Do site http://www.lucianosiqueira.com.br/:
Sessão solene marca aniversário do PCdoB no Recife
. Os 89 anos do mais antigo partido político em funcionamento contínuo no país, o PCdoB, merecerão uma homenagem da Câmara Municipal do Recife, que realiza uma sessão solene nesta quinta-feira (31) para marcar este aniversário. Estarão presentes o dirigente nacional da legenda, Walter Sorrentino e as principais lideranças comunistas de Pernambuco, Luciana Santos, Luciano Siqueira e Renildo Calheiros. Também foram convidados os presidentes de outros partidos e o prefeito da capital, João da Costa.
. A iniciativa de realizar a sessão solene é do vereador Almir Fernando, autor do Requerimento Nº 471/2011. O evento dará início no Recife aos preparativos para a comemoração dos 90 anos de trajetória política do PCdoB. Os comunistas pretendem, no decorrer do ano, realizar uma campanha para dar ampla divulgação ao Programa Socialista para o Brasil, documento aprovado no último congresso do partido e no qual propõem a construção de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, voltado para a consolidação da soberania nacional, para a erradicação da miséria, para a ampliação da democracia e dos direitos dos trabalhadores.
. Além das falas de homenagem, a sessão terá a apresentação das ideias centrais do Programa Socialista, feita pelo Secretário Nacional de Organização do PCdoB, Walter Sorrentino. De acordo com a direção municipal do partido, o documento também será distribuído a cada um dos presentes e vários outros eventos devem acontecer no Recife para o debate do programa.
. A sessão está marcada para acontecer a partir das 16 horas, no Plenário da Câmara. Ao fim da solenidade, será servido um coquetel para confraternização entre militantes, amigos e autoridades políticas.
Um partido de princípios - Fundado em 1922, o Partido Comunista do Brasil é o partido mais antigo do país e, desde o seu nascedouro, defende um ideal de sociedade: um Brasil socialista, verdadeiramente democrático e soberano. Guia-se pela teoria científica de Marx, Engels e Lênin, e desenvolvida por outros revolucionários. Procura aplicá-la criativamente à realidade do Brasil e desenvolvê-la sem cessar. Em 1962, rechaçou o oportunismo de direita, reorganizou-se, adotando a sigla PCdoB, e realçou sua marca revolucionária. Em seus 89 anos de existência, viveu 60 anos na clandestinidade. O partido sempre esteve envolvido nas principais lutas e conquistas nacionais e populares no Brasil, sendo por isso mesmo uma das organizações mais perseguidas pelos regimes ditatoriais.
. Ao aprovar seu último programa, o partido avançou no sentido de apresentar, de forma factível, ligada à realidade brasileira, o caminho para se chegar ao socialismo: o Projeto Nacional de Desenvolvimento, um projeto político mudancista e transformador que possa romper de vez os limites impostos pelo capitalismo atual ao desenvolvimento do país.
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
31 março 2011
29 março 2011
Bom dia, Vinícius de Moraes
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Energia eólica em alta
. Notícia do Valor Econômico. A energia eólica chega finalmente ao mercado livre neste ano. Duas grandes empresas de energia, a CPFL e a Tractebel, anunciaram investimentos de R$ 1,2 bilhão em parques eólicos, cuja produção será exclusivamente negociada nesse mercado.
. Com os investimentos já comprometidos pela empresa em leilões do governo federal, o total de projetos eólicos chega a R$ 1,5 bilhão, a serem aplicados em dois anos. Já a Tractebel vai investir R$ 625 milhões em outros cinco parques eólicos, também com capacidade de 150 megawatts, que deverão estar concluídos em outubro de 2012.
. Com os investimentos já comprometidos pela empresa em leilões do governo federal, o total de projetos eólicos chega a R$ 1,5 bilhão, a serem aplicados em dois anos. Já a Tractebel vai investir R$ 625 milhões em outros cinco parques eólicos, também com capacidade de 150 megawatts, que deverão estar concluídos em outubro de 2012.
Crise mundial da água
. Informa a Agência Brasil que mais de 1 bilhão de pessoas, a maioria vivendo nas grandes cidades, ficarão sem água em 2050. A estimativa é de um estudo publicado na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. De acordo com os cientistas, as más condições sanitárias de algumas metrópoles mundiais agravam o risco para a fauna e a flora.
. “Existem soluções para que esse 1 bilhão de pessoas tenham acesso à água. Mas isso requer muitos investimentos na infraestrutura e melhor utilização da água”, afirmou o coordenador da pesquisa, Rob McDonald, do centro de estudos privado The Nature Conservancy.
. Segundo os pesquisadores, se a tendência atual da urbanização continuar, em 2050 cerca de 993 milhões de habitantes das cidades terão acesso a menos de 100 litros de água por dia para viver. Essa quantidade corresponde ao volume de um banho por pessoa.
. Os cientistas advertem ainda que se forem acrescentados os efeitos prováveis da mudança climática, cerca de outros 100 milhões de pessoas não terão acesso a esse volume de água. O consumo de 100 litros diários é considerado pelos analistas como o mínimo necessário a um indivíduo para as necessidades de bebida, alimentação e higiene.
. De acordo com a pesquisa, atualmente cerca de 150 milhões de pessoas consomem menos de 100 litros diariamente. Um cidadão médio que vive nos Estados Unidos, informou o estudo, consome aproximadamente 376 litros de água por dia.
. “Existem soluções para que esse 1 bilhão de pessoas tenham acesso à água. Mas isso requer muitos investimentos na infraestrutura e melhor utilização da água”, afirmou o coordenador da pesquisa, Rob McDonald, do centro de estudos privado The Nature Conservancy.
. Segundo os pesquisadores, se a tendência atual da urbanização continuar, em 2050 cerca de 993 milhões de habitantes das cidades terão acesso a menos de 100 litros de água por dia para viver. Essa quantidade corresponde ao volume de um banho por pessoa.
. Os cientistas advertem ainda que se forem acrescentados os efeitos prováveis da mudança climática, cerca de outros 100 milhões de pessoas não terão acesso a esse volume de água. O consumo de 100 litros diários é considerado pelos analistas como o mínimo necessário a um indivíduo para as necessidades de bebida, alimentação e higiene.
. De acordo com a pesquisa, atualmente cerca de 150 milhões de pessoas consomem menos de 100 litros diariamente. Um cidadão médio que vive nos Estados Unidos, informou o estudo, consome aproximadamente 376 litros de água por dia.
Uma crônica minha no Blog da Algomais e no Jornal da Besta Fubana
Nossa cuca devassada
Luciano Siqueira
Diz Galeano que nossa memória sabe mais de nossas vidas do que nós mesmos. A memória se encarrega de guardar o que verdadeiramente importa.
O escritor uruguaio deve estar certo. Mas há uma contrapartida que assalta ao espírito de todo ser vivente: bem que gostaríamos que algumas dessas coisas que “verdadeiramente importam” fossem apagadas para sempre ou, pelo menos, estivem contidas em lugar recôndito e de difícil acesso. É isso que atestam milhões de homens e mulheres que se autoproclamam ébrios para esquecer.
Mas eis que cientistas britânicos trabalham em sentido inverso. Não bastasse o tormento de reminiscências dolorosas, agora se cria um tipo de exame cerebral capaz de prever, por exemplo, trechos de filmes nos quais o expectador deverá pensar depois. O estudo, realizado na University College de Londres, informa sobre como as memórias são registradas no cérebro. Talvez com um pouco mais de aprimoramento, tenhamos nossa cuca devassada.
A descoberta pode ser útil para superar a perda de memória motivada por doença degenerativa ou agravo físico – contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida de muita gente.
Bom seria, entretanto, que a doutora Eleanor Maguire, que comanda o estudo, e seus colaboradores inventassem técnicas igualmente eficientes em sentido inverso, tornando possível identificar antecipadamente partes negativas de nossa existência passíveis de esquecimento. O cara iria à luta já sabendo que determinados infortúnios seriam futuramente deletados da memória – por exemplo, em casos de amores malsucedidos. Ficariam apenas as boas lembranças, enquanto dores e dissabores seriam movidos para uma espécie de buraco negro da mente de onde jamais sairiam.
Assim sendo, já não se beberia tanto para esquecer; antes para comemorar ou reviver as coisas boas vividas. E seguiríamos adiante na fascinante e desafiadora aventura da vida desfrutando dos prazeres da memória seletiva.
Luciano Siqueira
Diz Galeano que nossa memória sabe mais de nossas vidas do que nós mesmos. A memória se encarrega de guardar o que verdadeiramente importa.
O escritor uruguaio deve estar certo. Mas há uma contrapartida que assalta ao espírito de todo ser vivente: bem que gostaríamos que algumas dessas coisas que “verdadeiramente importam” fossem apagadas para sempre ou, pelo menos, estivem contidas em lugar recôndito e de difícil acesso. É isso que atestam milhões de homens e mulheres que se autoproclamam ébrios para esquecer.
Mas eis que cientistas britânicos trabalham em sentido inverso. Não bastasse o tormento de reminiscências dolorosas, agora se cria um tipo de exame cerebral capaz de prever, por exemplo, trechos de filmes nos quais o expectador deverá pensar depois. O estudo, realizado na University College de Londres, informa sobre como as memórias são registradas no cérebro. Talvez com um pouco mais de aprimoramento, tenhamos nossa cuca devassada.
A descoberta pode ser útil para superar a perda de memória motivada por doença degenerativa ou agravo físico – contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida de muita gente.
Bom seria, entretanto, que a doutora Eleanor Maguire, que comanda o estudo, e seus colaboradores inventassem técnicas igualmente eficientes em sentido inverso, tornando possível identificar antecipadamente partes negativas de nossa existência passíveis de esquecimento. O cara iria à luta já sabendo que determinados infortúnios seriam futuramente deletados da memória – por exemplo, em casos de amores malsucedidos. Ficariam apenas as boas lembranças, enquanto dores e dissabores seriam movidos para uma espécie de buraco negro da mente de onde jamais sairiam.
Assim sendo, já não se beberia tanto para esquecer; antes para comemorar ou reviver as coisas boas vividas. E seguiríamos adiante na fascinante e desafiadora aventura da vida desfrutando dos prazeres da memória seletiva.
Discussão bizantina
Sem sentido a demarcação de campos entre os governos João Paulo e João da Costa. Pelo Plano Plurianual e pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, há uma nítida linha de continuidade política entre o atual e o anterior. Com inovações, claro, que dão conta da realidade em mutação.
27 março 2011
Convivendo com a saudade
Sugestão de domingo: Se a saudade aperta, amigo, preencha o vazio com boas recordações, dê a volta por cima e toque a vida pra frente.
26 março 2011
O aperitivo de Inácio França
Diário de bordo: Pajeú
Por Inácio França, no Blog Caótico
É uma beleza o silêncio na nascente do rio Pajeú. Um silêncio de asas coloridas, feito de cantos dos passarinhos que se entocam entocados nas árvores de uma colina em forma de ferradura que circunda a nascente. Da mata que cobre esse morro, aos pés da Serra do Balanço, mina a água fria que forma o pequeno poço que se espalha mais adiante e desce Pernambuco abaixo.
A nascente fica em Brejinho e, do outro lado da serra, está a Paraíba. Passei por lá numa manhã de domingo. Foi a segunda viagem para conhecer a vida, as histórias e os sonhos de uma dezena de poetas, entre centenas, que cresceram com a certeza de que o Pajeú é o berço da poesia.
O rio tem mais fama do que água, recebe mais esgoto do que versos. Mesmo assim, é o símbolo de uma região onde “poeta” é a forma de tratamento mais comum. “Bom dia, poeta”, é assim que uma senhora que passa com sua sacola a caminho da feira cumprimenta o rapaz do mototáxi na praça.
O projeto vai render mais um livro, porém ainda falta muita coisa: o título, o texto e uma viagem para conhecer a poesia que se faz em Flores, Serra Talhada e Floresta. Como da outra vez, não estou sozinho na empreitada: trabalho novamente com Tuca Siqueira, fotógrafa e cineasta, e Alexandre Ramos, coordenador do projeto, responsável por concebê-lo, articular a equipe, administrar a grana recebida do Funcultura e dirigir o carro. Quem também está nessa até o pescoço é a poetisa Cida Pedrosa, que toca as entrevistas comigo, seleciona versos e seus autores.
Até agora, uma das paradas mais emocionante foi a nossa segunda passagem por Itapetim. Na primeira ida, no início de dezembro, tínhamos conhecido e entrevistado o vice-prefeito João Archanjo, ou melhor João Galego, poeta e violeiro. Vinte depois, o coração o matou. Na volta, revelei para dona Nevinha, sua esposa, e seus filhos, que tinha a certeza de ter entrevistado um homem realizado por ter saído da roça e educado seus filhos, por organizar festivais que tiraram do anonimato vários poetas que vivem no sítio, por conseguir expressar seus sentimentos em versos. Mesmo assim, foi duro.
Há uma semana, em Afogados da Ingazeira, conversamos com a serena Izabel Goveia, uma moça de 24 anos que nos deu entrevista horas antes de pegar um ônibus Fortaleza. No final, ela revelou o objetivo da viagem. Sem um sinalzinho sequer de ansiedade, ela contou que iria se mudar de vez, que iria casar. “Vou viver uma história de amor”. Assim, como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo.
Em Carnaíba, ficamos sabendo que a cidade tem uma banda filarmônica fundada em 1917. É provável que seja a mais antiga de Pernambuco. Mesmo assim, nunca conseguiu se transformar em ponto de cultura ou receber uma bolsa governamental. Registro isso aqui porque, como a banda de música não tem ligação alguma coisa com o projeto, não será mencionada no livro.
A internet, em vez de prejudicar, é uma ferramenta que ajuda a perpetuar a tradição poética da região. Adolescentes e jovens se articulam para organizar recitais, festivais ou até mesmo fazer poemas coletivamente usando MSN, Orkut, Facebook, twitter, Gtalk, blogs, o escambau. Para Verônica Sobral, com seus 31 anos, ou Mariana Teles, com 15, a internet não guarda mistérios.
Até mesmo Dedé Monteiro, uma espécie de lenda-vida entre os poetas do Pajeú, distribui versos por e-mail para os amigos. Aliás, quando chegamos em Tabira procurando Dedé, paramos numa praça e perguntei a um mototaxista: “O senhor sabe onde mora o poeta…” Não consegui nem terminar a frase: “…Dedé Monteiro? Vai em frente, pega à esquerda depois do sinal etc etc”.
Esse texto é só um aperitivo. Aposto que o livro sai em julho, em agosto o mais tardar.
Por Inácio França, no Blog Caótico
É uma beleza o silêncio na nascente do rio Pajeú. Um silêncio de asas coloridas, feito de cantos dos passarinhos que se entocam entocados nas árvores de uma colina em forma de ferradura que circunda a nascente. Da mata que cobre esse morro, aos pés da Serra do Balanço, mina a água fria que forma o pequeno poço que se espalha mais adiante e desce Pernambuco abaixo.
A nascente fica em Brejinho e, do outro lado da serra, está a Paraíba. Passei por lá numa manhã de domingo. Foi a segunda viagem para conhecer a vida, as histórias e os sonhos de uma dezena de poetas, entre centenas, que cresceram com a certeza de que o Pajeú é o berço da poesia.
O rio tem mais fama do que água, recebe mais esgoto do que versos. Mesmo assim, é o símbolo de uma região onde “poeta” é a forma de tratamento mais comum. “Bom dia, poeta”, é assim que uma senhora que passa com sua sacola a caminho da feira cumprimenta o rapaz do mototáxi na praça.
O projeto vai render mais um livro, porém ainda falta muita coisa: o título, o texto e uma viagem para conhecer a poesia que se faz em Flores, Serra Talhada e Floresta. Como da outra vez, não estou sozinho na empreitada: trabalho novamente com Tuca Siqueira, fotógrafa e cineasta, e Alexandre Ramos, coordenador do projeto, responsável por concebê-lo, articular a equipe, administrar a grana recebida do Funcultura e dirigir o carro. Quem também está nessa até o pescoço é a poetisa Cida Pedrosa, que toca as entrevistas comigo, seleciona versos e seus autores.
Até agora, uma das paradas mais emocionante foi a nossa segunda passagem por Itapetim. Na primeira ida, no início de dezembro, tínhamos conhecido e entrevistado o vice-prefeito João Archanjo, ou melhor João Galego, poeta e violeiro. Vinte depois, o coração o matou. Na volta, revelei para dona Nevinha, sua esposa, e seus filhos, que tinha a certeza de ter entrevistado um homem realizado por ter saído da roça e educado seus filhos, por organizar festivais que tiraram do anonimato vários poetas que vivem no sítio, por conseguir expressar seus sentimentos em versos. Mesmo assim, foi duro.
Há uma semana, em Afogados da Ingazeira, conversamos com a serena Izabel Goveia, uma moça de 24 anos que nos deu entrevista horas antes de pegar um ônibus Fortaleza. No final, ela revelou o objetivo da viagem. Sem um sinalzinho sequer de ansiedade, ela contou que iria se mudar de vez, que iria casar. “Vou viver uma história de amor”. Assim, como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo.
Em Carnaíba, ficamos sabendo que a cidade tem uma banda filarmônica fundada em 1917. É provável que seja a mais antiga de Pernambuco. Mesmo assim, nunca conseguiu se transformar em ponto de cultura ou receber uma bolsa governamental. Registro isso aqui porque, como a banda de música não tem ligação alguma coisa com o projeto, não será mencionada no livro.
A internet, em vez de prejudicar, é uma ferramenta que ajuda a perpetuar a tradição poética da região. Adolescentes e jovens se articulam para organizar recitais, festivais ou até mesmo fazer poemas coletivamente usando MSN, Orkut, Facebook, twitter, Gtalk, blogs, o escambau. Para Verônica Sobral, com seus 31 anos, ou Mariana Teles, com 15, a internet não guarda mistérios.
Até mesmo Dedé Monteiro, uma espécie de lenda-vida entre os poetas do Pajeú, distribui versos por e-mail para os amigos. Aliás, quando chegamos em Tabira procurando Dedé, paramos numa praça e perguntei a um mototaxista: “O senhor sabe onde mora o poeta…” Não consegui nem terminar a frase: “…Dedé Monteiro? Vai em frente, pega à esquerda depois do sinal etc etc”.
Esse texto é só um aperitivo. Aposto que o livro sai em julho, em agosto o mais tardar.
25 março 2011
Boa noite, Lílian Maial
Luas
são uns olhos estranhos
mistérios e espanto
perdem-se em luz
prendem-me em nus
são olhos gentis
pupilas tão castas
desnudam a casca
não sabem as dores
cegam-se às cores
são uns olhos lindos
caminhos sem rota
colchões de geleia
tão doces e meigos
cruéis, sem remorsos
teus olhos nos meus
por breves instantes
são fita isolante
de cílio a cílio
desejo e estima
cisco e lágrima
ruga e rima
são uns olhos estranhos
mistérios e espanto
perdem-se em luz
prendem-me em nus
são olhos gentis
pupilas tão castas
desnudam a casca
não sabem as dores
cegam-se às cores
são uns olhos lindos
caminhos sem rota
colchões de geleia
tão doces e meigos
cruéis, sem remorsos
teus olhos nos meus
por breves instantes
são fita isolante
de cílio a cílio
desejo e estima
cisco e lágrima
ruga e rima
Normal é ser diferente
Ciência Hoje Online:
A síndrome de Down ainda não tem cura, mas pesquisas recentes apontam a possibilidade de melhoras cognitivas a partir do uso de medicamento aprovado para tratamento de Alzheimer. O biólogo Stevens Rehen aborda em sua coluna os resultados e possíveis impactos desses estudos.
. A síndrome de Down ocorre quando o indivíduo possui no núcleo de suas células três cópias do cromossomo 21 em vez de duas. É a condição cromossômica natural mais recorrente na espécie humana, com prevalência de 1 em cada 691 nascimentos. No Brasil, há pelo menos 300 mil pessoas com síndrome de Down.
. Portadores dessa síndrome são acometidos com maior frequência por algumas patologias, tais como leucemia, cardiopatia congênita, hipotireoidismo, problemas respiratórios e de audição. Muitas dessas situações são tratáveis, de modo que a maioria dos portadores leva vidas saudáveis, entretanto, o maior desafio à socialização está na deficiência intelectual, incluindo dificuldades de aprendizagem.
. Apesar dos benefícios do estímulo motor e cognitivo introduzido cedo na vida das crianças, até muito recentemente acreditava-se que os principais déficits intelectuais associados à trissomia do cromossomo 21 seriam intratáveis. No entanto, novos artigos científicos indicam a possibilidade de melhora significativa no processo de aprendizado e memória a partir da utilização de um fármaco já aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/n5hl1
A síndrome de Down ainda não tem cura, mas pesquisas recentes apontam a possibilidade de melhoras cognitivas a partir do uso de medicamento aprovado para tratamento de Alzheimer. O biólogo Stevens Rehen aborda em sua coluna os resultados e possíveis impactos desses estudos.
. A síndrome de Down ocorre quando o indivíduo possui no núcleo de suas células três cópias do cromossomo 21 em vez de duas. É a condição cromossômica natural mais recorrente na espécie humana, com prevalência de 1 em cada 691 nascimentos. No Brasil, há pelo menos 300 mil pessoas com síndrome de Down.
. Portadores dessa síndrome são acometidos com maior frequência por algumas patologias, tais como leucemia, cardiopatia congênita, hipotireoidismo, problemas respiratórios e de audição. Muitas dessas situações são tratáveis, de modo que a maioria dos portadores leva vidas saudáveis, entretanto, o maior desafio à socialização está na deficiência intelectual, incluindo dificuldades de aprendizagem.
. Apesar dos benefícios do estímulo motor e cognitivo introduzido cedo na vida das crianças, até muito recentemente acreditava-se que os principais déficits intelectuais associados à trissomia do cromossomo 21 seriam intratáveis. No entanto, novos artigos científicos indicam a possibilidade de melhora significativa no processo de aprendizado e memória a partir da utilização de um fármaco já aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/n5hl1
A despedida de Tarciana
Car@s,
hj encerro minha participação à frente da Representação Nordeste do MinC.
foram oito anos, uma oportunidade histórica, brotar de políticas públicas,
democracia avançando, sonhos, erros e acertos, desafios.
agradeço a tod@s que passaram pela Representação Regional Nordeste nesta grande construção coletiva; à Andrea e à Jorge Clesio, que ajudaram (im)pacientemente neste quebra-cabeças que é assoviar e chupar cana ao mesmo tempo do cotidiano de uma Regional, que se inventou em mutirão nordestino;
agradeço aos então ministro gilberto gil e chefe de gabinete segio xavier, que ratificaram em 2003 o movimento de realizadores culturais e apostaram em nosso trabalho; à silvana meireles pelo socorro dado quando topou lá atrás a se incorporar nesta "delegacia" do MinC;
enfim, agradeço a um bando de gente que encontrei no MinC, em cargos diversos, e que foram cúmplices nestes processos, e a um outro bando de gente a quem pude conhecer graças ao MinC e à tarefa posta sobre a mesa.
retorno à sociedade civil, volto às minhas atividades de realizadora
em cultura e comunicação para o desenvolvimento.
era hora.
desejo sorte à ministra Ana de Hollanda, à sua equipe e ao Fabio Lima, novo chefe da RR/NE.
no mais, estamos tod@s conectad@s!
Tarciana Portella
hj encerro minha participação à frente da Representação Nordeste do MinC.
foram oito anos, uma oportunidade histórica, brotar de políticas públicas,
democracia avançando, sonhos, erros e acertos, desafios.
agradeço a tod@s que passaram pela Representação Regional Nordeste nesta grande construção coletiva; à Andrea e à Jorge Clesio, que ajudaram (im)pacientemente neste quebra-cabeças que é assoviar e chupar cana ao mesmo tempo do cotidiano de uma Regional, que se inventou em mutirão nordestino;
agradeço aos então ministro gilberto gil e chefe de gabinete segio xavier, que ratificaram em 2003 o movimento de realizadores culturais e apostaram em nosso trabalho; à silvana meireles pelo socorro dado quando topou lá atrás a se incorporar nesta "delegacia" do MinC;
enfim, agradeço a um bando de gente que encontrei no MinC, em cargos diversos, e que foram cúmplices nestes processos, e a um outro bando de gente a quem pude conhecer graças ao MinC e à tarefa posta sobre a mesa.
retorno à sociedade civil, volto às minhas atividades de realizadora
em cultura e comunicação para o desenvolvimento.
era hora.
desejo sorte à ministra Ana de Hollanda, à sua equipe e ao Fabio Lima, novo chefe da RR/NE.
no mais, estamos tod@s conectad@s!
Tarciana Portella
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Os partidos e o futuro mediato do País
Luciano Siqueira
É como uma lei objetiva: toda sociedade quando diante da possibilidade de mudanças de grande envergadura, vê-se desafiada a repensar sua trajetória e o peso e o papel de suas instituições. Ocorre no Brasil dos nossos dias.
Desde a assunção de Lula à presidência da República, com toda a carga simbólica e sobretudo a energia política desse fato histórico, abriu-se a possibilidade de um novo ciclo de transformações que depende de muitos fatores – dentre eles, a existência de partidos políticos programáticos, sólidos, duradouros, coerentes, testados nas urnas. Os partidos enquanto canais de expressão das diversas classes e segmentos de classe que constituem a sociedade brasileira são instituições indispensáveis ao fortalecimento da democracia – condição sine qua non do alcance de mudanças de fôlego, de natureza estrutural.
Debater rumos é preciso. Decidir pelo voto consciente e esclarecido da população é indispensável. Daí a necessidade de uma reforma política de sentido democratizante, que torne as disputas eleitorais mais afeitas ao esclarecimento do eleitor e menos vulneráveis à interferência do poder econômico.
O financiamento público das campanhas eleitorais seria um grande passo para reduzir a desigualdade de condições materiais entre os partidos e um antídoto à corrupção, pois acabaria ou reduziria substancialmente as relações promíscuas entre os que bancam financeiramente candidaturas e cobram a fatura depois. Ensejaria, assim, uma economia descomunal de recursos públicos.
A eleição para cargos legislativos em listas prefixadas pelos partidos, por seu turno, despertaria o eleitor para os programas partidários, invertendo a equação atual onde o indivíduo é mais importante do que a corrente política a que pertence. Daí resultaria partidos programáticos, respaldados no julgamento popular.
Tem viabilidade uma reforma assim? Sim e não. Pode acontecer mediante um amplo debate e efetiva participação popular combinada com o trabalho desenvolvido na Câmara e no Senado. Não acontecerá se as coisas permanecerem circunscritas à esfera parlamentar, onde a correlação de forças conspira pela não reforma ou em favor de uma reforma restritiva e contrária ao fortalecimento dos partidos políticos.
O PCdoB dá a sua contribuição ao concitar militantes, lideranças e ativistas dos movimentos sociais, a intelectualidade e as forças políticas progressistas a lutarem por uma reforma “que assegure o pluralismo partidário, resguarde o sistema proporcional, fortaleça os partidos e amplie a liberdade política; implante um novo sistema de representação político-eleitoral com financiamento público de campanhas e voto em listas partidárias. Uma reforma que amplie e institua formas de democracia participativa e direta, além da representativa e combata a renitente investida para golpear o pluralismo político e partidário, base do sistema democrático brasileiro.”
Luciano Siqueira
É como uma lei objetiva: toda sociedade quando diante da possibilidade de mudanças de grande envergadura, vê-se desafiada a repensar sua trajetória e o peso e o papel de suas instituições. Ocorre no Brasil dos nossos dias.
Desde a assunção de Lula à presidência da República, com toda a carga simbólica e sobretudo a energia política desse fato histórico, abriu-se a possibilidade de um novo ciclo de transformações que depende de muitos fatores – dentre eles, a existência de partidos políticos programáticos, sólidos, duradouros, coerentes, testados nas urnas. Os partidos enquanto canais de expressão das diversas classes e segmentos de classe que constituem a sociedade brasileira são instituições indispensáveis ao fortalecimento da democracia – condição sine qua non do alcance de mudanças de fôlego, de natureza estrutural.
Debater rumos é preciso. Decidir pelo voto consciente e esclarecido da população é indispensável. Daí a necessidade de uma reforma política de sentido democratizante, que torne as disputas eleitorais mais afeitas ao esclarecimento do eleitor e menos vulneráveis à interferência do poder econômico.
O financiamento público das campanhas eleitorais seria um grande passo para reduzir a desigualdade de condições materiais entre os partidos e um antídoto à corrupção, pois acabaria ou reduziria substancialmente as relações promíscuas entre os que bancam financeiramente candidaturas e cobram a fatura depois. Ensejaria, assim, uma economia descomunal de recursos públicos.
A eleição para cargos legislativos em listas prefixadas pelos partidos, por seu turno, despertaria o eleitor para os programas partidários, invertendo a equação atual onde o indivíduo é mais importante do que a corrente política a que pertence. Daí resultaria partidos programáticos, respaldados no julgamento popular.
Tem viabilidade uma reforma assim? Sim e não. Pode acontecer mediante um amplo debate e efetiva participação popular combinada com o trabalho desenvolvido na Câmara e no Senado. Não acontecerá se as coisas permanecerem circunscritas à esfera parlamentar, onde a correlação de forças conspira pela não reforma ou em favor de uma reforma restritiva e contrária ao fortalecimento dos partidos políticos.
O PCdoB dá a sua contribuição ao concitar militantes, lideranças e ativistas dos movimentos sociais, a intelectualidade e as forças políticas progressistas a lutarem por uma reforma “que assegure o pluralismo partidário, resguarde o sistema proporcional, fortaleça os partidos e amplie a liberdade política; implante um novo sistema de representação político-eleitoral com financiamento público de campanhas e voto em listas partidárias. Uma reforma que amplie e institua formas de democracia participativa e direta, além da representativa e combata a renitente investida para golpear o pluralismo político e partidário, base do sistema democrático brasileiro.”
Uma entrevista sobre o Twitter
Minhas respostas numa entrevista da Revista Total e para o blog Notícia de Pernambuco
O senhor acha que o Twitter aproxima-lhe dos eleitores?
Creio que sim. Pela possibilidade de comunicação imediata. É o meu caso. Tenho resposta às minhas postagens quase que em tempo real, pelo próprio Twitter ou por e-mail. Além disso, recebo, por e-mail, contribuições de “seguidores” para a “Dica do sábado” e a “Sugestão de domingo”, uma brincadeira que inventei e que deu certo.
O que achas mais interessante desta ferramenta?
Além da comunicação em tempo real com as pessoas, no Twitter exercitamos a concisão, o texto curto, direto.
O senhor acha que é necessário o Twitter para um político? Por quê?
Depende. Se o político pretende uma aproximação crescente com seus eleitores e amigos, sim. Ajuda muito. Desde que ele próprio – como é o meu caso – escreva as postagens, e não delegue a tarefa a assessores. E que não deixe sem resposta nenhuma pergunta.
Qual a diferença que o senhor nota de quando o senhor não tinha Twitter e agora?
Sempre tive contato direto com as pessoas, independentemente de exercer ou não mandato eletivo. Mas sinto que o Twitter tem contribuído muito para que esse contato seja reforçado, inclusive porque ponho links para o Facebook, que também uso, para o meu blog http://www.lucianosiqueira.blogspot.com/ e para o site do meu mandato http://www.lucianosiqueira.com.br/, além do portal Vermelho http://www.vermelho.org.br/ e outros sites onde escrevo semanalmente. O Twitter, assim, uso como elo de uma rede de comunicação com eleitores e amigos.
Luciano Siqueira
O senhor acha que o Twitter aproxima-lhe dos eleitores?
Creio que sim. Pela possibilidade de comunicação imediata. É o meu caso. Tenho resposta às minhas postagens quase que em tempo real, pelo próprio Twitter ou por e-mail. Além disso, recebo, por e-mail, contribuições de “seguidores” para a “Dica do sábado” e a “Sugestão de domingo”, uma brincadeira que inventei e que deu certo.
O que achas mais interessante desta ferramenta?
Além da comunicação em tempo real com as pessoas, no Twitter exercitamos a concisão, o texto curto, direto.
O senhor acha que é necessário o Twitter para um político? Por quê?
Depende. Se o político pretende uma aproximação crescente com seus eleitores e amigos, sim. Ajuda muito. Desde que ele próprio – como é o meu caso – escreva as postagens, e não delegue a tarefa a assessores. E que não deixe sem resposta nenhuma pergunta.
Qual a diferença que o senhor nota de quando o senhor não tinha Twitter e agora?
Sempre tive contato direto com as pessoas, independentemente de exercer ou não mandato eletivo. Mas sinto que o Twitter tem contribuído muito para que esse contato seja reforçado, inclusive porque ponho links para o Facebook, que também uso, para o meu blog http://www.lucianosiqueira.blogspot.com/ e para o site do meu mandato http://www.lucianosiqueira.com.br/, além do portal Vermelho http://www.vermelho.org.br/ e outros sites onde escrevo semanalmente. O Twitter, assim, uso como elo de uma rede de comunicação com eleitores e amigos.
Luciano Siqueira
24 março 2011
Armando sempre atento
O amigo senador Armando Monteiro me telefona para me cumprimentar pelo meu artigo ”Armando, João Paulo e a unidade da frente popular”, publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online), ontem. Armando é sempre muito atencioso e solidário.
23 março 2011
Boa noite, Fátima Venutti
Cicatrizes
Quando toco tua cicatriz,
Somatizo e sinto
Todas as raízes
De tuas outras cicatrizes.
Quando posto minhas mãos
Sobre tua cicatriz, adentro,
Profundo em teu caminho, me calo,
Na corredeira de tua perpétua dor.
É neste toque que eu te acolho.
É neste toque que tua dor afago.
É neste toque que respiro o teu passado.
Mas é nessas palmas que teu espírito eu embalo.
Quando toco tua cicatriz,
Recolho e incinero o teu passado
E regozijo infinitamente a tua alma.
Quando toco tua cicatriz,
Somatizo e sinto
Todas as raízes
De tuas outras cicatrizes.
Quando posto minhas mãos
Sobre tua cicatriz, adentro,
Profundo em teu caminho, me calo,
Na corredeira de tua perpétua dor.
É neste toque que eu te acolho.
É neste toque que tua dor afago.
É neste toque que respiro o teu passado.
Mas é nessas palmas que teu espírito eu embalo.
Quando toco tua cicatriz,
Recolho e incinero o teu passado
E regozijo infinitamente a tua alma.
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Armando, João Paulo e a unidade da Frente Popular
Luciano Siqueira
Os dedos das mãos não são iguais. Quem já não ouviu esse adágio popular ao longo da vida? Sabedoria pura, fio da meada do respeito à diversidade de opiniões e da tolerância; pressuposto da busca sincera da unidade. Pelo menos é assim que entendo – sobretudo no sempre surpreendente e muitas vezes complexo mundo da política.
Por isso é preciso muita tranquilidade diante de manifestações díspares quanto ao caminho a ser percorrido para atingir determinado objetivo. Por exemplo: não conheço, na Frente Popular (que empalma grandes responsabilidades diante do ciclo de crescimento que Pernambuco experimenta, prenhe de possibilidades e de desafios) nenhuma corrente política interessada em dividir ou dispersar essa coalizão vitoriosa. Há, sim – e é natural, compreensível e benéfico – especulações acerca dos caminhos a serem trilhados para que novas vitórias eleitorais possam consolidar os avanços econômicos e sociais alcançados.
Como teremos pela frente os pleitos de 2012 e de 2014, que darão ensejo ao embate de forças em torno dos rumos que o estado segue, em sintonia com as transformações em curso no país, também é natural que aqui e acolá se cogitem flexões quanto à equação a ser construída para manter e ampliar posições importantes (nas eleições municipais) e operar com êxito a futura sucessão de Eduardo Campos. Cogitar é um direito de cada um e não faz mal a ninguém.
Importa que não se dê à mosca a dimensão de um elefante. Melhor dizendo: não faz sentido explorar os fatos (ou as especulações) como se um tsunami estivesse por vir com grandes e irreparáveis fissuras na ampla coalizão partidária governista. Em nada ajuda tornar a versão (ao sabor da vontade de cada um) mais importante que o fato. A verdade dos fatos é que interessa.
Destaques no noticiário dos últimos dias, o senador Armando Monteiro (PTB) e o deputado João Paulo (PT) são inequivocamente dois líderes proeminentes da Frente Popular, plenamente conscientes dos papéis que cumprem e devem continuar a cumprir – incluindo a contribuição de ambos para o fortalecimento da Frente Popular via manutenção de sua unidade. Este é o fato. E deste fato só pode resultar benefícios na construção dos projetos eleitorais de 2012 e 2014.
Luciano Siqueira
Os dedos das mãos não são iguais. Quem já não ouviu esse adágio popular ao longo da vida? Sabedoria pura, fio da meada do respeito à diversidade de opiniões e da tolerância; pressuposto da busca sincera da unidade. Pelo menos é assim que entendo – sobretudo no sempre surpreendente e muitas vezes complexo mundo da política.
Por isso é preciso muita tranquilidade diante de manifestações díspares quanto ao caminho a ser percorrido para atingir determinado objetivo. Por exemplo: não conheço, na Frente Popular (que empalma grandes responsabilidades diante do ciclo de crescimento que Pernambuco experimenta, prenhe de possibilidades e de desafios) nenhuma corrente política interessada em dividir ou dispersar essa coalizão vitoriosa. Há, sim – e é natural, compreensível e benéfico – especulações acerca dos caminhos a serem trilhados para que novas vitórias eleitorais possam consolidar os avanços econômicos e sociais alcançados.
Como teremos pela frente os pleitos de 2012 e de 2014, que darão ensejo ao embate de forças em torno dos rumos que o estado segue, em sintonia com as transformações em curso no país, também é natural que aqui e acolá se cogitem flexões quanto à equação a ser construída para manter e ampliar posições importantes (nas eleições municipais) e operar com êxito a futura sucessão de Eduardo Campos. Cogitar é um direito de cada um e não faz mal a ninguém.
Importa que não se dê à mosca a dimensão de um elefante. Melhor dizendo: não faz sentido explorar os fatos (ou as especulações) como se um tsunami estivesse por vir com grandes e irreparáveis fissuras na ampla coalizão partidária governista. Em nada ajuda tornar a versão (ao sabor da vontade de cada um) mais importante que o fato. A verdade dos fatos é que interessa.
Destaques no noticiário dos últimos dias, o senador Armando Monteiro (PTB) e o deputado João Paulo (PT) são inequivocamente dois líderes proeminentes da Frente Popular, plenamente conscientes dos papéis que cumprem e devem continuar a cumprir – incluindo a contribuição de ambos para o fortalecimento da Frente Popular via manutenção de sua unidade. Este é o fato. E deste fato só pode resultar benefícios na construção dos projetos eleitorais de 2012 e 2014.
22 março 2011
A prosa poética de Vic
Carta da Quarta-feira de cinzas
Virgínia Barros, em seu blog Entre loucos e livres
Declaro solenemente que a partir deste momento me julgo suspeita e impedida de sentenciar sobre assuntos diversos. Não falarei mais sobre o Rio Capibaribe visto da Ponte Maurício de Nassau, pois não sou mais imparcial diante do melhor lugar da cidade para admirar e conversar sobre aquelas águas. Não cantarei mais Alceu Valença sem que minha memória me remeta a lembranças tão cheias de segredos e entregas. Não visitarei o Alto da Sé e olharei a paisagem da cidade sem um ar qualquer de despedida.
Faço saber que o Rio Capibaribe, as canções de Alceu Valença e o Alto da Sé não têm o mesmo sentido depois da ingrata Quarta-feira de cinzas deste ano de dois mil e onze, que me tomou de assalto mais do que as cores vibrantes do Carnaval. Me exponho, então, neste instante, como a moça que passa a conhecer todas as coisas do mundo novamente. Não sei nem falar mais sobre mim - descalça, tento medir meus limites, mas já não consigo definir as fronteiras.
“Ah, tudo invades tu, ah tudo invades.”
Virgínia Barros, em seu blog Entre loucos e livres
Declaro solenemente que a partir deste momento me julgo suspeita e impedida de sentenciar sobre assuntos diversos. Não falarei mais sobre o Rio Capibaribe visto da Ponte Maurício de Nassau, pois não sou mais imparcial diante do melhor lugar da cidade para admirar e conversar sobre aquelas águas. Não cantarei mais Alceu Valença sem que minha memória me remeta a lembranças tão cheias de segredos e entregas. Não visitarei o Alto da Sé e olharei a paisagem da cidade sem um ar qualquer de despedida.
Faço saber que o Rio Capibaribe, as canções de Alceu Valença e o Alto da Sé não têm o mesmo sentido depois da ingrata Quarta-feira de cinzas deste ano de dois mil e onze, que me tomou de assalto mais do que as cores vibrantes do Carnaval. Me exponho, então, neste instante, como a moça que passa a conhecer todas as coisas do mundo novamente. Não sei nem falar mais sobre mim - descalça, tento medir meus limites, mas já não consigo definir as fronteiras.
“Ah, tudo invades tu, ah tudo invades.”
Meu artigo semanal no Blog da Revista Algomais
Embriagados, mas nem tanto
Luciano Siqueira
- É isso, doutor. O Zé é um cara incrível. Jamais bebeu uma gota sequer de álcool.
- Nem para experimentar?
- Nada, nada. Abstêmio por princípio. Nunca provou o gosto da cachaça, da cerveja, do vinho, do uísque, nada mesmo.
- É do Zé, aquele nosso Zé de que você está falando?
- Ele mesmo. Não precisa beber, vive embriagado pela própria vaidade.
O comentário maledicente, que anotei quando ainda concluinte do curso médico estagiando no antigo Hospital Pedro II, traduzia a ciumeira de um bedel visivelmente interessado em contaminar minha confiança no colega de trabalho. Perda de tempo. Pois se o cara é trabalhador e eficiente, até o excesso de vaidade – essa praga que estraga talentos e rebaixa a competência de muita gente boa – perdôo. Demais, a ciumeira entre os dois funcionários era pura bobagem: o “doutor”, no caso eu mesmo, sempre me esforcei por tratar a todos com igual atenção.
Mas o tema é sempre atual. Permeia todas as esferas da vida, retratado no cinema (lembro de uma produção hollywoodiana “A embriaguês do sucesso”, estrelada por Burt Lancaster) e na trama de romances, contos, novelas e até em folhetos de cordel. A vaidade embriaga – e como toda embriaguês, aparentemente liberta, mas na verdade limita a expressão do que há de melhor na condição humana.
Na política a vaidade também faz seus estragos. Se o vaidoso não se contém, acaba submetendo o interesse comum a conveniências meramente pessoais e põe tudo a perder. Esse filme já vi muitas vezes. Assim como já vi a sábia modéstia remover obstáculos aparentemente instransponível e fazer vingar soluções de altíssimo nível na unificação de vontades dispares em torno de um projeto político comum.
Por isso lembro o bedel do Pedro II quando se precipitam no horizonte as primeiras démarches em relação ao pleito municipal de 2012. Que alguns se deixem embriagar é ate tolerável – é humano. Mas nem tanto, para que possamos encontrar as melhores soluções e, no plano local, seguir adiante nas transformações em curso no País.
Luciano Siqueira
- É isso, doutor. O Zé é um cara incrível. Jamais bebeu uma gota sequer de álcool.
- Nem para experimentar?
- Nada, nada. Abstêmio por princípio. Nunca provou o gosto da cachaça, da cerveja, do vinho, do uísque, nada mesmo.
- É do Zé, aquele nosso Zé de que você está falando?
- Ele mesmo. Não precisa beber, vive embriagado pela própria vaidade.
O comentário maledicente, que anotei quando ainda concluinte do curso médico estagiando no antigo Hospital Pedro II, traduzia a ciumeira de um bedel visivelmente interessado em contaminar minha confiança no colega de trabalho. Perda de tempo. Pois se o cara é trabalhador e eficiente, até o excesso de vaidade – essa praga que estraga talentos e rebaixa a competência de muita gente boa – perdôo. Demais, a ciumeira entre os dois funcionários era pura bobagem: o “doutor”, no caso eu mesmo, sempre me esforcei por tratar a todos com igual atenção.
Mas o tema é sempre atual. Permeia todas as esferas da vida, retratado no cinema (lembro de uma produção hollywoodiana “A embriaguês do sucesso”, estrelada por Burt Lancaster) e na trama de romances, contos, novelas e até em folhetos de cordel. A vaidade embriaga – e como toda embriaguês, aparentemente liberta, mas na verdade limita a expressão do que há de melhor na condição humana.
Na política a vaidade também faz seus estragos. Se o vaidoso não se contém, acaba submetendo o interesse comum a conveniências meramente pessoais e põe tudo a perder. Esse filme já vi muitas vezes. Assim como já vi a sábia modéstia remover obstáculos aparentemente instransponível e fazer vingar soluções de altíssimo nível na unificação de vontades dispares em torno de um projeto político comum.
Por isso lembro o bedel do Pedro II quando se precipitam no horizonte as primeiras démarches em relação ao pleito municipal de 2012. Que alguns se deixem embriagar é ate tolerável – é humano. Mas nem tanto, para que possamos encontrar as melhores soluções e, no plano local, seguir adiante nas transformações em curso no País.
21 março 2011
Para acompanhar a reforma política
Por indicação do líder da bancada da Frente Popular, Waldemar Borges (PSB), integro a Comissão Especial da Assembleia Legislativa destinada a acompanhar a reforma política, que tem como presidente o deputado Gustavo Negromonte (PMDB).
Contra agressão à Líbia
Na tribuna da Assembleia, abordei hoje a agressão imperialista à Líbia. Li a nota do Comitê Central do PCdoB. Os apartes dos deputados Oscar Barreto (PT), Toni Gel e Maviael Cavalcanti (ambos do DEM) foram de grande valia. Todos também condenaram a ação militar liderada pelos EUA.
19 março 2011
Verdade do poetinha
A dica de sábado é de Vinícius: "E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas."
18 março 2011
Medalha para Roberto e Lêucio
De São Paulo, cumprimento Roberto Moraes e Lêucio Lemos que recebem hoje a medalha do mérito “Frei Caneca”, no Tribunal Regional Eleitoral.
17 março 2011
História: 17 de março de 1973
Morto após 24 horas de torturas nas dependências do DOI-Codi/São Paulo o estudante Alexandre Vanuchi Leme, 22 anos, estudante de Geologia da USP. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).
Energia nuclear, um debate necessário
no Vermelho:
Além da natural comoção provocada por um desastre natural tão terrível quanto o terremoto que atingiu o Japão em 11 de março, outro impacto começa a se espalhar pelo mundo: o reforço do medo da energia nuclear e os protestos contra as usinas nucleares.
No Japão, o complexo nuclear de Fukushima foi seriamente afetado pela conjugação de terremoto e tsunami, que afetou as tubulações de refrigeração das usinas, causando aquecimento excessivo, explosões, vazamento de radiação (ainda leve, mas que pode aumentar) e o temor de superaquecimento e derretimento das barras dos núcleos dos reatores, que poderiam provocar um vazamento incontrolável de radiação.
Embora os técnicos japoneses tenham conseguido até agora manter as usinas sob controle e minimizar a contaminação de trabalhadores e de moradores da vizinhança das instalações, que foram retirados pelo governo, a fragilidade continua e a ameaça de um desastre maior permanece no ar.
As reações da imprensa mundial e de governos europeus têm oscilado entre a cautela e um certo alarmismo. Na Alemanha, o governo suspendeu as autorizações para novas centrais e vai fazer uma avaliação geral sobre a segurança das 17 que estão em funcionamento. Na Suíça (que tem cinco centrais nucleares), o governo tomou providência semelhante; na Áustria, onde não existem centrais nucleares, o governo vai propor a inspeção das que funcionam nos demais países europeus. Em Stuttgart (Alemanha), um protesto ocorrido dia 14 (segunda-feira) envolveu mais de 60 mil pessoas que fizeram uma fila de 45 quilômetros entre a cidade e a central nuclear de Neckarwestheim.
Na Europa, 15% da energia provêm de centrais nucleares, embora esse índice varie de país a país, com a França no topo com suas 58 usinas que produzem 75% de sua eletricidade. Mesmo na Índia, com suas 20 centrais nucleares, será feita a revisão dos sistemas de segurança, anunciou o governo em Nova Delhi.
No Brasil, o debate também aflora e já surgem opiniões, como a do físico José Goldemberg, contrárias à ampliação do parque nuclear – o país tem duas usinas em funcionamento (Angra 1 e Angra 2), já aprovou o financiamento da construção de Angra 3 e estuda a construção de outras quatro. O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, tem opinião contrária e não vê o acidente no Japão como "impedimento à expansão do parque nuclear no país” pois, garante, as “usinas nucleares têm se demonstrado seguras”.
Numa época como a nossa marcada pelo forte crescimento econômico de países pobres e, portanto, faminta por energia, o debate sobre a matriz energética é fundamental. Ele envolve a denúncia dos malefícios das tradicionais usinas termoelétricas, movidas a combustível sólido e responsáveis por graus cada vez mais inaceitáveis de contaminação ambiental, até a energia hidrelétrica (motivo de discussões apaixonadas no Brasil, veja-se o caso atual da usina de Belo Monte), o uso de energias alternativas, como a sempre citada energia eólica, até o emprego da energia nuclear. É preciso levar em conta, no debate, que esta é a energia limpa, de enorme potencial, mas envolvida numa aura de medo decorrente do risco que uma usina pode representar, como os graves acidentes de Three Mile Island (EUA, 1979) e Chernobyl (União Soviética, 1986) deixaram claro.
Este debate tem uma tendência à passionalidade e este é outro grande risco: ele precisa partir dos ensinamentos da ciência e das conquistas da técnica e ter muita transparência e larga difusão de informações. É preciso um debate transparente que permita às populações decidir com critérios sobre a construção de novas usinas nucleares e sua alternativa, a utilização de energias renováveis. Os defensores da energia nuclear devem informar a população sobre os verdadeiros riscos. Por outro lado, não é construtivo fazer concessões a visões idílicas e eludir a necessidade de produzir energia para fazer face às crescentes demandas da sociedade.
Além da natural comoção provocada por um desastre natural tão terrível quanto o terremoto que atingiu o Japão em 11 de março, outro impacto começa a se espalhar pelo mundo: o reforço do medo da energia nuclear e os protestos contra as usinas nucleares.
No Japão, o complexo nuclear de Fukushima foi seriamente afetado pela conjugação de terremoto e tsunami, que afetou as tubulações de refrigeração das usinas, causando aquecimento excessivo, explosões, vazamento de radiação (ainda leve, mas que pode aumentar) e o temor de superaquecimento e derretimento das barras dos núcleos dos reatores, que poderiam provocar um vazamento incontrolável de radiação.
Embora os técnicos japoneses tenham conseguido até agora manter as usinas sob controle e minimizar a contaminação de trabalhadores e de moradores da vizinhança das instalações, que foram retirados pelo governo, a fragilidade continua e a ameaça de um desastre maior permanece no ar.
As reações da imprensa mundial e de governos europeus têm oscilado entre a cautela e um certo alarmismo. Na Alemanha, o governo suspendeu as autorizações para novas centrais e vai fazer uma avaliação geral sobre a segurança das 17 que estão em funcionamento. Na Suíça (que tem cinco centrais nucleares), o governo tomou providência semelhante; na Áustria, onde não existem centrais nucleares, o governo vai propor a inspeção das que funcionam nos demais países europeus. Em Stuttgart (Alemanha), um protesto ocorrido dia 14 (segunda-feira) envolveu mais de 60 mil pessoas que fizeram uma fila de 45 quilômetros entre a cidade e a central nuclear de Neckarwestheim.
Na Europa, 15% da energia provêm de centrais nucleares, embora esse índice varie de país a país, com a França no topo com suas 58 usinas que produzem 75% de sua eletricidade. Mesmo na Índia, com suas 20 centrais nucleares, será feita a revisão dos sistemas de segurança, anunciou o governo em Nova Delhi.
No Brasil, o debate também aflora e já surgem opiniões, como a do físico José Goldemberg, contrárias à ampliação do parque nuclear – o país tem duas usinas em funcionamento (Angra 1 e Angra 2), já aprovou o financiamento da construção de Angra 3 e estuda a construção de outras quatro. O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Edson Kuramoto, tem opinião contrária e não vê o acidente no Japão como "impedimento à expansão do parque nuclear no país” pois, garante, as “usinas nucleares têm se demonstrado seguras”.
Numa época como a nossa marcada pelo forte crescimento econômico de países pobres e, portanto, faminta por energia, o debate sobre a matriz energética é fundamental. Ele envolve a denúncia dos malefícios das tradicionais usinas termoelétricas, movidas a combustível sólido e responsáveis por graus cada vez mais inaceitáveis de contaminação ambiental, até a energia hidrelétrica (motivo de discussões apaixonadas no Brasil, veja-se o caso atual da usina de Belo Monte), o uso de energias alternativas, como a sempre citada energia eólica, até o emprego da energia nuclear. É preciso levar em conta, no debate, que esta é a energia limpa, de enorme potencial, mas envolvida numa aura de medo decorrente do risco que uma usina pode representar, como os graves acidentes de Three Mile Island (EUA, 1979) e Chernobyl (União Soviética, 1986) deixaram claro.
Este debate tem uma tendência à passionalidade e este é outro grande risco: ele precisa partir dos ensinamentos da ciência e das conquistas da técnica e ter muita transparência e larga difusão de informações. É preciso um debate transparente que permita às populações decidir com critérios sobre a construção de novas usinas nucleares e sua alternativa, a utilização de energias renováveis. Os defensores da energia nuclear devem informar a população sobre os verdadeiros riscos. Por outro lado, não é construtivo fazer concessões a visões idílicas e eludir a necessidade de produzir energia para fazer face às crescentes demandas da sociedade.
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Ensaios de um novo cenário
Luciano Siqueira
Estamos nos primeiros cem dias do governo Dilma, cedo demais para firmar juízo de valor consistente. Entretanto, surgem sinais de um novo cenário em formação em que o papel dos agentes políticos tende a ser pelo menos parcialmente diverso do que ocorreu nos dois governos sucessivos do presidente Lula.
“Continuar é avançar”, dizia Dilma em campanha. “A presidenta inicia o governo com a faca e o queijo”, assinalavam analistas impressionados com a folgada vantagem das forças governistas no Senado e na Câmara dos Deputados. “Não contaremos com um cenário internacional favorável, teremos que explorar nossas próprias potencialidades”, anunciou a presidenta logo que confirmada a vitória nas urnas.
Ditas assim, as coisas pareciam arrumadas numa direção positiva. Mas a realidade não é tão simples. A começar que a maioria parlamentar guarda em seu âmago uma correlação de forças que não privilegia as correntes mais avançadas, comprometidas com um novo projeto de desenvolvimento do país que enterre por completo a herança neoliberal. A turma da meia embreagem é bem mais forte do que a turma da ruptura. Além disso, o núcleo duro do novo governo parece desprovido de convicções mudancistas mais profundas. E as principais decisões tomadas apontam um rumo muito modesto, para não dizer conservador.
As opções se colocam na ordem do dia – e o governo faz suas escolhas. Mantém basicamente a mesma equação monetarista que privilegia as metas anti-inflacionárias, o cambio flexível, a permeabilidade ao fluxo de capitais externos e a política de juros altos. E quando se trata de seguir transferindo renda, assume a quebra de braços com a representação sindical dos trabalhadores e impõe a alternativa mais austera.
Cálculo da Federação das Indústrias de São Paulo, citado em editorial do Vermelho, indica que o governo federal vai gastar com juros este ano 200 bilhões de reais, muito acima da soma dos gastos previstos com Saúde (72 bilhões) e Educação (60 bilhões). A elevação de 0,5 ponto percentual acrescenta nove bilhões de reais por ano à despesa pública, dinheiro que vai abastecer ainda mais os cofres improdutivos da oligarquia financeira. Ele daria, segundo a entidade dos industriais paulistas, para construir 390 mil casas do Minha Casa Minha vida ou custear mais da metade do Bolsa Família durante todo este ano.
Mais claro do que isso só a luz de um dia ensolarado. O que sugere a necessidade ingente de dois elementos de resistência: uma postura mais ofensiva das correntes à esquerda, no interior da coalizão governista; e um papel mais saliente do movimento social.
Se não é possível precisamente deslocar o eixo de gravidade das decisões governamentais dos gabinetes para as ruas, possível e necessário é fazer com que nas ruas se dê a legítima pressão em favor do desenvolvimento segundo os interesses fundamentais dos que vivem do trabalho.
Luciano Siqueira
Estamos nos primeiros cem dias do governo Dilma, cedo demais para firmar juízo de valor consistente. Entretanto, surgem sinais de um novo cenário em formação em que o papel dos agentes políticos tende a ser pelo menos parcialmente diverso do que ocorreu nos dois governos sucessivos do presidente Lula.
“Continuar é avançar”, dizia Dilma em campanha. “A presidenta inicia o governo com a faca e o queijo”, assinalavam analistas impressionados com a folgada vantagem das forças governistas no Senado e na Câmara dos Deputados. “Não contaremos com um cenário internacional favorável, teremos que explorar nossas próprias potencialidades”, anunciou a presidenta logo que confirmada a vitória nas urnas.
Ditas assim, as coisas pareciam arrumadas numa direção positiva. Mas a realidade não é tão simples. A começar que a maioria parlamentar guarda em seu âmago uma correlação de forças que não privilegia as correntes mais avançadas, comprometidas com um novo projeto de desenvolvimento do país que enterre por completo a herança neoliberal. A turma da meia embreagem é bem mais forte do que a turma da ruptura. Além disso, o núcleo duro do novo governo parece desprovido de convicções mudancistas mais profundas. E as principais decisões tomadas apontam um rumo muito modesto, para não dizer conservador.
As opções se colocam na ordem do dia – e o governo faz suas escolhas. Mantém basicamente a mesma equação monetarista que privilegia as metas anti-inflacionárias, o cambio flexível, a permeabilidade ao fluxo de capitais externos e a política de juros altos. E quando se trata de seguir transferindo renda, assume a quebra de braços com a representação sindical dos trabalhadores e impõe a alternativa mais austera.
Cálculo da Federação das Indústrias de São Paulo, citado em editorial do Vermelho, indica que o governo federal vai gastar com juros este ano 200 bilhões de reais, muito acima da soma dos gastos previstos com Saúde (72 bilhões) e Educação (60 bilhões). A elevação de 0,5 ponto percentual acrescenta nove bilhões de reais por ano à despesa pública, dinheiro que vai abastecer ainda mais os cofres improdutivos da oligarquia financeira. Ele daria, segundo a entidade dos industriais paulistas, para construir 390 mil casas do Minha Casa Minha vida ou custear mais da metade do Bolsa Família durante todo este ano.
Mais claro do que isso só a luz de um dia ensolarado. O que sugere a necessidade ingente de dois elementos de resistência: uma postura mais ofensiva das correntes à esquerda, no interior da coalizão governista; e um papel mais saliente do movimento social.
Se não é possível precisamente deslocar o eixo de gravidade das decisões governamentais dos gabinetes para as ruas, possível e necessário é fazer com que nas ruas se dê a legítima pressão em favor do desenvolvimento segundo os interesses fundamentais dos que vivem do trabalho.
Minha ausência no Todos por Pernambuco
Dias hoje a 19 Eduardo Campos inicia o Programa Todos por Pernambuco a partir de Petrolina. Impossível minha participação porque tenho tenho reunião do Comitê Central do PCdoB, em São Paulo, no mesmo período. Na próxima rodada estarei presente.
16 março 2011
Bom dia, Clóvis Campêlo
A síntese
Neguei todos os preceitos
como quem renega a vida,
atingindo o próprio peito,
dilacerando a ferida
(a mesma mão que afaga
acende o fogo e o apaga).
Fiz do mundo o seu avesso,
vestido de manto espesso
para ser inacessível,
e conclui o desfecho
na imensidão do impossível.
Neguei todos os preceitos
como quem renega a vida,
atingindo o próprio peito,
dilacerando a ferida
(a mesma mão que afaga
acende o fogo e o apaga).
Fiz do mundo o seu avesso,
vestido de manto espesso
para ser inacessível,
e conclui o desfecho
na imensidão do impossível.
15 março 2011
A íntegra de minhas opiniões no debate da Rádio Olinda
no site http://www.lucianosiqueira.com.br/
Antecipação do debate sobre sucessão municipal só interessa à oposição
A antecipação do debate sobre as eleições de 2012, a ditadura militar e a reforma política foram alguns dos temas da entrevista concedida pelo deputado Luciano Siqueira (PCdoB) ao jornalista Ciro Bezerra, da Rádio Olinda, na manhã desta segunda-feira (14). Veja abaixo os principais trechos da conversa, que contou ainda com a participação do cientista político Eli Ferreira.
Ciro Bezerra - Lendo os cadernos políticos dos nossos jornais vi que o senhor tentou colocar as rédeas no debate sobre a sucessão municipal em 2012, que o senhor diz exacerbado, extemporâneo, fora de tempo. Mas, está todo mundo falando disso. Em qualquer cidade que se chega hoje, as pessoas já estão se articulando para o ano que vem.
Luciano Siqueira - É natural. Na verdade, eu não quis por rédeas porque não tenho esse poder. Fui entrevistado pelo jornalista Ayrton Maciel e opinei sobre o assunto, expressei a minha opinião, a opinião do PCdoB. Veja bem, todos os partidos políticos estão se preparando para o próximo pleito, todos sem exceção, isso é uma coisa. Mas, outra coisa é abrir a discussão sobre a sucessão do Recife, que era o foco da matéria, de maneira muito antecipada, o que só interessa à oposição. Minha ponderação era em relação às forças que compõem a Frente Popular, não só ao próprio prefeito João da Costa, que ao voltar da licença do tratamento de saúde tomou a iniciativa de falar da sucessão e eu disse para ele que achava extemporâneo porque eu fiquei oito anos na Prefeitura do Recife ao lado de João Paulo, que dividia muita coisa do governo comigo, e sei como o episódio eleitoral repercute sobre a gestão.
O correto é o que Eduardo Campos fez. Eduardo Campos foi muito firme em não abrir a discussão sobre sucessão, há de ser no tempo devido, porque ele bem sabia que podia atrapalhar a obra do governo. A imprensa cumpre seu papal ao fustigar os políticos sobre o assunto. Agora cada um diz o que quer. O PCdoB vai disputar as eleições para prefeito em pelo menos 15 ou 16 cidades em Pernambuco, algumas delas cidades muito importantes, no entanto nós não estamos antecipando essa discussão. O que nós estamos é nos esforçando para compor nossa chapa de vereadores, até porque o que eu digo na matéria é que, se chamassem agora os partidos para discutir a sucessão de João da Costa, seja ele o próprio candidato à reeleição ou outro candidato, ninguém gostaria, ninguém queria, porque nenhum partido se sente preparado. A discussão será daqui a um ano quando então todos terão suas cartas a colocar à mesa.
Isso é da política. Eu já acompanho esse processo desde que saí da cadeia, desde 1978, e sei que no período pré-carnavalesco os jornais ficam com um espaço vazio e fustigam aqueles que não têm a língua presa, que falam sobre tudo. Cada um diz o que quer. Tudo bem. Mas, tem alguns que não queriam falar certas coisas porque, primeiro não correspondem ainda à realidade e segundo só podem criar desavenças e dificuldades.
A pauta atual é como Pernambuco pode dar sequência, dar sustentabilidade, a esse processo de desenvolvimento econômico e social tão rico que está empreendendo. A pauta do Recife, Olinda, Jaboatão, Camaragibe e assim por diante é como esses municípios podem se inserir nesse processo e corrigir suas distorções, dificuldades e problemas. Imagine, que as cidades aqui da Região Metropolitana Norte, que é a parte menos favorecida no desenvolvimento econômico de Pernambuco, a Metropolitana Sul é mais rica. Imagine se, ao invés de discutir os caminhos, as alternativas de se atrair investimento, de construir escolas técnicas para capacitar mão de obra para atender essas demandas do desenvolvimento econômico, os prefeitos estivessem debruçados sobre a própria sucessão, as coisas estariam invertidas, os carros colocados na frente dos bois e problemas criados desnecessariamente.
Vocês sabem que eu sou marxista e tem uma frase de Karl Marx que ele colocou num livrinho sobre economia, salário, preço e lucro que diz que a humanidade não coloca diante de si um problema que não possa resolver, a nossa tarefa é identificar a solução. O que ele que dizer com isso? Que não adianta também discutir, antecipadamente uma coisa que não está madura. Um cientista como Eli Ferreira usa muito a expressão “variável”, são muitas as variáveis, são muitos os fatores que vão interferir para formar o cenário das eleições 2012, a maioria já está a caminho. Para que se discutir agora? A não ser que as pessoas prefiram aquela norma, ou aquele lema: “Por que fazer as coisas de maneira simples, se podemos complicá-las?”
Dá nossa parte, do PCdoB e da minha parte, não temos a menor intenção de complicar nada, ao contrário, temos a intenção de ajudar e ajudar, sobretudo, para que os governos municipais e o governo Eduardo Campos possam realizar seus programas de governo a contento. E vamos discutir as eleições majoritárias no tempo devido. Enquanto isso, nós estamos não só preparando militantes do partido nos diversos municípios para a disputa de vereador, como de braços abertos acolhendo em nossas fileiras homens e mulheres honrados e desejosos de lutar pelo socialismo e interessados em realizar suas atividades políticas pelo PCdoB.
Temos de respeitar os tempos de governo, isso eu aprendi também na prefeitura, mesmo quando se trata de uma eleição, mesmo Eduardo Campos. Agora, você tem os primeiros oito meses que é de rearrumação do governo, de novas equipes, etc., depois você vai ter mais um ano, um ano e meio, de maturação dos projetos e realização das coisas. É no último um ano e meio de governo que você colhe o resultado do que você fez. Agora, se no meio do caminho passa a discutir eleições cai no imediatismo de fazer de todo jeito e fazer a toque de caixa.
CB - Para melhorar a imagem, tem essa aproximação do prefeito João da Costa com o mago das pesquisas que é o Lavareda. O senhor já parou para analisar isso, é bem-vindo Antônio Lavareda nas hostes dessa aliança dos senhores, uma vez que ele foi tão demonizado por esses mesmos senhores no passado, que trabalhou e ao lado de Jarbas Vasconcelos fez tanto para derrubar os governos que vocês participavam.
LS – Eu desconheço inteiramente esse assunto, vi uma referência em uma matéria de jornal e ninguém nunca me falou sobre isso e, sinceramente, não sei exatamente que tipo de aproximação, do ponto de vista de ideias, possa existir entre o prefeito João da Costa e Antônio Lavareda, com todo respeito ao que cada um pense. Eu tenho isso como regra de conduta: respeitar o pensamento de cada um. Agora, de fato ninguém me falou e, portanto, não é um assunto meu, é um assunto do prefeito João da Costa. Se for procedente a informação de que ele estaria em vias de contratar os préstimos do sociólogo Lavareda, então eu não tenho opinião sobre o assunto.
CB - Algumas pessoas fazem uma confusão, com a época do regime militar e o nível de campanha que nós temos hoje, em que cada um quer agredir o outro. Explique isso melhor, deputado.
LS - Não sei se Eli (Ferreira) concorda comigo, mas eu tenho impressão de que uma parcela desses marqueteiros e políticos que vieram da luta pela redemocratização, contra a ditadura militar, se confundiu com dois fatos. Primeiro, no período do regime militar, campanha de 1982, por exemplo, foram eleitos no Brasil inteiro candidatos que se manifestaram mais agressivos, portanto, mais corajosos na denúncia contra o regime. Isso é uma coisa. A população precisava sentir a necessidade de porta vozes que expressassem o sentimento de revolta. Na eleição de 1985, no Recife, Jarbas ia perder as eleições para Sérgio Murilo e na reta final da campanha, salvo engano meu, com 18% de diferença pró Sergio Murilo, surgiu uma denúncia que Sergio Murilo teria assassinado um motorista, alguém que tenha tido uma altercação com ele em Carpina. Essa denúncia era divulgada através de panfletos apócrifos pegando a periferia da cidade e a campanha de Sérgio Murilo cometeu um erro grave ao colocar o então deputado, hoje presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto Oliveira, para ir à televisão explicar o fato.
Eu assistia ao programa eleitoral, pela TV, com minha sogra, uma pessoa de origem, muito humilde, e quando Carlos Alberto terminou de explicar ela disse assim: “Mas, não está certo, porque ele foi agredido por um rapaz de porrete na mão e ele reagiu com bala”. Ou seja, a população do Recife rejeitou votar num candidato a prefeito que era autor material de um crime de morte, uma notícia que era circunscrita a uma parcela da população veio à tona. Aí Jarbas ganha as eleições de maneira espetacular. A partir daí muitos desses que eram nossos companheiros na época e hoje são nossos adversários, encararam a ideia de que para ganhar as eleições tem que ir para o desaforo. Essa não é minha experiência, a população rejeita o desaforo, ela está cansada disso.
Vejam a campanha de 2000. Roberto Magalhães tinha mais de 70% de avaliação positiva de sua gestão, era franco favorito à reeleição. Temendo o crescimento de Carlos Wilson, a campanha de Roberto Magalhães fez uma campanha difamatória no sentido de destruir o concorrente. A campanha de Carlos Wilson usou com muita espiritualidade o “Mané Chinês”, o nosso “velho mangaba”. Nós víamos nas pesquisas que as agressões da campanha de Roberto Magalhães e as respostas jocosas da campanha de Carlos Wilson não davam votos a nenhum dos dois, pelo contrário o eleitor ia se cansando de ambos, rejeitando a truculência da campanha de Roberto Magalhães e migrava para João Paulo, que tinha começado com 4% das intenções de voto.
CB - Temos as prefeituras de Olinda e Camaragibe lideradas pelo PCdoB. Existem outras em Pernambuco? Em relação a João Lemos, ele tem uma boa relação com o governador? O PCdoB interfere nessa relação?
LS – O PCdoB tem as prefeituras de Sanharó e Goiana. Sim, João tem uma boa relação com Eduardo Campos. Agora, ele enfrenta uma situação muito dura. Em geral, as prefeituras sentiram o impacto da chamada crise global, que incidiu sobre a queda da arrecadação. Todos tiveram de conter despesas, não renovar contratos de prestação de serviço. Isso prejudicou em parte a prestação de serviços públicos essenciais à população e assim por diante. No caso de Camaragibe, salvo engano, a cifra é em torno de R$ 800 mil/mês perdidos com a redução do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Isso porque, de tempos em tempos, o IBGE calcula a população e isso é um elemento importante no cálculo do repasse do FPM.
Ainda no governo Lula, ele socorreu os municípios, pois não seria justo que a União se livrasse do problema e os municípios assumissem toda a carga, até porque desde a Constituição de 1988 continuam sendo gradativamente transferidas para o município responsabilidades que anteriormente eram da União sem a devida correspondência financeira. Governar os municípios não é fácil, é preciso muito esforço e muita determinação e fazer como João Lemos faz, como João Paulo fazia e acredito que João da Costa também esteja fazendo: controlar com mão de ferro a execução orçamentária. Se o prefeito perde o controle da execução orçamentária em um mês, ele vai passar um ano tentando corrigir e restabelecer a normalidade financeira da prefeitura e é difícil conseguir.
Todos os prefeitos, os que são operosos e estão emprenhados em realizar as suas ações, agora é que começam a colher os frutos disso. Vejam o caso de Olinda. A Prefeitura de Olinda está sendo muito elogiada, inclusive pela a presidenta Dilma e também nos ministérios porque é um exemplo na execução das obras do PAC. Isso significa dizer que Olinda não tem problemas? Tem muitos problemas. Até porque é uma cidade que tem uma receita 1/12 menor do que a do Recife e uma população que se aproxima de um terço da população do Recife. São muitos problemas. É uma cidade dormitório, que vive do turismo, mas tem pouco porque não tem rede hoteleira. No entanto, é um canteiro de obras.
Existe mil formas de um prefeito se comunicar com a população. Agora, eu aprendi isso pela observação, é mais intuitivo: obra física que beneficia a população é a obra nos corredores de trânsito, na orla, no centro da cidade e nas áreas mais pobres, para facilitar as condições de vida. Obras físicas é a principal forma de uma gestão se comunicar com a população. Qual é o desafio de João da Costa? É mais de um bilhão de reais para investir em obras, é realiza-las, é dar capacidade realizadora ao governo. Se der tempo ele fazer, a avaliação do governo crescerá muito. Mas, isso não quer dizer tudo, pois, como eu citei, Roberto Magalhães tinha 70% de aprovação e perdeu as eleições.
No começo de abril, nós vamos voltar às ruas e fazer o que fizemos quando nos elegemos vereador. Vamos voltar às ruas, aos semáforos, com um panfleto divulgando nosso site na internet, onde as pessoas podem acessar e ver diariamente o que nós estamos fazendo, realizando, com quem estamos tratando, com o nosso endereço no Twitter, no Facebook e todos os telefones do escritório e gabinete, além do e-mail, e pedindo à população que fiscalize, cobre e critique o mandato.
Eu estava dizendo a Eli (Ferreira) antes de começar o programa que em um ano e meio de mandato nós reunimos mais de 1.200 pessoas na Câmara do Recife em audiências públicas sobre questões importante da vida da cidade e resultou boa parte em projetos de lei e outras ações com resultados práticos. Acho que é possível fazer isso também na Assembleia Legislativa, é obrigação fazer sob o olhar crítico da população. Se o povo brasileiro acompanhasse ativamente a atividade dos políticos que elegem talvez a renovação da política pudesse se dar de maneira acelerada.
Eu fiz praticamente a campanha só no Recife. Olinda eu não permiti que ninguém fizesse campanha para mim. A todos que vieram fazer minha campanha, eu sugeri que em Olinda fizesse a campanha de Luciano Moura. Mas, na campanha estive em Goiana e já fui almoçar duas vezes com o prefeito Henrique Fenelon me sentindo obrigado a honrar os compromissos que assumi de ajudar e apoiar os esforços daquela região da Mata Norte para se inserir no processo de desenvolvimento de Pernambuco.
CB – Luciana Santos vai para o Ministério do Esporte?
LS - Pergunte a presidenta Dilma.
CB - Dilma disse que não ia fazer ajuste fiscal e está cortando R$ 50 bilhões de cara...
LS - Não é ajuste fiscal é corte de custeio, é uma coisa diferente, uma parte ruim da medida da Dilma é o aumento dos juros, ai sim, é complicado porque inibe o desenvolvimento econômico.
CB - João é João?
LS – Politicamente eu ainda acredito que sim porque a linha de governo é a mesma. Mas, do ponto de vista pessoal eu daria um milhão de reais, se tivesse, para reaproximá-los para o bem da cidade do Recife.
CB - João Paulo deixa o PT?
LS – Eu converso muito com João Paulo somos muitos amigos, temos muita confiança um no outro, mas não sei dizer se ele deixaria o PT.
CB - Ninguém está batendo em Eduardo Campos, ele está solto na buraqueira. Não tem nada errado neste governo?
LS – Não, fazem críticas também. Eu quero dizer a você que mesmo sendo da bancada do governo, não em um tom de oposição, mas quando achar conveniente, devo também oferecer a crítica ao governador. Pior amigo é aquele que concorda com tudo, bom amigo é aquele que adverte e aponta eventuais equívocos.
CB - Os trabalhos legislativos retornam hoje após o carnaval. O que o senhor vai debater na Assembleia?
LS - Nós estamos preparando um pedido de informação sobre a relação entre os empreendimentos industriais sediados no Complexo Portuário de Suape e a questão ambiental. Faz parte do programa de governo de Eduardo Campos o desenvolvimento com equilíbrio, com a garantia de sustentabilidade ambiental, e nós vamos conferir isso cumprindo o dever do Poder Legislativo de acompanhar e fiscalizar, como também destacar as medidas positivas que porventura estejam sendo tomadas.
CB – E a reforma politica?
LS - Eu não acredito que vá ter reforma política e se houver agora ela será ruim. É verdade que nesta eleição se debateu um pouco a reforma politica, mas muito pouco, e a composição das comissões é proporcional ao tamanho das bancadas e aí o partido resolve indicar um deputado que não tem uma boa imagem para aquela comissão e os outros devem acatar porque é proporcional ao tamanho da bancada.
CB – Como explicar o alinhamento do PCdoB de São Paulo com (Gilberto) Kassab (DEM)? Agora, Kassab não vai nem para o PMDB, nem para o PCdoB, vai para um partido que ele vai fundar...
LS - Não há alinhamento do PCdoB com Kassab, há um diálogo. O que acontece é que se ele funda um novo partido e migra para a base do governo seria uma atitude de intolerância se eu dissesse: “Eu não quero você aqui, vá para lá e brigue comigo”. Existem maneiras de absorver o apoio. Outra coisa seria se eu dissesse; “Venha, agora meu programa não muda”. Se ele quisesse, se uniria ao nosso projeto. Apoio não significa adesão.
Da Redação do site.
Antecipação do debate sobre sucessão municipal só interessa à oposição
A antecipação do debate sobre as eleições de 2012, a ditadura militar e a reforma política foram alguns dos temas da entrevista concedida pelo deputado Luciano Siqueira (PCdoB) ao jornalista Ciro Bezerra, da Rádio Olinda, na manhã desta segunda-feira (14). Veja abaixo os principais trechos da conversa, que contou ainda com a participação do cientista político Eli Ferreira.
Ciro Bezerra - Lendo os cadernos políticos dos nossos jornais vi que o senhor tentou colocar as rédeas no debate sobre a sucessão municipal em 2012, que o senhor diz exacerbado, extemporâneo, fora de tempo. Mas, está todo mundo falando disso. Em qualquer cidade que se chega hoje, as pessoas já estão se articulando para o ano que vem.
Luciano Siqueira - É natural. Na verdade, eu não quis por rédeas porque não tenho esse poder. Fui entrevistado pelo jornalista Ayrton Maciel e opinei sobre o assunto, expressei a minha opinião, a opinião do PCdoB. Veja bem, todos os partidos políticos estão se preparando para o próximo pleito, todos sem exceção, isso é uma coisa. Mas, outra coisa é abrir a discussão sobre a sucessão do Recife, que era o foco da matéria, de maneira muito antecipada, o que só interessa à oposição. Minha ponderação era em relação às forças que compõem a Frente Popular, não só ao próprio prefeito João da Costa, que ao voltar da licença do tratamento de saúde tomou a iniciativa de falar da sucessão e eu disse para ele que achava extemporâneo porque eu fiquei oito anos na Prefeitura do Recife ao lado de João Paulo, que dividia muita coisa do governo comigo, e sei como o episódio eleitoral repercute sobre a gestão.
O correto é o que Eduardo Campos fez. Eduardo Campos foi muito firme em não abrir a discussão sobre sucessão, há de ser no tempo devido, porque ele bem sabia que podia atrapalhar a obra do governo. A imprensa cumpre seu papal ao fustigar os políticos sobre o assunto. Agora cada um diz o que quer. O PCdoB vai disputar as eleições para prefeito em pelo menos 15 ou 16 cidades em Pernambuco, algumas delas cidades muito importantes, no entanto nós não estamos antecipando essa discussão. O que nós estamos é nos esforçando para compor nossa chapa de vereadores, até porque o que eu digo na matéria é que, se chamassem agora os partidos para discutir a sucessão de João da Costa, seja ele o próprio candidato à reeleição ou outro candidato, ninguém gostaria, ninguém queria, porque nenhum partido se sente preparado. A discussão será daqui a um ano quando então todos terão suas cartas a colocar à mesa.
Isso é da política. Eu já acompanho esse processo desde que saí da cadeia, desde 1978, e sei que no período pré-carnavalesco os jornais ficam com um espaço vazio e fustigam aqueles que não têm a língua presa, que falam sobre tudo. Cada um diz o que quer. Tudo bem. Mas, tem alguns que não queriam falar certas coisas porque, primeiro não correspondem ainda à realidade e segundo só podem criar desavenças e dificuldades.
A pauta atual é como Pernambuco pode dar sequência, dar sustentabilidade, a esse processo de desenvolvimento econômico e social tão rico que está empreendendo. A pauta do Recife, Olinda, Jaboatão, Camaragibe e assim por diante é como esses municípios podem se inserir nesse processo e corrigir suas distorções, dificuldades e problemas. Imagine, que as cidades aqui da Região Metropolitana Norte, que é a parte menos favorecida no desenvolvimento econômico de Pernambuco, a Metropolitana Sul é mais rica. Imagine se, ao invés de discutir os caminhos, as alternativas de se atrair investimento, de construir escolas técnicas para capacitar mão de obra para atender essas demandas do desenvolvimento econômico, os prefeitos estivessem debruçados sobre a própria sucessão, as coisas estariam invertidas, os carros colocados na frente dos bois e problemas criados desnecessariamente.
Vocês sabem que eu sou marxista e tem uma frase de Karl Marx que ele colocou num livrinho sobre economia, salário, preço e lucro que diz que a humanidade não coloca diante de si um problema que não possa resolver, a nossa tarefa é identificar a solução. O que ele que dizer com isso? Que não adianta também discutir, antecipadamente uma coisa que não está madura. Um cientista como Eli Ferreira usa muito a expressão “variável”, são muitas as variáveis, são muitos os fatores que vão interferir para formar o cenário das eleições 2012, a maioria já está a caminho. Para que se discutir agora? A não ser que as pessoas prefiram aquela norma, ou aquele lema: “Por que fazer as coisas de maneira simples, se podemos complicá-las?”
Dá nossa parte, do PCdoB e da minha parte, não temos a menor intenção de complicar nada, ao contrário, temos a intenção de ajudar e ajudar, sobretudo, para que os governos municipais e o governo Eduardo Campos possam realizar seus programas de governo a contento. E vamos discutir as eleições majoritárias no tempo devido. Enquanto isso, nós estamos não só preparando militantes do partido nos diversos municípios para a disputa de vereador, como de braços abertos acolhendo em nossas fileiras homens e mulheres honrados e desejosos de lutar pelo socialismo e interessados em realizar suas atividades políticas pelo PCdoB.
Temos de respeitar os tempos de governo, isso eu aprendi também na prefeitura, mesmo quando se trata de uma eleição, mesmo Eduardo Campos. Agora, você tem os primeiros oito meses que é de rearrumação do governo, de novas equipes, etc., depois você vai ter mais um ano, um ano e meio, de maturação dos projetos e realização das coisas. É no último um ano e meio de governo que você colhe o resultado do que você fez. Agora, se no meio do caminho passa a discutir eleições cai no imediatismo de fazer de todo jeito e fazer a toque de caixa.
CB - Para melhorar a imagem, tem essa aproximação do prefeito João da Costa com o mago das pesquisas que é o Lavareda. O senhor já parou para analisar isso, é bem-vindo Antônio Lavareda nas hostes dessa aliança dos senhores, uma vez que ele foi tão demonizado por esses mesmos senhores no passado, que trabalhou e ao lado de Jarbas Vasconcelos fez tanto para derrubar os governos que vocês participavam.
LS – Eu desconheço inteiramente esse assunto, vi uma referência em uma matéria de jornal e ninguém nunca me falou sobre isso e, sinceramente, não sei exatamente que tipo de aproximação, do ponto de vista de ideias, possa existir entre o prefeito João da Costa e Antônio Lavareda, com todo respeito ao que cada um pense. Eu tenho isso como regra de conduta: respeitar o pensamento de cada um. Agora, de fato ninguém me falou e, portanto, não é um assunto meu, é um assunto do prefeito João da Costa. Se for procedente a informação de que ele estaria em vias de contratar os préstimos do sociólogo Lavareda, então eu não tenho opinião sobre o assunto.
CB - Algumas pessoas fazem uma confusão, com a época do regime militar e o nível de campanha que nós temos hoje, em que cada um quer agredir o outro. Explique isso melhor, deputado.
LS - Não sei se Eli (Ferreira) concorda comigo, mas eu tenho impressão de que uma parcela desses marqueteiros e políticos que vieram da luta pela redemocratização, contra a ditadura militar, se confundiu com dois fatos. Primeiro, no período do regime militar, campanha de 1982, por exemplo, foram eleitos no Brasil inteiro candidatos que se manifestaram mais agressivos, portanto, mais corajosos na denúncia contra o regime. Isso é uma coisa. A população precisava sentir a necessidade de porta vozes que expressassem o sentimento de revolta. Na eleição de 1985, no Recife, Jarbas ia perder as eleições para Sérgio Murilo e na reta final da campanha, salvo engano meu, com 18% de diferença pró Sergio Murilo, surgiu uma denúncia que Sergio Murilo teria assassinado um motorista, alguém que tenha tido uma altercação com ele em Carpina. Essa denúncia era divulgada através de panfletos apócrifos pegando a periferia da cidade e a campanha de Sérgio Murilo cometeu um erro grave ao colocar o então deputado, hoje presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Carlos Alberto Oliveira, para ir à televisão explicar o fato.
Eu assistia ao programa eleitoral, pela TV, com minha sogra, uma pessoa de origem, muito humilde, e quando Carlos Alberto terminou de explicar ela disse assim: “Mas, não está certo, porque ele foi agredido por um rapaz de porrete na mão e ele reagiu com bala”. Ou seja, a população do Recife rejeitou votar num candidato a prefeito que era autor material de um crime de morte, uma notícia que era circunscrita a uma parcela da população veio à tona. Aí Jarbas ganha as eleições de maneira espetacular. A partir daí muitos desses que eram nossos companheiros na época e hoje são nossos adversários, encararam a ideia de que para ganhar as eleições tem que ir para o desaforo. Essa não é minha experiência, a população rejeita o desaforo, ela está cansada disso.
Vejam a campanha de 2000. Roberto Magalhães tinha mais de 70% de avaliação positiva de sua gestão, era franco favorito à reeleição. Temendo o crescimento de Carlos Wilson, a campanha de Roberto Magalhães fez uma campanha difamatória no sentido de destruir o concorrente. A campanha de Carlos Wilson usou com muita espiritualidade o “Mané Chinês”, o nosso “velho mangaba”. Nós víamos nas pesquisas que as agressões da campanha de Roberto Magalhães e as respostas jocosas da campanha de Carlos Wilson não davam votos a nenhum dos dois, pelo contrário o eleitor ia se cansando de ambos, rejeitando a truculência da campanha de Roberto Magalhães e migrava para João Paulo, que tinha começado com 4% das intenções de voto.
CB - Temos as prefeituras de Olinda e Camaragibe lideradas pelo PCdoB. Existem outras em Pernambuco? Em relação a João Lemos, ele tem uma boa relação com o governador? O PCdoB interfere nessa relação?
LS – O PCdoB tem as prefeituras de Sanharó e Goiana. Sim, João tem uma boa relação com Eduardo Campos. Agora, ele enfrenta uma situação muito dura. Em geral, as prefeituras sentiram o impacto da chamada crise global, que incidiu sobre a queda da arrecadação. Todos tiveram de conter despesas, não renovar contratos de prestação de serviço. Isso prejudicou em parte a prestação de serviços públicos essenciais à população e assim por diante. No caso de Camaragibe, salvo engano, a cifra é em torno de R$ 800 mil/mês perdidos com a redução do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Isso porque, de tempos em tempos, o IBGE calcula a população e isso é um elemento importante no cálculo do repasse do FPM.
Ainda no governo Lula, ele socorreu os municípios, pois não seria justo que a União se livrasse do problema e os municípios assumissem toda a carga, até porque desde a Constituição de 1988 continuam sendo gradativamente transferidas para o município responsabilidades que anteriormente eram da União sem a devida correspondência financeira. Governar os municípios não é fácil, é preciso muito esforço e muita determinação e fazer como João Lemos faz, como João Paulo fazia e acredito que João da Costa também esteja fazendo: controlar com mão de ferro a execução orçamentária. Se o prefeito perde o controle da execução orçamentária em um mês, ele vai passar um ano tentando corrigir e restabelecer a normalidade financeira da prefeitura e é difícil conseguir.
Todos os prefeitos, os que são operosos e estão emprenhados em realizar as suas ações, agora é que começam a colher os frutos disso. Vejam o caso de Olinda. A Prefeitura de Olinda está sendo muito elogiada, inclusive pela a presidenta Dilma e também nos ministérios porque é um exemplo na execução das obras do PAC. Isso significa dizer que Olinda não tem problemas? Tem muitos problemas. Até porque é uma cidade que tem uma receita 1/12 menor do que a do Recife e uma população que se aproxima de um terço da população do Recife. São muitos problemas. É uma cidade dormitório, que vive do turismo, mas tem pouco porque não tem rede hoteleira. No entanto, é um canteiro de obras.
Existe mil formas de um prefeito se comunicar com a população. Agora, eu aprendi isso pela observação, é mais intuitivo: obra física que beneficia a população é a obra nos corredores de trânsito, na orla, no centro da cidade e nas áreas mais pobres, para facilitar as condições de vida. Obras físicas é a principal forma de uma gestão se comunicar com a população. Qual é o desafio de João da Costa? É mais de um bilhão de reais para investir em obras, é realiza-las, é dar capacidade realizadora ao governo. Se der tempo ele fazer, a avaliação do governo crescerá muito. Mas, isso não quer dizer tudo, pois, como eu citei, Roberto Magalhães tinha 70% de aprovação e perdeu as eleições.
No começo de abril, nós vamos voltar às ruas e fazer o que fizemos quando nos elegemos vereador. Vamos voltar às ruas, aos semáforos, com um panfleto divulgando nosso site na internet, onde as pessoas podem acessar e ver diariamente o que nós estamos fazendo, realizando, com quem estamos tratando, com o nosso endereço no Twitter, no Facebook e todos os telefones do escritório e gabinete, além do e-mail, e pedindo à população que fiscalize, cobre e critique o mandato.
Eu estava dizendo a Eli (Ferreira) antes de começar o programa que em um ano e meio de mandato nós reunimos mais de 1.200 pessoas na Câmara do Recife em audiências públicas sobre questões importante da vida da cidade e resultou boa parte em projetos de lei e outras ações com resultados práticos. Acho que é possível fazer isso também na Assembleia Legislativa, é obrigação fazer sob o olhar crítico da população. Se o povo brasileiro acompanhasse ativamente a atividade dos políticos que elegem talvez a renovação da política pudesse se dar de maneira acelerada.
Eu fiz praticamente a campanha só no Recife. Olinda eu não permiti que ninguém fizesse campanha para mim. A todos que vieram fazer minha campanha, eu sugeri que em Olinda fizesse a campanha de Luciano Moura. Mas, na campanha estive em Goiana e já fui almoçar duas vezes com o prefeito Henrique Fenelon me sentindo obrigado a honrar os compromissos que assumi de ajudar e apoiar os esforços daquela região da Mata Norte para se inserir no processo de desenvolvimento de Pernambuco.
CB – Luciana Santos vai para o Ministério do Esporte?
LS - Pergunte a presidenta Dilma.
CB - Dilma disse que não ia fazer ajuste fiscal e está cortando R$ 50 bilhões de cara...
LS - Não é ajuste fiscal é corte de custeio, é uma coisa diferente, uma parte ruim da medida da Dilma é o aumento dos juros, ai sim, é complicado porque inibe o desenvolvimento econômico.
CB - João é João?
LS – Politicamente eu ainda acredito que sim porque a linha de governo é a mesma. Mas, do ponto de vista pessoal eu daria um milhão de reais, se tivesse, para reaproximá-los para o bem da cidade do Recife.
CB - João Paulo deixa o PT?
LS – Eu converso muito com João Paulo somos muitos amigos, temos muita confiança um no outro, mas não sei dizer se ele deixaria o PT.
CB - Ninguém está batendo em Eduardo Campos, ele está solto na buraqueira. Não tem nada errado neste governo?
LS – Não, fazem críticas também. Eu quero dizer a você que mesmo sendo da bancada do governo, não em um tom de oposição, mas quando achar conveniente, devo também oferecer a crítica ao governador. Pior amigo é aquele que concorda com tudo, bom amigo é aquele que adverte e aponta eventuais equívocos.
CB - Os trabalhos legislativos retornam hoje após o carnaval. O que o senhor vai debater na Assembleia?
LS - Nós estamos preparando um pedido de informação sobre a relação entre os empreendimentos industriais sediados no Complexo Portuário de Suape e a questão ambiental. Faz parte do programa de governo de Eduardo Campos o desenvolvimento com equilíbrio, com a garantia de sustentabilidade ambiental, e nós vamos conferir isso cumprindo o dever do Poder Legislativo de acompanhar e fiscalizar, como também destacar as medidas positivas que porventura estejam sendo tomadas.
CB – E a reforma politica?
LS - Eu não acredito que vá ter reforma política e se houver agora ela será ruim. É verdade que nesta eleição se debateu um pouco a reforma politica, mas muito pouco, e a composição das comissões é proporcional ao tamanho das bancadas e aí o partido resolve indicar um deputado que não tem uma boa imagem para aquela comissão e os outros devem acatar porque é proporcional ao tamanho da bancada.
CB – Como explicar o alinhamento do PCdoB de São Paulo com (Gilberto) Kassab (DEM)? Agora, Kassab não vai nem para o PMDB, nem para o PCdoB, vai para um partido que ele vai fundar...
LS - Não há alinhamento do PCdoB com Kassab, há um diálogo. O que acontece é que se ele funda um novo partido e migra para a base do governo seria uma atitude de intolerância se eu dissesse: “Eu não quero você aqui, vá para lá e brigue comigo”. Existem maneiras de absorver o apoio. Outra coisa seria se eu dissesse; “Venha, agora meu programa não muda”. Se ele quisesse, se uniria ao nosso projeto. Apoio não significa adesão.
Da Redação do site.
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Kassab, amplitude e pluralidade
Luciano Siqueira
Em política, se é certo que tudo pode acontecer, é igualmente certo que em alguns casos é melhor esperar para conferir – sem precipitações. É o que se dá com a movimentação do prefeito Gilberto Kassab (DEM), de São Paulo, supostamente no sentido de formar nova legenda partidária e, desse modo, transferir-se para a base de apoio ao governo Dilma. No meio do caminho, a interlocução com correntes de esquerda, destacadamente o PSB do governador Eduardo Campos.
O DEM naturalmente se sente incomodado com isso. Pode perder o governo da maior cidade do país, terceiro PIB nacional (atrás apenas da União e do estado de São Paulo), de importante influência na cena política. E, dessa forma, se enfraquecer mais ainda, desmilinguido que saiu das últimas eleições gerais.
De outra parte, à esquerda, registram-se manifestações de desacordo em relação à possível mudança de posição do prefeito paulistano. A deputada Luiza Erundina, por exemplo, tem manifestado desconforto com a aproximação de Kassab com o seu partido, o PSB.
Confirmando-se a fundação do novo partido – que, especula-se, contaria inicialmente com cerca de vinte deputados federais – e o deslocamento de Kassab e seguidores para o centro-esquerda, a rigor não se tratará de fenômeno original na cena política. Num país marcado por enormes desigualdades e diversidades regionais, em cuja história institucional não pontificam legendas partidárias sólidas e duradouras (exceção do Partido Comunista que se mantém ativo há exatos oitenta e nove anos), o surgimento de novos partidos de características meramente conjunturais, assim como a transferência de grupos políticos de um campo a outro tem sido comum. Basta que se examine a ampla base de sustentação do governo Dilma e, na província, do governo Eduardo Campos, para se constatar que parte considerável dos que hoje se aliam à esquerda esteve perfilada no centro-direita na “era FHC” (para não retroagirmos mais longe).
A questão é se cabe ou não às correntes de esquerda que nucleiam o projeto nacional em curso devem ou não agregar novos apoios. Parece óbvio que sim, tal como se acontecesse em meio a um confronto aberto entre exércitos poderosos e, num dado instante, destacamentos do inimigo, por razões diversas, resolvessem migrar para nossas hostes. Não teria sentido solicitar aos novos aliados que voltassem às fileiras inimigas e combatessem contra nós. Trata-se, pois, de alteração na correlação de forças – saudável, desde que as novas adesões não signifiquem mudança de rumo, nem alteração substancial do programa estabelecido.
Superar definitivamente os entraves de cunho neoliberal que travam o desenvolvimento do país implica juntar forças as mais amplas possíveis, administrando com habilidade e consequência a complexa pluralidade estabelecida na coalizão governista – que ganhará reforço se o prefeito paulistano e seu grupo confirmarem a propalada travessia.
Luciano Siqueira
Em política, se é certo que tudo pode acontecer, é igualmente certo que em alguns casos é melhor esperar para conferir – sem precipitações. É o que se dá com a movimentação do prefeito Gilberto Kassab (DEM), de São Paulo, supostamente no sentido de formar nova legenda partidária e, desse modo, transferir-se para a base de apoio ao governo Dilma. No meio do caminho, a interlocução com correntes de esquerda, destacadamente o PSB do governador Eduardo Campos.
O DEM naturalmente se sente incomodado com isso. Pode perder o governo da maior cidade do país, terceiro PIB nacional (atrás apenas da União e do estado de São Paulo), de importante influência na cena política. E, dessa forma, se enfraquecer mais ainda, desmilinguido que saiu das últimas eleições gerais.
De outra parte, à esquerda, registram-se manifestações de desacordo em relação à possível mudança de posição do prefeito paulistano. A deputada Luiza Erundina, por exemplo, tem manifestado desconforto com a aproximação de Kassab com o seu partido, o PSB.
Confirmando-se a fundação do novo partido – que, especula-se, contaria inicialmente com cerca de vinte deputados federais – e o deslocamento de Kassab e seguidores para o centro-esquerda, a rigor não se tratará de fenômeno original na cena política. Num país marcado por enormes desigualdades e diversidades regionais, em cuja história institucional não pontificam legendas partidárias sólidas e duradouras (exceção do Partido Comunista que se mantém ativo há exatos oitenta e nove anos), o surgimento de novos partidos de características meramente conjunturais, assim como a transferência de grupos políticos de um campo a outro tem sido comum. Basta que se examine a ampla base de sustentação do governo Dilma e, na província, do governo Eduardo Campos, para se constatar que parte considerável dos que hoje se aliam à esquerda esteve perfilada no centro-direita na “era FHC” (para não retroagirmos mais longe).
A questão é se cabe ou não às correntes de esquerda que nucleiam o projeto nacional em curso devem ou não agregar novos apoios. Parece óbvio que sim, tal como se acontecesse em meio a um confronto aberto entre exércitos poderosos e, num dado instante, destacamentos do inimigo, por razões diversas, resolvessem migrar para nossas hostes. Não teria sentido solicitar aos novos aliados que voltassem às fileiras inimigas e combatessem contra nós. Trata-se, pois, de alteração na correlação de forças – saudável, desde que as novas adesões não signifiquem mudança de rumo, nem alteração substancial do programa estabelecido.
Superar definitivamente os entraves de cunho neoliberal que travam o desenvolvimento do país implica juntar forças as mais amplas possíveis, administrando com habilidade e consequência a complexa pluralidade estabelecida na coalizão governista – que ganhará reforço se o prefeito paulistano e seu grupo confirmarem a propalada travessia.
Uma crônica minha no Jornal da Besta Fubana e no site da Revista Algomais
O ser artificial e a ciência da vida
Luciano Siqueira
Hoje em dia nada que se possa prever com alguma base concreta pode ser tomado como excesso de imaginação. O progresso da ciência em todos os campos é tal que se supõem artifícios tecnológicos capazes de tornar a vida sem graça – isso logo ali, em 2100.
Está num livro recém-resenhado pela Economist – porta-voz sofisticado do grande capital financeiro -, Physics of the future: how science Will shape (em tradução do jornal O Estado de São Paulo, Física do futuro: como a ciência orientará o destino humano e nossas vidas cotidianas até o ano 2100), do renomado pesquisador Michio Kaku, professor do City College de Nova York.
O livro foi composto a partir de entrevistas com cerca de 300 cientistas de grande prestígio, uma dúzia deles detentores do Prêmio Nobel.
O professor Kaku pega pesado: “A telecinesia será lugar-comum, com aparelhos controlados por scanners cerebrais; sensores microscópicos vão monitorar continuamente as células, a procura de sinais de perigo, aumentando a duração da vida humana; lentes de contato conectadas à internet vão oferecer informações sobre qualquer coisa e qualquer um à vista, permitindo onisciência sob demanda.”
Aliás, fale-se de passagem, outro futurista, Ray Kuezweil, autor do documentário Transcendent man (Homem transcendente), vai mais além e afirma que a inteligência artificial ultrapassará a humana em 2029.
Sinceramente, eu que me considero insuspeito porque sempre me deixei fascinar pelas fantásticas conquistas da ciência – sobretudo em minha área, a medicina -, sinto-me perturbado com tudo isso. E ponho água no chope: o risco é a universalização do uso dessas engenhocas, ou seja, se, por hipótese, todos os seres humanos vierem a se valer dessa parafernália destinada a aguçar nossos velhos cinco sentidos. Porque tenho cá minha desconfiança que seres humanos em vias de terem a intelgiência suplantada pela capacidade de discernimento de máquinas correm o risco de não mais prestarem atenção aos primeiros raios de luz da alvorada, ao canto de um pássaro, ao desabrochar de uma rosa, à imagem mística do arrebol.
Ora, a ciência da vida (com permissão do trocadilho) está justamente em perceber nas coisas mais simples o sentido universal de nossa existência.
Luciano Siqueira
Hoje em dia nada que se possa prever com alguma base concreta pode ser tomado como excesso de imaginação. O progresso da ciência em todos os campos é tal que se supõem artifícios tecnológicos capazes de tornar a vida sem graça – isso logo ali, em 2100.
Está num livro recém-resenhado pela Economist – porta-voz sofisticado do grande capital financeiro -, Physics of the future: how science Will shape (em tradução do jornal O Estado de São Paulo, Física do futuro: como a ciência orientará o destino humano e nossas vidas cotidianas até o ano 2100), do renomado pesquisador Michio Kaku, professor do City College de Nova York.
O livro foi composto a partir de entrevistas com cerca de 300 cientistas de grande prestígio, uma dúzia deles detentores do Prêmio Nobel.
O professor Kaku pega pesado: “A telecinesia será lugar-comum, com aparelhos controlados por scanners cerebrais; sensores microscópicos vão monitorar continuamente as células, a procura de sinais de perigo, aumentando a duração da vida humana; lentes de contato conectadas à internet vão oferecer informações sobre qualquer coisa e qualquer um à vista, permitindo onisciência sob demanda.”
Aliás, fale-se de passagem, outro futurista, Ray Kuezweil, autor do documentário Transcendent man (Homem transcendente), vai mais além e afirma que a inteligência artificial ultrapassará a humana em 2029.
Sinceramente, eu que me considero insuspeito porque sempre me deixei fascinar pelas fantásticas conquistas da ciência – sobretudo em minha área, a medicina -, sinto-me perturbado com tudo isso. E ponho água no chope: o risco é a universalização do uso dessas engenhocas, ou seja, se, por hipótese, todos os seres humanos vierem a se valer dessa parafernália destinada a aguçar nossos velhos cinco sentidos. Porque tenho cá minha desconfiança que seres humanos em vias de terem a intelgiência suplantada pela capacidade de discernimento de máquinas correm o risco de não mais prestarem atenção aos primeiros raios de luz da alvorada, ao canto de um pássaro, ao desabrochar de uma rosa, à imagem mística do arrebol.
Ora, a ciência da vida (com permissão do trocadilho) está justamente em perceber nas coisas mais simples o sentido universal de nossa existência.
14 março 2011
O tamanho da restrição ao crédito ao pessoal
. Está no Valor Econômico. O crédito com desconto em folha de pagamento ficou mais curto e caro. A exigência de maior capital aos bancos na realização de operações acima de 36 meses, em dezembro, atingiu os clientes que costumavam se refinanciar no consignado antes de o contrato vencer, tomando mais dinheiro tão logo tivessem espaço liberado na renda. Já apertados para cumprir seus compromissos, esses clientes passaram a recorrer às linhas mais caras do mercado, como o cheque especial e o cartão de crédito, como transpareceu em janeiro nas estatísticas do Banco Central (BC). As concessões de crédito consignado tiveram queda de 19,2% em janeiro em relação a dezembro.
. Enquanto o crédito pessoal avançou 24,3% entre janeiro deste ano e o mesmo mês de 2010, o consignado cresceu 27% e atingiu R$ 139,7 bilhões. Nos números apresentados pelos 13 maiores bancos ao BC, a evolução do consignado é mais significativa. Os empréstimos com desconto em folha para trabalhadores do setor privado aumentaram 42% e para os funcionários públicos, 34,1%.
. Enquanto o crédito pessoal avançou 24,3% entre janeiro deste ano e o mesmo mês de 2010, o consignado cresceu 27% e atingiu R$ 139,7 bilhões. Nos números apresentados pelos 13 maiores bancos ao BC, a evolução do consignado é mais significativa. Os empréstimos com desconto em folha para trabalhadores do setor privado aumentaram 42% e para os funcionários públicos, 34,1%.
13 março 2011
Lamento poético
A sugestão de domingo é de Cartola: “Ainda é cedo amor/Mal começaste a conhecer a vida/Já anuncias a hora da partida...”.
12 março 2011
Nosso Brasil brasileiro
No Vermelho, por Eduardo Bomfim
Falso brilhante
Para nós, exige muita reflexão a singularidade da realidade brasileira em um mundo conturbado, cheio de conflitos através de agressões militares e dos interesses imperiais lançando-se sobre as nações em um cenário de descolonização inconclusa, como é o caso atual dos países árabes além de várias outras regiões mundo afora.
Um País de dimensões continentais habitado por um povo com características antropológicas excepcionais, avesso por formação endógena a manifestações sectárias, celebrante de ritos como o carnaval e amante desse balé para multidões como é o futebol, detentor de incalculáveis manifestações artísticas diversificadas e sincréticas ao mesmo tempo.
E é exatamente esse mesmo Brasil que se vê pelejando sistematicamente contra uma cultura e uma ideologia que não é a sua porque é importada e não lhe acrescenta nada de novo porque é carregada de artificialismos e terceiras intenções em sua própria origem externa.
A tudo isso sempre se justifica porque vivemos na era da globalização e que assim estamos sob o guarda-chuva de uma cultura internacional e mundializada, como se não houvesse o exercício da hegemonia imperial através da mídia oligopolizada e as ideias em trânsito não fossem impostas sem nenhuma sutileza.
É como se houvesse algum exercício de consensualidade ou pelo menos algum tipo saudável de permuta de valores, entre o império e os demais países, minimamente equilibrada. Sob essa falsa premissa ou argumento, o que se exerce mesmo em nossa terra é o pragmatismo mais vulgar.
Não é à toa, portanto, que os grandes esforços teóricos que produziram obras da envergadura de O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, e vários outros escritos fundamentais à compreensão do nosso processo civilizatório, são despachados sorrateiramente, astuciosamente, para as calendas gregas e assim não causem maiores tumultos.
O que se pretende ou pelo menos se exercita na prática é a adequação do País à semelhança da realidade apartada, fragmentada, belicista e em muitos casos patológica mesmo, da formação social do império do norte e suas variantes disseminadas pela Europa especialmente a anglófila.
Com o multiculturalismo como ideologia hegemônica da grande mídia global e nacional, por interesses de dominação, de mercado, gerando-se até determinadas políticas de Estado, tenta-se construir de maneira artificial, assim como um falso brilhante, através da promoção forçada de uma crise de identidade antropológica, um esquizóide Estados Unidos dos Trópicos.
Falso brilhante
Para nós, exige muita reflexão a singularidade da realidade brasileira em um mundo conturbado, cheio de conflitos através de agressões militares e dos interesses imperiais lançando-se sobre as nações em um cenário de descolonização inconclusa, como é o caso atual dos países árabes além de várias outras regiões mundo afora.
Um País de dimensões continentais habitado por um povo com características antropológicas excepcionais, avesso por formação endógena a manifestações sectárias, celebrante de ritos como o carnaval e amante desse balé para multidões como é o futebol, detentor de incalculáveis manifestações artísticas diversificadas e sincréticas ao mesmo tempo.
E é exatamente esse mesmo Brasil que se vê pelejando sistematicamente contra uma cultura e uma ideologia que não é a sua porque é importada e não lhe acrescenta nada de novo porque é carregada de artificialismos e terceiras intenções em sua própria origem externa.
A tudo isso sempre se justifica porque vivemos na era da globalização e que assim estamos sob o guarda-chuva de uma cultura internacional e mundializada, como se não houvesse o exercício da hegemonia imperial através da mídia oligopolizada e as ideias em trânsito não fossem impostas sem nenhuma sutileza.
É como se houvesse algum exercício de consensualidade ou pelo menos algum tipo saudável de permuta de valores, entre o império e os demais países, minimamente equilibrada. Sob essa falsa premissa ou argumento, o que se exerce mesmo em nossa terra é o pragmatismo mais vulgar.
Não é à toa, portanto, que os grandes esforços teóricos que produziram obras da envergadura de O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, e vários outros escritos fundamentais à compreensão do nosso processo civilizatório, são despachados sorrateiramente, astuciosamente, para as calendas gregas e assim não causem maiores tumultos.
O que se pretende ou pelo menos se exercita na prática é a adequação do País à semelhança da realidade apartada, fragmentada, belicista e em muitos casos patológica mesmo, da formação social do império do norte e suas variantes disseminadas pela Europa especialmente a anglófila.
Com o multiculturalismo como ideologia hegemônica da grande mídia global e nacional, por interesses de dominação, de mercado, gerando-se até determinadas políticas de Estado, tenta-se construir de maneira artificial, assim como um falso brilhante, através da promoção forçada de uma crise de identidade antropológica, um esquizóide Estados Unidos dos Trópicos.
Ciência brasileira: 'Kit' diagnóstico fará análise de diferentes doenças na mesma amostra de sangue
Ciência Hoje Online:
Seis em um
Criado sob liderança do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos/Fiocruz, o novo método reduzirá custo, tempo e trabalho.
. De um paciente que se submete a uma bateria de exames hoje, é preciso coletar várias amostras de sangue. Mas isso está prestes a mudar. Um kit diagnóstico em fase avançada de desenvolvimento irá investigar em uma única prova a presença do protozoário Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), da bactéria Treponema pallidum (responsável pela sífilis) e dos vírus HIV (da Aids), HTLV (capaz de produzir linfoma e quadros neurológicos degenerativos), HBV e HCV (os dois últimos associados às hepatites B e C, respectivamente).
. A iniciativa é do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, responsável pela produção de vacinas, reativos e biofármacos para atender às demandas da saúde pública nacional. Nesse projeto, Bio-Manguinhos tem o apoio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, entre outros parceiros.
. A nova técnica emprega a chamada plataforma de microarranjos líquidos, na qual todas as reações e análises são feitas em nível nanoscópico (um bilionésimo de litro, neste caso). No método, adiciona-se um conjunto de microesferas plásticas, de diferentes tonalidades, codificadas por fluorescência, ao tubo de ensaio que contém a amostra de sangue.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/DMAw8P0
Seis em um
Criado sob liderança do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos/Fiocruz, o novo método reduzirá custo, tempo e trabalho.
. De um paciente que se submete a uma bateria de exames hoje, é preciso coletar várias amostras de sangue. Mas isso está prestes a mudar. Um kit diagnóstico em fase avançada de desenvolvimento irá investigar em uma única prova a presença do protozoário Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), da bactéria Treponema pallidum (responsável pela sífilis) e dos vírus HIV (da Aids), HTLV (capaz de produzir linfoma e quadros neurológicos degenerativos), HBV e HCV (os dois últimos associados às hepatites B e C, respectivamente).
. A iniciativa é do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, responsável pela produção de vacinas, reativos e biofármacos para atender às demandas da saúde pública nacional. Nesse projeto, Bio-Manguinhos tem o apoio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, entre outros parceiros.
. A nova técnica emprega a chamada plataforma de microarranjos líquidos, na qual todas as reações e análises são feitas em nível nanoscópico (um bilionésimo de litro, neste caso). No método, adiciona-se um conjunto de microesferas plásticas, de diferentes tonalidades, codificadas por fluorescência, ao tubo de ensaio que contém a amostra de sangue.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/DMAw8P0
Recife e Olinda: como a mulher amada
Nasci em Natal, RN e lá tenho o umbigo preso – com muita honra e saudade. No Recife desde os anos 60, tornei-me também pernambucano – por adoção e honorariamente, título concedido pela Assembleia Legislativa há quatro anos (proposta do deputado Betinho Gomes, do PSDB). Vivo o aniversário do Recife (e de Olinda), hoje, com a emoção de quem oferta uma rosa vermelha à mulher amada.
10 março 2011
Boa tarde, Mario Benedetti
Sou meu hóspede
Sou meu hóspede noturno
em doses mínimas
e uso a noite
para despojar-me
da modéstia
e outras vaidades
procuro ser tratado
sem os prejuízos
das boas-vindas
e com as cortesias
do silêncio
não coleciono padeceres
nem os sarcasmos
que deixam marca
sou tão-só
meu hóspede
e trago uma pomba
que não é sinal de paz
mas sim pomba
como hóspede
estritamente meu
no quadro-negro da noite
traço uma linha
branca
Sou meu hóspede noturno
em doses mínimas
e uso a noite
para despojar-me
da modéstia
e outras vaidades
procuro ser tratado
sem os prejuízos
das boas-vindas
e com as cortesias
do silêncio
não coleciono padeceres
nem os sarcasmos
que deixam marca
sou tão-só
meu hóspede
e trago uma pomba
que não é sinal de paz
mas sim pomba
como hóspede
estritamente meu
no quadro-negro da noite
traço uma linha
branca
No Jornal do Commercio, algumas opiniões minhas sobre o quadro político no Recife
Siqueira: “Pauta precisa mudar”
Principal nome do PCdoB estadual, Luciano Siqueira convoca líderes da Frente Popular para frear o debate sobre a sucessão municipal, iniciado pela oposição
Conhecido pela posição moderadora e o comportamento conciliador, o deputado estadual e maior nome do PCdoB em Pernambuco, Luciano Siqueira, convocou, ontem, os principais líderes dos maiores partidos da Frente Popular – o governador Eduardo Campos (PSB), os senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB) e o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT) – para que utilizem o poder de liderança para mudar a pauta política de debate na aliança, dominada desde o final de 2010 pela sucessão municipal da capital em 2012.
O dirigente comunista, e ex-vice-prefeito nas gestões de João Paulo (2000/2008), disse que o debate sucessório, entre os aliados governistas, é “precipitado, inadequado e inconveniente”, não ajuda à gestão João da Costa (PT) nem à Frente e está beneficiando apenas à oposição. “O bom senso pode prevalecer. Basta um esforço conjunto (das lideranças). Esses líderes não estão com essa pauta, agora, mas têm condições de alterá-la”, sugeriu Siqueira.
O deputado do PCdoB afirmou que, no momento, o que interessa aos partidos da Frente Popular é “acumular forças” para 2012, contrapondo-se à estratégia da oposição de antecipar o debate eleitoral sobre a sucessão de João da Costa. Luciano Siqueira considera que a oposição, em Pernambuco, enfrenta dificuldades para o confronto – inclusive pela sua diminuição na Assembleia Legislativa e na Câmara do Recife –, por isso está adotando a antecipação da discussão sobre a eleição para prefeito da capital como estratégia para crescer e recuperar espaço. “É uma pauta que só interessa à oposição, que está em dificuldade e se sente no dever de antecipar o debate sucessório. Nosso prazo é o Carnaval de 2012, não o de agora”, disse. Esbanjando confiança, o deputado destacou que a Frente Popular vive um momento histórico de fortalecimento, que só a quebra da unidade pode por em risco. “Nosso time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência (política) pode nos levar a fazer gol contra”, transferiu a responsabilidade.
Siqueira revelou que a direção nacional do PCdoB decidiu que uma das tarefas imediatas preparar o partido para as eleições municipais do próximo ano. Em Pernambuco, a expectativa é lançar 15 candidaturas próprias a prefeito. Ressalvou, porém, que o PCdoB não tem pretensão majoritária no Recife, e que o candidato do partido será o candidato da Frente Popular, seja João da Costa para a reeleição, seja qualquer outro nome. “Nosso candidato será o da unidade”, afirmou, descartando a hipótese de uma desagregação e a dispersão na Frente, que leve a múltiplas candidaturas. “Desagregação? Seria um delírio em noite de lua cheia. Só se for para atender a interesses individuais ou de grupos. As forças da Frente Popular, em Pernambuco, estão em um momento extremamente favorável”, desprezou.
ENTREVISTA » LUCIANO SIQUEIRA
“Só muita incompetência para fazer gol contra”
O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) diz que a Frente Popular tem que dar mais seis meses a João da Costa, para avaliar a gestão. Siqueira acredita que o volume de recursos – mais de R$ 1 bilhão – para investimentos na cidade será capaz de reverter os baixos índices de avaliação da gestão e levar a Frente a eleger o candidato, em 2012, reelegendo o atual prefeito ou elegendo um outro nome. “Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar na unidade da Frente”, alertou.
JORNAL DO COMMERCIO – A antecipação do debate sucessório ameaça a unidade da Frente do Recife? Pode gerar a desagregação e dispersão?
LUCIANO SIQUEIRA – É uma chuva de verão (que não causa maior estrago). A discussão antecipada sobre 2012 não tem o menor sentido. Por que a dispersão? O time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência para fazer gol contra. Essa discussão (a sucessão de João da Costa) não está na pauta dos partidos nem das ruas. Um governo tem três tempos: a implantação, a maturação e a colheita, que vem no terceiro para o quarto ano. João Paulo colheu os frutos faltando pouco mais de um ano para o fim do primeiro governo. Temos que dar, pelo menos, mais seis meses a João da Costa.
JC – O que pode mudar as avaliações baixas da gestão João da Costa?
SIQUEIRA – Há muitos investimentos em obras físicas, que é o que mais impressiona. A gestão tem mais de R$ 1 bilhão em investimentos. Mesmo governos mal avaliados, não se pode descartar possibilidades. Suponha que daqui a seis meses a avaliação seja muito boa. Uma outra avaliação a considerar é a construção política da unidade das forças da Frente, numa perspectiva de vitória. O que também ainda está cedo. Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar nessa aliança. Há, também, um governo estadual bem avaliado. Então, para o PCdoB as coisas estão em seu curso natural.
JC – Mas, entre os três tempos de um governo, os dois primeiros não estavam superados quando João da Costa assumiu (2009), na medida em que era uma continuidade do governo João Paulo e escolha deste?
SIQUEIRA – Não. Mesmo num governo reeleito ou de continuidade, há os três tempos, porque há mudança de equipe e muitos elementos novos. É preciso considerar, também, que João da Costa assumiu sob dois impactos: a crise econômica mundial, que o obrigou a cortes orçamentários, e um sério problema de saúde (que o levou a fazer transplante de rim no ano passado). Então, essas escaramuças (debate sucessório) são extemporâneas, não refletem a posição nem está na pauta dos partidos, nem a de seus líderes.
JC – Em Olinda, há três administrações conduzida pelo PCdoB, vai ser possível renovar a aliança com o PT?
SIQUEIRA – É uma unanimidade na Frente Popular que Olinda continue com o PCdoB, mas a eleição é daqui a uma ano e meio. Hoje, temos uma unidade ampla.
Jornal do Commercio Publicado em 08.03.2011
Principal nome do PCdoB estadual, Luciano Siqueira convoca líderes da Frente Popular para frear o debate sobre a sucessão municipal, iniciado pela oposição
Conhecido pela posição moderadora e o comportamento conciliador, o deputado estadual e maior nome do PCdoB em Pernambuco, Luciano Siqueira, convocou, ontem, os principais líderes dos maiores partidos da Frente Popular – o governador Eduardo Campos (PSB), os senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB) e o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT) – para que utilizem o poder de liderança para mudar a pauta política de debate na aliança, dominada desde o final de 2010 pela sucessão municipal da capital em 2012.
O dirigente comunista, e ex-vice-prefeito nas gestões de João Paulo (2000/2008), disse que o debate sucessório, entre os aliados governistas, é “precipitado, inadequado e inconveniente”, não ajuda à gestão João da Costa (PT) nem à Frente e está beneficiando apenas à oposição. “O bom senso pode prevalecer. Basta um esforço conjunto (das lideranças). Esses líderes não estão com essa pauta, agora, mas têm condições de alterá-la”, sugeriu Siqueira.
O deputado do PCdoB afirmou que, no momento, o que interessa aos partidos da Frente Popular é “acumular forças” para 2012, contrapondo-se à estratégia da oposição de antecipar o debate eleitoral sobre a sucessão de João da Costa. Luciano Siqueira considera que a oposição, em Pernambuco, enfrenta dificuldades para o confronto – inclusive pela sua diminuição na Assembleia Legislativa e na Câmara do Recife –, por isso está adotando a antecipação da discussão sobre a eleição para prefeito da capital como estratégia para crescer e recuperar espaço. “É uma pauta que só interessa à oposição, que está em dificuldade e se sente no dever de antecipar o debate sucessório. Nosso prazo é o Carnaval de 2012, não o de agora”, disse. Esbanjando confiança, o deputado destacou que a Frente Popular vive um momento histórico de fortalecimento, que só a quebra da unidade pode por em risco. “Nosso time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência (política) pode nos levar a fazer gol contra”, transferiu a responsabilidade.
Siqueira revelou que a direção nacional do PCdoB decidiu que uma das tarefas imediatas preparar o partido para as eleições municipais do próximo ano. Em Pernambuco, a expectativa é lançar 15 candidaturas próprias a prefeito. Ressalvou, porém, que o PCdoB não tem pretensão majoritária no Recife, e que o candidato do partido será o candidato da Frente Popular, seja João da Costa para a reeleição, seja qualquer outro nome. “Nosso candidato será o da unidade”, afirmou, descartando a hipótese de uma desagregação e a dispersão na Frente, que leve a múltiplas candidaturas. “Desagregação? Seria um delírio em noite de lua cheia. Só se for para atender a interesses individuais ou de grupos. As forças da Frente Popular, em Pernambuco, estão em um momento extremamente favorável”, desprezou.
ENTREVISTA » LUCIANO SIQUEIRA
“Só muita incompetência para fazer gol contra”
O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) diz que a Frente Popular tem que dar mais seis meses a João da Costa, para avaliar a gestão. Siqueira acredita que o volume de recursos – mais de R$ 1 bilhão – para investimentos na cidade será capaz de reverter os baixos índices de avaliação da gestão e levar a Frente a eleger o candidato, em 2012, reelegendo o atual prefeito ou elegendo um outro nome. “Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar na unidade da Frente”, alertou.
JORNAL DO COMMERCIO – A antecipação do debate sucessório ameaça a unidade da Frente do Recife? Pode gerar a desagregação e dispersão?
LUCIANO SIQUEIRA – É uma chuva de verão (que não causa maior estrago). A discussão antecipada sobre 2012 não tem o menor sentido. Por que a dispersão? O time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência para fazer gol contra. Essa discussão (a sucessão de João da Costa) não está na pauta dos partidos nem das ruas. Um governo tem três tempos: a implantação, a maturação e a colheita, que vem no terceiro para o quarto ano. João Paulo colheu os frutos faltando pouco mais de um ano para o fim do primeiro governo. Temos que dar, pelo menos, mais seis meses a João da Costa.
JC – O que pode mudar as avaliações baixas da gestão João da Costa?
SIQUEIRA – Há muitos investimentos em obras físicas, que é o que mais impressiona. A gestão tem mais de R$ 1 bilhão em investimentos. Mesmo governos mal avaliados, não se pode descartar possibilidades. Suponha que daqui a seis meses a avaliação seja muito boa. Uma outra avaliação a considerar é a construção política da unidade das forças da Frente, numa perspectiva de vitória. O que também ainda está cedo. Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar nessa aliança. Há, também, um governo estadual bem avaliado. Então, para o PCdoB as coisas estão em seu curso natural.
JC – Mas, entre os três tempos de um governo, os dois primeiros não estavam superados quando João da Costa assumiu (2009), na medida em que era uma continuidade do governo João Paulo e escolha deste?
SIQUEIRA – Não. Mesmo num governo reeleito ou de continuidade, há os três tempos, porque há mudança de equipe e muitos elementos novos. É preciso considerar, também, que João da Costa assumiu sob dois impactos: a crise econômica mundial, que o obrigou a cortes orçamentários, e um sério problema de saúde (que o levou a fazer transplante de rim no ano passado). Então, essas escaramuças (debate sucessório) são extemporâneas, não refletem a posição nem está na pauta dos partidos, nem a de seus líderes.
JC – Em Olinda, há três administrações conduzida pelo PCdoB, vai ser possível renovar a aliança com o PT?
SIQUEIRA – É uma unanimidade na Frente Popular que Olinda continue com o PCdoB, mas a eleição é daqui a uma ano e meio. Hoje, temos uma unidade ampla.
Jornal do Commercio Publicado em 08.03.2011
Meu artigo semanal no portal Vermelho
8 de Março: estamos vencendo
Luciano Siqueira
É sempre assim: datas que marcam a persistência e a renovação de uma bandeira de luta dão ensejo a manifestações de todo tipo, sobretudo de protesto. Na última terça-feira, no Brasil (em pleno carnaval) e no mundo inteiro celebrou-se o Dia Internacional da Mulher com punhos cerrados, bandeiras erguidas e vozes altivas. Vivemos ainda num mundo de desigualdades em que a opressão de gênero assume múltiplas faces e continua fortemente entranhada nas relações humanas. Tem força cultural e ideológica milenar.
Mas é certo também que nas últimas décadas muitas conquistas têm sido alcançadas em favor da igualdade. Em fóruns internacionais, no âmbito institucional e na vida prática. Então é preciso alevantar o punho cerrado e na outra mão conduzir uma rosa vermelha que simbolize, a um só tempo, o protesto e a conquista, a revolta e a esperança. Uma rosa vermelha e um sorriso nos lábios: estamos vencendo.
Em nota do seu Comitê Central, o PCdoB assinala que a eleição da presidenta Dilma representa “a vitória de um projeto político das forças políticas democráticas que depositaram suas esperanças na capacidade de uma mulher fazer avançar as transformações iniciadas no governo do ex-presidente Lula e, que também, aponta para a superação de preconceitos e discriminações”. Acrescenta que o protagonismo das mulheres é fator decisivo para fazer vingar um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e que é necessário “superar a subestimação da presença das mulheres em postos de poder, como condição para a construção de uma sociedade mais democrática, criando condições para que a mulher se realize enquanto sujeito emancipado”.
Corretíssimo! A opressão de gênero anda de braços dados com a exploração e a opressão de classe que no capitalismo assume contornos tão nítidos quanto a luz do dia. Uma não se superará historicamente sem a outra. Então, não há como separar, por exemplo, a luta por salários e direitos trabalhistas da questão de gênero, assim como a conquista do verdadeiro poder reclama mais e mais presença feminina em postos de destaque na esfera política.
Luciano Siqueira
É sempre assim: datas que marcam a persistência e a renovação de uma bandeira de luta dão ensejo a manifestações de todo tipo, sobretudo de protesto. Na última terça-feira, no Brasil (em pleno carnaval) e no mundo inteiro celebrou-se o Dia Internacional da Mulher com punhos cerrados, bandeiras erguidas e vozes altivas. Vivemos ainda num mundo de desigualdades em que a opressão de gênero assume múltiplas faces e continua fortemente entranhada nas relações humanas. Tem força cultural e ideológica milenar.
Mas é certo também que nas últimas décadas muitas conquistas têm sido alcançadas em favor da igualdade. Em fóruns internacionais, no âmbito institucional e na vida prática. Então é preciso alevantar o punho cerrado e na outra mão conduzir uma rosa vermelha que simbolize, a um só tempo, o protesto e a conquista, a revolta e a esperança. Uma rosa vermelha e um sorriso nos lábios: estamos vencendo.
Em nota do seu Comitê Central, o PCdoB assinala que a eleição da presidenta Dilma representa “a vitória de um projeto político das forças políticas democráticas que depositaram suas esperanças na capacidade de uma mulher fazer avançar as transformações iniciadas no governo do ex-presidente Lula e, que também, aponta para a superação de preconceitos e discriminações”. Acrescenta que o protagonismo das mulheres é fator decisivo para fazer vingar um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento e que é necessário “superar a subestimação da presença das mulheres em postos de poder, como condição para a construção de uma sociedade mais democrática, criando condições para que a mulher se realize enquanto sujeito emancipado”.
Corretíssimo! A opressão de gênero anda de braços dados com a exploração e a opressão de classe que no capitalismo assume contornos tão nítidos quanto a luz do dia. Uma não se superará historicamente sem a outra. Então, não há como separar, por exemplo, a luta por salários e direitos trabalhistas da questão de gênero, assim como a conquista do verdadeiro poder reclama mais e mais presença feminina em postos de destaque na esfera política.
Uma voz firme pela Reforma Urbana
Na agência Política Real:
Mandato de Luciana dará ênfase à Reforma UrbanaA agência de notícias Política Real realizou uma série de entrevistas com os mais expressivos novos deputados da Bancada do Nordeste, para levantar um perfil dos parlamentares, suas bandeiras de mandato, e sua opinião sobre temas em discussão na Câmara dos Deputados: reforma política, reforma tributária e regulamentação da emenda 29. Confira abaixo a entrevista da deputada Luciana Santos (PCdoB-PE).
Política Real: Quais serão as bandeiras de seu mandato?
Luciana Santos: Eu pretendo me incorporar nas bandeiras mais estratégicas que estão na pauta da nação, das reformas estruturantes que o país precisa, desde a reforma urbana, passando pela reforma política, entrando no debate sobre as comunicações. Especificamente, eu vou estar na Comissão de Ciência e Tecnologia e Comunicação, e eu penso que esse assunto da inovação é o carro chefe de qualquer pátria que queira ter um desenvolvimento pujante, estimulado pela criatividade, conhecimento.
Política Real: Quais suas sugestões para a reforma política?
Luciana Santos: Para a reforma política, eu penso que esse debate sobre o financiamento público de campanha é pilar, porque nós não podemos viver num país em que os parlamentares vão virar reféns dos que financiam suas campanhas. Os parlamentares precisam ter autonomia para defender os interesses do país, do seu povo. Financiamento público torna o parlamentar mais independente, mas autônomo, só comprometido com aqueles que o elegeram efetivamente, com suas proposições, suas bandeiras. Acho que politiza o debate e fazem com que o parlamentar possa ter mais autonomia na hora de assumir bandeiras junto à população.
Política Real: Qual sua opinião sobre a regulamentação da emenda 29 e a criação de um novo imposto para financiamento da saúde?
Luciana Santos: A emendas 29 detalha as atribuições dos entes federativos, da União, do Estado e dos municípios, no financiamento e na responsabilização da saúde.
É verdade que a Constituição brasileira já determinou os percentuais dos municípios e dos Estados. Há também uma política grande aqui na Câmara para que as emendas individuais dos parlamentares tenham percentual determinado para o financiamento da saúde pública. É evidente que tudo isso está sendo insuficiente, porque a saúde é algo muito caro.
Eu penso que a prioridade seria a gente detalhar e aprofundar a discussão da emenda 29, que em parte ela é praticada, mas não plenamente. E se a gente consegue resolver isso, a gente tira mais um ônus do contribuinte, para financiar a saúde de uma maneira mais correta, porque se supõe um sistema tributário mais justo, que eu penso que a emenda 29 possibilita.
Política Real: Qual será a sua participação dentro da Bancada do Nordeste?
Luciana Santos: Dentro da Comissão Mista de Orçamento, eu vou estar muito focada na questão do desenvolvimento regional. Mais do que nunca está claro para todos nós que não é possível visualizar os desenvolvimentos locais pelo foco local. É preciso ter o foco nacional. Nós não podemos enfrentar os desafios de um projeto de desenvolvimento nacional, sem levar em conta as potencialidades, as vocações de cada região.
O Nordeste, historicamente, foi relegado à terceiro plano. Desde o governo Lula, essa pauta e essa agenda do Nordeste modificou muito. Hoje nós temos: refinarias; transposição do Rio São Francisco, que pega quatro estados; Transnordestina, que vai viabilizar a produção agrícola e de minérios do Norte e do Nordeste. É uma discussão instigante, que é decisivo para a gente ter um país mais igual, e eu penso que sem dúvida o debate sobre a desigualdade regional precisa ser enfrentado no mesmo grau e na mesma firmeza que no governo Dilma.
(por Evam Sena, especial para a Política Real, com edição de Genésio Araújo Jr).
09 março 2011
Mulher na política cada vez mais necessário
Mensagem do PCdoB sobre o 8 de Março – Dia Internacional da Mulher
O PCdoB, neste 8 de março, saúda as mulheres brasileiras ao mesmo tempo que se soma as comemorações desta data, que tem sido uma marca na luta das mulheres, do Brasil e do mundo inteiro, por sua emancipação.
Este é um momento significativo e emblemático para as mulheres brasileiras, quando o país, pela primeira vez na história, é presidido por uma mulher - a presidenta Dilma Rousseff . Elegemos a presidenta Dilma, que no poder, assume o compromisso de combate à pobreza e exorta as mulheres a assumirem seus destinos. A eleição de Dilma, mais que uma sinalização, ou resultado de nossa luta, pode representar a possibilidade concreta de avanços significativos nas políticas públicas de atenção às mulheres brasileiras.
A eleição de Dilma foi a vitória de um projeto político das forças políticas democráticas que depositaram suas esperanças na capacidade de uma mulher fazer avançar as transformações iniciadas no governo do ex-presidente Lula e, que também, aponta para a superação de preconceitos e discriminações. Um passado de lutas que culminou com a eleição de uma mulher de trajetória democrática para a Presidência da República, nos engrandece, mas não nos basta.
O PCdoB acredita que o protagonismo das mulheres contribuirá para o avanço das reformas democráticas, tão necessárias para impulsionar o projeto nacional de desenvolvimento que o país almeja.
O PCdoB acredita que há uma dialética a ser vivida e não mais apenas professada. Superar a subestimação da presença das mulheres em postos de poder, como condição para a construção de uma sociedade mais democrática, criando condições para que a mulher se realize enquanto sujeito emancipado.
O PCdoB estará junto às mulheres que vão às ruas pela valorização do trabalho, por creches, pela real implementação da Lei Maria da Penha, em defesa do SUS, em defesa do aborto como questão de saúde pública e da sua legalização, perseguindo sempre a efetivação das políticas sociais. As mulheres querem mais que atenção, mais que mobilidade social, querem, também, decidir e avançar acumulando forças para a conquista da sociedade socialista.
O PCdoB reconhece que a injusta discriminação das mulheres precisa ser superada e questiona a ordem estabelecida pela regência do capitalismo, do patriarcado e do autoritarismo. Por isso valoriza o processo democrático como fundamental à caminhada emancipadora das mulheres.
Viva o Dia Internacional da Mulher!
Viva a Luta das Mulheres!
São Paulo, março de 2011
Partido Comunista do Brasil - PCdoB
O PCdoB, neste 8 de março, saúda as mulheres brasileiras ao mesmo tempo que se soma as comemorações desta data, que tem sido uma marca na luta das mulheres, do Brasil e do mundo inteiro, por sua emancipação.
Este é um momento significativo e emblemático para as mulheres brasileiras, quando o país, pela primeira vez na história, é presidido por uma mulher - a presidenta Dilma Rousseff . Elegemos a presidenta Dilma, que no poder, assume o compromisso de combate à pobreza e exorta as mulheres a assumirem seus destinos. A eleição de Dilma, mais que uma sinalização, ou resultado de nossa luta, pode representar a possibilidade concreta de avanços significativos nas políticas públicas de atenção às mulheres brasileiras.
A eleição de Dilma foi a vitória de um projeto político das forças políticas democráticas que depositaram suas esperanças na capacidade de uma mulher fazer avançar as transformações iniciadas no governo do ex-presidente Lula e, que também, aponta para a superação de preconceitos e discriminações. Um passado de lutas que culminou com a eleição de uma mulher de trajetória democrática para a Presidência da República, nos engrandece, mas não nos basta.
O PCdoB acredita que o protagonismo das mulheres contribuirá para o avanço das reformas democráticas, tão necessárias para impulsionar o projeto nacional de desenvolvimento que o país almeja.
O PCdoB acredita que há uma dialética a ser vivida e não mais apenas professada. Superar a subestimação da presença das mulheres em postos de poder, como condição para a construção de uma sociedade mais democrática, criando condições para que a mulher se realize enquanto sujeito emancipado.
O PCdoB estará junto às mulheres que vão às ruas pela valorização do trabalho, por creches, pela real implementação da Lei Maria da Penha, em defesa do SUS, em defesa do aborto como questão de saúde pública e da sua legalização, perseguindo sempre a efetivação das políticas sociais. As mulheres querem mais que atenção, mais que mobilidade social, querem, também, decidir e avançar acumulando forças para a conquista da sociedade socialista.
O PCdoB reconhece que a injusta discriminação das mulheres precisa ser superada e questiona a ordem estabelecida pela regência do capitalismo, do patriarcado e do autoritarismo. Por isso valoriza o processo democrático como fundamental à caminhada emancipadora das mulheres.
Viva o Dia Internacional da Mulher!
Viva a Luta das Mulheres!
São Paulo, março de 2011
Partido Comunista do Brasil - PCdoB
08 março 2011
Dia Internacional da Mulher
1ª celebração do Dia da Mulher, proposta da marxista alemã Clara Zetkin na Conferência Internacional da Mulher Socialista (Dinamarca, 1910). Calcula-se 1 milhão de participantes. Anos depois, a data se fixa: 8 de março. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/)
03 março 2011
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Contrastes de carnaval
Luciano Siqueira
Leio no Twitter da prefeitura de Olinda informações quentíssimas sobre o desfile das “Virgens” e, na postagem seguinte, a conspícua notícia de que a partir das 10 horas haverá canto gregoriano no Mosteiro de São Bento. Carnaval é assim: contrastes para todos os gostos.
Afastado da folia de Momo desde que, vice-prefeito do Recife, que fui por oito anos consecutivos, não tinha a liberdade de ir à rua com a simplicidade costumeira – tênis, bermuda, camiseta e seja o que Deus quiser -, apenas me divirto à distância com notícias como essas. E com as imagens na TV, quando tenho saco pra isso. Ou as fotos nos jornais.
Por isso não estranho que se misture o espetáculo de seres do gênero masculino fantasiados como se fossem do gênero feminino (veja a linguagem solene) com a serenidade mística do canto gregoriano na voz de bem comportados monges. Na rua também é assim: tem gente alegre, gente triste; gente que está ali para se divertir e gente que vai “para soltar a franga”; gente que exulta de felicidade e gente que purga fracassos nos negócios e no amor. Gente que na quarta feira de cinzas (os que param na quarta-feira) enfrenta religiosamente ressaca e dores amorosas, e gente que com um bom suco de limão e muita água mineral já se levanta de bem com a vida, celebrando a beleza do amor correspondido.
No Brasil, são territórios democráticos a praia, o campo de futebol e o carnaval de rua (gratuito e livre, em Pernambuco). Por isso todos têm os mesmos direitos: o cara que conversa em voz alta no guarda-sol ao lado, proclamando aos quatro ventos o que a gente não quer ouvir; o que liga o radinho de pilha a todo volume aqui na arquibancada, como se a gente também precisasse de um narrador para entender o que se passa dentro do campo; e o sujeito que amarra a burra junto de mim e quer porque quer discutir política em plena folia.
Desses chatos que querem a minha opinião sobre as medidas anti-inflacionárias justo na hora em que o Elefante vai passando, o frevo rasgado e a multidão em delírio, já me livrei há muito tempo. Porque fico longe, como já expliquei.
Aos estádios já não vou desde que minhas duas filhas eram pequenas, por uma escolha pessoal: nunca troquei um bom domingo com elas e a mãe por uma partida do chamado esporte bretão.
Praia, prefiro as quase desertas. Em Boa Viagem, que frequento, simplesmente caminho – livre portanto da turma que faz questão de contar a vida para quem tiver por perto ouvir.
Você que me lê agora pode até ficar com má impressão: “Esse cara tá ficando um velho chato”. Não é isso, creia. Porque gosto de tudo – de praia, de futebol e de carnaval. Gosto dos contrastes da vida. Acredito, como Castro Alves, que a dor e o prazer, a tristeza e a alegria são as expressões mais nítidas da existência humana. Apenas não gosto de gente chata. Só isso.
Luciano Siqueira
Leio no Twitter da prefeitura de Olinda informações quentíssimas sobre o desfile das “Virgens” e, na postagem seguinte, a conspícua notícia de que a partir das 10 horas haverá canto gregoriano no Mosteiro de São Bento. Carnaval é assim: contrastes para todos os gostos.
Afastado da folia de Momo desde que, vice-prefeito do Recife, que fui por oito anos consecutivos, não tinha a liberdade de ir à rua com a simplicidade costumeira – tênis, bermuda, camiseta e seja o que Deus quiser -, apenas me divirto à distância com notícias como essas. E com as imagens na TV, quando tenho saco pra isso. Ou as fotos nos jornais.
Por isso não estranho que se misture o espetáculo de seres do gênero masculino fantasiados como se fossem do gênero feminino (veja a linguagem solene) com a serenidade mística do canto gregoriano na voz de bem comportados monges. Na rua também é assim: tem gente alegre, gente triste; gente que está ali para se divertir e gente que vai “para soltar a franga”; gente que exulta de felicidade e gente que purga fracassos nos negócios e no amor. Gente que na quarta feira de cinzas (os que param na quarta-feira) enfrenta religiosamente ressaca e dores amorosas, e gente que com um bom suco de limão e muita água mineral já se levanta de bem com a vida, celebrando a beleza do amor correspondido.
No Brasil, são territórios democráticos a praia, o campo de futebol e o carnaval de rua (gratuito e livre, em Pernambuco). Por isso todos têm os mesmos direitos: o cara que conversa em voz alta no guarda-sol ao lado, proclamando aos quatro ventos o que a gente não quer ouvir; o que liga o radinho de pilha a todo volume aqui na arquibancada, como se a gente também precisasse de um narrador para entender o que se passa dentro do campo; e o sujeito que amarra a burra junto de mim e quer porque quer discutir política em plena folia.
Desses chatos que querem a minha opinião sobre as medidas anti-inflacionárias justo na hora em que o Elefante vai passando, o frevo rasgado e a multidão em delírio, já me livrei há muito tempo. Porque fico longe, como já expliquei.
Aos estádios já não vou desde que minhas duas filhas eram pequenas, por uma escolha pessoal: nunca troquei um bom domingo com elas e a mãe por uma partida do chamado esporte bretão.
Praia, prefiro as quase desertas. Em Boa Viagem, que frequento, simplesmente caminho – livre portanto da turma que faz questão de contar a vida para quem tiver por perto ouvir.
Você que me lê agora pode até ficar com má impressão: “Esse cara tá ficando um velho chato”. Não é isso, creia. Porque gosto de tudo – de praia, de futebol e de carnaval. Gosto dos contrastes da vida. Acredito, como Castro Alves, que a dor e o prazer, a tristeza e a alegria são as expressões mais nítidas da existência humana. Apenas não gosto de gente chata. Só isso.