A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
30 junho 2011
Bom dia, Vinícius de Moraes
Soneto do amor demais
Não, já não amo mais os passarinhos
A quem, triste, contei tanto segredo
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos.
Não amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo.
Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixão do que se der à coisa amada
E que não sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo na vida
E que de mim só quer amor - mais nada.
Importância da agricultura irrigada
. Estima-se que a demanda sem precedentes por alimentos e as mudanças climáticas exigirão investimentos de US$ 1,12 trilhão em irrigação agrícola e preservação de solos em países em desenvolvimento até 2050.
. A projeção consta do primeiro relatório da FAO, agência da ONU, sobre a situação de terras e água para alimentação e agricultura no mundo, que será publicado no fim do ano. Para a FAO, em 2050 o aumento da população e da renda exigirão uma produção de alimentos 70% superior à de 2009. Mais de 80% do crescimento da oferta deverá vir da maior produtividade das terras hoje exploradas e da intensificação da irrigação.
. Os investimentos para desenvolvimento e gestão da irrigação são calculados em US$ 960 bilhões - US$ 24 bilhões por ano. A FAO sugere que os governos cobrem por serviços ambientais na agricultura e usem o mercado de créditos de carbono como fonte adicional de financiamento.
Fonte: Valor Econômico
. A projeção consta do primeiro relatório da FAO, agência da ONU, sobre a situação de terras e água para alimentação e agricultura no mundo, que será publicado no fim do ano. Para a FAO, em 2050 o aumento da população e da renda exigirão uma produção de alimentos 70% superior à de 2009. Mais de 80% do crescimento da oferta deverá vir da maior produtividade das terras hoje exploradas e da intensificação da irrigação.
. Os investimentos para desenvolvimento e gestão da irrigação são calculados em US$ 960 bilhões - US$ 24 bilhões por ano. A FAO sugere que os governos cobrem por serviços ambientais na agricultura e usem o mercado de créditos de carbono como fonte adicional de financiamento.
Fonte: Valor Econômico
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Pontual, mas essencial e estratégico
Luciano Siqueira
Um desafio de todo governante é formatar políticas públicas com a abrangência correspondente à complexidade dos problemas que pretende resolver e ao mesmo tempo adotar, pontualmente, medidas que, embora setoriais e específicas, contêm no seu bojo a essência da política adotada. Isto para evitar discrepâncias que, não raro, comprometem as intenções mais gerais e, de quebra, fragmentam a ação administrativa e produzem resultados pífios.
O governador Eduardo Campos e o secretário de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja, anunciaram na última terça-feira ontem projeto de Lei que cria o Programa Universidade para Todos (Proupe), que se enquadra nessa categoria das iniciativas pontuais, mas de valor essencial e estratégico. Oferece bolsas de estudos integrais ou parciais a alunos de Licenciatura das autarquias municipais inicialmente com foco nas disciplinas de matemática, física e química exatamente para enfrentar a carência existente em nossa rede pública de professores nessas disciplinas. Os recursos, inicialmente da ordem de R$ 17 milhões, serão definidos semestralmente e repassados às autarquias para cada aluno bolsista, que terá seu curso custeado em 100, 50 ou 20%. Além disso, 5% do valor total concedido às autarquias serão direcionados para a capacitação dos professores.
As autarquias municipais são instituições de ensino superior localizadas em cidades-polo do interior do estado, que se constituíam até recentemente – antes do processo de interiorização das universidades públicas federal e estadual – a única alternativa para estudantes desejosos de completarem sua formação. Muitos alunos encontram dificuldade de seguirem adiante por não poderem honrar as mensalidades. São 13 autarquias, contemplando um universo de 19.443 estudantes.
O Proupe guarda perfeita sintonia com linhas essenciais do programa do governo, sobretudo com a interiorização do desenvolvimento – para superar graves desigualdades entre as microrregiões – e com a formação de recursos humanos qualificados para atender a demandas crescentes.
Ocorre hoje em Pernambuco um ciclo de crescimento econômico que só encontra paralelo no ciclo do açúcar no século XVII. Altera-se matriz produtiva do estado, setores industriais de ponta situados principalmente no Complexo Portuário de Suape produzem efeitos benéficos sobre todas as cadeiras produtivas. O PIB estadual deve se duplicar em médio prazo.
Nesse cenário, a educação assume papel de destaque em todos os níveis e o Proupe passa a atuar como um dos vetores da expansão e da qualificação do ensino superior no interior do estado.
Luciano Siqueira
Um desafio de todo governante é formatar políticas públicas com a abrangência correspondente à complexidade dos problemas que pretende resolver e ao mesmo tempo adotar, pontualmente, medidas que, embora setoriais e específicas, contêm no seu bojo a essência da política adotada. Isto para evitar discrepâncias que, não raro, comprometem as intenções mais gerais e, de quebra, fragmentam a ação administrativa e produzem resultados pífios.
O governador Eduardo Campos e o secretário de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja, anunciaram na última terça-feira ontem projeto de Lei que cria o Programa Universidade para Todos (Proupe), que se enquadra nessa categoria das iniciativas pontuais, mas de valor essencial e estratégico. Oferece bolsas de estudos integrais ou parciais a alunos de Licenciatura das autarquias municipais inicialmente com foco nas disciplinas de matemática, física e química exatamente para enfrentar a carência existente em nossa rede pública de professores nessas disciplinas. Os recursos, inicialmente da ordem de R$ 17 milhões, serão definidos semestralmente e repassados às autarquias para cada aluno bolsista, que terá seu curso custeado em 100, 50 ou 20%. Além disso, 5% do valor total concedido às autarquias serão direcionados para a capacitação dos professores.
As autarquias municipais são instituições de ensino superior localizadas em cidades-polo do interior do estado, que se constituíam até recentemente – antes do processo de interiorização das universidades públicas federal e estadual – a única alternativa para estudantes desejosos de completarem sua formação. Muitos alunos encontram dificuldade de seguirem adiante por não poderem honrar as mensalidades. São 13 autarquias, contemplando um universo de 19.443 estudantes.
O Proupe guarda perfeita sintonia com linhas essenciais do programa do governo, sobretudo com a interiorização do desenvolvimento – para superar graves desigualdades entre as microrregiões – e com a formação de recursos humanos qualificados para atender a demandas crescentes.
Ocorre hoje em Pernambuco um ciclo de crescimento econômico que só encontra paralelo no ciclo do açúcar no século XVII. Altera-se matriz produtiva do estado, setores industriais de ponta situados principalmente no Complexo Portuário de Suape produzem efeitos benéficos sobre todas as cadeiras produtivas. O PIB estadual deve se duplicar em médio prazo.
Nesse cenário, a educação assume papel de destaque em todos os níveis e o Proupe passa a atuar como um dos vetores da expansão e da qualificação do ensino superior no interior do estado.
29 junho 2011
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
A reforma tributária e a unidade nacional
Luciano Siqueira
Parece exagero, mas não é. A questão tributária conspira contra a unidade nacional – e vai continuar assim por muito tempo, tamanha a dificuldade de se efetuar a reforma que todos desejam, porém a sabotam através de pretensões próprias.
A chamada guerra fiscal, ora em baixa por decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, mas persistente feito fogo de monturo, põe em conflito aberto estados de uma mesma região, vizinhos nada solidários entre si.
Agora, em mais uma tentativa de remendar o figurino tributário do país, o governo prepara uma minirreforma, destinada a mitigar os efeitos de alguns dos muitos problemas em questão.
Mini porque carece de condições políticas para encaminhar ao Congresso uma reforma abrangente – que a meu ver deve ter sentido progressivo, ou seja, quem tem muito que pague mais, quem tem pouco pague pouco ou quase nada e quem sobrevive a duras penas não pague imposto nenhum. Uma inversão da pirâmide atual, que é fruto de um cipoal de artifícios que permitem aos detentores de grandes fortunas recolherem quase nada, assim como possibilita aos bancos escamotearem suas obrigações enquanto o setor produtivo da economia é sobretaxado.
Pois bem. Em face de proposta esboçada pelo governo federal, governadores formam blocos regionais para lutar pelo pedaço da rapadura que julgam ser do seu direito. Os do Nordeste entregaram recentemente à presidenta Dilma dez pedidos que incluem alterações na indexação da dívida a empréstimos do BNDES e a redefinição do atual perfil da divisão dos royalties advindos da exploração do petróleo. Os do Centro-Oeste discutem uma proposta comum de modificações no ICMS. Já os do Sudeste se articulam para manter a distribuição atual dos royalties do petróleo, que favorece os estados produtores.
Essa divisão regional desagua no Congresso, impondo uma agenda que não une, antes dispersa a vontade nacional. E toda vez que isso ocorre, alguém sai perdendo – no caso, os próprios estados e, por extensão, a população carente de benefícios da boa gestão pública.
A Sudene e a Sudam, por exemplo, que o presidente Lula tentou reestruturar, não se viabilizaram na prática porque os recursos do FDR (Fundo de Desenvolvimento Regional) que a ambas deveriam ser destinados – oriundos de uma fatia de 2% do imposto de renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em torno de R$ 2,2 bilhões/ano - foram pulverizados pelos próprios governadores das regiões interessadas, que deles se apropriaram com o beneplácito do Congresso.
O Brasil não é um Portugal nem uma Argentina. Imenso, apesar de marcado por acentuadas diferenças e desigualdades regionais, exibe o milagre da unidade da Nação e do território – um elemento decisivo na atualidade e no futuro, que é preciso preservar e fortalecer. A reforma tributária, dependendo do conteúdo que assuma, pode ajudar ou atrapalhar.
Luciano Siqueira
Parece exagero, mas não é. A questão tributária conspira contra a unidade nacional – e vai continuar assim por muito tempo, tamanha a dificuldade de se efetuar a reforma que todos desejam, porém a sabotam através de pretensões próprias.
A chamada guerra fiscal, ora em baixa por decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal, mas persistente feito fogo de monturo, põe em conflito aberto estados de uma mesma região, vizinhos nada solidários entre si.
Agora, em mais uma tentativa de remendar o figurino tributário do país, o governo prepara uma minirreforma, destinada a mitigar os efeitos de alguns dos muitos problemas em questão.
Mini porque carece de condições políticas para encaminhar ao Congresso uma reforma abrangente – que a meu ver deve ter sentido progressivo, ou seja, quem tem muito que pague mais, quem tem pouco pague pouco ou quase nada e quem sobrevive a duras penas não pague imposto nenhum. Uma inversão da pirâmide atual, que é fruto de um cipoal de artifícios que permitem aos detentores de grandes fortunas recolherem quase nada, assim como possibilita aos bancos escamotearem suas obrigações enquanto o setor produtivo da economia é sobretaxado.
Pois bem. Em face de proposta esboçada pelo governo federal, governadores formam blocos regionais para lutar pelo pedaço da rapadura que julgam ser do seu direito. Os do Nordeste entregaram recentemente à presidenta Dilma dez pedidos que incluem alterações na indexação da dívida a empréstimos do BNDES e a redefinição do atual perfil da divisão dos royalties advindos da exploração do petróleo. Os do Centro-Oeste discutem uma proposta comum de modificações no ICMS. Já os do Sudeste se articulam para manter a distribuição atual dos royalties do petróleo, que favorece os estados produtores.
Essa divisão regional desagua no Congresso, impondo uma agenda que não une, antes dispersa a vontade nacional. E toda vez que isso ocorre, alguém sai perdendo – no caso, os próprios estados e, por extensão, a população carente de benefícios da boa gestão pública.
A Sudene e a Sudam, por exemplo, que o presidente Lula tentou reestruturar, não se viabilizaram na prática porque os recursos do FDR (Fundo de Desenvolvimento Regional) que a ambas deveriam ser destinados – oriundos de uma fatia de 2% do imposto de renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em torno de R$ 2,2 bilhões/ano - foram pulverizados pelos próprios governadores das regiões interessadas, que deles se apropriaram com o beneplácito do Congresso.
O Brasil não é um Portugal nem uma Argentina. Imenso, apesar de marcado por acentuadas diferenças e desigualdades regionais, exibe o milagre da unidade da Nação e do território – um elemento decisivo na atualidade e no futuro, que é preciso preservar e fortalecer. A reforma tributária, dependendo do conteúdo que assuma, pode ajudar ou atrapalhar.
Assimetria negativa em nossas exportações
. A pauta de exportações do Brasil ainda revela uma forte assimetria, em que têm peso pequeno produtos industrializados. O Valor Econômico de hoje informa que as commodities representaram 71% do valor exportado pelo Brasil de janeiro a maio. Nos cinco primeiros meses do ano passado essa participação era de 67%. As vendas ao exterior desses produtos avançaram 39,1%, muito mais que as dos manufaturados, 15,1%.
. Os cálculos são da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), obedecendo critérios diferentes dos seguidos pelo Ministério do Desenvolvimento, já que incluem commodities classificadas como semimanufaturados e mesmo alguns produtos considerados manufaturados pelas estatísticas oficiais. Entre esses itens estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel e alumínio em barras.
. Os cálculos são da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), obedecendo critérios diferentes dos seguidos pelo Ministério do Desenvolvimento, já que incluem commodities classificadas como semimanufaturados e mesmo alguns produtos considerados manufaturados pelas estatísticas oficiais. Entre esses itens estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel e alumínio em barras.
Palavra de Alanir Cardoso na Folha de Pernambuco
PCdoB fará reuniões em todo o Estado
Folha de Pernambuco, por MARILEIDE ALVES
. O PCdoB dará início no próximo mês às suas conferências muncipais para debater a situação política do partido em cada cidade pernambucana. Os encontros começam nas menores, seguem nas médias e grandes municípios e culminam no Recife. “A pauta é para discutir a situação política em cada município e a perspectiva da batalha eleitoral de 2012. Onde o partido tiver condições lançaremos candidatos a prefeito”, afirmou o presidente do comitê estadual, Alanir Cardoso.
. De acordo com o dirigente, o PCdoB realizará conferências em mais de 100 municípios e pretende, diz ele, lançar candidatos na maioria deles. “Vamos analisar as possibilidades, onde podemos unir forças, onde teremos condições de ser o fator de aglutinação”, disse. Atualmente, a sigla comanda quatro cidades: Olinda, Goiana, Camaragibe e Sanharó. A única com condições de reeleição é Olinda, na qual Renildo Calheiros está no primeiro mandato.
. Nas demais, a legenda pretende se manter no comando, lançando um nome com condições de disputar o pleito. “Queremos manter as prefeituras que governamos, ver quem tem condições de ser o candidato nessas cidades e construir outros candidatos”, disse Alanir. O PCdoB compõe a vice nos municípios de Abreu e Lima, Igarassu, Bezerros, Itaquitinga, Salgueiro e Tabira. Neles a ideia é se manter na majoritária. “Queremos manter essa presença majoritária”, ressaltou o dirigente.
. Questionado sobre o Recife, Alanir disse ser uma situação “particular”. “Nós somos governo. O prefeito João da Costa ( PT) foi eleito por uma ampla frente de forças. É uma situação particular”, comentou. Além de discutir eleições nas conferências, o PCdoB também renovará as diretorias, cujos mandatos terminam este ano. A conferência estadual deve ocorrer no final de agosto ou início de setembro.
Folha de Pernambuco, por MARILEIDE ALVES
. O PCdoB dará início no próximo mês às suas conferências muncipais para debater a situação política do partido em cada cidade pernambucana. Os encontros começam nas menores, seguem nas médias e grandes municípios e culminam no Recife. “A pauta é para discutir a situação política em cada município e a perspectiva da batalha eleitoral de 2012. Onde o partido tiver condições lançaremos candidatos a prefeito”, afirmou o presidente do comitê estadual, Alanir Cardoso.
. De acordo com o dirigente, o PCdoB realizará conferências em mais de 100 municípios e pretende, diz ele, lançar candidatos na maioria deles. “Vamos analisar as possibilidades, onde podemos unir forças, onde teremos condições de ser o fator de aglutinação”, disse. Atualmente, a sigla comanda quatro cidades: Olinda, Goiana, Camaragibe e Sanharó. A única com condições de reeleição é Olinda, na qual Renildo Calheiros está no primeiro mandato.
. Nas demais, a legenda pretende se manter no comando, lançando um nome com condições de disputar o pleito. “Queremos manter as prefeituras que governamos, ver quem tem condições de ser o candidato nessas cidades e construir outros candidatos”, disse Alanir. O PCdoB compõe a vice nos municípios de Abreu e Lima, Igarassu, Bezerros, Itaquitinga, Salgueiro e Tabira. Neles a ideia é se manter na majoritária. “Queremos manter essa presença majoritária”, ressaltou o dirigente.
. Questionado sobre o Recife, Alanir disse ser uma situação “particular”. “Nós somos governo. O prefeito João da Costa ( PT) foi eleito por uma ampla frente de forças. É uma situação particular”, comentou. Além de discutir eleições nas conferências, o PCdoB também renovará as diretorias, cujos mandatos terminam este ano. A conferência estadual deve ocorrer no final de agosto ou início de setembro.
28 junho 2011
Bom dia, Joaquim Cardozo
O meu canto é de sol
O meu canto é de sol. . .
É de verão florindo
Os jardins tropicais:
De túnicas vermelhas
Flamboyants cardeais!
O meu canto é de sol. . .
É de manhã nascente
Em profuso verão:
- Púrpuras de jambeiros
Atiradas no chão!
É de sol, é de sal
Desse mar nordestino
Suas cores abrindo
Como um pavão!
O meu canto é de sol!
A palavra de Armando
Precisas as declarações do companheiro senador Armando Monteiro nos jornais de hoje. Firme na defesa da unidade da Frente Popular.
Indústria recupera sua capacidade como pode
Superação do atraso não é simples e leva tempo
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Revista Algomais
Foram mais de duas décadas perdidas, em que a semiestagnação corroeu a capacidade produtiva e a competitividade da indústria. Um conjunto de variáveis atuou em favor do atraso, na esteira de uma gestão governamental comprometida e dependente do setor rentista e voltada para fora do país, em detrimento de nossas próprias potencialidades.
Mudar isso não é coisa simples, não se faz a base de decreto ou de impulso deste ou daquele governante. Os oito anos de Lula lançaram as bases para a alteração de rumo, a partir mesmo da formulação de uma política industrial de que o Brasil se fazia carente há não menos do que vinte anos. Esta, fundada na intervenção direta do Estado no processo produtivo; na oferta conscienciosa de incentivos fiscais; em investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D); na ampliação de créditos subsidiados; na realização de parcerias público-privadas; e na criação de zonas francas e de processamento para exportação (ZPE).
Sob esse prisma devemos encarar a defasagem entre as necessidades e o ritmo em que nossa capacidade industrial é restaurada na atualidade.
Caso da indústria naval, cuja revitalização se impõe na proporção direta das possibilidades vislumbradas com a descoberta de petróleo e gás na camada do pré-sal. Reportagem da Folha de S. Paulo revela que parte substancial dessa demanda continua a ser suprida por fornecedores externos. De 22 plataformas encomendadas em quatro anos, apenas três estão sendo fabricadas integralmente no Brasil. Algo semelhante se dá com os planos de nacionalização em relação a sondas e navios de transporte.
Tudo bem que esse quadro gere inconformismo. E, por conseguinte, empenho do governo e dos demais atores envolvidos em apressar o processo de recuperação. O que não é nada simples, repita-se, uma vez que o que se procura fazer aqui não está dissociado do complexo jogo de forças e de interesses da economia global. Enquanto nossa indústria naval era levada à lona, movimento inverso se dava na Coreia, em Cingapura e na China, que agora colhem o que plantaram.
Demais, há fatores outros que incidem diretamente sobre a competitividade brasileira no setor, em sentido negativo – como o câmbio sobrevalorizado, por exemplo. Sinal claro de que o ambiente macroeconômico não ajuda, antes atrapalha o revigoramento da indústria brasileira, inclusive o setor naval.
Donde se pode concluir que o buraco continua mais embaixo: a tudo precede decisão política. Lula avançou nessa direção, mas não foi capaz ou não teve força para inverter a equação macroenômica. Dilma se elegeu com a promessa de avançar e deve saber que cambio sobrevalorizado e juros altos são obstáculos a serem removidos. Ou avançaremos, sim, mas a passos de tartaruga.
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Revista Algomais
Foram mais de duas décadas perdidas, em que a semiestagnação corroeu a capacidade produtiva e a competitividade da indústria. Um conjunto de variáveis atuou em favor do atraso, na esteira de uma gestão governamental comprometida e dependente do setor rentista e voltada para fora do país, em detrimento de nossas próprias potencialidades.
Mudar isso não é coisa simples, não se faz a base de decreto ou de impulso deste ou daquele governante. Os oito anos de Lula lançaram as bases para a alteração de rumo, a partir mesmo da formulação de uma política industrial de que o Brasil se fazia carente há não menos do que vinte anos. Esta, fundada na intervenção direta do Estado no processo produtivo; na oferta conscienciosa de incentivos fiscais; em investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D); na ampliação de créditos subsidiados; na realização de parcerias público-privadas; e na criação de zonas francas e de processamento para exportação (ZPE).
Sob esse prisma devemos encarar a defasagem entre as necessidades e o ritmo em que nossa capacidade industrial é restaurada na atualidade.
Caso da indústria naval, cuja revitalização se impõe na proporção direta das possibilidades vislumbradas com a descoberta de petróleo e gás na camada do pré-sal. Reportagem da Folha de S. Paulo revela que parte substancial dessa demanda continua a ser suprida por fornecedores externos. De 22 plataformas encomendadas em quatro anos, apenas três estão sendo fabricadas integralmente no Brasil. Algo semelhante se dá com os planos de nacionalização em relação a sondas e navios de transporte.
Tudo bem que esse quadro gere inconformismo. E, por conseguinte, empenho do governo e dos demais atores envolvidos em apressar o processo de recuperação. O que não é nada simples, repita-se, uma vez que o que se procura fazer aqui não está dissociado do complexo jogo de forças e de interesses da economia global. Enquanto nossa indústria naval era levada à lona, movimento inverso se dava na Coreia, em Cingapura e na China, que agora colhem o que plantaram.
Demais, há fatores outros que incidem diretamente sobre a competitividade brasileira no setor, em sentido negativo – como o câmbio sobrevalorizado, por exemplo. Sinal claro de que o ambiente macroeconômico não ajuda, antes atrapalha o revigoramento da indústria brasileira, inclusive o setor naval.
Donde se pode concluir que o buraco continua mais embaixo: a tudo precede decisão política. Lula avançou nessa direção, mas não foi capaz ou não teve força para inverter a equação macroenômica. Dilma se elegeu com a promessa de avançar e deve saber que cambio sobrevalorizado e juros altos são obstáculos a serem removidos. Ou avançaremos, sim, mas a passos de tartaruga.
27 junho 2011
Uma crônica minha no Jornal da Besta Fubana
Dinheiro não é cem por cento
Luciano Siqueira
É do irreverente Falcão a aparentemente óbvia descoberta de “que dinheiro não é tudo, mas é 100%”. Mas não é bem assim, a julgar pela taxa de infelicidade pessoal de muita gente rica por aí. Ou seja, a vida pede muito mais do que o altissonante metal em nosso bolso. Ou na conta bancária.
Por isso um amigo costuma dizer que se pudesse contrataria os maiores cientistas de todo o mundo só para estudar a natureza humana. Bicho complicado é gente, diz ele.
Pois a Victoria University of Wellington, da Nova Zelândia, acaba de divulgar resultados de uma pesquisa que vem ao encontro da curiosidade do amigo e contraria a assertiva do cantor/humorista cearense. Liberdade conta mais do que dinheiro para ser feliz, concluem os cientistas.
Leio isso no portal Ig com a sensação de que os neozelandeses nada mais fizeram do que constatar o óbvio: "dinheiro leva à autonomia, mas sozinho não acrescenta bem-estar ou felicidade”. Independência pessoal e liberdade são mais importantes para o bem-estar do que riqueza, assinalam.
De toda sorte, cabe respeitar a pesquisa, que examinou dados de três estudos compreendendo entrevistas de mais de 420 mil pessoas em 63 países, ao longo de quase 40 anos. Ainda segundo o Ig, foram usados três testes psicológicos que esquadrinham a alma dos pesquisados: o questionário de saúde geral - que mede ansiedade, insônia, problemas sociais, depressão severa e sintomas físicos de problemas mentais, como dores de cabeça inexplicadas e dores de estômago -, o teste de Spielberger, que avalia a ansiedade naquele momento, e o Maslach Burnout Inventory, que diagnostica exaustão emocional, despersonalização e falta de conquista pessoal.
Com essa bateria, o detalhamento da pesquisa deve dizer muitas outras coisas igualmente relevantes. Confesso que, mesmo interessado, daqui a alguns minutos já não procurarei saber mais. Tenho muito que fazer. Mas bem que gostaria de perguntar aos psicólogos Ronald Fischer e Diana Boer – citados como porta-vozes do grupo de pesquisadores – por que em suas conclusões não há nenhuma referência ao amor. Será que esse sentimento tão universal está em baixa entre os habitantes dos tais 63 países que formam a amostragem?
Talvez os brasileiros não tenham sido pesquisados. Porque aqui sem amor a gente não vai a lugar nenhum. Como ensina o poeta Drummond, “que pode uma criatura senão,/entre criaturas, amar?/amar e esquecer, amar e malamar,/amar, desamar, amar?/sempre, e até de olhos vidrados, amar?/Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão/rodar também, e amar?”
Luciano Siqueira
É do irreverente Falcão a aparentemente óbvia descoberta de “que dinheiro não é tudo, mas é 100%”. Mas não é bem assim, a julgar pela taxa de infelicidade pessoal de muita gente rica por aí. Ou seja, a vida pede muito mais do que o altissonante metal em nosso bolso. Ou na conta bancária.
Por isso um amigo costuma dizer que se pudesse contrataria os maiores cientistas de todo o mundo só para estudar a natureza humana. Bicho complicado é gente, diz ele.
Pois a Victoria University of Wellington, da Nova Zelândia, acaba de divulgar resultados de uma pesquisa que vem ao encontro da curiosidade do amigo e contraria a assertiva do cantor/humorista cearense. Liberdade conta mais do que dinheiro para ser feliz, concluem os cientistas.
Leio isso no portal Ig com a sensação de que os neozelandeses nada mais fizeram do que constatar o óbvio: "dinheiro leva à autonomia, mas sozinho não acrescenta bem-estar ou felicidade”. Independência pessoal e liberdade são mais importantes para o bem-estar do que riqueza, assinalam.
De toda sorte, cabe respeitar a pesquisa, que examinou dados de três estudos compreendendo entrevistas de mais de 420 mil pessoas em 63 países, ao longo de quase 40 anos. Ainda segundo o Ig, foram usados três testes psicológicos que esquadrinham a alma dos pesquisados: o questionário de saúde geral - que mede ansiedade, insônia, problemas sociais, depressão severa e sintomas físicos de problemas mentais, como dores de cabeça inexplicadas e dores de estômago -, o teste de Spielberger, que avalia a ansiedade naquele momento, e o Maslach Burnout Inventory, que diagnostica exaustão emocional, despersonalização e falta de conquista pessoal.
Com essa bateria, o detalhamento da pesquisa deve dizer muitas outras coisas igualmente relevantes. Confesso que, mesmo interessado, daqui a alguns minutos já não procurarei saber mais. Tenho muito que fazer. Mas bem que gostaria de perguntar aos psicólogos Ronald Fischer e Diana Boer – citados como porta-vozes do grupo de pesquisadores – por que em suas conclusões não há nenhuma referência ao amor. Será que esse sentimento tão universal está em baixa entre os habitantes dos tais 63 países que formam a amostragem?
Talvez os brasileiros não tenham sido pesquisados. Porque aqui sem amor a gente não vai a lugar nenhum. Como ensina o poeta Drummond, “que pode uma criatura senão,/entre criaturas, amar?/amar e esquecer, amar e malamar,/amar, desamar, amar?/sempre, e até de olhos vidrados, amar?/Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão/rodar também, e amar?”
Presidência da República: quem comanda o quê?
Afinal, quem comanda o governo?
Luciano Siqueira
Presidente governa, ministro administra. Óbvio? Nem tanto, a julgar pela celeuma recorrente acerca de quem, de fato, no governo responde pela articulação política – no caso do governo Dilma, se a titular do Executivo ou a ministra-chefe da Casa Civil ou a da Articulação Institucional.
Em entrevista ao jornal O estado de São Paulo, o deputado Aldo Rebelo abordou o assunto com propriedade, ele que exerceu o cargo de ministro da Articulação Institucional no governo Lula, foi lídero do governo e presidiu a Câmara. “Dilma deve fazer a articulação política, pois orquestra só pode ter um regente”, diz.
Ele considera um equívoco achar que as ministras Ideli e Gleisi farão interlocução com o Congresso sozinhas. E tem toda razão.
Em minha modesta opinião, governo é um ente antes de tudo político - e também administrativo. Governar significa comandar a coalizão de forças partidárias e sociais que sustentam o governo – que se organiza e se expressa em várias instâncias, institucionais e na sociedade civil e tem expressão concentrada nas relações entre o Executivo e o Legislativo (e também com governadores).
O presidencialismo brasileiro não dispensa o pacto com o Congresso, difícil de construir e manter. Requer muito diálogo. E nesse diálogo pontifica a presidenta, ainda que possa ser auxiliada pelas atuais ministras da Casa Civil e da Articulação Institucional, pelos líderes do governo na Câmara e no Senado.
É claro que se um ministério – o da Articulação Institucional - é indicado como depositário das contradições e das demandas que chegam ao governo, ele tem papel destacado. Segundo Aldo, “em qualquer circunstância ou qualquer Presidência, a coordenação política atrai os conflitos e os problemas do governo. É uma encruzilhada onde todos os problemas transitam.” Mas a palavra final cabe irrecusavelmente à presidenta.
Com Lula foi assim. Nas esferas locais, tem sido assim com Eduardo Campos, foi assim na Prefeitura do Recife, na gestão de João Paulo. Há uma equipe que trabalha o dia-a-dia da articulação política, mas ao chefe do Executivo cabe decidir. E todos os interlocutores sabem disse. É uma autoridade inquestionável. E se assim não acontece, o governo perde prestígio, respeito e vira uma babel. Não acontece com o governo Dilma, nem deve acontecer – até pelas características afirmativas da presidenta -, mas é preciso que se escoime a cena política dessa aparente indefinição de quem cuida de quê.
Luciano Siqueira
Presidente governa, ministro administra. Óbvio? Nem tanto, a julgar pela celeuma recorrente acerca de quem, de fato, no governo responde pela articulação política – no caso do governo Dilma, se a titular do Executivo ou a ministra-chefe da Casa Civil ou a da Articulação Institucional.
Em entrevista ao jornal O estado de São Paulo, o deputado Aldo Rebelo abordou o assunto com propriedade, ele que exerceu o cargo de ministro da Articulação Institucional no governo Lula, foi lídero do governo e presidiu a Câmara. “Dilma deve fazer a articulação política, pois orquestra só pode ter um regente”, diz.
Ele considera um equívoco achar que as ministras Ideli e Gleisi farão interlocução com o Congresso sozinhas. E tem toda razão.
Em minha modesta opinião, governo é um ente antes de tudo político - e também administrativo. Governar significa comandar a coalizão de forças partidárias e sociais que sustentam o governo – que se organiza e se expressa em várias instâncias, institucionais e na sociedade civil e tem expressão concentrada nas relações entre o Executivo e o Legislativo (e também com governadores).
O presidencialismo brasileiro não dispensa o pacto com o Congresso, difícil de construir e manter. Requer muito diálogo. E nesse diálogo pontifica a presidenta, ainda que possa ser auxiliada pelas atuais ministras da Casa Civil e da Articulação Institucional, pelos líderes do governo na Câmara e no Senado.
É claro que se um ministério – o da Articulação Institucional - é indicado como depositário das contradições e das demandas que chegam ao governo, ele tem papel destacado. Segundo Aldo, “em qualquer circunstância ou qualquer Presidência, a coordenação política atrai os conflitos e os problemas do governo. É uma encruzilhada onde todos os problemas transitam.” Mas a palavra final cabe irrecusavelmente à presidenta.
Com Lula foi assim. Nas esferas locais, tem sido assim com Eduardo Campos, foi assim na Prefeitura do Recife, na gestão de João Paulo. Há uma equipe que trabalha o dia-a-dia da articulação política, mas ao chefe do Executivo cabe decidir. E todos os interlocutores sabem disse. É uma autoridade inquestionável. E se assim não acontece, o governo perde prestígio, respeito e vira uma babel. Não acontece com o governo Dilma, nem deve acontecer – até pelas características afirmativas da presidenta -, mas é preciso que se escoime a cena política dessa aparente indefinição de quem cuida de quê.
26 junho 2011
Psicólogo transexual pode usar nome social
. A notícia está na Folha de S. Paulo de hoje. O Conselho Federal de Psicologia aprovou resolução que permite que psicólogos transexuais e travestis (ou com identidade sexual diferente da do registro civil) acrescentem o nome social no campo "observação" da carteira profissional.
. Também poderão incluí-lo no carimbo para assinar documentos, até com maior destaque, desde que o nome civil esteja presente, conforme exigência legal. A carteira profissional vale como identidade em todo o território nacional.
. Também poderão incluí-lo no carimbo para assinar documentos, até com maior destaque, desde que o nome civil esteja presente, conforme exigência legal. A carteira profissional vale como identidade em todo o território nacional.
Em areia movediça
. Dar aos hackers o lugar das organizações de trabalhadores estudantes, como faz Eliane Catanhêde na Folha de S. Paulo de hoje, é coisa de quem faz oposição sem rumo.
. Envolta em arei movediça, a colunista cata assunto como quem belisca azulejo.
. Envolta em arei movediça, a colunista cata assunto como quem belisca azulejo.
Poeta iluminado
A sugestão de domingo é do poeta Victor Jara: “Abra a janela/e deixe que o sol ilumine/todos os cantos de sua casa.”
25 junho 2011
Boa tarde, Mario Quintana
Picasso
Os retratos
Os antigos retratos de parede
Não conseguem ficar longo tempo abstratos.
Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados
Porque eles nunca se desumanizam de todo
Jamais te voltes pra trás de repente.
Não, não olhes agora!
O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim e sem sentido...
Dessas que a gente inventava
enganar a solidão dos caminhos sem lua.
A palavra instigante de Jomard
A PROEZIA DOS ALTERNATIVOS?
Jomard Muniz de Britto
A proeza (ação de valor, façanha, escândalo) de misturar e friccionar poesia com prosa: daí proezia. Situação-limite entre a linguagem coloquial-discursiva ou prosaica e a condensação intuitivo-metafórica das poéticas. Longe das estéticas normativas ou programáticas. Liberdade total para as borboletas.
Dessa perspectiva ficam abolidas as hierarquias entre texto oral-escrito, retórica minimalista, devoção pessoana, agitos drummundanos, letras de música, musicalizações concretas e abstratas. PROEZIA para todos.
Entretanto os defensores do status das altas culturas podem continuar diferenciando letras de canções populares das poesias e dos poemas rigorosamente literários. Liberdade para os tigres de papel vanguardistas.
Tudo pode continuar sendo misturado: inventores, mestres, diluidores e co-autores de todas as possíveis bricolagens.
Diante das proezas da proezia, resta-nos situar a condição e situação histórico-existencial dos eternos e endiabrados ALTERnativos:
1. outros nativos à deriva de benesses da cultura oficial-estatal-transpartidária;
2. antes saudosistas, tropicalistas e pós-tudo indicaram novo tipo de intelectual, por uma
"nova cultura" no trânsito da formação universitária para a "mídia" de todas as redes,
enredos e empoderamentos;
3. contra qualquer forma de vassalagem provincial ou globalizadora;
4. a favor da experimentação sem limites, sem cânones, sem estatutos doutorais. Pela
criação compartilhada, pelo prazer dos textos, pela antropologia ficcional de nós
mesmos enquanto OUTROS ORF' EUS e ALTERnativos sem medo das creches
advertidas pelo nosso Chico César.
5. Todos os desafios do pensamento pensante e da criticidade sem temor das borboletas,
das onças mortais e dos tigres asiáticos e amazônicos. Tudo pela poeticidade da
Semana Anti-Nuclear, de 10 a 14 de agosto.
Recife/jun/2011.
Jomard Muniz de Britto
A proeza (ação de valor, façanha, escândalo) de misturar e friccionar poesia com prosa: daí proezia. Situação-limite entre a linguagem coloquial-discursiva ou prosaica e a condensação intuitivo-metafórica das poéticas. Longe das estéticas normativas ou programáticas. Liberdade total para as borboletas.
Dessa perspectiva ficam abolidas as hierarquias entre texto oral-escrito, retórica minimalista, devoção pessoana, agitos drummundanos, letras de música, musicalizações concretas e abstratas. PROEZIA para todos.
Entretanto os defensores do status das altas culturas podem continuar diferenciando letras de canções populares das poesias e dos poemas rigorosamente literários. Liberdade para os tigres de papel vanguardistas.
Tudo pode continuar sendo misturado: inventores, mestres, diluidores e co-autores de todas as possíveis bricolagens.
Diante das proezas da proezia, resta-nos situar a condição e situação histórico-existencial dos eternos e endiabrados ALTERnativos:
1. outros nativos à deriva de benesses da cultura oficial-estatal-transpartidária;
2. antes saudosistas, tropicalistas e pós-tudo indicaram novo tipo de intelectual, por uma
"nova cultura" no trânsito da formação universitária para a "mídia" de todas as redes,
enredos e empoderamentos;
3. contra qualquer forma de vassalagem provincial ou globalizadora;
4. a favor da experimentação sem limites, sem cânones, sem estatutos doutorais. Pela
criação compartilhada, pelo prazer dos textos, pela antropologia ficcional de nós
mesmos enquanto OUTROS ORF' EUS e ALTERnativos sem medo das creches
advertidas pelo nosso Chico César.
5. Todos os desafios do pensamento pensante e da criticidade sem temor das borboletas,
das onças mortais e dos tigres asiáticos e amazônicos. Tudo pela poeticidade da
Semana Anti-Nuclear, de 10 a 14 de agosto.
Recife/jun/2011.
Mecanismos do envelhecimento humano
Ciência Hoje Online:
Em busca de um novo parceiro para Geras
. Geras, deusa grega que representa a velhice, é conhecida parceira de Tánatos, o deus da morte. Embora há muito tempo esses dois conceitos estejam diretamente associados, o ser humano tem buscado formas de evitar os prejuízos físicos do envelhecimento e prolongar a vida.
. Uma recente pesquisa norte-americana pode contribuir com esse objetivo, ao elucidar mecanismos biológicos envolvidos nas bases do envelhecimento.
. Esses mecanismos estão associados a uma proteína comum em pessoas com uma doença genética cujo nome tem a mesma origem etimológica daquele que batiza a deusa grega da velhice: progeria.
. Progeria é uma doença extremamente rara caracterizada pelo envelhecimento dramaticamente precoce. A taxa de envelhecimento dos pacientes com progeria é, em média, oito vezes superior àquela observada na população em geral, o que faz com que uma criança de dez anos tenha problemas de saúde de uma pessoa de oitenta.
. Há aproximadamente 100 casos de progeria descritos em todo o mundo, pelo menos um confirmado no Brasil. Sua raridade contrasta com o conhecimento decorrente de seu estudo, que contribui para a compreensão do processo de envelhecimento normal de todos nós.
. Leia a matéria completa http://twixar.com/ApM2WsvCRC
24 junho 2011
Oportuno comentário de Ana Lúcia Andrade
Transcrevo o comentário de Ana Lúcia Andrade (coluna Pinga-Fogo, no Jornal do Commercio) acerca do sentido de recentes artigos meus sobre a política local.
Me dirigi ao meio-campo
Já recuperado da dengue, o deputado Luciano Siqueira (PCdoB) fez uma pausa no arrasta-pé e entrou na dança da política. Em contato com a Pinga-Fogo, relativizou os chamados à base, feitos nos últimos dias, já que por ora eles se dirigem apenas aos intranquilos e precipitados com a ante-sala de 2012 e com os efeitos do processo de aprovação da PEC da reeleição na Assembleia. Um ambiente, segundo ele, bem distante de atingir o primeiro escalão da Frente Popular.
Dirigi-me ao meio-campo. A interlocutores diários que andam assustados em demasia. Um deputado preocupado, um vereador idem, um amigo que pergunta o que está havendo, todos na linha de que poderia estar surgindo problemas de divisão e distanciamento e na verdade eles não existem. O que existirão, e é inevitável, são atritos nas eleições 2012 porque é impossível em uma coalizão tão ampla não haver, esclareceu.
Como médico e apaixonado por futebol, Luciano diz que se vale da prevenção e da capacidade dos craques que se avançam nas jogadas quando o campo é o da política. É uma forma de desfazer reações de consequências muito além das produzidas pelos fatos reais. Precisamos ultrapassar 2012 sem deixar sequelas além das inevitáveis para não criarmos problemas no plano estadual. No fim do caminho tem a eleição estadual e é natural que em o governador não sendo candidato todos os projetos sejam legítimos. Mas nenhum terá viabilidade fora da Frente.
Me dirigi ao meio-campo
Já recuperado da dengue, o deputado Luciano Siqueira (PCdoB) fez uma pausa no arrasta-pé e entrou na dança da política. Em contato com a Pinga-Fogo, relativizou os chamados à base, feitos nos últimos dias, já que por ora eles se dirigem apenas aos intranquilos e precipitados com a ante-sala de 2012 e com os efeitos do processo de aprovação da PEC da reeleição na Assembleia. Um ambiente, segundo ele, bem distante de atingir o primeiro escalão da Frente Popular.
Dirigi-me ao meio-campo. A interlocutores diários que andam assustados em demasia. Um deputado preocupado, um vereador idem, um amigo que pergunta o que está havendo, todos na linha de que poderia estar surgindo problemas de divisão e distanciamento e na verdade eles não existem. O que existirão, e é inevitável, são atritos nas eleições 2012 porque é impossível em uma coalizão tão ampla não haver, esclareceu.
Como médico e apaixonado por futebol, Luciano diz que se vale da prevenção e da capacidade dos craques que se avançam nas jogadas quando o campo é o da política. É uma forma de desfazer reações de consequências muito além das produzidas pelos fatos reais. Precisamos ultrapassar 2012 sem deixar sequelas além das inevitáveis para não criarmos problemas no plano estadual. No fim do caminho tem a eleição estadual e é natural que em o governador não sendo candidato todos os projetos sejam legítimos. Mas nenhum terá viabilidade fora da Frente.
23 junho 2011
Bom dia, Cecília Meireles
Mapa de anatomia: o olho
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas,
naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
Qualificar para superar a miséria
. Uma boa notícia. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) pretende oferecer qualificação profissional a 1,7 milhão de pessoas até 2014, disse hoje (22) a ministra Tereza Campello, durante o programa Bom Dia, Ministro. A iniciativa faz parte do plano de ação do Brasil sem Miséria, lançado no princípio deste mês.
. Outro eixo destacado pela ministra é o da transferência de renda. A previsão é que até 2013 mais 800 mil famílias sejam atendidas pelo Bolsa Família. Outra medida é a inclusão imediata de 1,3 milhão de crianças cujas famílias já são beneficiárias do programa. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, mais de 50% da população extremamente pobre do Brasil têm menos de 19 anos e 40%, até 14 anos.
. Leia mais http://twixar.com/iQHHK3Uh1Aj
. Outro eixo destacado pela ministra é o da transferência de renda. A previsão é que até 2013 mais 800 mil famílias sejam atendidas pelo Bolsa Família. Outra medida é a inclusão imediata de 1,3 milhão de crianças cujas famílias já são beneficiárias do programa. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, mais de 50% da população extremamente pobre do Brasil têm menos de 19 anos e 40%, até 14 anos.
. Leia mais http://twixar.com/iQHHK3Uh1Aj
Mamógrafos parados, um absurdo!
. Um grave problema de gestão, sem dúvidas: cerca de 15% dos mamógrafos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão sem uso, segundo auditoria inédita feita pelo Ministério da Saúde. Dos equipamentos em funcionamento, 44% ficam em unidades de saúde dos estados da Região Sudeste.
. No total, o SUS conta com 1.514 equipamentos de mamografia. Desses, 223 estão parados, 111 têm baixa produtividade, 85 apresentam defeitos e 27 estão em embalagens.
. O governo federal constatou que os equipamentos não são usados ou têm baixa produtividade por falta de assistência técnica e de pessoal qualificado para operá-los. “Em alguns locais, o mamógrafo só é operado pela manhã e fica ocioso depois”, disse o diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), Adalberto Fulgêncio, que coordenou a auditoria, feita durante dois meses.
. A notícia é da Agência Brasil. Leia mais http://twixar.com/iKuK7ohLLaI
. No total, o SUS conta com 1.514 equipamentos de mamografia. Desses, 223 estão parados, 111 têm baixa produtividade, 85 apresentam defeitos e 27 estão em embalagens.
. O governo federal constatou que os equipamentos não são usados ou têm baixa produtividade por falta de assistência técnica e de pessoal qualificado para operá-los. “Em alguns locais, o mamógrafo só é operado pela manhã e fica ocioso depois”, disse o diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), Adalberto Fulgêncio, que coordenou a auditoria, feita durante dois meses.
. A notícia é da Agência Brasil. Leia mais http://twixar.com/iKuK7ohLLaI
Regime Diferenciado de Contratações (RDC): fique sabendo
A verdade sobre o sigilo do orçamento para os Jogos
Por Fabiano de Figueirêdo Araujo, no site Consultor Jurídico
Um dos assuntos hoje mais abordados nas rodas de conversas (não necessariamente jurídicas) em nosso país é a tentativa de implantação de regime diferenciado de contratações (RDC) de obras e serviços relacionados à Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.
Tentou-se inicialmente estabelecer um regime específico de licitações pela Medida Provisória 489, de 12 de maio de 2010, a qual perdeu sua eficácia. Depois, adveio tentativa de inclusão do RDC no Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória 521, de 2010, no qual não se logrou êxito e, por fim, intenta-se implementar essa novel metodologia de contratação por meio do Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória 527, de 2011.
A maior polêmica da sistemática, pelo menos nestes dias, é a proposta de se omitir temporariamente a publicidade do orçamento estimado da contratação, permitindo sua divulgação após o término do certame. Jornalistas, juristas, magistrados, órgãos jurídicos, congressistas, elevadas autoridades do Poder Executivo e até a Exma. Sra. presidenta da República teceram considerações sobre a medida, muitos questionando-a, outros defendo-a com ardor.
Contudo, infere-se, pelo teor de algumas manifestações, que muitos críticos não conhecem efetivamente o teor do comando normativo ora em discussão no Poder Legislativo, mercê de comentários manifestamente dissonantes da literalidade e da amplitude do preceito. Olvida-se, também, que metodologias similares de postergação da publicidade de determinadas fases licitatórias já são aplicáveis à saciedade em certames ocorridos em nosso país e, o mais importante, gozam de prestígio por órgãos de controle, a exemplo do Tribunal de Contas da União.
Leia o texto na íntegra http://twixar.com/Jp0Dln59Zj
Por Fabiano de Figueirêdo Araujo, no site Consultor Jurídico
Um dos assuntos hoje mais abordados nas rodas de conversas (não necessariamente jurídicas) em nosso país é a tentativa de implantação de regime diferenciado de contratações (RDC) de obras e serviços relacionados à Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.
Tentou-se inicialmente estabelecer um regime específico de licitações pela Medida Provisória 489, de 12 de maio de 2010, a qual perdeu sua eficácia. Depois, adveio tentativa de inclusão do RDC no Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória 521, de 2010, no qual não se logrou êxito e, por fim, intenta-se implementar essa novel metodologia de contratação por meio do Projeto de Lei de Conversão da Medida Provisória 527, de 2011.
A maior polêmica da sistemática, pelo menos nestes dias, é a proposta de se omitir temporariamente a publicidade do orçamento estimado da contratação, permitindo sua divulgação após o término do certame. Jornalistas, juristas, magistrados, órgãos jurídicos, congressistas, elevadas autoridades do Poder Executivo e até a Exma. Sra. presidenta da República teceram considerações sobre a medida, muitos questionando-a, outros defendo-a com ardor.
Contudo, infere-se, pelo teor de algumas manifestações, que muitos críticos não conhecem efetivamente o teor do comando normativo ora em discussão no Poder Legislativo, mercê de comentários manifestamente dissonantes da literalidade e da amplitude do preceito. Olvida-se, também, que metodologias similares de postergação da publicidade de determinadas fases licitatórias já são aplicáveis à saciedade em certames ocorridos em nosso país e, o mais importante, gozam de prestígio por órgãos de controle, a exemplo do Tribunal de Contas da União.
Leia o texto na íntegra http://twixar.com/Jp0Dln59Zj
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Na contramaré do enfraquecimentos dos Partidos
Luciano Siqueira
Leio os jornais e atualizo minha correspondência via e-mails. Em destaque, no noticiário e coincidentemente em nada menos do que onze mensagens de amigos, a recorrente questão dos partidos políticos no Brasil.
Na grande mídia, o desconforto da ex-senadora Marina Silva e alguns dos seus seguidores diante do que acusam como sendo ausência de democracia no PV. E a ideia da criação de um novo partido. O deputado verde Alfredo Sirkis estaria defendendo uma alternativa de organização suprapartidária destinada a canalizar energias para um movimento político que, sem ser partido, adquiriria vasta capilaridade social. Uma velha nova proposta. Que nunca deu certo, quando experimentada, nas várias fases da vida institucional que o Brasil já viveu.
Já da minha correspondência pinço essa pergunta que me faz lúcido e perplexo amigo escritor e poeta: “O que se pode fazer para que os partidos políticos brasileiros ganhem identidade?”
A resposta não pode ser, obviamente, a extinção dos partidos ou a sua “superação” por alguma forma de “movimento”, fadada às fragilidades típicas do mero protesto e pouco afeita à luta real pela transformação social. Que movimentos existam, e existem muitos, diversificados, ótimo: expressam reclamos e anseios de parcelas ativas da sociedade. Mas daí a substituírem partidos vai uma distância infinita.
A solução seria precisamente o fortalecimento dos partidos como organizações programáticas, unas, disciplinadas, nacionalmente constituídas. A adoção do sistema de lista preordenadas para disputa dos mandatos parlamentares teria um grande serventia nesse sentido. O eleitor votaria nesta ou naquela legenda com conhecimento do que cada uma propõe. É o que aconteceu recentemente em Portugal, que presenciei in loco. Na TV, onde os partidos têm tempo igual no noticiário, o centro do debate foi o programa de cada um para enfrentar a crise econômica em que o país está atolado. Ganharam as forças de centro-direita, uma escolha consciente da maioria dos eleitores. Na outra ponta, cresceu a representação do Partido Comunista. Os partidos saíram mais uma vez fortalecidos, em certa medida independentemente dos resultados colhidos nas urnas.
Pelo sistema atual em nosso país a fragmentação e o enfraquecimento dos partidos é inevitável. O eleitor é instado a votar no candidato, e não no programa partidário. Daí decorre que candidatos de uma mesma legenda se convertem em concorrentes entre si, ao invés de centrarem suas energias na busca de apoio às ideias do seu partido.
Na prática, por enquanto pelo menos, predomina a resistência a mudar e, de que quebra, qualquer situação vira mote para manter a cantilena contra a forma partido – vale dizer, contra o amadurecimento do processo democrático.
Luciano Siqueira
Leio os jornais e atualizo minha correspondência via e-mails. Em destaque, no noticiário e coincidentemente em nada menos do que onze mensagens de amigos, a recorrente questão dos partidos políticos no Brasil.
Na grande mídia, o desconforto da ex-senadora Marina Silva e alguns dos seus seguidores diante do que acusam como sendo ausência de democracia no PV. E a ideia da criação de um novo partido. O deputado verde Alfredo Sirkis estaria defendendo uma alternativa de organização suprapartidária destinada a canalizar energias para um movimento político que, sem ser partido, adquiriria vasta capilaridade social. Uma velha nova proposta. Que nunca deu certo, quando experimentada, nas várias fases da vida institucional que o Brasil já viveu.
Já da minha correspondência pinço essa pergunta que me faz lúcido e perplexo amigo escritor e poeta: “O que se pode fazer para que os partidos políticos brasileiros ganhem identidade?”
A resposta não pode ser, obviamente, a extinção dos partidos ou a sua “superação” por alguma forma de “movimento”, fadada às fragilidades típicas do mero protesto e pouco afeita à luta real pela transformação social. Que movimentos existam, e existem muitos, diversificados, ótimo: expressam reclamos e anseios de parcelas ativas da sociedade. Mas daí a substituírem partidos vai uma distância infinita.
A solução seria precisamente o fortalecimento dos partidos como organizações programáticas, unas, disciplinadas, nacionalmente constituídas. A adoção do sistema de lista preordenadas para disputa dos mandatos parlamentares teria um grande serventia nesse sentido. O eleitor votaria nesta ou naquela legenda com conhecimento do que cada uma propõe. É o que aconteceu recentemente em Portugal, que presenciei in loco. Na TV, onde os partidos têm tempo igual no noticiário, o centro do debate foi o programa de cada um para enfrentar a crise econômica em que o país está atolado. Ganharam as forças de centro-direita, uma escolha consciente da maioria dos eleitores. Na outra ponta, cresceu a representação do Partido Comunista. Os partidos saíram mais uma vez fortalecidos, em certa medida independentemente dos resultados colhidos nas urnas.
Pelo sistema atual em nosso país a fragmentação e o enfraquecimento dos partidos é inevitável. O eleitor é instado a votar no candidato, e não no programa partidário. Daí decorre que candidatos de uma mesma legenda se convertem em concorrentes entre si, ao invés de centrarem suas energias na busca de apoio às ideias do seu partido.
Na prática, por enquanto pelo menos, predomina a resistência a mudar e, de que quebra, qualquer situação vira mote para manter a cantilena contra a forma partido – vale dizer, contra o amadurecimento do processo democrático.
22 junho 2011
Sobre a chamada “PEC da reeleição da Mesa da Assembleia Legislativa”
Transcrevo minha resposta a indagação de um amigo sobre o meu voto nessa matéria:
Fico feliz com suas considerações obviamente generosas a meu respeito e da minha militância política. E desejo sempre que mantenha esse espírito crítico aguçado, indispensável ao bom desempenho de todos nós.
Tenho um entendimento algo diferente do seu sobre o caso da chamada “PEC da reeleição da Mesa da Assembleia”. Votei a favor da emenda, contrariado: por mim, se deve estabelecer que a eleição da Mesa é livre, ou seja, deputados podem se candidatar quantas vezes o desejarem, cabendo aos demais julgar se devem ser eleitos ou não. Esta não é uma questão de princípio, nem aqui nem em lugar nenhum do mundo. É uma questão de procedimento interno da instituição. Os que defendiam a manutenção da regra como estava o faziam em defesa de um acordo igualmente equivocado, na minha opinião, celebrado há duas legislaturas passadas – ou seja, a convalidação de Emenda igualzinha à atual. Desde que o assunto veio à tona, declarei minha posição, que resumi acima.
Além disso, ninguém está decidindo que a atual Mesa será eleita ad eternum, até porque: a) a eleição da Mesa é daqui a um ano e meio, e não agora, e nada impede que os atuais membros não sejam substituídos por outros que se candidatarem; b) em seguida, virá nova legislatura, com os deputados a serem eleitos em 2014.
Espero ter esclarecido minha posição.
Abraço fraterno,
Luciano
Fico feliz com suas considerações obviamente generosas a meu respeito e da minha militância política. E desejo sempre que mantenha esse espírito crítico aguçado, indispensável ao bom desempenho de todos nós.
Tenho um entendimento algo diferente do seu sobre o caso da chamada “PEC da reeleição da Mesa da Assembleia”. Votei a favor da emenda, contrariado: por mim, se deve estabelecer que a eleição da Mesa é livre, ou seja, deputados podem se candidatar quantas vezes o desejarem, cabendo aos demais julgar se devem ser eleitos ou não. Esta não é uma questão de princípio, nem aqui nem em lugar nenhum do mundo. É uma questão de procedimento interno da instituição. Os que defendiam a manutenção da regra como estava o faziam em defesa de um acordo igualmente equivocado, na minha opinião, celebrado há duas legislaturas passadas – ou seja, a convalidação de Emenda igualzinha à atual. Desde que o assunto veio à tona, declarei minha posição, que resumi acima.
Além disso, ninguém está decidindo que a atual Mesa será eleita ad eternum, até porque: a) a eleição da Mesa é daqui a um ano e meio, e não agora, e nada impede que os atuais membros não sejam substituídos por outros que se candidatarem; b) em seguida, virá nova legislatura, com os deputados a serem eleitos em 2014.
Espero ter esclarecido minha posição.
Abraço fraterno,
Luciano
Democratizar a mídia, necessidade imediata
Renato Rabelo: a batalha estratégica contra a mídia hegemônica
No Vermelho, por André Cintra
Apresentando-se “não como presidente do PCdoB, mas como blogueiro”, Renato Rabelo participou, neste sábado (18/06), da oficina mais concorrida do 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília. Ao lado do ex-ministro José Dirceu e do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), o dirigente comunista debateu “Os partidos e a luta pela democratização da comunicação”.
Segundo Renato, após o regime militar (1964-1985), o Brasil viveu duas décadas de “crise de projetos”. Favorecido agora pelo ciclo democrático-progressista aberto pelo governo Lula (2003-2010) e renovado pela ascensão de Dilma Rousseff à presidência, o país precisa efetivar reformas estruturais básicas, de caráter democratizante, nos marcos de um novo projeto nacional de desenvolvimento.
"É sob essa perspectiva que devemos entender a luta pela democratização dos meios de comunicação. A reforma da mídia não é uma luta conjuntural, uma luta qualquer – mas, sim, uma mudança estratégica”, apontou Renato. “Vejo o fortalecimento da mídia alternativa como os passos iniciais desse processo. Estamos apenas começando essa luta, que vai durar até a concretização da verdadeira ruptura.”
Ao comentar as propostas do Ministério das Comunicações do governo Dilma – como o Plano Nacional de Banda Larga e o debate sobre um novo marco regulatório da mídia –, Renato relativizou o poder do Executivo. “Esses avanços não dependem de um ministro, por melhor que ele seja. O povo é que é a força motriz da mudança. Precisamos mobilizar mais pessoas em torno dessa consciência crescente, aglutinar o máximo de aliados, para transformar nossa luta em força concreta.”
O dirigente afirmou que a democratização do setor se tornou “um trabalho prioritário” para o PCdoB. “Somos o único partido do Brasil que, além de uma Secretaria de Comunicação, tem também uma Secretaria de Questões da Mídia, para dar consequência às batalhas. À frente dessa pasta está o Altamiro Borges, o Miro, que vocês todos conhecem e que é um ardoroso lutador.”
Renato acrescentou que a luta por uma nova mídia não se limita ao Brasil. “Os setores conservadores que querem manter o status quo no mundo têm um grande poder na comunicação – que, para eles, é uma pilastra estratégica. Afora a força coercitiva, as armas, o capitalismo utiliza sobretudo a mídia para exercer seu poder, seu predomínio político e ideológico pelo mundo.”
Transformar os meios de comunicação, nesse sentido, é impulsionar a nova ordem geopolítica. “O mundo está em transição, com uma profunda crise em seu centro e o ascenso rápido de novos atores vindos da periferia do sistema, como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas é impossível consolidar esse processo se a mídia monopolista não for derrotada.”
No Vermelho, por André Cintra
Apresentando-se “não como presidente do PCdoB, mas como blogueiro”, Renato Rabelo participou, neste sábado (18/06), da oficina mais concorrida do 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília. Ao lado do ex-ministro José Dirceu e do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), o dirigente comunista debateu “Os partidos e a luta pela democratização da comunicação”.
Segundo Renato, após o regime militar (1964-1985), o Brasil viveu duas décadas de “crise de projetos”. Favorecido agora pelo ciclo democrático-progressista aberto pelo governo Lula (2003-2010) e renovado pela ascensão de Dilma Rousseff à presidência, o país precisa efetivar reformas estruturais básicas, de caráter democratizante, nos marcos de um novo projeto nacional de desenvolvimento.
"É sob essa perspectiva que devemos entender a luta pela democratização dos meios de comunicação. A reforma da mídia não é uma luta conjuntural, uma luta qualquer – mas, sim, uma mudança estratégica”, apontou Renato. “Vejo o fortalecimento da mídia alternativa como os passos iniciais desse processo. Estamos apenas começando essa luta, que vai durar até a concretização da verdadeira ruptura.”
Ao comentar as propostas do Ministério das Comunicações do governo Dilma – como o Plano Nacional de Banda Larga e o debate sobre um novo marco regulatório da mídia –, Renato relativizou o poder do Executivo. “Esses avanços não dependem de um ministro, por melhor que ele seja. O povo é que é a força motriz da mudança. Precisamos mobilizar mais pessoas em torno dessa consciência crescente, aglutinar o máximo de aliados, para transformar nossa luta em força concreta.”
O dirigente afirmou que a democratização do setor se tornou “um trabalho prioritário” para o PCdoB. “Somos o único partido do Brasil que, além de uma Secretaria de Comunicação, tem também uma Secretaria de Questões da Mídia, para dar consequência às batalhas. À frente dessa pasta está o Altamiro Borges, o Miro, que vocês todos conhecem e que é um ardoroso lutador.”
Renato acrescentou que a luta por uma nova mídia não se limita ao Brasil. “Os setores conservadores que querem manter o status quo no mundo têm um grande poder na comunicação – que, para eles, é uma pilastra estratégica. Afora a força coercitiva, as armas, o capitalismo utiliza sobretudo a mídia para exercer seu poder, seu predomínio político e ideológico pelo mundo.”
Transformar os meios de comunicação, nesse sentido, é impulsionar a nova ordem geopolítica. “O mundo está em transição, com uma profunda crise em seu centro e o ascenso rápido de novos atores vindos da periferia do sistema, como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas é impossível consolidar esse processo se a mídia monopolista não for derrotada.”
Serenidade e grandeza na Frente Popular - para seguir em frente, vencendo
Quem sabe o que quer não se enrola à toa
Luciano Siqueira
Aqui não vai nem de longe qualquer pretensão a dar a conselhos a quem quer que seja. Nem deitar sentença num mundo – o da política – em que todos são maiores de idade, vacinados e quites com suas obrigações institucionais. Mas o comentário cabe – e o faço na dupla condição de partícipe ativo e de observador da cena.
Ocorre em Pernambuco, na atualidade, a continuidade de um ciclo que está longe de se esgotar e que ainda tem muito a produzir em resultados para a economia, para a melhoria das condições de vida da população e para o aprimoramento das práticas políticas. O marco é o pleito de 2000, com as surpreendentes vitórias de João Paulo, no Recife e Luciana Santos em Olinda. Ganha impulso com a primeira eleição de Eduardo Campos, já em ambiente favorecido pelo primeiro mandato do presidente Lula que repercutiu aqui de modo muito positivo e, sobretudo a partir de decisões estratégicas que proporcionaram a alavancagem de nossa economia desde empreendimentos industriais de ponta no Complexo Portuário de Suape, descortinou novo horizonte no estado.
O que já acontece na economia é muito, e muito mais ainda vem por aí. A duplicação do PIB do estado em médio prazo não é qualquer coisa. O êxito da gestão estadual comandada por Eduardo Campos, assentada em programa de governo avançado, focado na busca de superação dos principais entraves ao desenvolvimento do estado e no esforço de reduzir desigualdades intraregionais e sociais, desponta como fator decisivo daqui por diante. Isto num cenário em que o Nordeste cresce mais do que o Brasil e Pernambuco se destaca e se diferencia na região.
No terreno estritamente político, digamos assim, a Frente Popular joga a favor do vento, a torcida é imensa, enquanto o adversário queda desarticulado, sem prumo nem projeto. Basta não cometer erros importantes para continuar vencendo – e entre os erros possíveis, espécie de tiro no próprio pé, estaria a divisão da coalizão governista.
Tem um pleito municipal no caminho, no caminho tem um pleito municipal recheado de contradições. Verdade. É impossível manter todos juntos, solidamente unidos nas eleições para prefeitos e Câmaras Municipais. Mas é perfeitamente possível ultrapassar o episódio eleitoral evitando que discrepâncias e disputas momentâneas afetem o projeto maior – a coesão da Frente Popular em plano estadual mirando a continuidade e a consolidação do ciclo de oportunidades e conquistas.
Nada sugere que partidos e lideranças mais influentes não enxerguem isso. Por mais verdadeiro que seja o adágio de que, em política, nem sempre o óbvio é percebido, essa equação está mais clara do que a luz do dia. Daí a necessidade de se arrostar desencontros pontuais com a serenidade e a grandeza de quem sabe o que quer. E quem sabe o que quer não se engasga com espinha de peixe.
Que o adversário espere a abertura de flancos divisionistas do lado de cá é um direto, até uma esperança última por falta absoluta de proposta e rumo. Mas quem na Frente Popular lidera, ajunta forças e exerce influência pode e deve tornar essa esperança vã.
Luciano Siqueira
Aqui não vai nem de longe qualquer pretensão a dar a conselhos a quem quer que seja. Nem deitar sentença num mundo – o da política – em que todos são maiores de idade, vacinados e quites com suas obrigações institucionais. Mas o comentário cabe – e o faço na dupla condição de partícipe ativo e de observador da cena.
Ocorre em Pernambuco, na atualidade, a continuidade de um ciclo que está longe de se esgotar e que ainda tem muito a produzir em resultados para a economia, para a melhoria das condições de vida da população e para o aprimoramento das práticas políticas. O marco é o pleito de 2000, com as surpreendentes vitórias de João Paulo, no Recife e Luciana Santos em Olinda. Ganha impulso com a primeira eleição de Eduardo Campos, já em ambiente favorecido pelo primeiro mandato do presidente Lula que repercutiu aqui de modo muito positivo e, sobretudo a partir de decisões estratégicas que proporcionaram a alavancagem de nossa economia desde empreendimentos industriais de ponta no Complexo Portuário de Suape, descortinou novo horizonte no estado.
O que já acontece na economia é muito, e muito mais ainda vem por aí. A duplicação do PIB do estado em médio prazo não é qualquer coisa. O êxito da gestão estadual comandada por Eduardo Campos, assentada em programa de governo avançado, focado na busca de superação dos principais entraves ao desenvolvimento do estado e no esforço de reduzir desigualdades intraregionais e sociais, desponta como fator decisivo daqui por diante. Isto num cenário em que o Nordeste cresce mais do que o Brasil e Pernambuco se destaca e se diferencia na região.
No terreno estritamente político, digamos assim, a Frente Popular joga a favor do vento, a torcida é imensa, enquanto o adversário queda desarticulado, sem prumo nem projeto. Basta não cometer erros importantes para continuar vencendo – e entre os erros possíveis, espécie de tiro no próprio pé, estaria a divisão da coalizão governista.
Tem um pleito municipal no caminho, no caminho tem um pleito municipal recheado de contradições. Verdade. É impossível manter todos juntos, solidamente unidos nas eleições para prefeitos e Câmaras Municipais. Mas é perfeitamente possível ultrapassar o episódio eleitoral evitando que discrepâncias e disputas momentâneas afetem o projeto maior – a coesão da Frente Popular em plano estadual mirando a continuidade e a consolidação do ciclo de oportunidades e conquistas.
Nada sugere que partidos e lideranças mais influentes não enxerguem isso. Por mais verdadeiro que seja o adágio de que, em política, nem sempre o óbvio é percebido, essa equação está mais clara do que a luz do dia. Daí a necessidade de se arrostar desencontros pontuais com a serenidade e a grandeza de quem sabe o que quer. E quem sabe o que quer não se engasga com espinha de peixe.
Que o adversário espere a abertura de flancos divisionistas do lado de cá é um direto, até uma esperança última por falta absoluta de proposta e rumo. Mas quem na Frente Popular lidera, ajunta forças e exerce influência pode e deve tornar essa esperança vã.
21 junho 2011
Acesso à banda larga cresce 53% em maio
. A notícia é da Agência Brasil. O acesso à internet de alta velocidade, por banda larga fixa e móvel, cresceu 53,5% em maio deste ano em relação ao mesmo mês de 2010, com a marca de 42,1 milhões de conexões. O balanço mensal foi divulgado pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil).
. Nos últimos 12 meses, foram registrados 14,6 milhões de novos acessos, com a média de um novo cliente conectado a cada dois segundos. Segundo o levantamento, as conexões incluem os modems fixos (dispositivos que viabilizam a conexão) e o acesso por celulares de terceira geração (3G), além de smartphones, que são os meios que lideram o percentual de conexões.
. Em maio último, os acessos por banda larga fixa computaram 15,8 milhões de conexões (29% a mais que no mesmo mês do ano passado). Nos últimos 12 meses 3,5 milhões de novos usuários aderiram à conexão fixa em banda larga.
. A banda larga acessada por sistemas móveis resultou em 26,3 milhões de conexões em maio último, com o acréscimo de 11,2 milhões nos últimos 12 meses e aumento de 73,4% sobre maio de 2010.
. De acordo com a Telebrasil, as redes de 3G estão instaladas em 1.523 municípios, que concentram 75,4% da população brasileira (143,7 milhões de pessoas). Houve aumento, nos últimos 12 meses, de 60% no número de municípios onde há oferta de banda larga pela telefonia móvel. Isso permitiu a antecipação em mais de dois anos das metas de cobertura das licenças de terceira geração concedidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
. Há mais de três prestadoras de serviços de banda larga móvel em 50,5% das cidades brasileiras, onde vivem 96,4 milhões de pessoas, segundo a Telebrasil.
20 junho 2011
Bom dia, Pablo Neruda
Nos bosques, perdido
Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos labios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um gruto ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...
Um artigo meu no Blog da Revista Algomais e no Blog da Folha
A boa arte da conversa e os que a ela resistem
Luciano Siqueira
Desde que surgiu a linguagem, bote tempo para trás!, a humanidade não conheceu outra forma de se entender, ou desentender, que não seja conversando - desde que o Homo sapiens começou a gruir algo na tentativa de chamar a atenção dos seus colegas para a caça ao alcance da mão – ou do ataque. Depois, como que para que não existisse desculpa para a falta de comunicação, há mais ou menos 50 mil anos de nossa era, riscada em pedra e osso, veio a linguagem escrita; ou 30 mil anos antes, se considerarmos coisas gravadas ou pintadas.
Naquelas priscas eras nem se tinha noção ainda de que a política – estágio mais avançado de enfrentar as contradições da sociedade humana – seria o campo privilegiado da conversa. Portanto, do bom uso da linguagem.
Mestres da política brasileira compreenderam isso muito bem. Tancredo Neves dizia que para se conquistar o consenso em torno de tema importante, se preciso o interessado ficasse “rouco de tanto ouvir”. Miguel Arraes – com quem tive a honra e o aprendizado de conversar durante quase dezessete anos -, quando queria elogiar a habilidade de alguém costumava dizer “ele sabe conversar”...
Eu mesmo, nesses mais de trinta anos de política institucional cá na província, posso dizer que tenho vivido prolongada e benéfica experiência através do diálogo, tanto com aliados como com adversários.
Por que comento aqui essas talvez obviedades? Porque os festejos juninos estão passando e depois do último forró e do derradeiro prato de canjica tem muita conversa para acontecer – e tem gente, de cepa mais recente, que ainda não aprendeu que conversar é preciso. Parece praticar uma inversão (primária, danosa) da questão levantada por Stalin à mesa de negociações com Churchill e Roosevelt no pós-Guerra – “Quantas divisões tem o Papa?” – ao ouvir a insinuação de que o Sumo Pontífice da Igreja Católica talvez devesse tomar parte no colóquio. “Ora, se temos divisões suficientes para ir à guerra, por que dialogar agora?”, parece ser o raciocínio simplista e inconsequente de quem hoje se julga detentor de força própria suficiente.
Pois é exatamente o contrário: quem tem algumas divisões precisa conversar muito para mantê-las e, quem sabe, até ampliá-las, e juntá-las às de outros, para enfrentar uma guerra que, na melhor das hipóteses, será dura. Refiro-me às eleições no Recife – de importância geopolítica inquestionável, agora e tendo em vista 2014 – e na maioria das grandes e médias cidades de Pernambuco.
O hermetismo e o autoisolamnento, sob a presunção da onipotência, pode ser o atalho mais fácil ao enfraquecimento precoce. Daí a necessidade de lembrar Tancredo e Arraes que, a seu tempo, precisamente quando muito fortes dedicaram muita energia à boa e indispensável conversa. Para juntar forças e vencer.
Luciano Siqueira
Desde que surgiu a linguagem, bote tempo para trás!, a humanidade não conheceu outra forma de se entender, ou desentender, que não seja conversando - desde que o Homo sapiens começou a gruir algo na tentativa de chamar a atenção dos seus colegas para a caça ao alcance da mão – ou do ataque. Depois, como que para que não existisse desculpa para a falta de comunicação, há mais ou menos 50 mil anos de nossa era, riscada em pedra e osso, veio a linguagem escrita; ou 30 mil anos antes, se considerarmos coisas gravadas ou pintadas.
Naquelas priscas eras nem se tinha noção ainda de que a política – estágio mais avançado de enfrentar as contradições da sociedade humana – seria o campo privilegiado da conversa. Portanto, do bom uso da linguagem.
Mestres da política brasileira compreenderam isso muito bem. Tancredo Neves dizia que para se conquistar o consenso em torno de tema importante, se preciso o interessado ficasse “rouco de tanto ouvir”. Miguel Arraes – com quem tive a honra e o aprendizado de conversar durante quase dezessete anos -, quando queria elogiar a habilidade de alguém costumava dizer “ele sabe conversar”...
Eu mesmo, nesses mais de trinta anos de política institucional cá na província, posso dizer que tenho vivido prolongada e benéfica experiência através do diálogo, tanto com aliados como com adversários.
Por que comento aqui essas talvez obviedades? Porque os festejos juninos estão passando e depois do último forró e do derradeiro prato de canjica tem muita conversa para acontecer – e tem gente, de cepa mais recente, que ainda não aprendeu que conversar é preciso. Parece praticar uma inversão (primária, danosa) da questão levantada por Stalin à mesa de negociações com Churchill e Roosevelt no pós-Guerra – “Quantas divisões tem o Papa?” – ao ouvir a insinuação de que o Sumo Pontífice da Igreja Católica talvez devesse tomar parte no colóquio. “Ora, se temos divisões suficientes para ir à guerra, por que dialogar agora?”, parece ser o raciocínio simplista e inconsequente de quem hoje se julga detentor de força própria suficiente.
Pois é exatamente o contrário: quem tem algumas divisões precisa conversar muito para mantê-las e, quem sabe, até ampliá-las, e juntá-las às de outros, para enfrentar uma guerra que, na melhor das hipóteses, será dura. Refiro-me às eleições no Recife – de importância geopolítica inquestionável, agora e tendo em vista 2014 – e na maioria das grandes e médias cidades de Pernambuco.
O hermetismo e o autoisolamnento, sob a presunção da onipotência, pode ser o atalho mais fácil ao enfraquecimento precoce. Daí a necessidade de lembrar Tancredo e Arraes que, a seu tempo, precisamente quando muito fortes dedicaram muita energia à boa e indispensável conversa. Para juntar forças e vencer.
19 junho 2011
Ricardo Leitão na luta
. No Jornal do Commercio de hoje a alegria de ver Ricardo Leitão recuperado e politicamente lúcido em sua entrevista a Ana Lúcia e Ciro Rocha.
. Ele traça um desenho inicial (apenas inicial, a meu ver) do novo cenário de 2012 no Recife. Há muito chão pela frente.
. Ele traça um desenho inicial (apenas inicial, a meu ver) do novo cenário de 2012 no Recife. Há muito chão pela frente.
Gonzaguinha é o poeta do domingo
A sugestão de domingo é de Gonzaguinha: “A gente quer viver a liberdade/A gente quer viver felicidade...”.
Em pauta novo documentário sobre presos políticos
Jornal do Commercio:
Filme retratará presos da Casa de Detenção
por Débora Duque
Enquanto se arrastam discussões sobre a abertura dos arquivos do regime militar, instauração da Comissão da Verdade e revisão da Lei da Anistia, sobram ações concretas que se propõem a revelar as facetas de um passado recente (1964-1985), porém, ainda nebuloso. Após o lançamento do documentário Vou contar para os meus filhos, que retrata a história de 24 mulheres que cumpriram pena no presídio do Bom Pastor durante a década de 70, uma nova tentativa de resgate histórico deverá ganhar forma de filme. Desta vez, entretanto, voltado aos ex-presos políticos da antiga Casa de Detenção do Recife, hoje Casa da Cultura. Assim como o vídeo sobre o Bom Pastor, o documentário será financiado pelo Ministério da Justiça através do projeto Marcas da Memória, cujo o objetivo é fomentar ações que resgatem casos de violações de direitos humanos durante da ditadura militar.
À frente da iniciativa estarão Lília Gondim e Yara Falcón, ex-presas políticas que viveram no Bom Pastor e também articularam a produção do filme recém-lançado. De acordo com Yara, o novo produto, ainda sem nome pré-definido, coletará depoimentos de aproximadamente 20 ex-detentos da Casa da Cultura, que funcionou como presídio até 1973, quando o então governador Eraldo Gueiros decidiu desativá-lo. O foco, entretanto, será nas pessoas que viveram na antiga Casa de Detenção entre 1964, ano do Golpe, e o fechamento da prisão.
Não poderemos fazer com todos, porque muitos já morreram e outros são difíceis de localizar, mas muitos já toparam, conta Yara. Durante o regime, não foram poucos os que passaram por uma das 160 celas do presídio, a exemplo do ex-governador Miguel Arraes, do ex-deputado Gregório Bezerra, do jornalista Marcelo Mário de Melo e do vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz.
A previsão é que o documentário seja lançado daqui a um ano. O formato seguirá os mesmo padrões adotados em Vou contar para os meus filhos, que emocionou público e protagonistas do filme nos dois dias de exibição no Recife. O lançamento, realizado na última quinta-feira, foi prestigiado por 16 das antigas presas do Bom Pastor, políticos e ainda pela vice-presidente da Comissão de Anistia, Sueli Belloto, que considerou o projeto uma forma de “recontar e preservar as histórias das heroínas do País. A despeito do caráter didático, o vídeo, dirigido por Tuca Siqueira, não abriu mão de assumir uma linguagem poética e extremamente sensorial para contar a trajetória das mulheres (todas militantes de organizações de esquerda) que, ao chegarem ao Bom Pastor, se depararam com um ambiente menos hostil do que haviam encontrado nos porões dos quartéis espalhados pelo País. Os relatos, algumas vezes bastante duros, são mesclados com imagens leves que procuram transmitir, ao invés da crueza das histórias individuais, a simbologia de poder contá-las 40 anos depois.
O ponto de partida da narração é o reencontro do grupo no Recife, em março deste ano. São destacados momentos bem peculiares compartilhados durante o cárcere, a exemplo do nascimento filho de Helena Serra Azul, do casamento de Yara Falcón ao som do hino da Internacional Comunista ou da libertação de Vera Rocha e Nancy Mangabeira em troca do embaixador suíço. Numa das cenas mais emocionantes do filme, as antigas presas, segurando um emaranhando de fios vermelhos, formam um círculo em frente ao presídio Bom Pastor e declamam nomes de desaparecidos políticos. O documentário deverá ganhar, em julho, uma versão em DVD para ser distribuído gratuitamente em escolas, universidades, sindicatos e associações de moradores. “Esse é mais um véu que tiramos de cima da História do Brasil, sentencia Lília Gondim, uma das idealizadoras.
Filme retratará presos da Casa de Detenção
por Débora Duque
Enquanto se arrastam discussões sobre a abertura dos arquivos do regime militar, instauração da Comissão da Verdade e revisão da Lei da Anistia, sobram ações concretas que se propõem a revelar as facetas de um passado recente (1964-1985), porém, ainda nebuloso. Após o lançamento do documentário Vou contar para os meus filhos, que retrata a história de 24 mulheres que cumpriram pena no presídio do Bom Pastor durante a década de 70, uma nova tentativa de resgate histórico deverá ganhar forma de filme. Desta vez, entretanto, voltado aos ex-presos políticos da antiga Casa de Detenção do Recife, hoje Casa da Cultura. Assim como o vídeo sobre o Bom Pastor, o documentário será financiado pelo Ministério da Justiça através do projeto Marcas da Memória, cujo o objetivo é fomentar ações que resgatem casos de violações de direitos humanos durante da ditadura militar.
À frente da iniciativa estarão Lília Gondim e Yara Falcón, ex-presas políticas que viveram no Bom Pastor e também articularam a produção do filme recém-lançado. De acordo com Yara, o novo produto, ainda sem nome pré-definido, coletará depoimentos de aproximadamente 20 ex-detentos da Casa da Cultura, que funcionou como presídio até 1973, quando o então governador Eraldo Gueiros decidiu desativá-lo. O foco, entretanto, será nas pessoas que viveram na antiga Casa de Detenção entre 1964, ano do Golpe, e o fechamento da prisão.
Não poderemos fazer com todos, porque muitos já morreram e outros são difíceis de localizar, mas muitos já toparam, conta Yara. Durante o regime, não foram poucos os que passaram por uma das 160 celas do presídio, a exemplo do ex-governador Miguel Arraes, do ex-deputado Gregório Bezerra, do jornalista Marcelo Mário de Melo e do vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz.
A previsão é que o documentário seja lançado daqui a um ano. O formato seguirá os mesmo padrões adotados em Vou contar para os meus filhos, que emocionou público e protagonistas do filme nos dois dias de exibição no Recife. O lançamento, realizado na última quinta-feira, foi prestigiado por 16 das antigas presas do Bom Pastor, políticos e ainda pela vice-presidente da Comissão de Anistia, Sueli Belloto, que considerou o projeto uma forma de “recontar e preservar as histórias das heroínas do País. A despeito do caráter didático, o vídeo, dirigido por Tuca Siqueira, não abriu mão de assumir uma linguagem poética e extremamente sensorial para contar a trajetória das mulheres (todas militantes de organizações de esquerda) que, ao chegarem ao Bom Pastor, se depararam com um ambiente menos hostil do que haviam encontrado nos porões dos quartéis espalhados pelo País. Os relatos, algumas vezes bastante duros, são mesclados com imagens leves que procuram transmitir, ao invés da crueza das histórias individuais, a simbologia de poder contá-las 40 anos depois.
O ponto de partida da narração é o reencontro do grupo no Recife, em março deste ano. São destacados momentos bem peculiares compartilhados durante o cárcere, a exemplo do nascimento filho de Helena Serra Azul, do casamento de Yara Falcón ao som do hino da Internacional Comunista ou da libertação de Vera Rocha e Nancy Mangabeira em troca do embaixador suíço. Numa das cenas mais emocionantes do filme, as antigas presas, segurando um emaranhando de fios vermelhos, formam um círculo em frente ao presídio Bom Pastor e declamam nomes de desaparecidos políticos. O documentário deverá ganhar, em julho, uma versão em DVD para ser distribuído gratuitamente em escolas, universidades, sindicatos e associações de moradores. “Esse é mais um véu que tiramos de cima da História do Brasil, sentencia Lília Gondim, uma das idealizadoras.
O espetáculo oculto no céu
Ciência Hoje Online:
Inspirado pelo eclipse total da Lua do último dia 15, o colunista Adilson de Oliveira fala na ‘Física sem mistério’ de junho sobre esses fenômenos e de sua importância histórica para a ciência.
. No final da tarde e início da noite de 15 de junho aconteceu um dos mais belos espetáculos celestes que podemos observar. A Lua apareceu por volta das 18h, mas mal podia ser vista. Aos poucos, à medida que foi escurecendo, era possível vê-la envolvida por uma coloração levemente avermelhada.
. Por volta das 18h20, a Lua começou a brilhar novamente, parecendo estar em sua fase crescente. Já por volta das 20h, ela estava totalmente reluzente no céu. Provavelmente, muitas pessoas nas grandes cidades nem perceberam o que acontecia, pois quando escureceu de fato a Lua já estava totalmente coberta pela sombra da Terra.
. O que aconteceu foi um eclipse total da Lua. Esse fenômeno ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados, estando a Terra no meio, de tal forma que a Lua atravessa a sombra projetada pelo nosso planeta. O evento que aconteceu no dia 15 de junho foi um dos mais longos dos últimos 11 anos, durando aproximadamente duas horas.
. Leia mais http://twixar.com/OmFd9mliA
Inspirado pelo eclipse total da Lua do último dia 15, o colunista Adilson de Oliveira fala na ‘Física sem mistério’ de junho sobre esses fenômenos e de sua importância histórica para a ciência.
. No final da tarde e início da noite de 15 de junho aconteceu um dos mais belos espetáculos celestes que podemos observar. A Lua apareceu por volta das 18h, mas mal podia ser vista. Aos poucos, à medida que foi escurecendo, era possível vê-la envolvida por uma coloração levemente avermelhada.
. Por volta das 18h20, a Lua começou a brilhar novamente, parecendo estar em sua fase crescente. Já por volta das 20h, ela estava totalmente reluzente no céu. Provavelmente, muitas pessoas nas grandes cidades nem perceberam o que acontecia, pois quando escureceu de fato a Lua já estava totalmente coberta pela sombra da Terra.
. O que aconteceu foi um eclipse total da Lua. Esse fenômeno ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados, estando a Terra no meio, de tal forma que a Lua atravessa a sombra projetada pelo nosso planeta. O evento que aconteceu no dia 15 de junho foi um dos mais longos dos últimos 11 anos, durando aproximadamente duas horas.
. Leia mais http://twixar.com/OmFd9mliA
18 junho 2011
A manhã é do poeta
A dica de sábado é de Nelson Cavaquinho: “O sol... há de brilhar mais uma vez/A luz... há de chegar aos corações”.
16 junho 2011
Meu inimigo pessoal hoje
Me orgulho sempre de nada ou ninguém ser capaz de arrefecer o meu ânimo combativo, a minha capacidade de trabalho. Mas eis que finalmente um inimigo pessoal me derruba há dias - e me submete a uma "surra" diária, que mantém entre a rede e a cama. Sem ânimo para nada. É esse mosquito da foto, que me transmitiu o virus da dengue, cuja ficha "criminal" transcrevo:
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Subordem: Nematocera
Família: Culicidae
Subfamília: Culicinae
Gênero: Aedes
Subgênero: Stegomyia
Espécie: Ae. aegypti
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Subordem: Nematocera
Família: Culicidae
Subfamília: Culicinae
Gênero: Aedes
Subgênero: Stegomyia
Espécie: Ae. aegypti
2012 no Recife em foco, no Blog da Revista Algomais
Olhando 2012, mas evitando que a onça beba água antes da hora
Luciano Siqueira
Se na vida botar o carro adiante dos bois nunca é aconselhável, na política essa verdade vale três vezes mais. Isto porque antes do cenário se desenhar, qualquer movimento precipitado pode botar as coisas a perder – pelo menos as pretensões de quem se adiantou antes da hora. Esse argumento eu mesmo tenho repetido, respondendo a recorrentes abordagens de repórteres e colunistas da área política a propósito do próximo pleito no Recife. A rigor, a mesa dos entendimentos só estará posta de janeiro próximo em diante, com breve interrupção nos dias de Momo.
Mas nem sempre é assim, o ritmo das vontades também se reflete na realidade e o que se esperava para daqui a alguns meses começa a acontecer. Ainda não chegou a hora de a onça beber água, mas a danada já se aproxima da fonte, sedenta. Isto porque a essa altura dos acontecimentos, o tempo de governo se entrelaça naturalmente com o tempo eleitoral – ou seja, amadureceram as condições para que o prefeito, assim como seus colegas dos demais municípios, colha o que plantou em mais de dois anos e meio de gestão. E ninguém duvida que o desempenho administrativo se constitui numa das principais variáveis a considerar na equação política.
O assunto é delicado e complexo, pois não é fácil avaliar em sua inteireza os resultados da gestão do prefeito João da Costa. Antes o observador – mesmo situado dentre os que tomam parte no governo e o apoiam no seio da sociedade – é induzido a compartilhar queixas e insatisfações disseminadas praticamente por todos os segmentos da sociedade. Desconhecimento dos feitos do governo? Pode ser, não apenas pelos limites da comunicação institucional, mas sobretudo pela insuficiente circulação das informações no interior da coligação partidária governista. Onde o diálogo é frágil e superficial, além de escasso, a anemia política prospera.
Nesse ambiente, sem prejuízo do empenho solidário e leal de todos os aliados do prefeito, seria imperdoável leniência cruzar os braços e esperar janeiro para iniciar a troca de impressões entre partidos coligados, e com o próprio prefeito, acerca da batalha que está por vir. Isto num clima de serenidade e equilíbrio, de modo a não atrapalhar a obra administrativa.
O PCdoB, por exemplo, que pratica lealdade política a toda prova, toma a iniciativa do diálogo nessa direção, concomitantemente com o debate em suas fileiras, preparatório da Conferência Municipal que atualizará o projeto político do Partido no Recife em 13 de agosto próximo. Com todo o cuidado para evitar que a onça beba água antes do tempo.
Luciano Siqueira
Se na vida botar o carro adiante dos bois nunca é aconselhável, na política essa verdade vale três vezes mais. Isto porque antes do cenário se desenhar, qualquer movimento precipitado pode botar as coisas a perder – pelo menos as pretensões de quem se adiantou antes da hora. Esse argumento eu mesmo tenho repetido, respondendo a recorrentes abordagens de repórteres e colunistas da área política a propósito do próximo pleito no Recife. A rigor, a mesa dos entendimentos só estará posta de janeiro próximo em diante, com breve interrupção nos dias de Momo.
Mas nem sempre é assim, o ritmo das vontades também se reflete na realidade e o que se esperava para daqui a alguns meses começa a acontecer. Ainda não chegou a hora de a onça beber água, mas a danada já se aproxima da fonte, sedenta. Isto porque a essa altura dos acontecimentos, o tempo de governo se entrelaça naturalmente com o tempo eleitoral – ou seja, amadureceram as condições para que o prefeito, assim como seus colegas dos demais municípios, colha o que plantou em mais de dois anos e meio de gestão. E ninguém duvida que o desempenho administrativo se constitui numa das principais variáveis a considerar na equação política.
O assunto é delicado e complexo, pois não é fácil avaliar em sua inteireza os resultados da gestão do prefeito João da Costa. Antes o observador – mesmo situado dentre os que tomam parte no governo e o apoiam no seio da sociedade – é induzido a compartilhar queixas e insatisfações disseminadas praticamente por todos os segmentos da sociedade. Desconhecimento dos feitos do governo? Pode ser, não apenas pelos limites da comunicação institucional, mas sobretudo pela insuficiente circulação das informações no interior da coligação partidária governista. Onde o diálogo é frágil e superficial, além de escasso, a anemia política prospera.
Nesse ambiente, sem prejuízo do empenho solidário e leal de todos os aliados do prefeito, seria imperdoável leniência cruzar os braços e esperar janeiro para iniciar a troca de impressões entre partidos coligados, e com o próprio prefeito, acerca da batalha que está por vir. Isto num clima de serenidade e equilíbrio, de modo a não atrapalhar a obra administrativa.
O PCdoB, por exemplo, que pratica lealdade política a toda prova, toma a iniciativa do diálogo nessa direção, concomitantemente com o debate em suas fileiras, preparatório da Conferência Municipal que atualizará o projeto político do Partido no Recife em 13 de agosto próximo. Com todo o cuidado para evitar que a onça beba água antes do tempo.
O bom exemplo da CONAM
Na trilha das mudanças
Luciano Siqueira
Mudança é uma palavra guarda-chuva: debaixo dela cabe tudo, inclusive fazer de conta que muda permanecendo no mesmo lugar. Por isso é necessário qualificar qual mudança de que se está falando.
Governo de mudança, por exemplo, aprendi quando vice-prefeito do Recife que tanto pode ser fazer mais do mesmo com lisura e eficiência – e nada mudar, na essência; ou romper com paradigmas conceituais vigentes nas políticas públicas – e, na prática, verdadeiramente mudar. Experimentamos essa ousadia em algumas áreas, a exemplo do saneamento, introduzindo o conceito do saneamento integrado, e na assistência social, buscando ir além da promoção do sujeito de direitos, buscando despertar na população alvo das ações do governo a consciência do sujeito agente transformador da sociedade.
O 11º Congresso da CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores), realizado dos dias 26 a 29 de maio passados, culminando a mobilização de mais de 20 mil entidades populares em todo o país representadas por mais de 2 mil delegados eleitos, aponta para a mudança no sentido verdadeiro. Isto tanto pela pretendida elevação da consciência política da população de nossas periferias, como no conteúdo essencial contido em suas principais bandeiras - a reforma urbana, o fortalecimento do SUS, a defesa dos direitos fundamentais do povo e a soberania nacional. E o posicionamento claro de apoio ao governo Dilma, preservando entretanto a independência e a autonomia do movimento. Ou seja, o 11º Congresso foi muito além de uma pauta de reivindicações pontuais e imediatas.
É possível avançar, sim, com o governo Dilma, desde que se tenha na cena política a mobilização popular na qual tem papel irrecusável o movimento comunitário. E na medida em que o movimento se faça apto a ferir questões nacionais mais complexas, como a mudança da orientação macroeconômica. Quando o barbeiro da esquina, a merendeira da escola e coordenador da quadrilha junina compreenderem com nitidez a relação entre juros altos e o preço do feijão e da farinha de mandioca, o movimento estará em condições de influir nos destinos da nação.
A reforma urbana desponta como inadiável e implica a pressão popular frente às três esferas federativas do poder – a União, os Estados e Municípios. Os prefeitos, por exemplo, têm em mãos os dispositivos contidos no Estatuto das Cidades que, combinados com o Plano Diretor, podem e devem fazer a sua parte face as grandes e inadiáveis demandas por moradia, transporte, saneamento, infraestrutura, segurança e defesa ambiental – que ganham crescente contundência nas grandes e médias cidades do país. E não basta a vontade deste ou daquele governante, urge aumentar o poder reivindicatório da população.
Daí porque um movimento comunitário massivo, aguerrido e politizado, sob a liderança nacional da CONAM, merece o apoio e a solidariedade de todos os que se batem para transformação social.
Luciano Siqueira
Mudança é uma palavra guarda-chuva: debaixo dela cabe tudo, inclusive fazer de conta que muda permanecendo no mesmo lugar. Por isso é necessário qualificar qual mudança de que se está falando.
Governo de mudança, por exemplo, aprendi quando vice-prefeito do Recife que tanto pode ser fazer mais do mesmo com lisura e eficiência – e nada mudar, na essência; ou romper com paradigmas conceituais vigentes nas políticas públicas – e, na prática, verdadeiramente mudar. Experimentamos essa ousadia em algumas áreas, a exemplo do saneamento, introduzindo o conceito do saneamento integrado, e na assistência social, buscando ir além da promoção do sujeito de direitos, buscando despertar na população alvo das ações do governo a consciência do sujeito agente transformador da sociedade.
O 11º Congresso da CONAM (Confederação Nacional das Associações de Moradores), realizado dos dias 26 a 29 de maio passados, culminando a mobilização de mais de 20 mil entidades populares em todo o país representadas por mais de 2 mil delegados eleitos, aponta para a mudança no sentido verdadeiro. Isto tanto pela pretendida elevação da consciência política da população de nossas periferias, como no conteúdo essencial contido em suas principais bandeiras - a reforma urbana, o fortalecimento do SUS, a defesa dos direitos fundamentais do povo e a soberania nacional. E o posicionamento claro de apoio ao governo Dilma, preservando entretanto a independência e a autonomia do movimento. Ou seja, o 11º Congresso foi muito além de uma pauta de reivindicações pontuais e imediatas.
É possível avançar, sim, com o governo Dilma, desde que se tenha na cena política a mobilização popular na qual tem papel irrecusável o movimento comunitário. E na medida em que o movimento se faça apto a ferir questões nacionais mais complexas, como a mudança da orientação macroeconômica. Quando o barbeiro da esquina, a merendeira da escola e coordenador da quadrilha junina compreenderem com nitidez a relação entre juros altos e o preço do feijão e da farinha de mandioca, o movimento estará em condições de influir nos destinos da nação.
A reforma urbana desponta como inadiável e implica a pressão popular frente às três esferas federativas do poder – a União, os Estados e Municípios. Os prefeitos, por exemplo, têm em mãos os dispositivos contidos no Estatuto das Cidades que, combinados com o Plano Diretor, podem e devem fazer a sua parte face as grandes e inadiáveis demandas por moradia, transporte, saneamento, infraestrutura, segurança e defesa ambiental – que ganham crescente contundência nas grandes e médias cidades do país. E não basta a vontade deste ou daquele governante, urge aumentar o poder reivindicatório da população.
Daí porque um movimento comunitário massivo, aguerrido e politizado, sob a liderança nacional da CONAM, merece o apoio e a solidariedade de todos os que se batem para transformação social.
A palavra instigante de Jomard
SOCIABILIDADES na INTERPOÉTICA
Jomard Muniz de Britto
01. O show Tem Mais Samba/Banda SEU CHICO
confirma a presença arrebatadora de Tibério Azul,
intérprete de corpo inteiro em gestual com a firme
delicadeza de um Luiz Melodia e do nosso Aristides
pernambucália Guimarães.
Acompanhado por músicos exuberantes, impossível
não registrar Vitor Araujo, agora também ator em
FEBRE DO RATO. Surpresas além do samba.
02. O sucesso do primeiro Laboratório de Literatura
estimulou seus idealizadores a programar um
outro de CRÍTICA CULTURAL. Ação conjugada
por Wellington de Melo e Vavá Schön Paulino.
Cinema, gastronomia, música, artes visuais, dança
com as finas estampas da cultura pernambucana.
Angela Prysthon, fonte de unanimidades.
03. Torna-se mais do que difícil se autoconsiderar
autor contemporâneo sem ter lido O LIVRO DO
AVESSO de João Silvério Trevisan: convicção de
Almeida do Janga percorrendo avenidas recifenses.
04. Uma pessoa, enfim, teve a idéia sublimadora de
reunir miniquadros da coleção de Elias Dimenstein
com os concebidos em homenagem ao nosso ALEX.
Local quase ainda inédito: Centro Cultural dos
Correios no Recife Antigo, perto da Madre de Deus.
05. O médico-antrpólogo Abel Menezes colaborando com
os inventores do único bloco que mantém um Sarau:
NADABRAHMA em sânscrito significa TUDOÉSOM.
Para diálogos: abelgalaxiainfovia@gmail
06. MIRÓ, tanto na Muribeca quanto na Av. Paulista,
sugerindo a Marcelino Freire exibição do curta CALMA,
MONGA, CALMA! na próxima Balada Literária. Entre
nós, Marcelino vem autografar seu primeiro livro pelo
selo EDITH.
07. TATUÍ representa muito mais do que uma revista de
crítica contemporânea, ousando da metalinguagem à
TRANSliteratura. Ana Luiza Lima e Clarissa Diniz
farão todo frisson na Universidade das Quebradas/RJ,
em companhia de Numa Ciro e Helô B. de Holanda.
08. Por citar o mais charmoso sobrenome, andam pensando
em convidar Ana de Hollanda para abertura do
Laboratório de Crítica Cultural, no Recife. Luci Alcântara
filmará tudo com seus alunos (as) mais alucinantes.
09. MTV NA BRASA: China reapresentando Ortinho entre
os melhores da MPB contemporânea.
10. Quem mais cedo nos ultrapassará: o ciúme, o amor ou
a solidão das singularidades?
Recife/Junho/2011
Jomard Muniz de Britto
01. O show Tem Mais Samba/Banda SEU CHICO
confirma a presença arrebatadora de Tibério Azul,
intérprete de corpo inteiro em gestual com a firme
delicadeza de um Luiz Melodia e do nosso Aristides
pernambucália Guimarães.
Acompanhado por músicos exuberantes, impossível
não registrar Vitor Araujo, agora também ator em
FEBRE DO RATO. Surpresas além do samba.
02. O sucesso do primeiro Laboratório de Literatura
estimulou seus idealizadores a programar um
outro de CRÍTICA CULTURAL. Ação conjugada
por Wellington de Melo e Vavá Schön Paulino.
Cinema, gastronomia, música, artes visuais, dança
com as finas estampas da cultura pernambucana.
Angela Prysthon, fonte de unanimidades.
03. Torna-se mais do que difícil se autoconsiderar
autor contemporâneo sem ter lido O LIVRO DO
AVESSO de João Silvério Trevisan: convicção de
Almeida do Janga percorrendo avenidas recifenses.
04. Uma pessoa, enfim, teve a idéia sublimadora de
reunir miniquadros da coleção de Elias Dimenstein
com os concebidos em homenagem ao nosso ALEX.
Local quase ainda inédito: Centro Cultural dos
Correios no Recife Antigo, perto da Madre de Deus.
05. O médico-antrpólogo Abel Menezes colaborando com
os inventores do único bloco que mantém um Sarau:
NADABRAHMA em sânscrito significa TUDOÉSOM.
Para diálogos: abelgalaxiainfovia@gmail
06. MIRÓ, tanto na Muribeca quanto na Av. Paulista,
sugerindo a Marcelino Freire exibição do curta CALMA,
MONGA, CALMA! na próxima Balada Literária. Entre
nós, Marcelino vem autografar seu primeiro livro pelo
selo EDITH.
07. TATUÍ representa muito mais do que uma revista de
crítica contemporânea, ousando da metalinguagem à
TRANSliteratura. Ana Luiza Lima e Clarissa Diniz
farão todo frisson na Universidade das Quebradas/RJ,
em companhia de Numa Ciro e Helô B. de Holanda.
08. Por citar o mais charmoso sobrenome, andam pensando
em convidar Ana de Hollanda para abertura do
Laboratório de Crítica Cultural, no Recife. Luci Alcântara
filmará tudo com seus alunos (as) mais alucinantes.
09. MTV NA BRASA: China reapresentando Ortinho entre
os melhores da MPB contemporânea.
10. Quem mais cedo nos ultrapassará: o ciúme, o amor ou
a solidão das singularidades?
Recife/Junho/2011
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Tudo vale a pena para tornar a política pequena
Luciano Siqueira
Desde a vitória de Lula em 2002 se instaurou no Brasil um ciclo de possibilidades de sentido histórico, trazendo em seu bojo conquistas que se acumulam nas esferas econômica, social e política. Ambiente por si mesmo favorecedor de grandes atitudes em favor de um projeto de desenvolvimento capaz de abrir caminho, estrategicamente, a um novo salto civilizatório.
Certo ou errado? A despeito dos contratempos que têm marcado a cena política desde então, em sacrifício do que se passou a caracterizar “espírito republicano”, a afirmação está correta. Nem precisa anotar aqui as inúmeras conquistadas obtidas.
Mas cabe assinalar o despreparo de parte importantes das forças políticas para se colocarem à altura do ciclo histórico. Na atualidade, evidente nas duas correntes hegemônicas no governo – o PT e o PMDB.
É o que vimos durante o deplorável episódio protagonizado pelo ex-ministro Palocci, cuja natureza em nada contribui para engrandecer a figura do então chefe da Casa Civil. Uma vez confirmada a pretensão da presidenta Dilma de substitui-lo, petistas nas esferas internas e no âmbito do parlamento foram à batalha intestina na ânsia de tirar proveito da crise, sem nenhum receio do desgaste público. Do “líder” Vacarezza – exemplo de primarismo e inabilidade – ao presidente da Câmara, esgrimiram argumentos no mínimo intrigantes na busca da ocupação da coordenação política do governo, tais como a necessidade da bancada federal se sentir melhor representada (sic).
O PMDB, por seu turno, organização centrista não necessariamente pelo ideário que defende, e sim pela capacidade de ser governo em qualquer circunstância, foi à luta com o mesmo denodo. O líder Renan Calheiros, por exemplo, punha a necessidade de um peemedebista no Planalto como meio de “aprimorar” a articulação política da presidenta.
A rigor, o PT tem a presidente e o PMDB, o vice-presidente. Fora que petistas empolgam a grande maioria dos ministérios e o PMDB controla uns tantos dentre os considerados mais importantes. Mas o apetite de ambos não tem limites. Daí parecem agir segundo a máxima de que “tudo vale a pena para tornar a política pequena”. Ou seja, nada de discutir a melhoria da capacidade do governo concretizar seus compromissos programáticos, e sim a ampliação de espaços de poder sabe-se muito bem em razão de interesses imediatos dos pequenos grupos de que são formados os dois partidos.
Mas isso é próprio de todo partido político, a conquista de poder – justificava, no auge da crise, um experiente deputado amigo. O que não deixa de ser verdade – e neste caso, o “poder” é este já alcançado. O teto foi atingido, já que não se persegue objetivos estratégicos de maior envergadura, o que apequenina a visão da política e põe a República sob risco constante de novas crises de tipo palocciano. E, de outra parte, estimula a visão crítica e a capacidade de ação dos que pretendem um novo projeto nacional de desenvolvimento, apto a gerar condições para transformações profundas na sociedade brasileira – no rumo do socialismo.
Luciano Siqueira
Desde a vitória de Lula em 2002 se instaurou no Brasil um ciclo de possibilidades de sentido histórico, trazendo em seu bojo conquistas que se acumulam nas esferas econômica, social e política. Ambiente por si mesmo favorecedor de grandes atitudes em favor de um projeto de desenvolvimento capaz de abrir caminho, estrategicamente, a um novo salto civilizatório.
Certo ou errado? A despeito dos contratempos que têm marcado a cena política desde então, em sacrifício do que se passou a caracterizar “espírito republicano”, a afirmação está correta. Nem precisa anotar aqui as inúmeras conquistadas obtidas.
Mas cabe assinalar o despreparo de parte importantes das forças políticas para se colocarem à altura do ciclo histórico. Na atualidade, evidente nas duas correntes hegemônicas no governo – o PT e o PMDB.
É o que vimos durante o deplorável episódio protagonizado pelo ex-ministro Palocci, cuja natureza em nada contribui para engrandecer a figura do então chefe da Casa Civil. Uma vez confirmada a pretensão da presidenta Dilma de substitui-lo, petistas nas esferas internas e no âmbito do parlamento foram à batalha intestina na ânsia de tirar proveito da crise, sem nenhum receio do desgaste público. Do “líder” Vacarezza – exemplo de primarismo e inabilidade – ao presidente da Câmara, esgrimiram argumentos no mínimo intrigantes na busca da ocupação da coordenação política do governo, tais como a necessidade da bancada federal se sentir melhor representada (sic).
O PMDB, por seu turno, organização centrista não necessariamente pelo ideário que defende, e sim pela capacidade de ser governo em qualquer circunstância, foi à luta com o mesmo denodo. O líder Renan Calheiros, por exemplo, punha a necessidade de um peemedebista no Planalto como meio de “aprimorar” a articulação política da presidenta.
A rigor, o PT tem a presidente e o PMDB, o vice-presidente. Fora que petistas empolgam a grande maioria dos ministérios e o PMDB controla uns tantos dentre os considerados mais importantes. Mas o apetite de ambos não tem limites. Daí parecem agir segundo a máxima de que “tudo vale a pena para tornar a política pequena”. Ou seja, nada de discutir a melhoria da capacidade do governo concretizar seus compromissos programáticos, e sim a ampliação de espaços de poder sabe-se muito bem em razão de interesses imediatos dos pequenos grupos de que são formados os dois partidos.
Mas isso é próprio de todo partido político, a conquista de poder – justificava, no auge da crise, um experiente deputado amigo. O que não deixa de ser verdade – e neste caso, o “poder” é este já alcançado. O teto foi atingido, já que não se persegue objetivos estratégicos de maior envergadura, o que apequenina a visão da política e põe a República sob risco constante de novas crises de tipo palocciano. E, de outra parte, estimula a visão crítica e a capacidade de ação dos que pretendem um novo projeto nacional de desenvolvimento, apto a gerar condições para transformações profundas na sociedade brasileira – no rumo do socialismo.
11 junho 2011
O poeta sabe das coisas
A dica de sábado é de João Cabral de Melo Neto: “Um galo sozinho não tece a manhã/ele precisará sempre de outros galos.”
10 junho 2011
COPOM: samba de uma nota só
Mais uma vez a taxa de juros
Por Renato Rabelo*
Por Renato Rabelo*
A decisão unânime, nesta semana, do Comitê de Política Monetária (COPOM) de aumentar em 0,25% a taxa SELIC -- que alcançou o disparate de 12,25% ao ano -- não pode ser recebida naturalmente. Além de o Brasil ser o país com as maiores taxas de juros do mundo, superior em três vezes a da segunda colocada (Austrália), o que vem à tona é a mesma discussão sobre que país e que estrutura econômica estaremos entregando às futuras gerações de brasileiros.
Conjunturalmente, todos concordamos que a alta inflacionária -- fundamentalmente importada -- dos primeiros meses do ano tornou-se um grande problema político, utilizado por uma oposição sem rumos, nem bandeiras. Medidas eram necessárias, claro, para evitar uma degringolada no sistema de preços. O próprio governo, independente das seguidas ações predatórias do BC, abriu-se a discussões sobre formas alternativas de enfrentamento à inflação. As chamadas “medidas macroprudenciais” foram postas em teste, buscando ações localizadas na contenção de crédito de longo prazo.
Mas as taxas de juros continuaram a subir, amiúde a produção industrial no mês de abril ter recuado 2% em relação ao mês anterior; e mesmo com a clara tendência de arrefecimento da alta dos preços após alguns meses de medidas conjugadas (aumento da taxa de juros, arrocho fiscal e medidas macroprudenciais).
Sob outro ângulo de visão, é importante notar que apesar do discurso de austeridade e controle rígido dos “gastos”, inclusive anunciando cortes de R$ 50 bilhões no orçamento, com este aumento último de 0,25% a dívida pública, em apenas seis meses de governo, teve acréscimo de R$ 19 bilhões e a previsão de economia do setor público para redução e pagamento de juros da dívida interna é de 45% do PIB, chegando a R$ 210 bilhões neste ano.
O efeito se espraia para todos os campos da economia. Combater a inflação utilizando a taxa de juros está fazendo o dólar despencar, chegando a R$ 1,55. De 2004 até agora a valorização do real – diante do dólar – foi de 119%. A desindustrialização vem a reboque desta valorização: as exportações primárias (minério de ferro e soja, por exemplo) que eram de 22% em 2000, aumentaram para 46% em 2010. A concorrência externa toma de assalto os mercados de empresas nacionais, dentro e fora do país: Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 45% das empresas industriais que concorrem com produtos chineses perderam participação no mercado nacional entre 2006 e 2010; e com 67% das empresas exportadoras aconteceu a mesma coisa.
Existem questões que devem – de forma definitiva – entrar no centro do debate, entre elas: continuaremos um país com papel essencialmente passivo no comércio internacional, pois nossos superávits são dependentes das flutuações dos preços das commodities? Um país com uma estrutura industrial desarticulada por importações predatórias, sem capacidade produtiva industrial para se fazer valer diante de crises externas? Um país sem capacidade de se proteger num ambiente internacional onde de um lado acirra-se a concorrência oligopólica e de outro os próprios Estados Nacionais tendem a criar mecanismos de proteção de suas economias?
Seremos o país em que os juros, somente os juros, da dívida pública consomem recursos anuais 20 vezes maiores do que os destinados ao recém-anunciado programa de combate à miséria? Existe um paradoxo nada aparente no atual estado de coisas. Algo que está colocando em xeque a própria capacidade deste ou daquele governo ser soberano diante dos grandes desafios da nacionalidade. Aos banco tudo, à esmagadora maioria do povo algumas migalhas e restos dos banquetes regados por juros da dívida pública.
*Presidente nacional do PCdoB
Mas as taxas de juros continuaram a subir, amiúde a produção industrial no mês de abril ter recuado 2% em relação ao mês anterior; e mesmo com a clara tendência de arrefecimento da alta dos preços após alguns meses de medidas conjugadas (aumento da taxa de juros, arrocho fiscal e medidas macroprudenciais).
Sob outro ângulo de visão, é importante notar que apesar do discurso de austeridade e controle rígido dos “gastos”, inclusive anunciando cortes de R$ 50 bilhões no orçamento, com este aumento último de 0,25% a dívida pública, em apenas seis meses de governo, teve acréscimo de R$ 19 bilhões e a previsão de economia do setor público para redução e pagamento de juros da dívida interna é de 45% do PIB, chegando a R$ 210 bilhões neste ano.
O efeito se espraia para todos os campos da economia. Combater a inflação utilizando a taxa de juros está fazendo o dólar despencar, chegando a R$ 1,55. De 2004 até agora a valorização do real – diante do dólar – foi de 119%. A desindustrialização vem a reboque desta valorização: as exportações primárias (minério de ferro e soja, por exemplo) que eram de 22% em 2000, aumentaram para 46% em 2010. A concorrência externa toma de assalto os mercados de empresas nacionais, dentro e fora do país: Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 45% das empresas industriais que concorrem com produtos chineses perderam participação no mercado nacional entre 2006 e 2010; e com 67% das empresas exportadoras aconteceu a mesma coisa.
Existem questões que devem – de forma definitiva – entrar no centro do debate, entre elas: continuaremos um país com papel essencialmente passivo no comércio internacional, pois nossos superávits são dependentes das flutuações dos preços das commodities? Um país com uma estrutura industrial desarticulada por importações predatórias, sem capacidade produtiva industrial para se fazer valer diante de crises externas? Um país sem capacidade de se proteger num ambiente internacional onde de um lado acirra-se a concorrência oligopólica e de outro os próprios Estados Nacionais tendem a criar mecanismos de proteção de suas economias?
Seremos o país em que os juros, somente os juros, da dívida pública consomem recursos anuais 20 vezes maiores do que os destinados ao recém-anunciado programa de combate à miséria? Existe um paradoxo nada aparente no atual estado de coisas. Algo que está colocando em xeque a própria capacidade deste ou daquele governo ser soberano diante dos grandes desafios da nacionalidade. Aos banco tudo, à esmagadora maioria do povo algumas migalhas e restos dos banquetes regados por juros da dívida pública.
*Presidente nacional do PCdoB
07 junho 2011
Resolução do PCdoB em destaque
Do site http://www.lucianosiqueira.com.br/:
Luciano destaca Resolução do Comitê Central do PCdoB
O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (06) para registrar as principais decisões do Comitê Central do partido definidas durante reunião do colegiado ocorrida no final de semana. “A resolução aponta para a reafirmação da decisão do nosso partido de apoiar e fortalecer o governo da presidenta Dilma, para que possa realizar sua missão de fazer avançar o Projeto Nacional de Desenvolvimento e assim alcançar pleno êxito”, afirmou o parlamentar, que é também membro da direção nacional do PCdoB e participou do encontro.
Em seu breve pronunciamento, Luciano destacou ainda outros pontos importantes da resolução do Comitê Central, entre eles a tramitação do novo Código Florestal no Congresso Nacional. “A luta agora é no Senado pela aprovação de um novo Código Florestal que auxilie o equilíbrio entre a produção e a preservação do meio ambiente tendo como base o projeto de lei relatado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) e aprovado por 86% dos votos na Câmara dos Deputados”, disse.
“O documento defende ainda o fim da impunidade aos crimes cometidos contras as lideranças do povo, trabalhadores, punição rigorosa aos pistoleiros e mandantes dos assassinatos, garantir o direito a vida de todas as lideranças ameaçadas”, destacou o parlamentar.
Luciano citou ainda trechos da resolução na qual o PCdoB reafirma sua disposição em dar seguimento ás movimentações por uma reforma política democrática, combater a tendência em curso de reduzi-la unicamente ao casuísmo do fim da coligação proporcional. “A demanda real do Brasil por uma reforma que amplie a democracia e corrija distorções existentes que sofre ameaça de uma vez mais talvez de não se realizar, correndo o risco de se tornar uma contrarreforma com a pressão que ora se empreende no sentido conservador”, ressaltou.
O partido defende ainda o fortalecimento da jornada nacional de lutas, que acontecerá em agosto, convocada de forma unitária pelas centrais sindicais e a coordenação nacional dos movimentos socais e faz um apelo para que a presidenta Dilma encontre a solução mais rápida, mais eficiente e mais eficaz para a crise de governo constituída pelo caso Palocci no sentido de reforçar a autoridade presidencial e dar sequência a sua obra de governo.
Luciano entregou à Mesa Diretora cópia da Resolução do partido para que seja transcrita nos Anais da Assembleia Legislativa.
Clique no link abaixo e leia a íntegra da Resolução Política do Comitê Central do PCdoB http://twixar.com/o5lHBgEOid
Luciano destaca Resolução do Comitê Central do PCdoB
O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (06) para registrar as principais decisões do Comitê Central do partido definidas durante reunião do colegiado ocorrida no final de semana. “A resolução aponta para a reafirmação da decisão do nosso partido de apoiar e fortalecer o governo da presidenta Dilma, para que possa realizar sua missão de fazer avançar o Projeto Nacional de Desenvolvimento e assim alcançar pleno êxito”, afirmou o parlamentar, que é também membro da direção nacional do PCdoB e participou do encontro.
Em seu breve pronunciamento, Luciano destacou ainda outros pontos importantes da resolução do Comitê Central, entre eles a tramitação do novo Código Florestal no Congresso Nacional. “A luta agora é no Senado pela aprovação de um novo Código Florestal que auxilie o equilíbrio entre a produção e a preservação do meio ambiente tendo como base o projeto de lei relatado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) e aprovado por 86% dos votos na Câmara dos Deputados”, disse.
“O documento defende ainda o fim da impunidade aos crimes cometidos contras as lideranças do povo, trabalhadores, punição rigorosa aos pistoleiros e mandantes dos assassinatos, garantir o direito a vida de todas as lideranças ameaçadas”, destacou o parlamentar.
Luciano citou ainda trechos da resolução na qual o PCdoB reafirma sua disposição em dar seguimento ás movimentações por uma reforma política democrática, combater a tendência em curso de reduzi-la unicamente ao casuísmo do fim da coligação proporcional. “A demanda real do Brasil por uma reforma que amplie a democracia e corrija distorções existentes que sofre ameaça de uma vez mais talvez de não se realizar, correndo o risco de se tornar uma contrarreforma com a pressão que ora se empreende no sentido conservador”, ressaltou.
O partido defende ainda o fortalecimento da jornada nacional de lutas, que acontecerá em agosto, convocada de forma unitária pelas centrais sindicais e a coordenação nacional dos movimentos socais e faz um apelo para que a presidenta Dilma encontre a solução mais rápida, mais eficiente e mais eficaz para a crise de governo constituída pelo caso Palocci no sentido de reforçar a autoridade presidencial e dar sequência a sua obra de governo.
Luciano entregou à Mesa Diretora cópia da Resolução do partido para que seja transcrita nos Anais da Assembleia Legislativa.
Clique no link abaixo e leia a íntegra da Resolução Política do Comitê Central do PCdoB http://twixar.com/o5lHBgEOid
Carta fora do baralho?
Palocci e a frieza calculista do mercado
Luciano Siqueira
A Folha de S. Paulo de domingo noticiou que o mercado financeiro não se deixa afetar pelo imbróglio em que se meteu o ministro Palocci, tido como fiador da estabilidade financeira e dos interesses da banca, até o momento postado numa cadeira da nave de comando governo Dilma – ainda que sob ameaça de ceder lugar a um substituto. Donde se pode aferir, à primeira vista, que o Deus mercado confia na manutenção das regras vigentes, especialmente a política de juros altos, por um governo que, embora comprometido em avançar mais do que o antecessor, ainda não reúne força para quebrar os parâmetros macroeconômicos.
Luciano Siqueira
Segundo a reportagem, “o comportamento das cotações, desde que a atual crise política se instalou, indica que o enfraquecimento de Palocci (ou até a sua saída) não abala mais o mercado. Justo ele, que até há poucos meses era tido como o fiador de uma política fiscal austera do governo Dilma Rousseff.”
Cá de fora das altas rodas do poder central e a anos luz de distância dos gabinetes dos magnatas das finanças, ouso trazer à mesa duas questões.
A primeira: governo nenhum pode assentar sua credibilidade na presença de um suposto superministro, mormente num regime presidencialista que nem o brasileiro. Governos amealham base social e política fundamentalmente pelo seu programa e pela autoridade e competência de quem o lidera – no caso, a presidenta Dilma. Por mais influente que seja – ou era – Palocci, resulta em grosseira balela imaginar que o comando do governo estivesse em suas mãos. É provável, inclusive, que a decisão que a presidenta venha a tomar agora quanto à permanência, ou não, do ministro em sua equipe clareie mais ainda a situação. Isso se Dilma substituir a hesitação pela tomada de pulso.
A segunda questão a sublinhar é a aparente segurança da turma da usura na imutabilidade da atual correlação de forças, dentro do governo e na sociedade; e portanto na inviabilidade de uma ruptura com o figurino atual em matéria de política financeira. Com ou sem Palocci.
O risco que essa gente corre e, contraditoriamente, a esperança dos que investem na produção e dela dependem está precisamente na possibilidade de alteração do estado atual da arte. Que no interior do governo venham a prevalecer, como aconteceu após a saída de Palocci no governo Lula, a banda desenvolvimentista (da qual a então ministra Dilma fez parte) e consequentemente se enfraqueça a banda aliada às altas finanças.
Daí a necessidade de se ultrapassar o quanto antes o caso Palocci e retomar a agenda propositiva do desenvolvimento, como uma espécie de subproduto benfazejo da momentânea crise de governo.
05 junho 2011
Redes sociais & realidade
No Vermelho:
A batalha das redes sociais
Eduardo Bomfim
A batalha das redes sociais
Eduardo Bomfim
Com o surgimento das revoltas árabes, quando centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas do Cairo e das principais cidades de outros Países da região, consolida-se o fenômeno da geração das redes sociais que se espalhou pela Europa através do movimento dos indignados.
De lá para cá são crescentes as tentativas de interpretações dessa onda de concentrações coletivas que devem se espalhar pelos diversos continentes. Algumas delas atribuem a esse novo despertar das massas às revoluções tecnológicas contemporâneas associadas a uma espécie de militância de novo tipo.
Na verdade as multidões que vão sacudindo o velho continente estão se rebelando mesmo é contra as consequências da crise da nova ordem liberal que vai fazendo água por todos os lados inclusive onde os partidos socialistas governam e que também adotaram cortes no setor social e ajustes fiscais penalizando terrivelmente o mundo do trabalho e segmentos da classe média.
A taxa de desemprego, só na Espanha, já ultrapassa a faixa de 20% da população economicamente ativa e entre os jovens esse índice atinge o alarmante número de 40%. Assim, o Partido Socialista Espanhol foi massacrado nas recentes eleições porque sofreu a defecção do eleitor de esquerda justamente revoltado contra as medidas econômicas do governo socialista de Zapatero.
No Brasil, como que se antecipando à possibilidade dessas manifestações onde as redes sociais jogam destacado papel de convocação, o maior jornal conservador do País disparou um ensaio sobre o conteúdo ideológico dessas ferramentas e de um hipotético novo tipo de ativista, o anarquista cibernético, que é contra os sindicatos, os partidos e qualquer tipo de política. Foi o que tentou promover os EUA nas revoltas árabes.
Porém as redes sociais são ferramentas de comunicação, assim como o telefone, a Internet, e até como foi o telégrafo, à época. Todos foram ao seu tempo revoluções tecnológicas, e ponto. O decisivo mesmo são as idéias que se divulgam seja ao telefone, nas redes sociais, o que sai na Internet, nos jornais ou na TV etc.
Sem alternativas à falência da nova ordem mundial e a uma crise de civilização por ela mesmo erigida, os conservadores buscam uma saída contra a crescente insubordinação popular diante do desastre econômico e social provocado pelas políticas neoliberais. Para isso, tentam divulgar uma ideologia de escapismo desprovida de toda consciência política.
Na verdade as multidões que vão sacudindo o velho continente estão se rebelando mesmo é contra as consequências da crise da nova ordem liberal que vai fazendo água por todos os lados inclusive onde os partidos socialistas governam e que também adotaram cortes no setor social e ajustes fiscais penalizando terrivelmente o mundo do trabalho e segmentos da classe média.
A taxa de desemprego, só na Espanha, já ultrapassa a faixa de 20% da população economicamente ativa e entre os jovens esse índice atinge o alarmante número de 40%. Assim, o Partido Socialista Espanhol foi massacrado nas recentes eleições porque sofreu a defecção do eleitor de esquerda justamente revoltado contra as medidas econômicas do governo socialista de Zapatero.
No Brasil, como que se antecipando à possibilidade dessas manifestações onde as redes sociais jogam destacado papel de convocação, o maior jornal conservador do País disparou um ensaio sobre o conteúdo ideológico dessas ferramentas e de um hipotético novo tipo de ativista, o anarquista cibernético, que é contra os sindicatos, os partidos e qualquer tipo de política. Foi o que tentou promover os EUA nas revoltas árabes.
Porém as redes sociais são ferramentas de comunicação, assim como o telefone, a Internet, e até como foi o telégrafo, à época. Todos foram ao seu tempo revoluções tecnológicas, e ponto. O decisivo mesmo são as idéias que se divulgam seja ao telefone, nas redes sociais, o que sai na Internet, nos jornais ou na TV etc.
Sem alternativas à falência da nova ordem mundial e a uma crise de civilização por ela mesmo erigida, os conservadores buscam uma saída contra a crescente insubordinação popular diante do desastre econômico e social provocado pelas políticas neoliberais. Para isso, tentam divulgar uma ideologia de escapismo desprovida de toda consciência política.
04 junho 2011
A força do agronegócio
. A agropecuária foi a principal responsável pelo crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre de 2011, com salto de 3,3% no período, a maior taxa de expansão entre todos os setores da economia, informa a Agência Brasil.
. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento foi puxado, principalmente, pelos ganhos de produtividade, que devem levar a uma safra de grãos e fibras estimada em 159 milhões de toneladas.
. Entre os produtos que mais contribuíram para o resultado do primeiro trimestre, por causa da colheita no período, estão algodão, arroz, milho e soja.
. Na comparação com os três primeiros meses de 2010, a agropecuária apresentou crescimento de 3,1%. A Superintendência Técnica da CNA avaliou que os próximos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial do produto interno, devem apresentar resultados ainda mais positivos para o setor agropecuário, pois, além do resultado final da safra de grãos, vai contemplar o período em que se deu a recuperação de preços do agronegócio. A estimativa da confederação é que o PIB do setor feche 2011 com elevação de 9%.
. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento foi puxado, principalmente, pelos ganhos de produtividade, que devem levar a uma safra de grãos e fibras estimada em 159 milhões de toneladas.
. Entre os produtos que mais contribuíram para o resultado do primeiro trimestre, por causa da colheita no período, estão algodão, arroz, milho e soja.
. Na comparação com os três primeiros meses de 2010, a agropecuária apresentou crescimento de 3,1%. A Superintendência Técnica da CNA avaliou que os próximos levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial do produto interno, devem apresentar resultados ainda mais positivos para o setor agropecuário, pois, além do resultado final da safra de grãos, vai contemplar o período em que se deu a recuperação de preços do agronegócio. A estimativa da confederação é que o PIB do setor feche 2011 com elevação de 9%.
Bom para o consumidor
. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anuncia nova queda nos preços do etanol e da gasolina comum na semana entre os dias 30 de maio e 3 de junho. O preço do etanol teve redução de 2,12% e a gasolina 0,75%, em relação à semana anterior.
. Na comparação com a primeira semana de maio, os preços cairam 15,8% para o etanol e 4,2% para a gasolina comum, que contém 25% de etanol anidro. O preço médio da gasolina na semana que começou no dia 30 de maio ficou em R$ 2,79 e o do etanol em R$ 1,93.
. Em quase todos os estados foram verificadas quedas dos preços médios ao consumidor final nos dois combustíveis. Na cidade de São Paulo, a queda do etanol foi de 1% e 1,06% para a gasolina. Em Brasília, as reduções dos preços dos combustíveis ao consumidor final foram de 1,3% para o etanol e de 3,61% para a gasolina. Na cidade do Rio de Janeiro, a queda do preço médio de revenda chegou a 2,1% para o etanol e a 0,4% para a gasolina.
. De acordo com a ANP, os preços devem continuar caindo gradualmente nas próximas semanas, por causa do crescimento da oferta de etanol nas unidades produtoras a preços mais baixos, dado o período de safra da cana-de-açúcar na região Centro-Sul.
. A pesquisa da ANP é feita todas as semanas em pelo menos 8 mil postos revendedores no país inteiro.
. Na comparação com a primeira semana de maio, os preços cairam 15,8% para o etanol e 4,2% para a gasolina comum, que contém 25% de etanol anidro. O preço médio da gasolina na semana que começou no dia 30 de maio ficou em R$ 2,79 e o do etanol em R$ 1,93.
. Em quase todos os estados foram verificadas quedas dos preços médios ao consumidor final nos dois combustíveis. Na cidade de São Paulo, a queda do etanol foi de 1% e 1,06% para a gasolina. Em Brasília, as reduções dos preços dos combustíveis ao consumidor final foram de 1,3% para o etanol e de 3,61% para a gasolina. Na cidade do Rio de Janeiro, a queda do preço médio de revenda chegou a 2,1% para o etanol e a 0,4% para a gasolina.
. De acordo com a ANP, os preços devem continuar caindo gradualmente nas próximas semanas, por causa do crescimento da oferta de etanol nas unidades produtoras a preços mais baixos, dado o período de safra da cana-de-açúcar na região Centro-Sul.
. A pesquisa da ANP é feita todas as semanas em pelo menos 8 mil postos revendedores no país inteiro.
Luciano propõe ampliação do atendimento a mulheres vítimas de violência
No site www.lucianosiqueira.com.br
. O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) encaminhou nesta quinta-feira (02) à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa projeto de lei que estabelece prioridade de atendimento psicoterápico e de cirurgia plástica reparadora, na rede pública estadual de saúde, para mulheres vítimas de violência da qual resulte dano a sua integridade física estética. A proposta propõe ainda a inscrição da vítima no cadastro único do Sistema Único de Saúde – SUS a ser mantido pela Secretaria estadual de Saúde.
. O PL determina ainda que os serviços públicos de saúde, referências em cirurgia plástica do Estado de Pernambuco, após a efetiva comprovação da agressão sofrida pela mulher e da existência de dano à integridade física da vítima, adotem as medidas necessárias para que seja realizado, prioritariamente, procedimento cirúrgico, a fim de sanar a deformidade.
. Na justificativa, o parlamentar lembra que a violência contra a mulher tem suas raízes históricas pautadas nas relações desiguais de poder entre as categorias de gênero, de classe, de raça/etnia, resultando muitas vezes em morte e danos físicos ou psicológicos da mulher, tanto na esfera pública quanto na privada.
. “Apesar dos avanços das lutas feministas, as estatísticas revelam que ainda é alto o índice de violência contra as mulheres. Nesse sentido, Pernambuco chama atenção pela contradição, pois, segundo o Ministério da Saúde, o estado é o terceiro da federação onde se matam mais mulheres e ao mesmo tempo conta com uma das mais ativas e organizadas redes feministas do Brasil”, afirmou, destacando a necessidade de se avançar na construção de políticas públicas mais amplas de defesa dos direitos das mulheres em nossa sociedade.
Da Redação do site.
. O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) encaminhou nesta quinta-feira (02) à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa projeto de lei que estabelece prioridade de atendimento psicoterápico e de cirurgia plástica reparadora, na rede pública estadual de saúde, para mulheres vítimas de violência da qual resulte dano a sua integridade física estética. A proposta propõe ainda a inscrição da vítima no cadastro único do Sistema Único de Saúde – SUS a ser mantido pela Secretaria estadual de Saúde.
. O PL determina ainda que os serviços públicos de saúde, referências em cirurgia plástica do Estado de Pernambuco, após a efetiva comprovação da agressão sofrida pela mulher e da existência de dano à integridade física da vítima, adotem as medidas necessárias para que seja realizado, prioritariamente, procedimento cirúrgico, a fim de sanar a deformidade.
. Na justificativa, o parlamentar lembra que a violência contra a mulher tem suas raízes históricas pautadas nas relações desiguais de poder entre as categorias de gênero, de classe, de raça/etnia, resultando muitas vezes em morte e danos físicos ou psicológicos da mulher, tanto na esfera pública quanto na privada.
. “Apesar dos avanços das lutas feministas, as estatísticas revelam que ainda é alto o índice de violência contra as mulheres. Nesse sentido, Pernambuco chama atenção pela contradição, pois, segundo o Ministério da Saúde, o estado é o terceiro da federação onde se matam mais mulheres e ao mesmo tempo conta com uma das mais ativas e organizadas redes feministas do Brasil”, afirmou, destacando a necessidade de se avançar na construção de políticas públicas mais amplas de defesa dos direitos das mulheres em nossa sociedade.
Da Redação do site.