30 junho 2010

A contribuição de Armando Monteiro Filho

A História e as reminiscências de Armando

Luciano Siqueira

É sempre oportuna a releitura da História – sobretudo quando nos deparamos com um novo ciclo de mudanças, como ocorre no Brasil de hoje. Pois a cada fase da trajetória de um país e de um povo é possível, e necessário, olhares renovados sobre o que se passou com o fito de melhor discernir, no presente, o futuro que desejamos.

Armando Monteiro Filho dá uma contribuição importante nesse sentido, com “Foi assim – memórias, histórias, depoimentos e confissões”, ao registrar impressões acerca de fatos marcantes de nossa História, dos quais em muitos teve participação ativa. Em algumas passagens, revela detalhes pouco conhecidos que podem, em certa medida, servir de uma espécie de fio da meada para melhor compreender o curso dos acontecimentos à época.

E Armando o faz com a simplicidade de quem encara a luta política com generosidade, sem jamais sobrepor motivações estritamente pessoais aos interesses maiores da Nação. É o que acentuo num breve depoimento (página 299), que tomo a liberdade de transcrever:

“Um homem público assinala a sua presença na cena política e social pelas opiniões que defende e, sobretudo, através de suas atitudes.

Armando Monteiro Filho, ao longo de sua trajetória de vida - deputado federal, ministro da Agricultura e militante - sempre se posicionou em favor da democracia e do progresso social.

Numa região em que as limitações do desenvolvimento econômico via de regra condicionam certa dependência dos empreendedores em relação aos governos federal e estadual, Armando - empresário em setores-chaves de nossa economia - jamais se deixou dobrar.

A partir do golpe militar de 1964, assumiu, corajosamente, um lugar de destaque na resistência democrática. Solidário para com os perseguidos, altivo na defesa dos seus pontos de vista e operoso na construção da unidade das correntes democráticas e no bom encaminhamento da luta pelo Estado de Direito.”

Essa postura, o “amigo velho” a mantém com o entusiasmo dos seus mais de oitenta anos bem vividos, sempre presente aos acontecimentos e acolhido como um avalista das causas que unem democratas das mais diversas correntes políticas. Por isso não surpreenderia se “Foi assim” viesse a se completar, em futuro próximo, com um segundo volume. Armando sempre terá muito que dizer – e a nos ensinar.

Convenções: manhã e tarde

. A Convenção do PCdoB hoje pela manhã cumpre formalidade estatutária. O ato político será à tarde, no Clube Português, em conjunto com osPartidos da Frente Popular.
. Em nome do PCdoB falará Luciana Santos, vice-presidente nacional do Partido e futura deputada federal.

Armando une

. Ontem, no lançamento de “Foi assim – memórias, histórias, depoimentos e confissões”, do ex-ministro e amigo querido Armando Monteiro Filho, o prazer do reencontro com antigos e atuais parceiros de luta política.
. Armando, como bem disse o governador Eduardo Campos, é essa “figura leve, fraterna, respeitosa, capaz de mostrar que as disputas devem ocorrer no campo das ideias e não no campo meramente pessoal”.

29 junho 2010

Meu artigo semanal no site da Revista Algomais

A glória ou o fracasso num detalhe
Luciano Siqueira


“Copa do Mundo é assim, tudo se decide num detalhe”, escutei ontem entre os muitos comentários sobre o que se tem passado na África do Sul no torneio mundial que mexe com a emoção de milhões em cinco continentes.

Afinal, disse certa vez o técnico Parreira, bombardeado por críticos de todas as estirpes que não compreendiam sua estratégia de ganhar a Copa de 1994 – como de fato ganhou – a partir do domínio absoluto do meio do campo: “o gol é o detalhe”. Quase o mundo desmorona. Como pode ser o gol um simples detalhe se tem o dom de nos transportar em segundos ao pódio dos vitoriosos ou à vala comum dos derrotados?

É que o detalhe – parecia ensinar o “filósofo Parreira” – é produto de um sem número de variáveis, contém um sentido universal, embora aparentemente mínimo. Aliás, Engels, companheiro de Marx na fundação do materialismo histórico, escreveu sobre o peso do detalhe – ou do fato fortuito – na alteração do curso dos acontecimentos na vida de um país a ponto de alterar a sua trajetória.

Há quem afirme, com certa razão, que o “detalhe” que infernizou a vida de Fernando Collor e provocou o seu impeachment teria sido a tentativa do então presidente de assumir o controle acionário de uma das redes de TV. O suficiente para que a Globo e outros poderosos órgãos de comunicação, incluindo a ultra-reacionária Veja, fossem a cata de um fato que pudesse ser explorado como o fio da meada de tudo o que o agora inimigo passou a representar. Pedro, o irmão insatisfeito, deu a munição necessária fazendo revelações tidas à época como comprometedoras.

Na vida de nós outros, simples mortais, também não é assim? No amor, então, a palavra pronunciada no momento errado, o gesto não compreendido... e vai-se tudo ladeira abaixo! “Um detalhe, cara, que ela não compreendeu e foi como um vaso de porcelana chinesa que se espatifou”, registrei numa crônica a partir do diálogo com um desconhecido com dores de cotovelo no salão de embarque do aeroporto.

Voltando à Copa. Essa da África do Sul tem sido rica em detalhes que fazem a glória ou o fracasso de times poderosos ou de personagens isoladas. No jogo Inglaterra versus Alemanha, o gol de Lampard, que o juiz não viu, poderia ter alterado o andamento da partida e o resultado final. Não fosse a parafernália tecnológica que nos permite olhar o mesmo lance por mil ângulos e constatar, em detalhes, o que de fato aconteceu, talvez tivesse pairado dúvida sobre se a bola havia ou não ultrapassado a linha – e salvo, pelo menos parcialmente, a reputação do árbitro uruguaio Jorge Larrionda. Mas o detalhe da jabulani a trinta e sete centímetros da linha o converteu em protagonista de um dos erros mais clamorosos da história das Copas.

Sei não. Penso que na reta final que se aproxima, onde disputam os grandes, a vitória ou a derrota vai depender de um erro nosso ou do adversário. Portanto, de um detalhe.

27 junho 2010

Alagoanos, como os pernambucanos, resistem

No Vermelho, por Eduardo Bomfim
Chuvas, dores e esperanças

Mais uma vez o Estado de Alagoas é assolado pela fúria da natureza e vinte e oito municípios são atingidos pelo desastre, quinze em estado de calamidade pública. Trata-se de um drama de enormes proporções com cidades inteiramente arrasadas que mais parecem vítimas de bombardeios aéreos pesados.

Encontrei-me em Palmeira dos Índios com o Marcelo, prefeito de Quebrangulo, ali vizinho, absolutamente arrasado com as tenebrosas condições da cidade e do município, discutindo, responsável e tensionado, as ajudas e as formas de socorro tão necessárias e urgentes.

Entre os sertanejos, acostumados com as adversidades da natureza, inclemência do clima árido, apesar do verde do inverno, o temperamento humano e seco, o sentimento tem sido de solidariedade e emoções contidas, muito típico de uma gente curtida na carne e no jeito, e como disse Petrúcio, fazedores de poemas de pedras.

É verdade. Nas minhas andanças pelo Estado, conversando com as pessoas, vivenciei a reação dos alagoanos a essa catástrofe de extensa magnitude em dezenas de municípios, sob o olhar e a cultura dos sertanejos de Palmeira dos Índios a Santana de Ipanema e entre as duas cidades pólos, outras como Major Isidoro.

E de Maceió aos espíritos sóbrios das terras das almas dos fortes, como se fala dos sertanejos, a postura é sempre a de que se impõe a união dos alagoanos, sem exceção de ideologias e partidos, na defesa dos irmãos atingidos pelos caminhos do Paraíba e do Mundaú.

Chama-se a isso de centralidade da questão regional (a alagoana) para se combater as vicissitudes dos semelhantes da mesma terra, da mesma cultura e das mesmas identidades, das mesmas sortes e das mesmas sinas.

É também unânime a certeza de que será rechaçada qualquer atitude oportunista de aproveitadores, políticos ou para enriquecimento, das dores provocadas pela tragédia que nos assola.

Mas atenção porque ninguém demonstra que irá tolerar a postura demagógica de sob o justo argumento da união dos alagoanos para enfrentar tamanha catástrofe, abstraia-se a análise dos problemas políticos, administrativos ou técnicos que ficam expostos em nossa realidade.

O alagoano é sábio na compreensão da realidade em que vive e sabe muito bem formular as suas críticas e sonhar com suas esperanças possíveis e realizáveis. Já se foi o tempo de uma plebe rude, resignada aos comandos de uma aristocracia reinol de punhos de renda e talheres de prata.

Conexões lógicas na vida e na natureza

Na Ciência Hoje Online, por Larissa Rangel:
Mundo em sincronia
Das sinapses dos neurônios aos aplausos ritmados de uma plateia, quase tudo na vida funciona em rede. Um modelo matemático procurou mostrar o que está por trás do bom funcionamento das redes, e viu que a sincronia pode ser mais provável quando elas são menos complexas.
. Uma plateia aplaude no mesmo ritmo, vagalumes piscam juntos, neurônios disparam em sincronia. Esses são exemplos de como muitos dos sistemas do planeta funcionam em rede, sincronizados. Você mesmo tem uma relação interativa com seus amigos através de uma rede social. E não seria possível pensar em ligar um computador se os pontos de geração de energia elétrica não estivessem sincronizados. E quanto mais conectadas forem essas redes, melhor, não? Não necessariamente.
. Um menor número de interações pode melhorar a sincronia e o funcionamento da rede como um todoNas diferentes redes que conectam o mundo, menos pode ser mais. Essa foi uma das conclusões do físico brasileiro Adilson Motter, da Universidade Northwestern, e do matemático Takashi Nishikawa, da Universidade Clarkson, ambas nos Estados Unidos, em artigo publicado no periódico PNAS no início deste mês.
. Os pesquisadores estudaram diferentes redes e concluíram que um menor número de interações, ao contrário do que se pensava, pode melhorar a sincronia e o funcionamento da rede como um todo. As conclusões podem ser importantes para evitar problemas em diversos sistemas – de apagões elétricos a defeitos genéticos.
. Leia o texto naíntegra http://migre.me/SA5z

Sem sugestão

“Não, Dr. José Serra, tenho nenhum nome a sugerir para a vice”, respondeu o amigo Artêmio ao atender ligação de alguém que lhe parecia o tucano.

Fato novo no ninho tucano

. “Fato novo” é a senha em toda campanha que se vê enrolada sobre si mesma, perdendo terreno e distante do eleitorado.
. Ao tentar o senador Álvaro Dias para vice, formando uma chapa pão-com-pão, Serra criou um fato novo. Só que ao contrário: piou mais ainda a confusão em suas hostes.
. Quem não consegue convencer seus próprios aliados, conseguirá convencer o povo?

Estado indutor

. Quem reclama da “mão pesada do Estado na economia” como equívoco do governo Lula ainda não compreendeu a dimensão das ameaças sobre o País advindas da crise global.
. Nem enxerga os resultados objetivos: PIB em torno de 6% este ano, expansão do mercado interno e redução importante da exclusão social.
. Não enxerga porque não quer. Ou não pode.

O simples e o complexo

Sugestão de domingo: Busque a simplicidade como meio de compreender a complexidade da vida.

Parcialidade dá nisso

. “Analistas” frustrados com o baixo desempenho de Serra se revezam na invenção de teses que os façam entender o óbvio.
. Por que não perguntam: qual a proposta do candidato? Qual estratégia? Mostram-se, assim, tão perdidos quanto o comando demo-tucano, ao qual se sentem ligados.

Qual a saída?

Marisa Gibson (coluna Diário Político), no Diário de Pernambuco de hoje: “Qual a fórmula? - A expectativa do PSDB de que após a exibição de programa nacional de TV a candidatura de José Serra reagiria nas pesquisas não se confirmou. Além disso, a escolha do vice transformou-se numa novela e o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE), virou alvo de denúncia por manter empregados fantasmas no seu escritório. Diante de tantos reveses, qual a fórmula está sendo preparada pelos tucanos para reerguer a candidatura de José Serra?”

26 junho 2010

Solidariedade

Dica de sábado: Só quem já sofreu muito na vida sabe o valor da solidariedade.

25 junho 2010

Corda bamba

A cada pesquisa adversa os jornais noticiam que o comando tucano estuda mudança de discurso de Serra. Alguém sabe a razão disso?

24 junho 2010

Bom dia, José Almino de Alencar


Canção do exilado


Se eu voltar a lamber as botas do passado,
Se eu voltar a chorar a memória da memória:
que me seque a mão direita!

Quando o teu calor vier
pelo vento tardio, deste verão tão puro
e corromper o meu tato;
e o roçar da tua nuca, me fizer tremer.

Se eu assobiar a tua mínima canção,
se eu procurar a tua boca e o ruído das tuas ruas
estrangular o meu coração: que me cole a língua ao paladar!

Ó devastadora filha de Babel,
feliz quem devolver a ti
o mal que me fizeste!

Não pedirei mais
perdão às virtudes do passado.
Repetirei, em desassombro
se eu lembrar de ti, Jerusalém
com os que diziam:
"Arrasai-a!
Arrasai-a até os alicerces!"

23 junho 2010

Boa noite, Paulo Leminsk

Bem no Fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

Dilma na dianteira

No Vermelho:
Ibope finalmente admite a virada: Dilma, 40% x Serra, 35%

. Com um mês de atraso, o Ibope confirmou o que institutos independentes de pesquisa — como a Sensus e o Vox Populi — já anunciavam em maio: Dilma Rousseff (PT) ultrapassou o tucano José Serra e lidera a corrida à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo levantamento do Ibope divulgado nesta quarta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a candidata petista chegou a 40% das intenções de voto, contra 35% de Serra e 9% de Marina Silva, do PV.
. O resultado da pesquisa teve um sabor ainda mais amargo para o presidenciável tucano. Ao longo de junho, Serra apostou na propaganda ilegal e foi amplamente exposto nos programas eleitorais que PSDB, PTB e PPS veicularam na TV. A tática da oposição — resumida por um cacique na velha expressão “o crime vale a pena” — revelou-se inútil.
. O Ibope mostra que a ascensão de Dilma é diretamente proporcional ao declínio de Serra. Na última pesquisa do instituto, feita a pedido do jornal O Estado de S.Paulo e da TV Globo e divulgado último dia 5, Serra e Dilma estavam empatados, com 37%, enquanto Marina aparecia com 9%. Já num levantamento anterior do Ibope, divulgado pela CNI em 17 de março, Serra ainda liderava as intenções de voto, com 38% dos entrevistados, contra 33 % de Dilma e 8% de Marina.
Segundo turno - Dilma também venceria um eventual segundo turno contra Serra. A pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira aponta a candidata de Lula com 45% das intenções de voto — Serra tem 38%. Na pesquisa anterior, feita em março deste ano, Dilma era apontada por 39% contra 44% de Serra.
. Se Dilma disputasse o segundo turno com Marina Silva, ganharia com 53% (ela tinha 48% em março) contra 19% da candidata verde (17% em março). Já no caso de um segundo turno entre Serra e Marina, o tucano seria eleito com 49%. Em março, ele era apontado por 55% dos eleitores que responderam a esta hipótese. Marina Silva receberia 22% nesta situação, contra 17% aferido em março.
Espontânea - Dilma ainda aparece em primeiro lugar na pesquisa espontânea das intenções de voto feita pela CNI/Ibope com 22% da preferência do eleitorado. Na última pesquisa, em março, ela tinha 14%. Na espontânea, os entrevistados falam em quem pretendem votar para presidente sem que o entrevistador apresente antes o nome dos candidatos.
. Nesse cenário, Lula — que não pode concorrer a um terceiro mandato — vem em segundo lugar, apontado por 20% do eleitorado. Em março, 9% apontaram Lula como sendo o candidato deles à Presidência este ano. Serra também cresceu, chegando a 16% contra 10% na pesquisa anterior. Já Marina passou de 1% para 3%. A pesquisa foi feita entre os dias 19 e 21 deste mês, com 2,2 mil entrevistados de 140 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
“Péssima notícia” - Antes que tucanos e demos venham minimizar o conjunto dos resultados, Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, já classificou a nova pesquisa do Ibope como “uma das piores notícias que o candidato tucano poderia ter nesta fase da campanha”. O jornalista lembrou que, “em maio, Dilma teve forte exposição nos programas partidários do PT. E a candidata subiu. Serra repetiu a receita, mas não deu certo”.
. Mais lamentável ainda é a situação do próprio presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, e da revista Veja. Em agosto, a publicação maior da Editora Abril deu imensa visibilidade a uma entrevista na qual Montenegro previu a inevitável vitória de Serra.
. “Dilma, em qualquer situação, teria 1% dos votos. Com o apoio de Lula, seu índice sobe para esse patamar já demonstrado pelas pesquisas, entre 15% e 20%. Esse talvez seja o teto dela”, declarou Montenegro, do alto de sua arrogância. A Veja não pensou duas vezes e escolheu uma manchete mirabolante: “Lula não fará seu sucessor”. Enfim, o presidente do Ibope foi “traído”... pelo próprio Ibope.

Recordações da minha primeira Copa do Mundo

Copa do Mundo na Lagoa Seca
Luciano Siqueira

Publicado simultaneamente no portal Vermelho, no Blog de Jamildo (JC Online) e no Jornal da Besta Fubana

Foi em 1954, bairro da Lagoa Seca, Natal, RN, a minha primeira Copa do Mundo. Quase nada entendia de futebol. Mas aquela movimentação toda despertou no garoto de apenas oito anos sentimentos nunca antes experimentados.

O som alto, num dos postes perto de minha casa (creio que o mesmo som que anunciava os filmes a serem exibidos no Cine São João), as bandeirinhas verde-amarelas ornamentando a rua. Antes de iniciada a partida, transmitida “pelas potentes ondas do rádio” desde a Suíça, se repetia à exaustão “Esse jogo não é um a um Se meu clube perder é zum, zum, zum”, na voz de Jackson do Pandeiro.

Não retive na memória nada dessas transmissões. Guardei, sim, as imagens do entusiasmo geral, a gritaria a cada um dos cinco gols marcados na estréia contra o México. Do empate com a Iugoslávia não ficou lembrança. Mas da derrota para a Hungria, o melhor time daquela Copa, pelo elástico placar de 4 x 2, sim. As pessoas chamavam o juiz de ladrão, naturalmente influenciadas pelo que dizia o narrador. Posteriormente, em jornais e revistas colecionadas por meu irmão mais velho, lembro de fotos do lateral esquerdo Nilton Santos contido por seus companheiros, inconformado com a arbitragem. Se tinha razão ou não, confesso que nunca me interessou pesquisar.

O fato é daí em diante o futebol entrou em minha vida. O gosto pelo “barra a barra” com bola de meia. A pelada improvisada na rua. A simpatia pelo Vitória, um dos times do bairro. E a paixão pelo América, principal adversário do ABC em inesquecíveis pelejas no velho Estádio Juvenal Lamartine.

A rivalidade entre América e ABC tinha seus reflexos dentro de casa, pondo em pólos opostos a avó Neném e os filhos homens de seu Renato. Vovó rezava em voz alta para que o ABC saísse vitorioso, o que considerávamos uma provocação. Íamos à forra sempre o placar nos favorecia, como num memorável cinco a zero.

Segue a vida, há tanto em que pensar e o que fazer que o espaço da emoção com o futebol foi gradativamente diminuindo. Hoje o América Futebol Clube converteu-se em longínqua recordação, o Clube Náutico Capibaribe que adotei ao me transferir para o Recife já não me tem como torcedor atento e mesmo o heróico escrete canarinho – confesso a fragilidade do meu patriotismo futebolístico – só me envolve no curto tempo dos noventa minutos regulamentares de cada partida. Selado o resultado, de pronto cuido de outra coisa, que a vida é curta, o sonho é imenso e tenho mais o que fazer.

Governador no comando das ações

. Fui com Luci ao Palácio do Governo. O governador Eduardo Campos nos mostrou fotos e dados impressionantes da tragédia das chuvas na Zona da Mata. E nos falou das operações que ele comanda do seu gabinete, onde estão permanentemente dezenas de auxiliares, entre secretários e técnicos que monitoram a situação e coordenam as iniciativas.
. Também conversamos com o ministro João Santana e com o vice-governador João
Lyra Neto. O governo responde com agilidade diante de uma tragédia de grandes proporções.
. Emocionam os casos relatados por Renata Campos e pelo próprio Eduardo. O povo de Pernambuco se desdobra em atos de solidariedade. E a população diretamente atingida haverá de refazer a vida. Com a ajuda de todos nós.
. Veja aqui para onde levar roupas e alimentos não perecíveis http://migre.me/Rr4w

22 junho 2010

Palavras sábias de Saramago

No Vermelho, Carlos Pompe:

O pensamento vivo de José Saramago

Deixou de bater, dia 18 de junho, o coração do escritor, pensador, jornalista e político (filiado e, por um período, dirigente do Partido Comunista Português) José Saramago. Grande leitor e admirador da obra de Karl Marx, atuava também como um militante ateísta, combatendo o pensamento religioso. Perseguido pelo governo português e pela Igreja Católica, criticado por sionistas e obscurantistas de toda a sorte, dizia ter a “pele dura” para aguentar – e responder – os ataques que sofria. Um pouco de seu pensamento:

"Eu sou um comunista hormonal, meu corpo contém hormônios que fazem crescer minha barba e outros que me tornam um comunista. Mudar, para quê? Eu ficaria envergonhado, eu não quero me tornar outra pessoa". (ao repórter da BBC Alfonso Daniels, junho de 2009).

“Você sabe, eu nunca escondi minhas convicções. Sou comunista e por isso sou tratado como inimigo da democracia. Pelo contrário, eu quero é salvar a democracia e para isso é preciso criticar esse simulacro de democracia em que vivemos. As democracias ocidentais são fachadas políticas do poder econômico. Fachadas com cores, bandeiras, discursos intermináveis sobre a democracia.” “Foi o poder econômico que enfiou nas consciências que o mercado deve agir de mãos livres e, assim fazendo, levou à conclusão de que o pleno emprego é um obstáculo”. (entrevista a Didier Jacob, Le Nouvel Observateur, novembro de 2006).

"Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual desta pessoa."

“Deus não existe fora da cabeça das pessoas que nele creem. Pessoalmente, não tenho nenhuma conta a ajustar com uma entidade que durante a eternidade anterior ao aparecimento do universo nada tinha feito (pelo menos não consta) e que depois decidiu sumir-se não se sabe para onde. O cérebro humano é um grande criador de absurdos. E Deus é o maior deles”.

“Caim (sua última publicação) é um livro escrito contra toda e qualquer religião. Ao longo da História, as religiões, todas elas, sem exceção, fizeram à humanidade mais mal que bem. Todos o sabemos, mas não extraímos daí a conclusão óbvia: acabar com elas. Não será possível, mas ao menos tentêmo-lo. Pela análise, pela crítica implacável. A liberdade do ser humano assim o exige”. (entrevista a Ubiratan Brasil, O Estado de São Paulo, outubro de 2009)

“O poder de cada um de nós limita-se na esfera política a tirar um governo de que não gosta e colocar outro de que talvez venha a gostar. Mas as grandes decisões são tomadas em outra esfera. E todos sabemos qual é: as grandes relações financeiras internacionais.” (Folha de S. Paulo, 2008)

"Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário". (dezembro de 2008, na apresentação em Madri de "As pequenas memórias").

“Hoje, existe uma espécie de menosprezo por essa coisa tão simples que antes era falar com propriedade. Quando eu era trabalhador, sempre tinhas as ferramentas limpas e em bom estado. Não conheço uma ferramenta mais rica e capaz que o idioma. E isso significa que se deve ser elegante na dicção. Falar bem é um sinal de pensar bem”. (entrevista coletiva no lançamento do As pequenas memórias, 2006)

“Uma vez que foi dito e do dito se fez escrito para valer e dar fé”. (História do cerco de Lisboa, 1989)

“... cada um de nós é, acima de tudo, filho das suas obras, daquilo que vai fazendo durante o tempo que cá anda”. (Crônica Retrato de antepassados, in Os apontamentos, 1976)

“... aos jornais e demais meios de comunicação sociais pela facilidade com que passam dos aplausos do capitólio às precipitações da rocha tarpeia, como se eles não fossem uma parte activa na preparação do desastre”. (Ensaio sobre a lucidez, 2004)

“Eu digo de outra maneira aquilo que a minha avó disse, já devia estar farta de viver, e disse: o mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer”. (frase dita ao cineasta Fernando Meirelles, que adaptou “Ensaio sobre a cegueira” para o cinema).

Na Tabocas FM de tudo um pouco

. Fui entrevistado agorinha por Lissandro Nascimento, da Rádio Tabocas FM de Vitória de Santo Antão. De tudo um pouco: chuvas, reforma urbana, projeto eleitoral do PCdoB, chapa majoritária da Frente Popular, desencontros e descaminhos da oposição em Pernambuco.
. Quanto à minha candidatura a deputado estadual, jogo aberto: luta dura, concentração na Região Metropolitana com irradiação pelo interior.

Duelo entre Dunga e a grande mídia

No Vermelho:
Bob Fernandes: os bastidores do racha entre Dunga e a TV Globo
. Soccer City, caminho entre o estádio e as tendas da Fifa que abrigam o Centro de Mídia. Galvão Bueno, Arnaldo Cezar Coelho e o diretor da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima conversam, não escondem a irritação e nem se preocupam com quem passa ao lado e ouve. O alvo é o técnico da seleção brasileira, Dunga.
. Minutos antes, na coletiva pós Brasil x Costa do Marfim o técnico, numa dividida bem a seu estilo, deu na canela do comentarista Alex Escobar, da Globo.
. Luiz Fernando Lima lembra as conversas recentes da emissora com Dunga, já na África do Sul: “Falamos com ele duas vezes e ele não consegue entender que não é ‘a Globo’, ele está falando para todo o país...”.
. Seguem as observações do grupo, sempre ferinas. Um deles chega a dizer: “E a única coisa que eu acho que ele aprendeu em quatro anos foi falar 'conosco' e não mais 'com nós' como sempre fez...”.
. Poucas horas depois, no que pode ser o início de uma escalada, um dos apresentadores do programa, Tadeu Schmidt, da África para o Fantástico mandou uma reportagem sobre a rusga. Soou mais a um editorial da emissora.
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/RckJ 

21 junho 2010

Meu artigo semanal no site da Revista Algomais

E se a seleção de Dunga ganhar a Copa?
Luciano Siqueira

Ainda é cedo para pensar na Taça. Copa do Mundo é um torneio – tenso, difícil, onde nem sempre a técnica e o talento vencem. Algumas das melhores seleções do mundo, que encantaram os torcedores à sua época, perderam a final para adversários apenas voluntariosos e disciplinados ou mesmo ficaram no meio do caminho vitimas de um erro banal em partida decisiva. É que passada a fase classificatória, das oitavas de final em diante vale o mata-mata: é vencer ou voltar para casa.

Viveram situações assim a Hungria de 1954, a Holanda em 1974 e 1978, o Brasil de Telê Santana de 1982.

Pois bem. Está cedo, sim, para avaliarmos nossas possibilidades na África do Sul. Igualmente cedo, cedo demais!, para tanto impropério contra o técnico Dunga e nossos craques. Impropério pode ser um termo pesado demais, mas não descabido.

Tenho lido os jornais e visto, de vez em quando, programas de TV e escutado resenhas nas rádios em que a pauta quase única é a Copa do Mundo. Poxa, os caras reclamam de tudo: desde o humor embirrento do técnico à ausência de Ronaldinho Gaúcho. Botam defeito em tudo. E especulam sobre o bom relacionamento dos jogadores, sobre a suposta contusão de um ou má fase de outro... e esquecem de falar das virtudes do escrete verde-amarelo!

Bom, é assim mesmo – o leitor pode arguir. Afinal futebol é pura paixão, esperar equilíbrio e razão dos “analistas” especializados é bobagem. E é até bom que falem mal, pois foi assim em 1958 e nas demais quatro vezes em que vencemos o torneio.

Mas, convenhamos: por que não premiar leitores, ouvintes e telespectadores com uma pequena dose que seja de racionalidade? E de patriotismo, gente – se é que “a seleção é a Pátria de chuteiras”, como assegurava Nelson Rodrigues.

Cá com meus botões, faço a ressalva de que faz muito tempo que o futebol – mesmo em época de Copa do Mundo – deixou de emocionar muito. Tem mais de duas décadas que a minha pauta de vida se tornou enxutérrima. Apenas três assuntos realmente me emocionam: a luta do povo (incluindo aí o Partido a que pertenço desde 1972, o PCdoB), as mulheres que amo e as amizades. O restante se tornou secundário, circunstancial. Termina o jogo do Brasil, vencendo ou perdendo, pego um livro e logo me dedico ao prazer da leitura. Antigamente varava a noite em intermináveis discussões sobre detalhes da partida, o desempenho de Fulano e de Beltrano e assim por diante.

Isto posto, confesso que desta vez tenho uma razão além do patriotismo esportivo para torcer pelo sucesso da seleção: Dunga.

Perdôo o mau humor do nosso técnico, acho que o que chamam de teimosia nele é coerência e admiro a sua determinação em seguir o rumo traçado. Mais: entendo que escolheu o elenco certo (embora, como bom brasileiro, se me fosse permitido opinar, preferia trocar uns dois ou três). Por isso fico a me perguntar: se a seleção conquistar a Copa, que dirão os sábios agourentos dessa tropa de choque que bota gosto ruim em tudo? Pedirão desculpas a Dunga e reconhecerão o brilho dos nossos craques? Terão a humildade necessária a uma autocrítica?

Posse conjunta na UPE

. Hoje, 9h, solenidade de posse conjunta dos diretores e vices Raílton Bezerra e Deuzany Leão, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz; Sérgio Montenegro e Maria Soares (irmã Lucimar), do Procape e Fátima Maia e Arinaldo Alencar do Cisam. No do Procape.
. A convite do reitor Carlos Calado, participo junto com Luciana Santos. São gestores de três importantes unidades do nosso sistema estadual de saúde.

20 junho 2010

Saramago vive na poesia de Cóvis Campelo


Poema para Saramago


Quando chegares aos céus
não mais terás consciência
para percebê-lo.
Serás etéreo, vapor,
nuvem passageira.
No entanto, também serás
a essência preservada
da natureza,
simples circunstância.
O teu, era um sonho
terreno, cosistente,
feito em rocha,
não mais caberia
nas nuvens.
O que te alimentava
era o desvendar
e a recriação constante
do código dos homens.
Nada era definitivo
e a verdade escondia-se
nas entrelinhas.
Talvez tenhas sido
o bobo da colina
ou o último guardião
das possibilidades negadas.
Teu vulto frágil
era assustador
e o verbo, desde
o princípio, recusava
o sonho inútil
e o tempo desperdiçado.

Torcedor folgado

Tudo bem que chefe de torcida pode tudo. Mas torcer desse jeito, Miguel, é muita folga! Ou confiança demais na seleção brasileira...

É gol!!!

Cena de nossa torcida: Alexandre, Tuca e Pedro. Gol de Luis Fabiano! É Brasil!!! E tome cerveja gelada!

Luis Fabiano e Miguel

Enquanto Luis Fabiano comemora o gol, Miguel tapa os ouvidos incomodado com espocar de fogos na vizinhança.

Torcida aguerrida é essa!

. Maior galera do Brasil está aqui em casa: 8 torcedores, segundo a contagem rigorosa do chefe da torcida, Miguel, meu neto de 4 anos.
. O oitavo torcedor, eu, fiz a foto.

Amanhã tem PCdoB na TV

Amanhã, entre 19 e 22h, inserções do PCdoB de Pernambuco na TV. Mas você pode ver logo clicando aqui http://migre.me/QGCE

Palavras, gestos

Sugestão de domingo: São os pequenos gestos e as palavras mais simples que nos dão a certeza da sinceridade. Na política, no amor, na vida.

Solidão e angústia

. Nunca se viu isso antes: um candidato a governador busca montar a chapa majoritária por meio de patético apelo público a um aliado, como fez ontem, em Caruaru, o senador Jarbas implorando a Roberto Magalhães que aceite o sacrifício e assuma a segunda candidatura a Senado pela oposição.
. Já os tucanos do senador Sérgio Guerra, outrora aliados “de primeira hora”, fazem de contas que nada têm a ver com isso.

19 junho 2010

Palavra de Saramago

“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”

A Copa e as viagens no tempo

Ciência Hoje Online:
Uma máquina no tempo permitiria evitar o gol fatídico de Ghiggia que nos tirou o título de 1950? Adilson de Oliveira explica a possibilidade teórica de viagens no tempo prevista pela relatividade geral e discute se ela permitiria mudar a história.
A seleção uruguaia campeã de 1950, protagonista da maior derrota brasileira na história das Copas. Em pé: Varela, Tejera, Gambetta, Matías González, Máspoli e Rodríguez Andrade; agachados: Ghiggia, Julio Pérez, Míguez, Schiaffino e Morán (reprodução).

. Mais uma vez estamos vivenciando uma Copa do Mundo. Esta é uma época que a grande maioria das pessoas volta sua atenção para a seleção brasileira de futebol, na esperança de que ela novamente vá ser campeã. Afinal, nossa seleção é a mais vitoriosa de todos os tempos e os jogadores brasileiros são cobiçados pelos melhores times do planeta. Como dizia o grande dramaturgo Nelson Rodrigues, somos uma "pátria de chuteiras".
. Como seria possível voltar no tempo? Para isso acontecer, precisaríamos de uma máquina do tempo. Nosso dispositivo não seria como o imaginado pelo britânico H. G. Wells (1866-1946) no livro A máquina do tempo ou pelos diretores do filme Barbosa, mas um artefato que se valesse das estranhas propriedades da gravidade em condições extremas.
. A gravidade é explicada pela teoria da relatividade geral proposta pelo físico de origem alemã Albert Einstein (1879-1955). Nesse modelo, a gravidade surge devido à curvatura do espaço e do tempo provocada pela presença da massa.
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/Qnu5

Valores reais

Dica de sábado: Peraí, pessoal: solidariedade e companheirismo só fazem bem, a quem pratica e a quem recebe. Ajudam a viver melhor.

18 junho 2010

Escritor português José Saramago morre aos 87 anos

No Vermelho:
. "Nossa única defesa contra a morte é o amor", disse certa vez o escritor português José Saramago. Deixando um vazio na literatura, ele morreu nesta sexta-feira (18) em Lanzarote (Ilhas Canárias, na Espanha), aos 87 anos. Em 1998, Saramago - que era filiado ao Partido Comunista Português - ganhou o único Prêmio Nobel da Literatura em língua portuguesa.

. A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 (horário local, 7h30 em Brasília) na sua residência em Lanzarote "em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila".
. Leia a matéria na íntegra: http://migre.me/QaGr

17 junho 2010

IMIP recebe homenagem pelos 50 anos de fundação

No site do mandato http://www.lucianosiqueira.com.br/:

. A Câmara Municipal do Recife realiza nesta sexta-feira (18) sessão solene para homenagear os 50 anos de criação do IMIP – Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira. O evento será realizado no Salão Nobre do Teatro de Santa Isabel, às 9h.
. Para o vereador e presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Casa, Luciano Siqueira, autor da proposta, a homenagem se justifica pelo fato de o Imip ter se tornado ao longo de meio século um reconhecido centro de referência no tratamento de diversas especialidades médicas com o atendimento voltado prioritariamente para população mais pobre do Estado de Pernambuco e da Região Nordeste.
. O Imip é uma entidade sem fins lucrativos, de utilidade pública, que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. É o primeiro hospital do Brasil a receber o título de “Hospital Amigo da Criança” concedido pela organização Mundial de Saúde/Unicef e Ministério da Saúde. É uma das primeiras unidades de saúde do País a obter o certificado de Hospital de Ensino. Sua atuação é pautada pela humanização do atendimento desde a fundação há meio século.

Boa noite, Waldir Pedrosa Amorim


O amor e as mãos

O que é o amor
Se o mais torpe mortal
Guarda-o no desvão?

Não é a qualidade
A quantidade não é
Nem, de fato, a intenção.

É de repente a proeza
Dispor o seu pouco à mesa
Multiplicá-lo entre mãos.

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Conflito entre o nacional e o local nas coligações partidárias
Luciano Siqueira


Às vésperas das convenções eleitorais, em vários estados verifica-se flagrante discrepância entre deliberação nacional e interesses locais de diversos partidos, inclusive o PT e o PMDB, protagonistas de uma ampla aliança em torno da candidatura da ex-ministra Dilma.

Aqui e acolá se fala em intervenção da direção nacional sobre a seção regional. Caso do PT, por exemplo, em que a cúpula nacional não aceita a aliança construída no Maranhão com o PSB e o PCdoB em torno da candidatura a governador do deputado federal comunista Flávio Dino. Ou de Santa Catarina, onde a executiva nacional do PMDB insinua que pode intervir para evitar a aliança local com o DEM e o consequente distanciamento do PT.

Em Pernambuco o senador Jarbas controla a seção estadual e sabe-se lá com que argumento de ordem partidária, lança-se candidato a governador associado à candidatura presidencial tucana de Serra, em contraposição à aliança PMB-PT que alça o presidente nacional peemedebista, Michel Temer, ao posto de candidato à vice-presidência da República.

Se mapearmos o conjunto dos estados, encontraremos situações semelhantes quase em todo o país.

Poderia ser diferente? Sim, se tivéssemos realizado uma reforma política e do sistema eleitoral de sentido democratizante.

Bem sabemos que no Brasil, desde o Império, passando pelas diversas fases de nossa incipiente República os partidos políticos sempre sofreram forte influência regionalista (talvez com a única exceção do Partido Comunista, ideológica e programaticamente uno). Isso em certa medida pela dimensão do País, por sua diversidade regional, econômica, social e cultural, pela relativamente tênue experiência efetivamente democrática (em muitos momentos importantes da vida nacional, o processo democrático esteve atropelado por intervenções militares de sentido ditatorial).

Porém o buraco é mais embaixo. Prevalece um sistema eleitoral que inevitavelmente enfraquece os partidos, induzindo o eleitor a escolher candidatos pelos seus supostos atributos pessoais, e não pelo compromisso programático que assumem. Ninguém pensa em cobrar do senador Jarbas fidelidade ao programa e à orientação nacional do seu partido, pois ele representa a si mesmo e a grupos locais sob sua liderança. O mesmo se dá em relação a dissidentes de outros matizes.

Daí a necessidade de se adotar, como um os pilares de uma reforma política a votação em listas pré-estabelecidas pelos partidos, para os cargos legislativos. O eleitor então teria diante de si um programa e uma lista de candidatos – e faria, assim, uma escolha partidária. Além da elevação da consciência política da população, disso decorreria maior zelo programático por parte dos partidos e dos seus militantes investido de cargos eletivos. No exercício dos seus mandatos e na postulação a cargos no Executivo.

Ora, nesse cenário, soaria absurda a teia de dissensões locais em relação à orientação nacional, que grassa hoje, tendo em vista as eleições gerais de outubro. Daí a imperiosa necessidade de se colocar em debate, na campanha eleitoral, a reforma política.

Mantega otimista: crescimento e recordes de geração de empregos

Mantega otimista: crescimento e recordes de geração de empregos

. A informação é da Agência Brasil. O Brasil será o país que mais crescerá depois da crise e vai gerar empregos proporcionalmente, disse hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Teremos neste ano a menor taxa de desemprego da série histórica”.
. Segundo o ministro, para este ano a estimativa de crescimento do emprego é de 6,5% e a média para os próximos anos chega a 5,5%. Mantega participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
. Ele voltou a afirmar que as medidas de estimulo à economia durante a crise que chegou ao Brasil no final de 2008, deram excelentes resultados e permitiram ao país já ter voltado ao nível pré-crise. Segundo ele, a economia está “praticamente” aquecida e os estímulos foram quase todos retirados.
. “Uma vez obtido o resultado, estamos retirando quase todos os estímulos. Portanto, caminhamos para um patamar de crescimento mais sustentável e equilibrado até o final do ano”, disse.
. Outro número apresentado pelo ministro mostra que o total de novos empregos em 2010 deve chegar a 2 milhões, dos quais 962 mil foram gerados até abril. A taxa de desemprego de 6,8% da população economicamente ativa é considerada a menor da história.
. “Proporcionalmente, o Brasil foi o país que mais gerou empregos no mundo, numa quantidade suficiente para atender nossos jovens que estão chegando ao mercado de trabalho", acrescentou.

Se ninguém quer...

Heroísmo e solidariedade: o DEM insiste que pode oferecer um vice a Serra. Mas Serra prefere esperar... por quem mesmo?

Coluna semanal no portal Vermelho

Pode mais, pode menos
Luciano Siqueira


Ensina a experiência que o ponto de partida de uma candidatura a cargo majoritário é estar bem situada politicamente. O que se traduz, via de regra, no slogan escolhido.

Serra adota o slogan “O Brasil pode mais”. Cá na província, o senador Jarbas, candidato a governador pelo PMDB de oposição, copia: “Pernambuco pode mais”. E acrescenta, na tentativa de escapar da influência de Lula (o governo tem a aprovação de mais de oitenta por cento dos pernambucanos, conforme pesquisas recentes): “Pernambuco vai mudar de amigo”, sugerindo que Serra, eleito, dará tratamento ao estado semelhante ao dado por Lula.

Um desmantelo, de Jarbas e de Serra. E não será por falta de marqueteiro, nem de experiência dos dois candidatos. O problema é que ambos estão situados politicamente na contra mão, e aí reside o ponto de partida para o fracasso eleitoral.

Serra, por mais que tenha tergiversado inicialmente (agora já não tenta mais), é candidato de oposição, da mudança, portanto - quando a tendência evidente da maioria da população é favorável à continuidade dos rumos que o País vem trilhando sob o governo Lula, o que alimenta o crescimento constante da candidatura da ex-ministra Dilma. Aliás, pela segunda vez o tucano entra na contra mão: em 2002, quando enfrentou Lula e perdeu, se apresentou como candidato da continuidade quando e eleitorado queria mudar.

Jarbas, em âmbito local, cuja candidatura parece fruto do impasse “se ninguém topa, vai tu mesmo” nas hostes oposicionistas, que lidera, vê-se envolto num mar de contradições e atropelos. Tal como Serra, que fez convenção nacional sem candidato a vice, arrasta-se em negociações frustradas para arranjar o segundo candidato ao Senado em sua chapa, desde que o atual senador Sérgio Guerra (PSDB) fugiu da parada. Pior: insiste que enfrentará o governador Eduardo Campos (PSB), franco favorito à reeleição, comparando os oito anos de seu governo com os atuais quase quatro anos de Eduardo. Ou seja, pretende convencer o eleitor olhando pelo espelho retrovisor.

A comparação lhe é flagrantemente desfavorável. E quase ninguém escolhe governador olhando para trás, mas interessado em saber o que o candidato se propõe a fazer.

Mais ainda, Jarbas – ao lado de José Agripino, Artur Virgílio e outros espécimes da tropa de choque da direita – é agressivo opositor do governo e do presidente Lula, a quem frequentemente agride com acusações de baixo nível. Pois não é que Serra, quando aqui esteve justamente para selar a candidatura de Jarbas, saiu-se com essa: “Lula está acima do bem e do mal”. Quem tem um aliado desses não precisa de adversário...

Por essas e outras, sobretudo pela falta de um discurso programático consistente e factível, nem Serra nem Jarbas podem mais. Podem muito menos, como certamente as urnas dirão.

15 junho 2010

Fórum Nordeste: meu artigo na Folha de Pernambuco

O Fórum Nordeste e a competência empreendedora

Luciano Siqueira


Oportunidades são implacáveis: se não as aproveitamos, passam e dificilmente se repetem. No atual ciclo de crescimento de Pernambuco e no momento excepcional que vive o Brasil, prenhe de oportunidades, registra-se perigosa defasagem entre o horizonte que se descortina e a capacidade dos diversos atores econômicos e, em certa medida, dos gestores públicos, de compreenderem o que se passa e tirarem proveito da situação. Mas não se trata apenas de sensibilidade, senso prático e coragem empreendedora; impõe-se a competência como variável decisiva.

O Grupo EQM e a Folha de Pernambuco, com o apoio e a parceria de diversas instituições privadas e públicas, dão uma contribuição consistente nessa direção, com o Fórum Nordeste 2010 - Desafios e Oportunidades nos Setores de Biocombustíveis e Energias Limpas, que reuniu ontem, no Paço Alfândega, representantes do setor sucroenergético de todo o País, além de técnicos, consultores e parlamentares.

A temática do Fórum põe em relevo, a um só tempo, interesses e propósitos próprios do segmento e o compromisso com o desenvolvimento nacional em bases socialmente progressistas e ambientalmente sustentáveis. O que se expressa através de questões como marco regulatório, a que se associa a necessária segurança jurídica para empreendimentos de sentido estratégico e dimensão arrojada; tecnologias de ponta para alargar opções na produção de biocombustíveis; soluções inovadoras para a geração de energia a partir de fontes renováveis e alternativas de energia limpa. Mais: o novo Código Florestal Brasileiro, a partir de esclarecedora exposição do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

O substitutivo proposto por Aldo Rebelo procura compatibilizar, de maneira harmônica e equilibrada, meio ambiente e desenvolvimento.

Uma questão que permeou os debates – e que numa brevíssima intervenção procurei sublinhar - é a persistente defasagem entre a produção acadêmica e as atividades empresariais. É irrisório o volume de patentes registradas no Brasil, como reflexo da pesquisa aplicada, em comparação com outros países em desenvolvimento. Penso que é oportuna a adoção de mecanismos institucionais que induzam o estreitamento das relações entre esses dos pólos do desenvolvimento. Por exemplo, na avaliação de projetos de pesquisa habilitados a receber financiamento público, essa seria uma variável diferenciadora.

O elevado nível do Fórum reflete, portanto, a competência com que o setor sucroenergético da região encara o atual ciclo de oportunidades.

Ferro inflacionário

. A informação é da Agência Brasil. As variações de preços do minério de ferro influenciam a inflação, ao contrário do que afirmou na última sexta-feira (11) o presidente da mineradora Vale, Roger Agnelli, questionando a metodologia utilizada para o cálculo do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), segundo nota técnica divulgada esta tarde, no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
. O IGP-M tem três componentes que são o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), cujo peso no índice final é de 60%; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), com peso de 30%; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), peso de 10%.
. A nota técnica assegura que “é no IPA-M que estão retratados os movimentos de preços do minério de ferro. O impacto da variação de preço do minério de ferro, e de qualquer outro produto integrante do IPA-M, resulta da combinação do percentual de elevação (ou redução) deste item com o seu peso no índice. É conhecida por todos a magnitude da recente elevação do preço do minério de ferro. O que tem suscitado dúvida é o procedimento usado para ponderar os integrantes do IPA-M, o minério de ferro em particular”.
. O IGP–M subiu 2,21% na primeira prévia de junho, revelando expansão de 3,14% no IPA-M, onde os produtos industriais tiveram alta de 4,16%. De acordo com a análise da FGV, uma das maiores contribuições para a aceleração da inflação no grupo matérias primas brutas foi o minério de ferro, que saiu de uma deflação de 2,67% para uma elevação de 75,25% no período pesquisado.
. De acordo com os economistas do Ibre, o IPA-M reflete as variações médias dos preços obtidos pelos produtores domésticos na operação de comercialização de seus produtos. Sua ponderação é feita com base nas Contas Nacionais e nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativas aos setores agropecuário e industrial, efetuadas a cada ano. A média trienal do valor das vendas do minério de ferro serve de base para o cálculo do peso do produto, “à semelhança dos demais produtos industriais”, esclarece a nota.
. Segundo o Ibre, o critério de ponderação segue padrões internacionais e, por terem como foco a produção, os pesos dos produtos avaliados não fazem distinção se eles são destinados ao consumo interno ou à exportação.
. “A atualização mais recente da estrutura de ponderações do IPA-M, em vigor desde abril passado, fez corresponder a este item uma ponderação equivalente a 2,5876 de um total de 100. A multiplicação deste fator pelo percentual de reajuste é a medida do impacto do aumento de preço do minério de ferro sobre o IPA-M”, explica a nota técnica.
. Acrescenta, ainda, que as ponderações do IPA-M serão atualizadas de dois em dois anos, de modo a poder apresentar um retrato fiel da estrutura da economia nacional.

Código Florestal: leia o Relatório de Aldo Rebelo

Você pode baixar agora o texto no formato PDF
. O relatório tem cerca de 270 páginas e reúne o trabalho de nove meses realizado pela Comissão Especial do Código Florestal.
. Foram realizadas dezenas de audiências públicas em 19 estados brasileiros e também na Câmara dos Deputados. Foram ouvidas 378 pessoas, dentre representantes de organizações não governamentais (ONGs), pesquisadores de universidades e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), órgãos ambientais do Governo Federal, de governos estaduais e municipais, representantes de entidades de classe, pequenos, médios e grandes agricultores.
. "A Comissão Especial pôde realizar um inventário dos problemas relacionados com a Legislação Ambiental e Florestal e, assim, tornar possível compatibilizar a proteção do meio ambiente com uma agricultura forte e desenvolvida", disse o deputado.
. O trabalho da comissão foi a busca por uma legislação que defenda o meio ambiente e a agricultura do Brasil. O relatório deverá manter os princípios da legislação atual adaptando suas exigências as condições de cada estado. Será mantida a obrigatoriedade de Reserva Legal de 20% na Mata Atlântica, 35% no Cerrado e 80% na Amazônia. As pequenas propriedades, de até quatro módulos, serão dispensadas da Reserva Legal, mas permanecerão com a obrigação de manter Área de Preservação Permanente (APP).
. Leia o Relatório http://migre.me/P43Z

14 junho 2010

No Cinquentenário do Imip

. Emoção no ato comemorativo dos 50 anos do Imip. Em seu discurso, Eduardo Campos fez referência à minha militância estudantil no Hospital Pedro II, no curso de Medicina.
. Dentre cinquenta personalidades homenageadas, o companheiro ex-ministro Humberto Costa. Merecidamente.

Meu artigo semanal no site da Revista Algomais

Da ficha de leitura manuscrita ao Twitter

Luciano Siqueira


Sempre me fascinaram as palavras, desde a escola primária. A magia de juntar palavras e traduzir a ideia e o sentimento. Brincar com elas, mudar a ordem e construir diferentes sentidos para a frase original. Mesmo com a simplória sentença “Ivo viu a Uva” das rudimentares cartilhas de alfabetização.

Daí também o gosto pela leitura. E pela anotação do lido e do imaginado, em fichas manuscritas.

Adolescente, vindo morar no Recife (a família se transferira de Natal, RN), ganho a sorte grande: o convite de Paulo Rosas, psicólogo, professor da Universidade Federal de Pernambuco, meu tio: cuidar de sua biblioteca. Com uma tarefa básica e a liberdade de ler o que quisesse.

A tarefa básica: transformar em fichas de leitura, datilografadas em papel cartão, grifos e anotações à margem que ele fazia nos livros que lia - não apenas sobre Psicologia e Educação, focos de sua atuação como professor e pesquisador; seu raio de visão era vasto e múltiplo, incluindo a boa literatura brasileira e universal. Para mim, um aprendizado precioso do modo de sistematizar idéias e guardar conhecimento.

A liberdade de ler não era assim tão irrestrita. Aquela coleção de capa dura e papel bíblia eu ainda não tinha maturidade para ler, disse-me. O mesmo que botar uma linguiça na boca de um cachorro e esperar que ele a rejeite. Comecei a ler exatamente aqueles livros, claro que entendendo quase nada das Obras Escolhidas de Freud, em espanhol.

Hoje, primeira década do Século XXI, onde se informatizam até os desejos mais primários do ser humano, já não faço fichas manuscritas nem datilografadas. Desde que o companheiro de lutas e amigo Eduardo Bonfim me apresentou a maravilha do computador (eu resistindo, apegado ao papel e à máquina de escrever), e Neguinha, minha filha, passou a usá-lo em casa para dar conta do curso de Arquitetura, cedi à modernidade. Mas continuei fazendo minhas fichinhas de leitura, agora digitadas.

Hoje já não me espanto quando alguém me chama de “avançado” porque estou de corpo e alma na Internet. Afinal tenho evoluído no uso de ferramentas diversas para anotar, refletir, formular ideias ou simplesmente alimentar meus sonhos. Mantenho o blog pessoal http://www.lucianosiqueira.blogspot.com/,  comunico-me pelo www.twitter.com/lucianoPCdoB  e pelo site http://www.lucianosiqueira.com.br/  estou no Orkut e no Facebook e desenvolvo intensa correspondência através de e-mails.

Certamente por isso outro dia um amigo me veio convencer da utilidade do livro digital, certo de que aqui encontraria guarida para seus argumentos. E se surpreendeu com a minha recusa: “Peraí, rapaz, estou na Internet, mas não me tire o prazer de ler meus livros!”

50 anos do Imip

Hoje à noite, 20 h, participo da sessão solene comemorativa aos 50 anos do IMIP. A lado de Luciana Santos. Tenho ligação histórica e sentimental com o IMIP. Por lá passei em minha formação médica e fui aluno do seu fundador, Fernando Figueira.

No Fórum Nordeste 2010

. Pela manhã participei do Forum Nordeste 2010, promovido pelo Grupo EQM e pela Folha de Pernambuco. Defendi a necessidade de mecanismos que induzam o estreitamente da pesquisa aplicada desenvolvida em nossas Universidades e Centros de Pesquisa com as empresas. É baixíssimo o volume de patentes registradas no Brasil, comparativamente com outros países em desenvolvimento. Temos que superar isso. Urgente.
. Um ponto de destaque Forum foi a exposição do deputado Aldo Rebelo sobre a atualização do Código Florestal.
. Gravei entrevista sobre os dois temas para um vídeo institucional realizado pelos promotores do evento.

13 junho 2010

Desenvolvimento é a solução

. O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil foi comemorado ontem. O Ministério do Trabalho aproveitou a ocasião para divulgar que a fiscalização do retirou desse tipo de atividade 16.894 crianças e adolescentes, entre 2007 e 2009. Neste ano, o número de crianças e adolescentes retirados do trabalho infantil já chega a 811.
. Marca razoável. Mas a questão de fundo é desenvolver o país, para que menos famílias dependam do trabalho dos seus filhos menores.

Sem munição

Ao invés de propostas para o Brasil, ataques ao governo e ao PT se destacam nas manchetes dos jornais sobre Serra na convenção tucana.

As urnas dirão

. Matéria do Diário de Pernambuco de hoje cita prováveis novos deputados estaduais e sequer me inclui entre os candidatos.
. Serei tão fraco assim? É esperar pelas urnas.

Amigo urso

Mui amigo: “Serra não precisa de vice que agregue voto”, diz Aécio. Então botem Serra Guerra, que desagrega forças. Por que não?

História: 13 de junho de 1645

Começa, contra a vontade de Portugal, a Insurreição Pernambucana para expulsar o domínio holandês. Emprega a guerra brasílica, (por oposição à européia). Em parte aprendida dos índios, usa a mata, mobilidade, agilidade, iniciativa, astúcia e manha. Gilberto Freire compara-a à dança e ao futebol. (vermelho http://www.vermelho.org.br/).

O que vale a pena

A sugestão de domingo é de Luci: “Tudo vale a pena quando o amor não é pequeno.”

Que bobagem!

Arthur Virgílio diz quer “candidatura de Dilma é machista”. Perdão, Senhor, esse não sabe o que diz – mas sabe, sim, das bobagens que faz.

12 junho 2010

Canção do dia de hoje

Minha namorada
Carlos Lyra e Vinícius de Moraes


Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser

Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber por quê

Porém, se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer

Coluna semanal no portal Vermelho

Estado nacional no centro de um debate recorrente
Luciano Siqueira


Tal como a evolução da sociedade, em espiral como explicou Marx, há temas recorrentes no debate acerca dos rumos do desenvolvimento do país. Passam as décadas e lá estamos novamente enfrentando a mesma polêmica, agora conjunturalmente atualizada. O papel do Estado nacional num projeto próprio de desenvolvimento do país, por exemplo.

É o que assinalei anteontem, em debate na Universidade Católica de Pernambuco, com os pesquisadores do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) Gilberto Maringoni e Denise Lobato Gentil, em torno de dois motes associados ao lançamento, na ocasião, dos livros “Desenvolvimento – o debate pioneiro de 1944-1945”, contendo ensaios de Maringoni, Denise e Aloísio Teixeira, e a “A controvérsia do planejamento na economia brasileira”, seleção de textos de Roberto Simonsen e Eugênio Gudin. Ambos publicados pelo IPEA.

O debate abordou um conjunto de aspectos, tanto de natureza histórica como relativos aos dilemas atuais do desenvolvimento brasileiro. Coube-me sublinhar a reincidência do conflito de ideias em torno do papel do Estado como indutor do desenvolvimento, traçando um paralelo entre as pelejas do período pré-1964 e as atuais – em plano nacional e regional.

Há pouco mais de quarenta anos, portanto, vivíamos o movimento pelas reformas de base, tidas como pré-requisitos para um projeto nacional de desenvolvimento, a que se associavam a grita pela adoção de mecanismos que barrassem as injunções externas, norte-americanas em especial. Em escala local, foi o tempo da criação da Sudene, voltada para a modernização do parque industrial apoiado numa desejada expansão do mercado do consumo regional; e para a solução dos problemas do semi-árido.

Foram quase cinco décadas. Mudou o mundo, mudou o Brasil, mudou o Nordeste. E esse mesmo debate, adiado pela longa noite autoritária e pela década neoliberal, se recoloca na ordem do dia.

No que diz respeito às desigualdades regionais, as condições de hoje são muito diferentes. Deu-se nos anos setenta a integração definitiva das economias regionais à do Sudeste, inclusive na esfera financeira. Daí porque, no governo Lula, o problema passou a ser vista sob prisma nacional – ou seja, via política nacional de desenvolvimento regional. Com um paradoxo: o governo reconstruiu a Sudene, como prometido por Lula na campanha de 2002, porém anêmica de recursos e de capacidade operativa. No entanto, a decisão política de localizar no Complexo Portuário de Suape a Refinaria de Petróleo valeu por trezentas Sudenes. Viabilizou o Estaleiro Atlântico Sul (e mais quatro outros previstos), a planta de poliéster e uma mudança extensa e profunda da matriz produtiva de Pernambuco.

O debate e os fatos, aqui e alhures, trazem à tona, assim, a questão que, dentre outras, dividiu liberais e desenvolvimentistas – desde Simonsen e Gudin: qual o papel do Estado no projeto nacional de desenvolvimento.

Dois federais e seis estaduais

. O Comitê Estadual do PCdoB, em reunião plenária realizado na manhã-tarde de hoje, decidiu: Luciana Santos e Nelson Pereira são candidatos a deputado federal.
. Para deputado estadual, 6 candidatos: Luciano Moura, Jorge Carreiro, Augusto Simões, Dr. Carlinhos (vice-prefeito de Bezerros), Vicente André Gomes e Luciano Siqueira.
. O desafio de uma campanha unitária, combativa e capaz de desperta a consciência e a emoção do eleitorado.

Boa tarde, Lília Diniz


Sabor nordestino


Se me queres cajuí
desejo ser doce e raro
deixar no teu corpo o cheiro
dos cajueiros nordestinos
Desejo ser cajuína
saciar tua sede
como os beijos sonoros
dos passarinhos empapuçados
Desejo ser “pé-de-tonel”
embriagar teus sentidos
aquecer teu corpo
com meu pequeno caju em flor

Dez anos de genoma humano

Ciência Hoje Online:
Uma década se passou desde o anúncio histórico do sequenciamento dos 3 bilhões de bases que compõem nosso genoma. Sergio Pena faz um balanço de como evoluiu a tecnologia da genômica e o que devemos esperar dessa ciência no futuro.
. Em 26 de junho de 2000, Francis Collins e J. Craig Venter anunciaram, em cerimônia na Casa Branca, com a presença do presidente Bill Clinton, que haviam completado o primeiro rascunho do genoma humano. Comemoramos aqui o décimo aniversário desse evento, fazendo uma avaliação do mundo genômico deste então.
. Os dois cientistas protagonistas do feito histórico não poderiam ser mais diferentes. Francis Collins (1950-), médico-geneticista, dirigia na época o Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, vinculado aos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
. J. Craig Venter (1946-), biólogo, enfant-gâté da genômica, estava à frente da companhia Celera, fundada por ele com capital da Perkin-Elmer, empresa esta que havia desenvolvido e comercializava sequenciadores de DNA. Os projetos de sequenciamento do genoma humano que cada um deles capitaneava de forma independente refletiam bem as personalidades divergentes dos diretores.
. O projeto público, internacional, sob a batuta de Francis Collins nos Estados Unidos e John Sulston na Inglaterra, era cuidadoso, meticuloso, voltado para a aquisição de dados seguros, construindo o genoma humano cromossomo por cromossomo. Já o projeto da Celera era rápido, arriscado, intensivo em computação, propondo-se a sequenciar todo o genoma de uma vez.
. Leia a matéria na íntegra http://migre.me/O7QU

Visão de mundo

Dica de sábado: Largue o espelho e ponha o binóculo. Ao invés da própria imagem, mire o mundo.

Raridade tucana

Caso raro na História: Serra faz convenção ainda sem um candidato a vice. Anemia político-eleitoral de difícil tratamento.

10 junho 2010

Yoko na China: participe

Células-Tronco: Bingo para levar Yoko à China

Diário de Pernambuco:

. A campanha para Yoko Farias Sugimoto, 26 anos, fazer tratamento com células-tronco na Ásia está na reta final. A arrecadação de doações em dinheiro para a jovem recifense, que ficou tetraplégica em um acidente há seis anos, alcançou ontem 80% dos R$ 100 mil. A viagem de avião de Yoko já foi marcada. Ela embarca no próximo dia 29 para a cidade de Shijiazhuang, no nordeste da China, onde está sediada a empresa Beike Biotech. Yoko conseguiu pagar seis aplicações de células-tronco, que compreendem a terapia básica. Faltam ainda cerca de R$ 20 mil para cobrir duas outras aplicações do tratamento complementar, além de despesas com alimentação e hospedagem. Para isso, será promovido hoje, às 17h, um bingo na Unicap.
. "As duas aplicações a mais são importantes para dar maior chance de recuperação no tratamento. Sou muito grata a todos que me ajudam", disse Yoko, que receberá doses de células-tronco adultas, extraídas de cordões umbilicais, na medula. Há cerca de um mês, depois que sua avó com quem morava desde os 14 anos faleceu, ela passou a residir na casa de uma amiga. Seu pai, que mora no Japão, doou o valor das passagens.
. As cartelas para o bingo podem ser adquiridas na assessoria de comunicação da Unicap (Rua do Príncipe, 526) ou na Escola Minani de Música (Rua Porto Carreiro, 159), ambas no bairro da Boa Vista. Também está sendo rifada por R$ 5 uma câmera fotográfica digital que pode ser pedida pelo twitter (@yokonachina) ou pelo e-mail yoko@yokonachina.com.br. Doações em dinheiro continuam abertas pela conta bancária (Banco do Brasil - Agência: 3056-2 Conta Poupança: 8640-1). Mais informações no site www.yokonachina.com.br.

Por que será?

Véspera de convenção e Serra ainda não achou um candidato a vice. Deve haver alguma explicação para isso, não é mesmo?

Bico contra bico

Segundo Inaldo Sampaio (na Folha de Pernambuco), as relações entre o candidato Jarbas e o PSDB pioram a cada dia. Muita briga e pouca razão.

09 junho 2010

Batalha árdua

. Neste instante, perto de se concluir reunião da Comissão Política Estadual do PCdoB. Eleições de outubro em pauta.
. Convenço-me cada vez mais de que a luta será muito dura. E de que o êxito de minha candidatura a deputado estadual depende de um imenso esforço coletivo. Vamos em frente.

Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável

Luciano Siqueira

O tema faz parte da agenda mundial, envolvendo praticamente todos os países. E repercute sobre a vida da cidade, seja através de agravos reais ou de ameaças, seja pela reação propositiva que ganha corpo em muitos segmentos da sociedade. Refiro-me ao enfrentamento das mudanças climáticas, assunto de reunião pública ocorrida ontem na Câmara Municipal do Recife, por iniciativa conjunta da Comissão de Desenvolvimento Econômico (que presido) e da Comissão de Meio Ambiente, Transporte e Trânsito (presidida pelo vereador Daniel Coelho), tendo como foco o Plano de Enfrentamento das Mudanças Climáticas, em fase de elaboração pela Prefeitura do Recife.

A partir da exposição das diretrizes do Plano, feita pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Roberto Arrais, e da contribuição de Hélvio Polito, secretário executivo estadual de Meio Ambiente, travou-se rica discussão permeada por observações críticas e, sobretudo, proposições que haverão de enriquecer a proposta esboçada. A intenção da Prefeitura é transitar até a versão completa do Plano através de amplo debate com a sociedade. A reunião de ontem foi o ponto de partida e contou com a presença de técnicos, consultores e representantes de instituições públicas e organizações ambientalistas.

Cabem aqui dois destaques. Um: a abordagem do desenvolvimento econômico tendo como conteúdo inarredável a tríade distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade ambiental. Estando aí explícita a compreensão de que é possível harmonizar o crescimento econômico com o ambiente saudável. Isto é muito distinto da concepção santuarista, que defende a preservação da natureza de modo cego e avesso à necessidade de satisfação das necessidades fundamentais da população; e também da concepção predatória, para a qual o crescimento econômico é tudo a preservação ambiental nada importa.

Dois: o sucesso do Plano Municipal de Enfrentamento das Mudanças Climáticas (Mudaclima) depende não apenas da ausculta de pesquisadores, técnicos e gestores ambientais. É indispensável a participação ativa dos mais variados segmentos sociais, inclusive de crianças e adolescentes em ambiente escolar, para que, uma vez posto em execução, o Plano possa efetivamente contar com um fator decisivo, que é uma atitude cidadã solidária e consciente.

História: 9 de junho de 1937

Mestre Bimba (1900-74), após maravilhar Getúlio em Salvador, abre a 1ª academia de capoeira legalmente registrada. Acaba uma implacável perseguição que vem do s. 19. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).

Temas controversos, uma opinião pessoal

(Nem sempre o conteúdo de artigos aqui publicados coincide com a opinião do blogueiro. Esse texto da arquiteta Márcia Branco é um deles - que aqui é divulgado pela oportunidade do tema e pelo esforço sincero da autora em formular suas ideias).

Ué? e a proposta da Realisis para a Tamarineira, também não contemplava um parque?
Por Márcia Branco, arquiteta


A crise ambiental da nossa cidade está definitivamente instalada e perfeitamente visível. Haja vista as diferenciadas decisões tomadas pela prefeitura em relação ao destino de nossas áreas verdes, propiciada, em primeira instância, pela ausência de uma política ambiental estruturada.

Podemos falar hoje de três situações semelhantes, com (quase) três soluções distintas sob uma mesma realidade legislativa: A Mata do Engenho Uchoa, a “Tamarineira” a “área da bacardi”.

A primeira, fruto de uma luta cotidiana, insistente, resistente ao longo de 30 anos vê aos poucos essa reserva, na realidade a APA Rousinete Falcão, ser ameaçada pela construção de uma unidade de beneficiamento de lixo, vinculada a uma usina de cogeração de energia (Incineração), por um consórcio privado (Recife-Energia). Curioso é que essa área foi disponibilizada para desapropriação, por decreto, assinado pelo então prefeito João Paulo, com prazo de 5 anos para acontecer. Vencido o prazo, nada aconteceu e a área continuou em “mãos privadas”. O parque natural a ser construído há tanto sonhado, não pode ser viabilizado. (Não havia interesse?). Agora, vem sendo prometida pelo município, desde que instalada a unidade de beneficiamento, como única forma de viabilizá-lo (?). Aparentemente as decisões já foram tomadas, resta saber o que vai acontecer na audiência Pública programada para a primeira semana de julho (?)

A Tamarineira me surpreende pela capacidade de articulação da chamada “classe média”, que se mobiliza, só e somente só, pela possibilidade de defender interesses pessoais, de uma classe, que não se emociona com as perdas acontecidas ao longo dos anos, e viabilizada pela construção sempre frenética de condomínios residenciais ( Não desmerecendo a Lei dos Doze bairros). Condomínios que se utilizam do verde para vender, mas que, contraditoriamente, se desfaz dele a “olhos vistos”... Por que “os amigos da Tamarineira” não se mobilizam por outras áreas verdes da Cidade, tão importantes quanto?

Aqui a prefeitura, depois de ouvidas “todas as partes”, ràpidamente se posicionou contra a construção do shopping. Como? se o mesmo colocou- se enquanto parceria importante para a viabilização de mais um parque na cidade, e com direito a 3 museus. Tudo “bancado pela iniciativa privada. É ruim ter alguém para financiar obras públicas? As parcerias privadas não seriam a “bola da vez”? Ainda... com que recursos a prefeitura vai bancar esse parque, se reconhecemos algumas áreas verdes importantes na cidade e em completo (ou quase) abandono:o Parque de Santana, o Parque do Caiara, o Sítio da Trindade... Isso sem falar de outras áreas verdes, matas urbanas que se encontram entregues ao desamparo e a solidão de uma legislação que não protege, de uma gestão que não toma atitudes e de uma população que não se emociona...

Por último, a “bacardi”, que teve sua apresentação surpreendente aos cidadãos do Recife, em matéria inteira de Jornal , com direito a fotos e promessas de agilidade nas licenças. João Carlos Paes Mendonça (o empreendedor) e João da Costa ( o prefeito do Recife) aparecem de mãos dadas numa certeza eminente de que os acordos estava “selados” e que a área verde da “bacardi”, inserida na Bacia do Pina , iria abrigar o “ maior shopping do Norte-Nordeste” (?!?!). Isso sem um movimento que, emocionado, denuncie a perda de mais uma área verde na cidade.

Restam muitas perguntas:

Por que a prefeitura não viabilizou o Parque Natural da Mata do Engenho Uchoa reivindicada por tantos anos pela população da zona oeste da cidade? Por que essa falta de interesse e até de respeito a esses defensores, moradores de áreas “menos nobres” no município? Por que instalar uma Unidade de beneficiamento de lixo dentro da Área de Preservação Permanente? Não serão usos incompatíveis? Porque não se buscaram os recursos necessários à construção do mesmo? Por que nesse caso reconhecem como única possibilidade de financiamento os recursos advindos de um empreendimento privado?

Em relação à Tamarineira, uma área privada. No que o projeto da Realisis não atendia às exigências da Lei que prevê os IPAVs? Não se permitiu nem que se apresentasse o projeto. Para uma decisão, ouvidas as partes, o município, aparentemente não considerou o problema da mobilidade ou dos residentes no hospital, já que será transformado em Parque. Com que recursos? (se não existem para a Mata do Engenho Uchoa). E a empresa também não propunha financiar um Parque? Um parque numa área em que 70% do verde deve ser preservado? Onde se permite construção e onde elas já existem?Onde o município deveria exercer seu papel de gestor fiscalizando e condicionando o projeto ao atendimento da Lei?

A Bacardi... inserida numa área verde de beleza incontestável, nenhuma reação a favor, ou contra. Acordo selado, sem considerar ao mínimo a mobilidade da área. Ou melhor, com a mobilidade sendo viabilizada através de projetos públicos(?).

Para os amigos, tudo, para os outros, a Lei.

Configura-se dessa forma a construção de uma cidade que, a mercê, de interesses diversos, vai tomando uma aparência bizarra e comprometendo de forma definitiva os desejos e a qualidade de vida de seus habitantes.

Rico debate

. Foi um prazer debater com os pesquisadores do IPEA Gilberto Maringoni e Denise Lobato, ontem à noite, na UNICAP, sobre os temas “Liberar ou Desenvolver: dilemas recorrentes da economia brasileira” e “Macroeconomia e Desenvolvimento”.
. O secretário municipal de Ciência & Tecnologia e Desenvolvimento Econômico José Bertotti coordenou o debate. O papel do Estado nacional esteve no centro da discussão.

Consumo responsável em tela

. Às 11 horas estarei no auditório da Federação das Indústrias para o lançamento Programa Qualidade e Consumo Responsável.
. Iniciativa conjunta da Apes (Associação de Supermercados de Pernambuco) e do Simtepe (Sindicato da Indústria de Material Plástico).

Mudanças climáticas: um debate exitoso

No site do nosso mandato http://www.lucianosiqueira.com.br/

Luciano defende desenvolvimento com sustentabilidade ambiental
. “Todo o debate a propósito do desenvolvimento econômico em nossa cidade promovido pela nossa comissão se inspira na ideia do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade ambiental. A ocupação desordenada de territórios, característica de nossa Cidade, sem dúvidas trouxe muitos agravos ambientais. Precisamos de planejamento para reduzir os impactos”, destacou o vereador e presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara Municipal do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB) ao abrir a audiência pública sobre enfrentamento às mudanças climáticas que promoveu nesta terça-feira (08), no Plenarinho da Casa, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente, presidida pelo vereador Daniel Coelho (PV).
. “Nós bem sabemos que hoje esse tema de sustentabilidade ambiental é um tema que esta na agenda mundial. Em 2007, ainda como vice prefeito, estive pela segunda vez em missão oficial à China. O que me chamou atenção é que já desde o primeiro contato que se deu com o chefe do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista chinês, ele fez referencia que o partido estava em congresso e debatia com toda a sociedade duas prioridades: enfrentar a questão ambiental e reduzir as desigualdades sociais, sobretudo da população que ainda vive no campo. Chamou minha atenção o fato de que nas quatro cidades importantes que visitamos os taxistas, os empresários, as universidades, todos repetiam a mesma coisa: a preocupação com a questão ambiental”.
. O vereador Daniel Coelho elogiou a iniciativa do prefeito João da Costa de desapropriar a área na Tamarineira, onde fica localizado o Hospital Ulysses Pernambucano, para que ela venha a ser utilizada também como parque público, em vez de aprovar a construção de um shopping center no local. “Ele teve essa sensibilidade e poderia usá-la em relação ao Engenho Uchôa, proibindo a construção de uma usina de tratamento de resíduos sólidos”, afirmou.
. O encontro teve como principais debatedores o secretário de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife, Roberto Arrais, e o secretário executivo de Meio Ambiente da Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma), Hélvio Polito, além de convidados.
PLANO MUDACLIMA - Durante a audiência pública, o secretário Roberto Arrais apresentou a síntese do Plano de Enfrentamento e Convivência com as Mudanças Climáticas da Cidade do Recife – Plano Mudaclima elaborado pela secretaria. Citando trechos da Carta da Terra, Arrais lembrou que “a interferência humana tem acelerado o processo de mudanças climáticas do planeta”, destacando a poluição atmosférica como uma das principais causas desse fenômeno.
. Em sua explanação, o secretário discorreu sobre os objetivos, as estratégias e os eixos temáticos do plano. “O Mudaclima tem 1como objetivo principal identificar, planejar e coordenar as ações que possam ser empreendidas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa geradas no Recife”, afirmou Roberto Arrais. Ele citou como estratégias a elaboração de inventário e cenário futuro das emissões e a adoção de metas de redução de emissões.
. O secretário executivo da Sectma, Hélvio Polito, apresentou a política ambiental de Pernambuco. Segundo ele, o Estado enfrenta dois graves problemas: o avanço do mar e da erosão costeira confrontado com o aumento da densidade populacional das cidades litorâneas e o aumento das áreas suscetíveis de desertificação. “Hoje, o processo de desertificação atinge 90,68% do território do Estado, resultante da ação do homem e da exploração da terra de forma desordenada”, disse.