e universidades, é fundamental que a mudança dos valores se dê em todos os tempos, de todas as formas, por todos os meios.

Sendo assim, o processo eleitoral exerce um papel educativo que não pode ser desperdiçado, sob pena de amargurarmos a ignorância política a duras doses, ora de crises, ora de cegueiras induzidas.

O programa eleitoral e a campanha dos partidos deveriam "abrir o jogo" sobre seu projeto de sociedade e apontar suas divergências no campo das idéias em vez de optar pelo caminho do marketing que vende imagens de acordo com pesquisas qualitativas sobre o que o eleitorado quer ouvir.

O papel do legislativo precisa ficar transparente em vez de resumido à troca de favores para tal e qual região. Nessa primeira semana de "guia", fica evidente a condensação da representação parlamentar pela qual caminham muitos candidatos. "Se eleito Deputado Estadual, levarei investimentos para a cidade de onde eu venho", ou, "Eu sou candidato a Senador para representar o meu estado e defender seus interesses", ou, do outro lado, "Só vou votar pra presidente, deputado não serve pra nada". Não é que se ignore a tarefa de aprovação do orçamento e da execução de emendas parlamentares, mas a grande função do poder legislativo, é para além das questões financeiras, mas decisiva para tudo que interferem diariamente na vida das pessoas.

Se vai ter aumento do salário ou não, é decisão da Assembléia; se a reforma trabalhista vai retirar ou ampliar o direito dos trabalhadores, decide o Congresso; se homossexuias terão direito à união civil ou ao casamento, é papel da Câmara e do Senado; se reduziremos a maioridade penal ou aprovaremos um programa de revitalização das escolas, também votam os parlamentares, as ações, decisões e projetos do Presidente da República e do Governador, tudo, está sujeito ao voto e apreciação dos deputados e senadores que elegeremos em Outubro.

Por isso, quando a campanha de Jarbas Vasconcelos tenta imprimir a idéia de que a tarefa do Senador é estadual, é apoiar o Governador de Pernambuco, é trazer investimentos para o Estado, o candidato omite da população parte decisiva da tarefa de um Senador, qual seja aprovar ou não projetos de lei que regerão a vida de todo o povo brasileiro; fazer oposição ou ser da bancada de apoio do Governo Federal.

Quando Luciano Siqueira diz ser o Senador de Lula, não se trata de uma decisão tática diante da popularidade do Presidente - e isso precisa ficar mais claro - , mas sim de que o Senador ser de oposição ou ser da bancada de apoio é o mais importante para que Lula possa ter a governabilidade necessária para implementar seu projeto ou ter as dificuldades impeditivas deste objetivo.

O mesmo vale para os deputados federais em relação ao Presidente e para os deputados estaduais em relação ao Governador. E os exemplos do reducionismo da função parlamentar podem ser vistos no programa eleitoral diariamente.

O desafio está lançado: se não é o caso de optarmos pelo parlamentarismo, que garante necessariamente maioria ao chefe do poder executivo, devemos caminhar, então, em uma jornada pela verticalização do voto do eleitor. Não através de uma norma impositiva, mas pelo destaque, nas campanhas e na cobertura delas, à tarefa total de cada cargo e à relevância da sintonia ideológica entre o parlamento e o executivo.

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Marco Albertim lê conto

Marco Albertim está entre os escritores que lerão texto próprio, às 19 horas desta sexta-feira, no auditório da Livraria Cultura, como parte do Festival Recifense de Literatura. Ele lerá o conto Soler, uma lágrima, pouca emoção e morte.

Confiança e afeto*

Havíamos concluído mais uma caminhada ao lado do companheiro Humberto Costa, candidato a governador, e de candidatos a deputado e lideranças comunitárias. Do alto de um trio elétrico, como de praxe, uma breve palavra de agradecimento à militância presente e o registro de uma idéia ou fato do interesse do povo ali concentrado. Tudo muito breve, pois logo em seguida teríamos que nos deslocar para outro bairro, onde faríamos nova caminhada.

Ela surgiu de repente, por entre bandeiras e cartazes. Cabelos brancos, um sorriso largo, acenando como uma velha conhecida. Nas duas mãos entrelaçadas e erguidas para o alto, o sinal de apreço e solidariedade. Quem será que não está dando para reconhecer? Militante de outras lutas (já que o bairro do Ibura, no Recife, na década de oitenta teve a nossa presença freqüente, na condição de deputado estadual vinculado aos movimentos dos moradores da área)?

Ao descermos do trio elétrico, ela aguardava para os cumprimentos habituais. Um abraço afetuoso e a mensagem dita ao pé do ouvido:

- Meu filho, faça tudo o que for possível por esse povo, que tanto merece. Eu não preciso de nada, sou aposentada, já fiz a minha vida, estou tranqüila. Mas o povo daqui precisa muito!

- Faremos o possível, pode ficar certa. Muito obrigado pela confiança.

Após essa rápida troca de palavras, entramos no carro e seguimos adiante, que a programação é intensa e cada compromisso precisa ser cumprido no horário.

“Fazer pelo povo do bairro” é algo um tanto abstrato, tratando-se de um candidato ao Senado, e mesmo do governador, aos olhos daquela gente. Claro que avançar na conquista do desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho terá reflexos sobre a vida ali. Mas é assunto para ser explicado melhor, de ambas as partes – considerando as expectativas dos eleitores e os compromissos assumidos pelos candidatos. Assunto para outra oportunidade, ali não dava tempo.

O diálogo foi muito breve, porém ficou marcado na alma o gesto de carinho daquela mulher desconhecida, tão generosa em suas palavras. Porque é desse contato humano que o candidato se alimenta, na fase atual da campanha, em que gradativamente todas as forças acumuladas, entre aliados e adversários, emergem na disputa frontal e decisiva. A batalha se apresenta em muitas frentes e exige firmeza, resistência física, serenidade, entusiasmo e coragem. Esses atributos o candidato pode até ter, mas não se expressam em sua inteireza sem gestos de confiança e afeto como o da anônima eleitora do Ibura.

* Texto da nossa coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br, publicado hoje.

23 agosto 2006

Nada de pessoal

Do blog do JC:

Luciano Siqueira devolve os recados de Jarbas

O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), disse há pouco, durante caminhada pró-Lula, estar tranqüilo em relação ao confronto com o ex-governador Jarbas Vasconcelos.
No guia eleitoral, hoje cedo, Jarbas mandou um recado para Luciano: disse que ele vai sair “machucado” da eleição e que não passa de escolhido pela oposição para atacá-lo.

“Nunca ataquei (Jarbas) nem fui escolhido para atacar. Não há possibilidade de sair machucado”, disse Siqueira, candidato ao Senado na chapa do PT, a Cecília Ramos, repórter do Blog.

Como forma de desgastar o ex-governador, Siqueira vem centrando o guia dele nas críticas que Jarbas fez ao Bolsa Família, programa que terá papel fundamental na reeleição de Lula.
“Tenho o maior apreço por ele. Espero que, com toda a experiência que tem, dê a contribuição dele ao debate de idéias”, continuou, dirigindo-se a Jarbas, que tem quase 70% de intenções de votos para o Senado.

"Não vou me sentir atingido por Jarbas", finalizou.

Para quando setembro vier

Foto TUCA SIQUEIRA
A campanha vai tomando corpo nas ruas – e também nos salões. Caminhadas, debates, reuniões diversas. É a ante-sala de setembro, o mês decisivo. Agora, todo o empenho é pouco no sentido de dar volume à campanha e assegurar qualidade ao programa eleitoral na TV e no rádio. E, se possível, diariamente mergulhar fundo no meio do povo, que vem nos acolhendo com crescente simpatia.

Datafolha: Lula continua crescendo

Na Folha de São Paulo de hoje:

Lula tem avaliação positiva recorde e reforça favoritismo

- Governo é visto como bom ou ótimo por 52%, aponta Datafolha; índice é o maior desde 1987

- Em pouco mais de 30 dias, vantagem de Lula sobre Alckmin subiu de 16 para 24 pontos; rejeição ao petista caiu após propaganda na TV.

A avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu sete pontos nas duas últimas semanas e atingiu o recorde de 52%, consolidando em várias frentes seu favoritismo à reeleição. Se a votação de 1º de outubro fosse hoje, Lula venceria com 56% dos votos válidos.Pesquisa Datafolha mostra que o início do horário eleitoral na TV, na semana passada, teve pequeno impacto sobre as intenções gerais de voto do eleitor. Mas a TV serviu para reforçar todos os indicadores que favorecem a candidatura Lula.

Entre o dia 8 de agosto e ontem, Lula oscilou dois pontos, de 47% para 49%. Seu principal adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), um ponto, de 24% para 25%. As variações estão dentro da margem de erro do levantamento, de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

A avaliação positiva de 52% do governo Lula é a maior desde maio de 1987, quando o Datafolha iniciou esse tipo de levantamento, ainda no mandato do ex-presidente José Sarney.
O recorde de ótimo/bom obtido antes era do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 1996 (47%).

A nota média atribuída à gestão Lula subiu de 6,3 para 6,7 desde a pesquisa anterior -46% dos eleitores dão nota igual ou superior a 8. Na atual corrida, Lula também atingiu o recorde de 37% nas intenções de voto espontâneas (quando o eleitor é questionado em quem ele vai votar sem que as opções sejam apresentadas). Em duas semanas, o petista subiu quatro pontos nesse quesito. Alckmin tem 13% (oscilou um para cima).

A taxa de rejeição ao presidente também caiu ao seu nível mais baixo, recuando de 29% para 26%. Ela praticamente igualou-se à de Alckmin (24%).

Por fim, entre os eleitores que assistiram ao horário eleitoral, o programa de Lula foi o de maior audiência (46%), contra 43% para o de Alckmin e 40% da candidata à Presidência pelo PSOL, Heloísa Helena. Na pesquisa, Heloísa Helena oscilou negativamente um ponto e tem agora 11% das intenções de voto. Os demais candidatos atingiram um ponto ou não pontuaram.

Em termos regionais, duas mudanças importantes foram captadas no levantamento, realizado em parceria entre a Folha e a TV Globo.

No Sul, Alckmin recuperou perdas sofridas nos últimos dias e subiu 11 pontos (leia texto na página A6). Ele, porém, não tirou votos de Lula, mas dos que votariam em branco ou nulo e dos indecisos. No Centro-Oeste, o tucano perdeu cinco pontos e Lula subiu sete.

Todas essas tendências somadas fizeram com que, em pouco mais de 30 dias, Lula aumentasse de 16 para 24 pontos a diferença sobre Alckmin.

"O horário eleitoral ajudou Lula, que mostrou mais ritmo na TV e conseguiu reforçar os pontos positivos de seu governo", afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

Programa eleitoral de Lula na Internet

A íntegra do programa eleitoral de Lula pode ser vista no site da campanha. Basta você acessar www.lulapresidente.org.br. No programa eleitoral exibido na noite de hoje (22), por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o seu compromisso com o combate à fome e a desigualdade social no país. Para isso, apresentou os principais resultados do maior e mais eficiente programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, que já beneficia 11,1 milhões de famílias.

22 agosto 2006

Tarso Genro diz que FHC está desequilibrado


O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, acusou nesta terça-feira (22) o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de estar "desequilibrado politicamente", devido à "solidão" em que se encontra, ao ser "escondido" pelo PSDB-PFL na campanha presidencial de Geraldo Alckmin. Tarso respondia às afirmações de FHC defendendo o impeachment do presidente Lula, com o argumento de que é preciso "alguém que grite 'basta'".

O ministro procurou os jornalistas no Comitê de Imprensa do Palácio do Planalto especificamente para responder às críticas feitas por FHC em um debate sobre "Ética e Política", na noite de segunda-feira em São Paulo. "Fomos surpreendidos com uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique que causou espécie", iniciou o ministro. "Ele demonstrou visível desequilíbrio político".

O ex-presidente fez a defesa do impeachment para um público fechado, de cerca de 200 simpatizantes do PSDB. Admitiu que "passou o momento, agora é ganhar a eleição", dizendo que foi na crise política do ano passado que era preciso "alguém que grite 'basta' com força", para obter o afastamento do presidente. E citou como exemplo o ex-deputado Roberto Jefferson, cassado por corrupção.

FHC insistiu também que a campanha de Alckmin seja "mais agressiva". A expectativa é que no horário eleitoral gratuito seja possível transmitir uma mensagem mais firme para que a população possa sentir que tem um interlocutor válido. O partido tem que tomar uma posição mais agressiva, mais atuante", aconselhou.

Veja matéria no portal Vermelho www.vermelho.org.br.

PSDB em crise

Do blog de Josias de Souza http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

PSDB e PFL discutem idéia de intervir nos Estados

A deserção de políticos do PSDB e do PFL à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin abriu na cúpula dos dois partidos uma discussão sobre a conveniência de intervir em diretórios estaduais. A idéia, debatida em segredo, soa mais como ameaça vã do que como algo efetivo. Além de não ser consensual, a tese esbarra na resistência do grupo de auxiliares mais próximos a Alckmin.

Embora desconsolados, os assessores mais chegados ao candidato fazem uma leitura realista do quadro eleitoral. Acham que o apoio a Alckmin não virá por decisões impostas manu militari. Avaliam que eventuais intervenções em diretórios estaduais apenas agravariam o problema. O único modo de conter a debandada seria uma recuperação nas pesquisas de opinião.

A crise em torno de Alckmin cresceu por conta de uma decisão tomada pelo governador tucano do Ceará, Lúcio Alcântara. Rompido com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), Alcântara, além de esconder Alckmin na sua propaganda eletrônica, levou ao ar nesta segunda-feira imagens do adversário Lula.

Jovens desconfiam da política, mas querem votar

Dados do TSE mostram que houve um aumento de 49,3% nos títulos de adolescentes com 16 e 17 anos, o que representou um acréscimo de mais de 17 milhões de eleitores. Pesquisa da Unesco indica que 69% dos jovens de 15 a 29 anos acredita que voto pode mudar situação do país. Veja matéria assinada por Jonas valente na Carta Maior www.cartamaior.com.br.

Lula debate com artistas no RJ

Mais de 100 artistas das mais diversas categorias manifestaram o seu apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro realizado na noite de segunda-feira (21), na casa do ministro da Cultura, Gilberto Gil, no Rio de Janeiro. O clima foi informal, com vários presentes dialogando com Lula, mas, como ressaltou Gil, não se tratou apenas de uma reunião de amigos, “mas de uma reunião de trabalho pela reeleição do presidente”.

Boa parte do encontro foi dedicada ao debate sobre a política cultural do governo Lula, com os artistas manifestando o seu apoio à democratização da produção e do acesso à cultura. “O Minc finalmente deixou de ser um ministério de burocratas para se tornar um ministério de artistas”, destacou o ator Sérgio Mamberti. Já o teatrólogo Augusto Boal ressaltou a criação dos Pontos de Cultura, através do qual o governo distribui aparelhos multimídia para que comunidades registrem as suas atividades culturais. “O povo agora também é artista e pode fazer a sua própria arte”, afirmou.

Na sua fala, Lula relembrou que o seu primeiro contato com a classe artística brasileira aconteceu em 1985, quando arregimentava apoios para a campanha das Diretas Já. E destacou que, no seu governo, a cultura passou por um vigoroso processo de valorização, que incluiu desde a criação de programas específicos até o aumento do orçamento do Ministério da Cultura e a ampliação dos recursos liberados através das leis de incentivo fiscal.

Mas Lula falou principalmente sobre o processo de mudanças em curso no Brasil, viabilizado após muito trabalho. “Quando assumi o governo, o Brasil parecia uma casa semi-abandonada. Sei que as pessoas estavam ansiosas por mudanças rápidas, mas não foi fácil arrumar uma casa onde o risco-país batia recordes, a inflação crescia e o orçamento era limitado por dívidas e restos a pagar a dívidas”.

Lula lembrou também que muitas áreas essenciais para o país estavam totalmente desestruturadas. “O Incra e o Ibama estavam desfalcados de técnicos, de gente pra trabalhar”. Hoje, depois de realizar concursos nessas duas áreas, os resultados já aparecem. “Não foi por acaso que, nesse governo, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em 31%”, exemplificou.

Para Lula, o governo já fez o mais difícil e, devido à conquista da estabilidade econômica e da eficiência dos programas sociais em curso, “o Brasil tem tudo para crescer de forma excepcional nos próximos quatro anos. E nós temos tudo para fazer um segundo governo melhor que o primeiro”. Segundo ele, é exatamente isso o que mais incomoda os seus opositores. Lula disse que, assim como Getúlio Vargas e JK, ele é atacado por governar para o povo e não para as elites. “Eles (a oposição) só não contavam com a reação do povo”.

Veja matéria no site www.lulapresidente.org.br.

Lula é a senha


É um novo ambiente, sim. As pessoas demonstram interesse, saem de suas casas para nos cumprimentar, pedem panfletos. A caminhada ontem à noite, em Vasco da Gama, no Recife, revelou mais uma vez que a população começa a despertar para o fato eleitoral. E mais: Lula é a senha. Basta a gente se apresentar como “a chapa de Lula” para que as pessoas nos recebam com afeto e entusiasmo.

Uma rosa e um poema


Bom iniciar esta manhã de terça-feira com uma rosa vermelha e um belo poema de Cecília Meireles.

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

21 agosto 2006

Governador do PSDB faz campanha para Lula


O que no início da campanha era subliminar, agora ficou explícito. Lúcio Alcântara, governador do Ceará e candidato à reeleição pelo PSDB, além de não fazer qualquer referência ao também tucano Geraldo Alckmin, candidato à presidência, demonstrou, no Horário Eleitoral de hoje, apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ato pode selar o rompimento político entre o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e Lúcio. Os dois vêm se desentendendo desde a insistência do governador em disputar mais um mandato.

''Eu e o presidente Lula temos um ótimo relacionamento baseado no respeito às nossas diferenças e na consciência comum de que os interesses do povo do Ceará e do Brasil estão acima de tudo'', disse Lúcio, na televisão. ''Quero continuar contando com a parceria do governo federal e, sobretudo, com a parceria do povo cearense. É assim que vamos continuar conduzindo o Ceará, no rumo certo, para um futuro melhor'', completou.

Veja matéria no portal Vermelho www.vermelho.org.br.

O tom e o nível do discurso de Jarbas

César Rocha, no blog do Jornal do Commércio:

"Eu não sou petista para estar desequilibrado. O PT é sanguessuga, é a quadrilha de Santo André, é mensalão, dinheiro na cueca. Até o presidente da República se nega a botar o PT no guia, é uma complicação toda vez ter que se explicar que não é corrupto. Sendo indagado a toda hora sobre sanguessuga, vampiro, mensalão. Eu não queria estar na pele deles".

De Jarbas Vasconcelos, hoje, durante inauguração do Bar 45, no comitê de Geraldo Alckmin, no Recife.

A declaração é um revide ao presidente estadual do PT, Dilson Peixoto, e ao vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB), candidato ao Senado.

No final de semana, Dilson afirmou que Jarbas estava "desequilibrado". Luciano, em seu blog, disse que o ex-governador baixou o nível da campanha.

Divergências entre Mendonça e Jarbas?

Do blog de Divane Carvalho:

Boato conta - Na rua a história está sendo contada assim: Mendonça Filho (PFL), normalmente muito calmo e conciliador, ficou tão irritado com a turma de Jarbas, que comanda seu guia eleitoral, que os envolvidos num bate-boca quase chegaram às vias de fato. O motivo? O de sempre: os jarbistas querem fazer um programa bem agressivo e o pefelista acha que não é por aí o caminho para vencer a eleição.

Um novo desentendimento - O desentendimento pode até não ter sido tão grande quanto dizem os boatos que estão circulando. Mas o que se conta é que, depois das discussões, Mendonça Filho negou-se a gravar para o guia eleitoral. Resultado: a coligação teve que repetir na quinta-feira passada, no primeiro horário, às 12h, o VT veiculado no programa anterior.

Nos bastidores do guia - Essa história deve ser desmentida depressa, claro. Mas que Mendonça Filho tem muitos motivos para se irritar com os seus programas, isso tem. A começar pelos textos do guia onde o locutor diz o tempo todo Jarbas e Mendonça, e não Mendonça e Jarbas, como se não fosse ele o candidato a governador e o outro a senador.

Palavra de arquiteto

“Na realidade, aprecio as coisas mais diferentes. Gosto de Le Corbusier como gosto de Mies van der Rohe. De Picasso como de Matisse. De Machado de Assis como de Eça de Queiroz. Somente no campo da política sou radical, intransigente com o império assassino de Bush ou com os que, em nosso país, tentam combater o governo de Lula, que, diante dos problemas da América Latina, tão importantes para nós, tem sabido se manifestar.” (Oscar Niemeyer, no artigo Conversa de arquiteto, publicado na Folha de São Paulo, em 16.07.06).

Por que Jarbas está agressivo?

Acompanhe os fatos e pense. Por que o ex-governador Jarbas vem elavando o tom e rebaixando o conteúdo do seu discurso? O normal, para quem ostenta índices tão elevados de intenção de votos nas pesqiosas e considera favorito (sic) o seu candidato a governador, seria cumprir a promessa feita antes de inciado o guia eleitoral: a de que que se manteria em padrão elevado, disposto a debater as questões substantivas, ao invés de atacar os adversários. Ao contrário, ele vem se tornando mais agressivo e rasteiro: ““Quem faz cachorrada é o PT”, teria dito num comício de fim de semana, na Agreste, conforme noticia a Folha de Pernambuco de hoje.

Cabe a pergunta: qual a razão de tanto destempero?

20 agosto 2006

Invenção criativa





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Pequenino trio elétrico, de elevada potência e guiado a controle remoto. Criatividade na caminhada de Olinda, neste domingo.

Humberto testou o som - e gostou. Além de um instrumento útil para que possamos nos comunicar com o povo, faz a festa da criançada.

Mais de 11 milhões filiados a partidos


De acordo com pesquisa feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), anunciada no último dia 15, a partir do cruzamento de dados dos 29 partidos políticos registrados no país, um a cada dez eleitores brasileiros é filiado a uma agremiação partidária. São exatamente 11,560 milhões de eleitores filiados a partidos no Brasil e no exterior.

O PMDB figura como o maior partido, com 2,02 milhões, 17,5% do total. O PP tem 1,26 milhão de filiados, e é seguidos pelo PSDB com 1,09 milhão e pelo PT, o quarto da lista, com 1,04 milhão. O PFL tem registrados 1,02 milhão de eleitores. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tem 186.887 filiados. Os dados são de junho deste ano.

São números expressivos? Num determinado sentido sim, se considerarmos a tênue tradição organizativa do povo brasileiro, comparado a países europeus e mesmo aos vizinhos Argentina e Uruguai, por exemplo.

Agora, importa mesmo é que o filiado tome parte na vida política partidária e social permanentemente, e não apenas no período eleitoral. E que tenhamos gradualmente partidos programáticos e duradouros, e não conjunturais e efêmeros. Para que o processo democrático se aperfeiçoe e ganhe consistência.

Um conto de Marco Albertim

Nesta manhã de domingo, que tal a agradável leitura de um conto de Marco Albertim? Case-se com ela está entre os escolhidos no Concurso Osman Lins de Contos.

Case-se com ela

Conto de Marco Albertim

O sol já tinha se posto. A desconfiança de que o fim da tarde o deixaria deprimido, tornou-se certeza no começo da noite. Se estivesse em casa, teria uma refeição regular preparada pela mãe; sopa de legumes passados no liquidificador. Trouxe para a memória o cheiro da cenoura cozida, o cheiro da brenha ao lado da rodovia o ajudou. O mato sempre lhe remetia à infância, aos banhos no açude de água acobreada. Mas sentia fome e perdera a confiança no destino que o privara do conforto de se regalar na mesa de casa. A roupa suja, os pés nos chinelos gastos, os cabelos secos, lavados com sabão duro; não se acostumara à vida de andejo, embora se sentisse oculto. A polícia não o identificaria pelos trajos, o rosto terroso.

A luz rala de cada poste não alumiava a margem barrenta, de areia. Convinha entrar na primeira rua à frente. Caminhara por uma longa avenida, agora estava numa rodovia, certo de encontrar onde encostar o corpo. Nada lhe acontecera, não lhe aconteceria se entrasse em uma rua. Talvez encontrasse onde sentar, algum desocupado não pouparia dois minutos de prosa. Desceu por uma rua, pisando em seixos, cascalhos. Procurou se distrair no reparo das casas distantes uma da outra. Nunca reparara na sua vizinhança, agora tinha tempo para estudar moradias estranhas, o modo como cada morador se acomodava em terraços acanhados, de portas estreitas e janelas sempre fechadas ao lado. Na primeira, olhou para dentro, viu uma mulher sentada numa cadeira de balanço, sem se mexer, a cabeça apoiada em uma das mãos. Em que pensa ela? Terá filhos? Preparou sopa para o jantar da noite?

Sentou no primeiro bar que encontrou. Não havia sinal de imundície, embora as paredes estivessem borradas e o balcão, de tanto dar apoio a mãos e braços, estivesse desbastado. Lucas não pediu nada para beber, não tinha dinheiro. O dono não o estranhou porque o bar era abrigo de desocupados. Lucas olhou para a mortadela pendurada na prateleira, distraiu a fome no cheiro vindo do chouriço e da barra de queijo ao lado. A comida não estava coberta, uma mosca perdida tentava, vez em quando, pousar na carne. O dono a repelia com a mão. Ainda assim, aproveitando-se de sua distração numa conversa e noutra, o inseto conseguia pôr a boca na gordura aquosa da comida. Lucas sequer reparou no inseto, olhando com lascívia para a comida, intrigado com a indiferença do vendeiro ao cheiro de gordura.

Remanso das horas, goles demorados dos homens em volta, até a mosca espreitando a distração do homem, voava sem pressa, viciada no torpor da casa. Havia pesar nos olhos de Lucas. Um homem que bebericava de seu lado, olhou para sua sacola de pano, quase uma trouxa.

- Vê-se que o amigo está de passagem. Viajando?
- Sim. Vou esperar amanhecer para pegar condução no posto fiscal. Os caminhões de carga param. Eu peço carona.

Se não tivesse bebido, o homem não teria perguntado, não assuntaria nos propósitos de um estranho. A cachaça deixara-o com os sentimentos moles, e apiedou-se dos olhos tristes do estranho recém-chegado. Um resto de cuidado fez com que perguntasse ao vendeiro, quando voltou da latrina, se correria risco levando o estranho para dormir em sua casa. Foi advertido, aconselhado a calcular os riscos. A bebida também o convencera de que, se até então não sofrera reveses, fora graças à facilidade em presumir o perigo. Pediu mais bebida, olhou outra vez para Lucas e sentiu remorsos caso não se mostrasse hospedeiro.

- Qual é sua graça?
- Lucas.
- Passa a noite em minha casa, seu Lucas. Não tem quase nada na sua bagagem, mas ladrão não pede certidão de pobreza a ninguém.
- Eu agradeço.

O homem tenteou quando desceu os degraus da calçada. Pôs-se rápido em equilíbrio para não passar atestado de bêbado. Lucas notou, nada disse, não convinha dizer nada. A casa, a dois quarteirões dali, não tinha terraço. No sofá na sala não caberia um corpo deitado. O homem lembrou-se das advertências do vendeiro... e não levou Lucas para um quarto. Um resíduo de desvelo evitou que mostrasse a intimidade da casa.

- Vou buscar a rede.

Trouxe do corredor duas redes penduradas na parede. Instalou-as na sala. Deitou-se de modo a espreitar o sono do hóspede. Sua mulher não estava em casa, viajara. A filha, uma moça já com idade de casamento, observou Lucas, riu sem graça; não estava acostumada a se pôr na frente de homens. Ele tinha a sua idade. O homem quis saber se tinha fome, vira-o com os olhos de peixe morto na gordura da mortadela. A seu pedido, a filha trouxe pão com manteiga num prato, entregou a Lucas já sentado na rede. Não fosse isso, teria permanecido com os sentidos submissos à presença de um homem de sua idade. Deu o pão e achou-se superior a ele; mas logo se rendeu ao costume e abriu a guarda de mulher em desamparo. Lucas reparou nos olhos dela curiosidade e medo. A moça tinha medo e queria conhecer o mundo. Lucas era uma janela para o mundo. A da casa, na frente, estava sempre fechada, ao lado de uma porta estreita que se abria só de um lado; o outro estava preso em cima e em baixo por ferrolhos de ferro.

- Para onde viaja, se mal pergunto?
- Volto para Alagoas.
- Ainda tem muito chão pela frente.

Quis ponderar sobre a conveniência de Lucas ficar em Fortaleza, enfrentar as urgências da cidade, melhores que o calorão de todo o Cariri. Mas advertiu-se que o tinha como hóspede... e a ponderação poderia parecer um convite para ficar na casa. A filha sentou-se no sofá, queria ligar a televisão para fingir que se entretinha noutra coisa. O pai, no entanto, prevenira-a dos custos da conta de energia. Depois, ligar o televisor com o pai falando com o hóspede, seria desfeita ao assunto dos dois. Ficou sentada, olhando para o chão, arriscando observar o rosto de Lucas quando ele estava falando.
O homem sentiu sono, boquejou.

- Tá na hora de dormir, Nevinha.
- Sim, sinhô.

Ela levantou-se, quis saber se Lucas queria água, foi para o corredor e entrou no quarto, o último, junto à cozinha. O pai dormiu relaxado com a mansidão dos olhos de Lucas, pegou no sono e não ouviu quando a filha disse ao hóspede que se tivesse precisão da latrina, teria que abrir a porta dos fundos. A latrina ficava no quintal.

- Obrigado – ouviu do hóspede.

Lucas sentiu no pano da rede o cheiro acre de sujeira há muito impregnada no tecido. A luz turva da lâmpada impedira-o de distinguir umidade e bolor no pano grosso. O homem dormia de cueca. Lucas, por decência, deitou com toda a roupa.
Não demorou e caiu uma chuva grossa, os pingos chicoteavam no telhado. Não havia goteiras, o ruído era intenso por toda casa sem forro. Lucas sentiu alívio, não teria que gritar se estivesse falando com seu hospedeiro. Cobriu-se com o lençol que viera com a rede, tão azedo quanto o cheiro do chão, das paredes. Sentiu-se tão protegido quanto um cágado na carapaça. Podia dormir um sono solto, renunciar às incertezas do porvir. Ao amanhecer, comeria pão com café quente, fumaçando num bule de ágata. Desejou sonhar, urdir na memória o ambiente familiar de que fora desapossado. Levantou-se no meio da madrugada para mijar, percorreu todo o corredor palpando as paredes. No quarto da moça, a luz da lâmpada, baça, escorria um fio pobre de claridade sob a porta. Nevinha estava alinhavando a gola de seu melhor vestido. Não queria aparecer, de manhã, com a roupa defeituosa. Na volta, Lucas apurou o olfato e sentiu o cheiro de lavanda vindo do quarto. Está se asseando, pensou, se asseando para dormir.

Não sonhou, ele, dormiu sem saber que estava dormindo. Já o homem roncou com estrépito por toda a noite, não assustou ninguém, só alguma catita fazendo incursão no chão cheio de fungos. Nevinha foi a única a sonhar, sonhou de olhos abertos, maginando-se nos braços de um homem incerto.

Quando o sol despontou, infiltrou raios pelas fendas do telhado. O homem foi o primeiro a acordar, levantou-se, sentiu a estranha impressão de ver o desconhecido ainda deitado na sala de uso restrito da família. Pensou na mulher, na censura que teria de ouvir quando soubesse que dera pouso a um estranho de propósitos inconfessos. Antes de ir ao banheiro, demorou dois minutos reparando na rede, repetindo na memória a conversa que tivera com o vendeiro. A filha já estava de pé, com o vestido novo. Reparou-a de cima a baixo, advertindo-se de ser pai de moça feita, pronta para se tornar mulher.

- A bênção, meu pai.
- Deus te abençoe, minha filha.

Ela tinha posto para cozinhar sobre a chaleira com água fervendo, cuscuz no prato. O pano amarrado suava quente, soltando fumaça. O cheiro chegou à sala. Lucas sentiu pena por ter que sair de sua carapaça, mas animou-se com o cheiro da comida. Não se levantou de vez, ficou sentado, esperando que o autorizassem a ir ao banheiro e passar pela cozinha, conhecer a casa à luz do dia. Ouviu ruído de talheres, tão fresco na memória lívida do convívio familiar. O homem queria que ele fosse embora logo, sem experimentar do repasto preparado pela filha. Mas à noite lhe oferecera pão com manteiga preparado pela moça. O cheiro do cuscuz espalhando-se pela casa era um convite sem palavras, poderosamente mudo. A filha, tomada pelo mesmo instinto de dispor sobre a escassa despensa, pusera xícara, prato e talheres a mais sobre a mesa. Nada perguntara ao pai... em menos de vinte e quatro horas absorvera a gentileza paterna.

- Faça o favor, seu Lucas. O café está na mesa.

Ele levantou-se da rede, tirou os dois punhos dos ganchos na parede, dobrou-a com cuidado, deixando o lençol dentro. Não sabia que o costume da casa era guardar a rede, pendurada na parede do corredor, atada a um prego grosso. Com cuidado, deixou-a no sofá, num canto lateral, deixando espaço para quem quisesse sentar. O homem apreciou seu apuro, comparando-o ao desvelo da filha no trato com os objetos da casa.

Antes de sentar para comer, Lucas foi à latrina. O dono da casa tivera o cuidado de despejar água na bacia. Ainda assim, o bodum das fezes misturado ao ranço da bílis infectada pelo álcool, deixara o ar carregado de impurezas. Lucas mijou com o nariz tapado, respirou com a camisa cobrindo a boca. Convinha jogar água na latrina, o ruído seria ouvido e o julgariam um homem asseado. Lavou as mãos antes de sentar, cumpriu o rito como se estivesse nos costumes de sua família.

Comeram em silêncio. O hospedeiro perdera a incitação da bebida, não estava arrependido, recolhera-se ao acanhamento da casa, tão ignorada do julgamento alheio. A filha, já por si muda, cumpria-se no perfil do pai. Lucas queria falar, mostrar-se grato... e mostrou o sentimento nas porções poucas do cuscuz que punha na colher. Tinha fome e timidez. Os três eram acanhados. Quando pôs a última colherada na boca, Lucas arriscou:

- Ainda não sei o nome do senhor...!
- Godofredo.

Voltou a chover. O mês de julho trouxera vento e chuva, água para escorrer na rua de areia fina e seixos ambulantes. Lucas sentiu-se confinado na casa. Godofredo, olhando impotente para os fios grossos da chuva, calculou o tempo, quantas horas teria que ficar em casa até a noite, quando voltaria ao bar. Nevinha mirou-se no pai, inquirindo da chuva quanto tempo teria que sujeitar o sangue quente que corria em suas entranhas de mulher. Tinha vontade de imprecar contra a chuva, os pratos e talheres sujos; conteve com um engulho mudo os soluços... e guardou para quando estivesse no quarto as urdiduras de mulher virgem.

Lavou pratos e talheres, deixou a mesa forrada com a toalha branca, esperando a hora do almoço; do feijão elogiado pelo pai, insulso em sua boca balbuciando cismas. Depois, foi para o quarto, trancou-se. O pai julgou-a nos conformes de moça zelosa dos segredos de seu nicho. Ela ajoelhou-se em frente ao pequeno oratório, consumiu metade de uma vela numa reza imprecisa, danada. Até então suas preces tinham se perdido no desvão do quarto escuro. Não esperou o lume consumir toda a cera da vela; levantou-se deixando o pavio aceso, para serenar a reação do santo à revolta de seus instintos femininos. Foi para a sala. Chovia grosso, os pingos zurziam no telhado. Nevinha abriu a janela, escancarou-a para olhar o tempo de frente. Deixou o rosto se banhar na força dos pingos, para provar que seria capaz de mostrar-se inteira à intempérie de Deus e dos homens. Os cabelos se estiraram sobre os ombros, na nuca fina. Não usava sutiã, o tecido grosso do vestido cobria o feitio dos peitos rijos. A água empapou o pano, o tecido colou-se em seu corpo da cintura para cima, deixando ver a conformação dos peitos com os bicos duros. Não queria se purificar com as águas de junho, queria se conspurcar, ainda que às custas da lama escura escorrendo na frente da casa.

Godofredo veio correndo com Lucas atrás. Segurou a filha em cada ombro. Ela sentiu aversão ao contato do pai, afastando-se como o diabo da cruz. O homem assustou-se, teve pena e medo dela. O coração sentiu a perda da filha que já dormira em seu regaço.

- Tenha fé em Deus, minha filha.

Ela não respondeu, ficou olhando para a rua, molhando-se, quase feliz por estar contrariando os costumes da casa. Godofredo deixou-se molhar. A chuva tornou-se irrelevante frente ao estupor de Nevinha. Lucas, pasmo, consentiu que os salpicos cobrissem seu rosto; deixar-se molhar era o máximo de solidariedade ao drama de seus hospedeiros.

Choveu o dia inteiro. As cismas com as agonias da filha foram interrompidas quando o pai a conduziu para o quarto, recomendando que vestisse roupa enxuta. Depois, foi para a cozinha beber água; encostou a mão na parede para se refazer do susto e foi jogado num impulso para o chão. Em cima, na divisória entre o quarto da filha e a cozinha, havia um fio descoberto. A corrente vazara para a parede. Lucas veio correndo:

- Sente-se, seu Godofredo. Beba mais água. O senhor levou um choque elétrico. Eu faço o reparo nos fios. Sou eletricista.

Lucas foi à porta do quarto de Nevinha, advertiu para o perigo do contato com a parede. O conserto demorou todo o dia, com a chave geral da transmissão de eletricidade desligada. À noite o televisor foi ligado, até para desfazer as impressões de Nevinha possessa, e do pai que escapara do risco de ter o coração interrompido.

Nevinha não saiu do quarto para almoçar nem para jantar, mesmo tendo preparado as refeições. Godofredo não lhe perguntou nada. Lucas não inquiriu com olhos curiosos, comeu e dormiu outra noite na residência que lhe dera abrigo numa noite de inverno. Godofredo não saiu para o bar, teve pesadelos na rede em frente a Lucas. A filha não rezou. O sacrifício que se impusera fora a cota de homenagem ao santo de proteção incerta.

Um céu pardacento cobriu o rincão quando amanheceu. Não chovia, embora as nuvens não escondessem a ameaça de outro aguaceiro. A rua agora se deixava cobrir por nuvens de mosquitos voejando sobre os charcos. Podia-se sair, embora nenhum morador estivesse petrechado para o inverno. Olhando para a rua, maginavam-se seguros em suas casas pobres, resistentes a duas ou mais invernadas. Ninguém se atrevia a sair, nem a sugerir que um peregrino fizesse uso do juízo para dar com os pés na margem empapada da rodovia.

Lucas queria seguir seu rumo do mesmo modo como surgira, do vácuo. A casa de Godofredo não era um vácuo, era um retiro carregado de miasmas. Ele os ignorava, fingia que não os via nos goles encorpados de cachaça. Nevinha, feito um caracol, deixara-se impregnar pelo cheiro de lodo que de pouco em pouco surgia nos cantos de seu quarto, da cozinha, onde a umidade da pia se misturava às manchas de água na parede. Quando não tinha o que fazer, encafuava-se no quarto, estirando os cabelos com a escova; estirou-os tanto até parecer-se com uma vestal por livre escolha. Lucas, no terceiro dia, comensal e vigiante dos precários fios que davam luz a casa, partilhou mudo do maior problema: a inquietação de Nevinha, de peitos duros e pentelhos escassamente podados aos vinte e nove anos. Ela acariciava-os toda noite, sob o lençol de ralo morim, maginando outra mão nos pêlos virgens de sua boceta.

A noite veio com mais chuvas. A tempestade trouxe consigo uma velha que, quarenta anos antes, sofrera da mesma agrura vivida por Nevinha. Uma vestal de cabelos estirados, brancos, de mistura com raros fios escuros; no rosto, um mapa de rugas, cada uma com enredos de desamores; os olhos não se moviam, descultos do próprio rosto.

Godofredo conhecia os bruxedos da velha; numa incursão e noutra aos fundos da casa, munira-se do guarda-chuva e conseguira uma entrevista furtiva com Antonina, benzedeira de Aquiraz. Viera uma única vez, quando Nevinha se tornara moça, o sangue escorrendo entre as coxas. Agora, devia sossegar o bulício de sua corola vaginal.

Trancou-se, ela, com Nevinha no quarto. A reza podia demorar, posto que trouxera de seu quintal um ramo de manjericão. A moça obedeceu à velha. Sabia que estava doente das entranhas, que logo sossegaria caso um homem de tronco forte a cobrisse da cintura para baixo. Mas tinha medo de Antonina, de sua autoridade sobre a sorte de moças mais novas que ela. Fosse outra, teria conjeturado sobre o chibio ainda fechado da benzedeira, sobre o perigo de a cola que o fechara, grudar-se nos seus pentelhos novos. Fiou-se, pois, na experiência da velha, e entreviu, remota, a chance de descobrir como alforriar o sexo.

Godofredo tinha respeito a Antonina, não tinha medo de seus olhos fundos. Quando a filha trancou-se com a velha, temeu, vindo da chuva, um punhado de quebrantos. Convinha sair de casa para deixar a fada remover a pombagira.

- Seu Lucas não tem o costume de beber?
- Não, senhor...
- Pois vai ter a partir de hoje. Vamos para a venda de Gumercindo. Pode pedir a mortadela que deixou seus olhos arriados.

Gumercindo assustou-se vendo Lucas vestido com outra roupa. Deduziu que o rapaz se dera bem nos costumes de Godofredo, na ausência da esposa, com a filha que nunca tivera namorado. Não esperou que Godofredo pedisse a bebida. Há três dias que não o via e derramou o líquido acima da conta.

- Salve, Godofredo. Chuva muita é festa de sertanejo. Pegou a gota, se mal pergunto?
- Não peguei nem a gripe e escapei de choque elétrico. Bote outro copo que meu amigo Lucas é quem precisa se prevenir da gripe. E corte um naco da mortadela. O rapaz é chegado a chouriço.

De costume o piso do bar ficava sujo; agora, a lama trazida por saltos de borracha, deixara uma trilha entre o balcão e a porta de saída. Godofredo mortificou-se na bebida até certificar-se de que a alma estava beneficiada. Não deixara a filha entregue aos vexames da carne. Nevinha não bebia, mas acreditava nas rezas, no ramo de manjericão tão de uso de Antonina. Lucas bebeu uma única vez e ouviu a longa conversa de Godofredo.

- Nevinha já devia ter casado. Mas é a única filha que tenho e a mãe não a educou para a vida, cuidou dela como se fosse uma flor. Precisa se casar, mas com homem estabelecido, com profissão e casa para morar.

A cachaça amolecera os sentimentos de Godofredo, pronto para fazer confidências. Lucas ouviu sem dizer palavra, sem tirar os olhos dos olhos do outro, nem da bebida que descia sem visco em sua garganta.

Antonina apareceu com os panos longos da vestimenta e os cabelos estirados pela chuva. Seguiu a trilha de lama no meio do salão. Gumercindo, que fora confidente de Godofredo, adivinhou o assunto que a bruxa tinha no juízo. A velha não tinha os olhos mortos, mas mantinha-os na direção do corpo; mesmo que pressentisse perigo de seu lado, não olhava de través, tamanho era o poder de seus instintos. Olhou para Godofredo com a coação de seus olhos, pouco se importando com o juízo temporão de Lucas.

- Está sossegada, mas é coisa de pouco tempo. Se não melhorar com mais rezas, terá que fazer penitência, de preferência a padre Cícero. Case sua filha, Godofredo. Ela vai criar mofo naquele quarto escuro.

Ela olhou para Lucas movendo o corpo, para não ter que mexer nos olhos duros; disse com mais autoridade ainda:

- A moça teve uma crise com a visita de um estranho. Pode ser um aviso.

Virou-se e foi embora.

Gumercindo não ouviu a conversa, mas intuiu, perplexo, o que poderia ocorrer dali em diante.
A velha sumiu na rua; a rouquidão de sua voz carregou de suspeitas as tenções dos dois homens.

Godofredo não pôs a rede na sala para vigiar os passos de Lucas; deitou o corpo na cama, rendendo-se à sorte. Não teve pesadelos e o resíduo de consciência que teve durante o sono, foi para confirmar os bons agouros que Lucas trouxera.

Lucas, de madrugada, foi mijar. Sentiu outra vez o cheiro de lavanda saindo do quarto de Nevinha. Quando voltou para a rede, a porta do quarto dela estava aberta. Não viu o corpo nu da moça, mas sentiu-o vivamente misturado à escuridão do quarto. A lavanda juntou-se ao cheiro de terra. Ela estava em pé, pedindo sem voz o carinho do homem.

Ninguém, daquele momento em diante, ouviu o açoite da chuva nas telhas.

Lucas espreitou o primeiro raio de sol para sumir dali sem o constrangimento da despedida. Quando deu a primeira volta na chave da porta, sentiu a mão de Godofredo em seu ombro.

- Case-se com ela...

19 agosto 2006

Reeleição de Lula, compromisso de classe

Foto publicada no portal Vermelho

Num discurso emocionado, para um público calculado entre 3.500 e 6.500 trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva renovou sua frase célebre, “ninguém nunca mais ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores”. “Que ninguém nunca mais ouse duvidar da capacidade de governar do povo brasileiro e dos trabalhadores”. O ato público no Clube Atlético Juventus, São Paulo, marcou o compromisso de líderes de diferentes centrais sindicais com a reeleição do presidente torneiro mecânico.

O maior contingente do público no ato desta sexta-feira (18) era formado por metalúrgicos do ABC, a categoria que projetou o sindicalista que se tornou presidente, e por sindicalistas da CUT. Mas dirigentes das outras centrais também compareceram e discursaram expressando seu empenho pela reeleição.

Veja mais informações no portal Vermelho http://www.verrmelho.org.br/.

Lula eufórico, mas é bom ter cautela

Tudo bem que o presidente Lula, como todo candidato, exiba otimismo. Especialmente quando aparece tão forte em todas as pesquisas, como é o caso dele. No entanto, melhor seria não ter feito uma declaração tão enfática como a que fez no encontro com sindicalistas, em São Paulo, ontem. “Um general que tem a tropa que eu tenho, representada por vocês, não tem que ter medo da disputa. A luta poderá ser até difícil, mas a vitória é certa. Muito obrigado companheiros e até a vitória, se Deus quiser, em 1º de outubro”.

Por maior que seja o favoritismo do presidente, a luta ainda tem muito lances pela frente. E é sempre evitar que, na hipótese (ainda que remota) do pleito passar ao segundo turno, venha a se criar um clima de abatimento entre militantes e apoiadores. É o que lutas eleitorais anteriores ensinam.

Pesquisa: com campanha na TV, Lula sobe no Ibope

Do portal Vermelho www.vermelho.org.br:

Pesquisa Ibope divulgada no ''Jornal Nacional'' desta sexta-feira (18/8) mostra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 47% das intenções de voto, ou 26 pontos percentuais à frente de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 21%. Na pesquisa anterior, Lula tinha 46% e Alckmin os mesmos 21% de agora.

O Ibope confirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Lula aparece nesta pesquisa com 47%, 26 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, o candidato a presidente pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que tem 21% das intenções de votos.

Lula, que em julho tinha 44% das intenções de votos, subiu para 46% no dia 4 de agosto e manteve o mesmo índice na pesquisa divulgada no dia 10 de agosto, subiu para 47%. Geraldo Alckmin, que na pesquisa publicada em julho aparecia com 27% das intenções de votos, caiu no mês de agosto. Na pesquisa divulgada no dia 4 ele tinha 25% das intenções, caiu para 21% em 10 de agosto e manteve o mesmo índice nesta pesquisa.

A candidata do PSOL, Heloísa Helena, que em julho aparecia com 8% e subiu na pesquisa divulgada no dia 4 de agosto para 11%, manteve nesta pesquisa os mesmos 12% que aparecia na pesquisa publicada no dia 10 de agosto. Cristovam Buarque (PDT), Luciano Bivar (PSL) e José Maria Eymael (PSDC) aparecem com 1% das intenções de voto.

O candidato Rui Costa Pimenta (PCO), que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta semana, não pontuou. Votos brancos e nulos somaram 8%, e não souberam, ou não opinaram, 9%.

O Ibope também simulou um segundo turno entre Lula e Alckmin. Se a eleição fosse hoje, o candidato do PT venceria com 53% das intenções de votos, 21 pontos percentuais a mais que o candidato tucano, que aparece com 32% das intenções de votos.

Em julho, Lula tinha 48% das intenções, subiu para 50% na pesquisa realizada em 4 de agosto, foi para 51 na pesquisa realizada no dia 10 de agosto, e agora aparece com 53%. Já o candidato do PSDB caiu. Em julho Alckmin tinha 39%, caiu para 36% no dia 4 de agosto, foi para 33% no dia 10, e agora está com 32%.

O Ibope também pesquisou a aprovação do governo Lula. A pesquisa revelou que ela se manteve estável .

A pesquisa do Ibope, registrada no TSE sob o número 132290/2006, foi realizada entre os dias 15 e 17 de agosto, e falou com 2002 pessoas de 140 municípios.

O período pesquisado coincide com o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV. A coordenação da campanha de Alckmin acredita que o tucano iria subir nas pesquisas com a propaganda televisiva, mas esta nova pesquisa do Ibope mostra que o candidato não se mexeu.
No comitê de campanha do tucanato, argumenta-se que só as próximas pesquisas irão captar convenientemente os efeitos da propaganda do candidato. O Datafolha fará nova sondagem na semana que vem.

Confirmado: programa de Lula será lançado quarta-feira

da Folha Online

Embora a campanha eleitoral já tenha começado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, marcou para a próxima quarta-feira (23), em Brasília, o lançamento de seu plano de governo.

De acordo com a assessoria de Lula, o programa da coligação A Força do Povo (PT, PC do B e PRB) será lançado em etapas, com 32 programas setoriais diferentes, que ainda estariam sendo elaborados, de acordo com a equipe do candidato.

Dentre as propostas que devem ser apresentadas na quarta-feira, estará o programa de geração de emprego, com críticas aos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Na campanha presidencial de 2002, Lula havia prometido a criação de dez milhões de empregos, e finaliza o governo com o saldo de seis milhões, de acordo com informações do próprio candidato.

Para chegar ao "patamar" de dez milhões de emprego num eventual segundo mandato, o material do presidente indica que será necessário continuar com uma política de crescimento econômico, aliada a ampliação de benefícios sociais.

18 agosto 2006

Privatizações X pobreza






Interessante matéria, assinada por Maurício Hashizume, na Agência Carta Maior (www.cartamaior.com.br), dá conta de um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) acerca da onda de privatizações que se iniciou nos anos 90 e seus refrlexos sociais nos países considerados em desenvolvimento.

O estudo, intitulado “A privatização e a comercialização dos serviços públicos podem ajudar a cumprir os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs)? Uma avaliação” conclui que em nada as privatizações ajudaram no combate à pobreza.

No texto da matéria, são coletadas afirmações tais como: “A despeito de anos de esforço, a privatização falhou no preenchimento de lacunas na prestação de serviços básicos nos países em desenvolvimento”. E segue: “Enquanto algumas dessas reformas aumentaram a performance financeira, a adoção de modelos baseados no mercado colocou – em diferentes níveis – a ênfase de uma política que busca atender exigências de agentes do setor privado e desviou a atenção da ampliação de acesso e do atendimento das necessidades dos pobres”. Entre 1995 e 2004, mais de 70% do investimento em infra-estrutura do setor privado em todos os países em desenvolvimento foram para as telecomunicações e menos de 3% foram para serviços de água e coleta de esgoto.

Vale conferir.