A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
30 abril 2016
Símbolo
Universitária de Mossoró (RN) ergue uma enxada - instrumento de trabalho dos pais - na cerimônia de colação de grau. Nossa gente não fugirá à luta!
Constitucionalmente impedido
Temer não poderá nomear ministros, caso Dilma se afaste para defesa
Em caso de afastamento da presidenta da República para se defender no
processo de impeachment no Senado, Vice-presidente não pode nomear novo
ministério
Jorge
Folena - Jornal GGN
Na hipótese de o Senado Federal
aceitar o pedido de abertura do processamento de impeachment da Presidenta
Dilma Roussef, é necessário esclarecer à opinião pública que:
1) Dilma
Roussef não deixará de ser a Presidenta da República Federativa do
Brasil, pois o que terá início é somente o julgamento do pedido de
seu afastamento do cargo, pelo Senado Federal, sob a presidência do Presidente
do Supremo Tribunal Federal (artigo 52, I e seu parágrafo único da
Constituição). Esse afastamento deverá ocorrer em respeito ao devido processo
legal, ao contraditório, à ampla defesa e à presunção de inocência (artigo 5.º,
LIV e LV e LVII, da Constituição).
2)
Aceito o prosseguimento do processo de impeachment, inicia-se o julgamento,
durante o qual a Presidenta da República apenas ficará suspensa das suas
funções(artigo 86, parágrafo 1.º , II, da Constituição). Ou
seja, a Constituição não diz que o seu governo estará destituído. O governo
eleito permanece, com os ministros nomeados pela Presidenta, que devem
permanecer até o julgamento final do processo de impeachment. Da mesma forma, a
Presidenta da República deverá continuar ocupando os Palácios do Planalto e da
Alvorada, de onde somente deverá sair se o Senado Federal vier a
condená-la. Sendo certo que a Presidenta retomará as suas funções, caso o
Senado não a julgue em até 180 dias (art. 86, parágrafo 2.º, da Constituição
Federal).
3) As
funções e atribuições do Presidente da República estão previstas no artigo 84
da Constituição Federal e dentre elas constam: nomear e exonerar ministros de
Estado; iniciar processo legislativo; sancionar leis, expedir decretos, nomear
ministros do Tribunal de Contas etc.
Prestados estes esclarecimentos,
é importante salientar que o vice-presidente da República somente
substituirá o presidente no caso de seu impedimento ou o sucederá
em caso de vacância do cargo presidencial. Além disso, o vice-presidente
auxiliará o presidente quando convocado por este para missões especiais. É o
que dispõe o artigo 79 da Constituição Federal. Suspensão de
atribuições não implica impedimento ou sucessão por vacância.
São três hipóteses distintas.
Ora, o impedimento presidencial
somente ocorrerá caso haja condenação por 2/3 dos Senadores da
República, depois de concluído todo o devido processo legal; só então se dará a
hipótese da perda do cargo, com a inabilitação, por 8 anos, para o
exercício de função pública. (Artigo 52, parágrafo único).
A substituição do(a)
presidente(a) da República somente ocorrerá no caso de condenação definitiva
no processo de impeachment (depois de esgotadas todas as etapas do impedimento)
e em caso de vacância por morte ou renúncia.
Ressalte-se que impedimento
não é a mesma coisa que suspensão das funções, pois esta não tem
o condão de retirar o status de presidente da República.
Portanto, o vice-presidente
somente sucederia a presidenta Dilma, e só então poderia constituir um novo
governo, nos casos de condenação definitiva por impeachment (impedimento),
ou havendo vacância por morte ou renúncia.
Fora disto, não existe
possibilidade constitucional de o vice-presidente constituir um novo governo,
com a nomeação de novos ministros, na medida em que o Brasil ainda tem uma
Presidenta eleita pela maioria do povo brasileiro, que apenas estará
afastada das suas funções para se defender das acusações no Senado Federal.
Então, o que vem sendo veiculado
pela imprensa tradicional é mais uma tentativa de implantar o golpe
institucional no Brasil, com o estabelecimento de um ilegítimo governo
paralelo. Assim, por meio de factóides, tem sido anunciado que o
vice-presidente nomeará ministério e já teria um plano de governo, anunciado em
28 de abril de 2016, que não procura esconder seus objetivos de redução dos
direitos trabalhistas e previdenciários, além de cortar programas sociais, como
o Bolsa família.
Sendo assim, claro está que o
vice-presidente não tem atribuição para instituir novo governo nem nomear ou
desnomear ministros de Estado e, desta forma, deverá se limitar a aguardar,
em silêncio e com todo o decoro possível, o resultado final do julgamento do
impedimento, no Palácio do Jaburu, sua residência oficial.
Jorge Rubem Folena de
Oliveira - Advogado constitucionalista e cientista político
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Dupla traição
Em matéria na Carta
Capital http://twixar.me/28N André
Barrocal analisa o paradoxo Temer ter sido “eleito” junto com Dilma, do PT, e
montar um pretenso governo de caráter “tucano”. É a traição na forma e no
conteúdo – pela via do golpe, pretende se aboletar na cadeira presidencial;
através de uma agenda neoliberal, realizar o que o povo rejeitou nas urnas.
Impasse institucional
O imbróglio do golpe
Eduardo
Bomfim, no portal Vermelho
A
votação na Câmara do impedimento do mandato da presidente Dilma revelou ao
Brasil cenas grotescas da maioria dos parlamentares usando o microfone com um
“sim” pela mulher, marido, família, o cachorrinho, etc.
Ficou óbvio, inclusive à mídia
internacional, que não se julgava o parecer do relator do processo, um
calhamaço de 500 páginas “escrito” em 24 horas, muito menos a defesa da
presidente pela Advocacia Geral da União.
Na verdade não se discutiu o
mérito do impedimento da principal mandatária do País eleita através do voto
popular, o mais grave dos preceitos inscritos na Constituição da República.
Sob o comando do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, com vários processos de cassação, além de centenas de
parlamentares em idêntica situação, a opinião pública assistiu a um espetáculo
dantesco.
Porque admitia-se, como narrou a
mídia, em meio a palavrório de ópera bufa, a anulação de mais de 54 milhões de
votos, via a “garantia” de Eduardo Cunha de que eles estariam a salvo da perda
de mandatos e outros crimes que correm na justiça. Tudo isso contra uma
presidente sob a qual não pesa algum crime de responsabilidade.
Daí a indignação de milhões de
brasileiros, o constrangimento de outros tantos que na oposição perceberam o
esbulho que os moviam às ruas, à exceção dos assolados pelo ódio difuso, ou
aqueles de ideologia fascista como o deputado Bolsonaro.
O vice Temer arquiteta um
governo, ao lado de Cunha, em condição surreal. Não tem apoio de nenhum dos
lados em que se dividiu a nação, cuja autoria material foi da banca rentista da
Avenida Paulista com a mídia golpista que desde 1954 esmera-se na abjeta arte
da conspiração contra a democracia, os interesses nacionais.
Tal modelo de “primavera
colorida” bufa tem seguramente as digitais dos EUA. Logo saberemos de forma
documentada de sua participação.
O processo segue no Senado com
todas as instituições da República em crise profunda, a ameaça de um governo
fantoche sem credibilidade e base social, com a rejeição de juristas, intelectuais,
jornalistas, religiosos, organizações da sociedade civil etc.
A sanha golpista gesta um
imbróglio institucional, econômico dramático, faz com que vários procurem
alguma saída de emergência. Cabe aos democratas a luta pela legalidade, a
defesa da nação raras vezes tão ameaçada.
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da atualidade: http://migre.me/kMGFD
Regressão
Uma nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Social
aponta que a proposta de política social do governo Michel Temer pode excluir
40 milhões de beneficiários do Bolsa Família. Leia mais http://twixar.me/x8N
Registro
Na coluna Ponto a ponto, no Diário de Pernambuco: "Fervoroso defensor do PT, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), destaca que sondagens eleitorais têm revelado a força de Lula e a fragilidade eleitoral do “consórcio PMDB-PSDB-DEM”.
Mais vigor na luta democrática
PCdoB: plebiscito por "diretas já" fortalece a luta contra o golpe
No portal Vermelho
Reunida nesta sexta-feira (29), na sede do Comitê Central, a Comissão
Política Nacional (CPN) do PCdoB aprovou como resolução política, para
fortalecer a luta contra o golpe, “que o povo seja chamado a decidir pelo
melhor caminho para se restaurar a democracia”. Para o PCdoB, “esse caminho são
as eleições presidenciais diretas, já!”. Ao mesmo tempo, os comunistas renovam
a defesa do governo Dilma Rousseff e a luta para derrotar o golpe em curso no
Senado Federal.
Segue a íntegra da resolução assinada pela Comissão
Política Nacional:
Plebiscito por “diretas já” fortalecerá luta contra
o golpe!
Em 17
de abril último – depois de um ano e três meses de pesada ofensiva da oposição
neoliberal, da grande mídia, de amplas camadas das classes dominantes em conluio
aberto com setores do aparato jurídico e policial acoplados à Operação Lava
Jato –, a Câmara dos Deputados abriu as portas para ser consumado um golpe de
Estado no país, ao aprovar, por maioria de votos, a admissibilidade de um
impeachment sem base jurídica, portanto, fraudulento, contra o mandato legítimo
da presidenta Dilma Rousseff.
A
batalha decisiva está sendo travada, agora, no Senado Federal, que consolidará
ou refutará o golpe. Por isto, a resistência democrática, nas ruas, nas
tribunas, em atos e manifestos, canalizará suas ações para derrotar esse
impeachment golpista no Senado, em todas as fases, até o julgamento desse
processo. Nesta jornada, destacam-se as manifestações do 1º de Maio contra o
golpe, em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores e do povo,
fortemente ameaçados por uma pauta eivada de neoliberalismo selvagem do
pretenso governo do golpista Michel Temer.
Nesta
hora grave da história do país, o PCdoB apresenta – para exame das amplas
forças democráticas e populares que lutam contra o golpe – a proposta de que
venhamos a batalhar pela convocação de um Plebiscito no qual o povo seja
chamado a decidir pela realização imediata de eleições diretas para presidente
da República.
A
vitória dos golpistas na Câmara maculada por fatos irrefutáveis - No golpe em andamento, não são usados tanques, nem
metralhadoras, como em 1964, conforme frisou a própria presidenta Dilma, mas,
igualmente ao que ocorreu naquela ocasião, foi rasgada a Constituição Federal e
mutilada a democracia.
Busca-se
cassar um mandato, sufragado por 54 milhões de votos, de uma presidenta
honesta, que não cometeu crime algum, conforme está patente na sua defesa –
juízo corroborado por milhares de juristas e advogados, endossado por um elenco
de personalidades do mundo das ciências, das artes e da cultura do país e
respaldado pelo povo que foi e está nas ruas contra o golpe, em manifestações
organizadas e espontâneas às quais se somaram e seguem a se somar centenas e
centenas de milhares.
O
processo da Câmara foi conduzido pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha, réu no
Supremo Tribunal Federal (STF), investigado por crimes de corrupção por um
número de inquéritos que se avoluma a cada semana, num acordo espúrio com o
vice-presidente Michel, que se revelou um conspirador, e o senador Aécio Neves,
presidente do PSDB, um dos chefes políticos do golpe.
Pela
barganha, Cunha, ostentando cinismo, se mantém no mandato e no posto, como até
agora acontece. Temer pretende chegar ao Palácio do Planalto pela porta dos
fundos, sem voto popular, e ao golpista Aécio, e ao seu partido, o PSDB, está
prometido um quinhão do botim, um pedaço do pretenso governo Temer.
Além
de ser fruto dessa barganha, e também inconstitucional, o impeachment foi
ungido numa sessão que envergonhou e indignou a opinião pública brasileira e
mesmo estrangeira pelo que se viu, desde baixarias circenses até a apologia à
tortura; e ainda, pelo que não se viu, conforme relatos na imprensa de
negociatas inomináveis. Os golpistas venceram, mas se desnudaram, revelando-se
quem verdadeiramente são ao vivo e a cores – para o espanto e o horror do povo.
A luta
contra o golpe no Senado Federal - Confrontado,
internamente, pelas forças democráticas e populares do país, contestado
internacionalmente por instituições, personalidades e mesmo pela grande mídia
de vários países, agora o golpe marcha no Senado que, em sessão prevista para o
próximo dia 11 de maio, ou afastará a presidenta Dilma Rousseff do cargo, para
em seguida julgá-la, ou arquivará o processo do impeachment.
Com o
objetivo de conquistar os 54 votos necessários para o afastamento em definitivo
da presidenta Dilma, Michel Temer, mesmo antes das deliberações do Senado, já
“nomeia” ministros, distribui cargos – ao que, também, dá respostas às
cobranças oriundas da Câmara por parte daqueles que votaram pelo impeachment
sob a promessa de recompensas.
O
PCdoB enaltece a resistência democrática que cresce e se eleva, sublinha o
relevante papel de mobilização do povo e dos trabalhadores da Frente Brasil
Popular e da Frente Povo Sem Medo, da atuação corajosa das bancadas dos
partidos de esquerda, PCdoB, PT, PDT, PSOL e de parlamentares de outras
legendas, bem como aponta como indispensável a tomada de posição de amplos
setores progressistas da sociedade, e conclama a todos para que sigamos juntos,
revigorando as mobilizações e ações para persuadir e pressionar os senadores e
senadoras a votarem em defesa da democracia, preservando o legítimo mandato da
presidenta Dilma.
A luta
articulada entre os senadores e senadoras que se opõem ao golpe e a resistência
democrática nas ruas e em outros palcos irá a cada fase, a cada dia, através de
uma agenda diversificada e crescente, desmascarar jurídica e politicamente o
processo do impeachment e derrotá-lo.
A
Nação sob grave ameaça - O Partido reitera a
denúncia e reafirma sua posição: trata-se de um golpe contra a democracia,
contra o povo e a Nação, tal e qual outros que infestaram a história da
República.
Caso o
golpe se imponha, longe de instaurar um governo de “salvação nacional”, como
propagandeiam, entronizará um governo ilegítimo, cujos programa, pacto de
classes, partidos e forças que o enlaçam indicam que enquanto ele durar será um
governo de traição nacional, de desfiguração antidemocrática e antinacional da
Constituição de 1988, de entrega da riqueza do Pré-Sal às multinacionais, de
privatizações, de tutela do Banco Central pelo rentismo, de enfraquecimento dos
bancos públicos enquanto alavancas do desenvolvimento, de corte de direitos
trabalhistas e previdenciários, desmonte de programas sociais, retrocesso
político e perseguição aos movimentos sociais.
Ilegítimo,
o governo imposto não teria autoridade para tirar o país da crise, muito menos
para pacificá-lo. Ilegítimo, será confrontado pelas forças democráticas e populares.
Plebiscito:
que o povo decida o caminho para se restaurar a democracia! - Ante o risco iminente de ruptura de um ciclo
contínuo de 31 anos de democracia – que, se concretizado, irá provocar uma
fratura institucional de graves consequências –, ante tão grave ameaça, o PCdoB
apresenta para o exame das amplas forças democráticas do país a proposta de que
seja realizado um plebiscito, no qual o povo, no exercício de sua soberania,
decida sobre a convocação imediata de eleições presidenciais. O plebiscito está
grafado na Constituição e a soberania do voto popular é o alicerce no qual está
erguida a Carta Magna.
O país
caminha para um impasse, para divisões, para o encastelamento de um governo
ilegítimo, quando, exatamente para superar a crise política e econômica, a
Nação precisa de coesão, de legitimidade e de mais democracia. Somente a
soberania do voto popular poderá oferecer ao país esses atributos e qualidades.
Um presidente sem votos não será um presidente, será um impostor. Não unificará
o Brasil, irá dividi-lo.
Que
diante dessa grave ameaça, desse impasse, o povo seja chamado a decidir pelo
melhor caminho para se restaurar a democracia. Para o PCdoB, esse caminho são
as eleições presidenciais diretas, já!
A luta
pela realização do Plebiscito, por eleições já para presidente, seria levada a
cabo simultaneamente à batalha contra o impeachment no Senado Federal, até o
último minuto. E até a última etapa, que é o julgamento, lutaremos no Senado
para derrotar o golpe.
Finalmente,
o PCdoB conclama sua militância e conjunto das forças populares e democráticas
para que se empenhem ao máximo pela realização massiva e vitoriosa em todo o
país do 1º de Maio e que a mobilização prossiga em variados palcos e formas.
São
Paulo, 29 de abril de 2016
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
29 abril 2016
Retrocesso
. A onda conservadora arrasta o que há de pior na sociedade –
a exemplo da homofobia. É o caso da homofobia.
. Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o número
de denúncias de violação de direitos humanos contra a população LGBT teve
aumento de 94% em 2015, saltando para um total de 137.516 queixas, 2.617
a mais do que em 2014.
. Nessa mesma linha, também cresce a violação de direitos da
população de rua, discriminação racial e contra a mulher.
. Morbidez social.
Indecência
"O governo acabou na Câmara", proclama cinicamente Eduardo Cunha. Acabou a decência da maioria golpista, isto sim!
Circo
O senador Anastasia (PSDB-MG) praticou "pedaladas fiscais" quando governador. E é o relator do impeachment no Senado. O circo continua!
Impunidade
Mais fatos escabrosos vêm à tona envolvendo Eduardo Cunha — mas ele segue tranquilo como um dos chefetes da oposição golpista. Continuará impune?
No Tribunal de Haia
UBE denuncia Bolsonaro em Haia por crime contra humanidade. A ação foi motivada pelo discurso de
Bolsonaro durante a votação de admissibilidade do pedido de impeachment contra
o mandato da presidenta Dilma Rousseff, dia 17 de abril, o deputado dedicou o
seu voto ao torturador da ditadura, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
ex-chefe do DOI-Codi. Leia mais http://migre.me/tDLVR
Crítica internacional
Golpe brasileiro ameaça a democracia
Mark Weibrot
A presidente Dilma Rousseff está ameaçada de
impeachment, mas não há evidências que a vinculem a qualquer esquema de
corrupção. Em vez disso, ela é acusada de manipular as contas públicas, algo
que presidentes anteriores já haviam feito.
Para traçar uma analogia com os Estados Unidos,
quando os republicanos se negaram a elevar o teto da dívida, em 2013, a
administração Obama recorreu a vários truques de contabilidade para adiar o
prazo final no qual se alcançaria o limite. Ninguém se incomodou com isso.
A campanha do impeachment, que o governo descreveu
corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para
obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos
últimos anos.
O ex-presidente Lula é acusado de receber dinheiro
de empresas investigadas por corrupção para fazer discursos e reformar um
imóvel que ele afirma não ser dele. Mesmo que as acusações sejam verdadeiras,
não há prova de vínculo com corrupção.
O juiz Sergio Moro, entretanto, lidera uma bem
executada campanha de difamação de Lula. O magistrado teve que pedir desculpas
ao Supremo Tribunal Federal por ter divulgado grampos telefônicos de conversas
entre Lula e Dilma, Lula e seu advogado e até mesmo entre a mulher de Lula e os
filhos deles.
É claro que o Partido dos Trabalhadores não estaria
vulnerável a essa tentativa de golpe se a economia não estivesse em recessão
profunda. Mas também a esse respeito a mídia está claramente equivocada,
defendendo mais cortes nos gastos públicos e mais juros altos.
O Brasil precisa, pelo contrário, de um estímulo
sério para fazer sua economia pegar no tranco. O principal obstáculo à
recuperação é o poder dos grandes bancos.
O Brasil está pagando juros de quase 7% de seu PIB
sobre a dívida pública, mais que a Grécia no auge de sua crise. Mas o Brasil
não tem crise de dívida nem apresenta qualquer risco significativo de
moratória. Seus juros usurários são o resultado do poder político de seus
próprios bancos, que hoje desfrutam um "spread" recorde de 34% entre
suas taxas de empréstimos contraídos e concedidos.
A simples redução dos juros sobre a dívida pública
para o nível de alguns anos atrás criaria condições para um estímulo
importante.
O governo dos EUA vem guardando silêncio sobre esta
tentativa de golpe, mas há poucas dúvidas quanto à sua posição. Ele sempre
apoiou golpes contra governos de esquerda no hemisfério, incluindo, apenas no
século 21, o Paraguai em 2012, Haiti em 2004, Honduras em 2009 e Venezuela em
2002.
O presidente Obama foi à Argentina para derramar-se
em elogios ao novo governo de direita, pró-EUA, e a administração reverteu sua
política anterior de bloqueio de empréstimos multilaterais ao país. E hoje, no
Brasil, a oposição é dominada por políticos favoráveis a Washington.
Seria mais uma coisa lamentável se o Brasil
perdesse boa parte de sua soberania nacional, além de sua democracia, com este
golpe sórdido.
MARK WEISBROT é codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington, e
presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em
política externa
Tradução de CLARA
ALLAIN
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Tudo partidarizado!
Alguma coisa digna
Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo
O veto da Lava Jato à hipótese de ser o
advogado Antonio Mariz de Oliveira escolhido para o Ministério da Justiça, na
eventualidade de um governo Michel Temer, é um passo significativo. O grupo da
Lava Jato torna explícito seu envolvimento participativo na política. E o eleva
das ações políticas artificiosas, revestidas de aparentes justificativas
judiciais ou operacionais, para a ação direta. E já no nível alto das
influências concorrentes. Papel próprio das forças propriamente políticas (aí
incluídos os meios de comunicação).
É necessário reconhecer que o grupo da
Lava Jato não forçou o avanço sobre o território impróprio. Foi-lhe ofertado o
caminho livre. Depois encontrou as linhas fronteiriças já abertas. E, acima de
tudo, o exemplo supremo do Supremo Tribunal Federal, em que se multiplicam os
ministros a adotarem atitudes políticas, não mais restritos a quem ali o faz
sem limite algum.
A restrição extremada a Mariz de
Oliveira provém, ao que explicou o procurador Santos Lima, da assinatura do
advogado na carta pública em que muitos de sua classe criticaram determinados
procedimentos da Lava Jato, reconhecidos como excessos no uso do poder
judicial. Não há restrição à moral ou à ética profissional de Mariz de
Oliveira. A recusa é à sua opinião, e opinião tanto pessoal como de advogado
com longa experiência.
Consiste a rejeição, portanto, em
negação à liberdade de pensamento e de opinião. Assegurada, ao menos em teoria,
pela Constituição da República que os procuradores da própria devem defender na
totalidade.
Mariz de Oliveira foi posto sob
suspeição, nem tão velada, de possíveis prejuízos à Lava Jato, se ministro a
que a Polícia Federal está afeta. Nesse sentido, o veto contradiz o coordenador
da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, que há pouco mais de uma semana dizia
não haver possibilidade de que sua operação seja perturbada, qualquer que venha
a ser a solução da crise política.
À parte a presunção, que concebe a Lava
Jato como mais um poder independente no país, Dallagnol desconheceu o que
talvez seja o período mais desonroso da Procuradoria-Geral da República. É a
passagem, por sua chefia, do procurador Geraldo Brindeiro, consagrado no
cognome de engavetador-geral da República: sumiu com todos os pedidos e
inquéritos necessários no governo Fernando Henrique, que por isso mesmo o
reconduziu ao cargo.
O risco para a Lava Jato ou para seus
desdobramentos existe, e isso não é novidade. Tanto que de lá veio o
reconhecimento de que os governos de Lula e de Dilma permitiram plena liberdade
à operação, "ao contrário de governos anteriores", nas palavras de
Santos Lima. Mas a maneira de prevenir ou combater limitações à ação
investigatória e judicial legítima não é exceder das funções e deveres de
conduta, nem, em última instância, o autoritarismo contra o direito de pensamento
e opinião.
Alguma coisa digna precisa sobreviver à
crise.
A ESCOLHA - Sem prejulgar o trabalho do senador Antonio Anastasia, que a
depender de capacidade pode fazê-lo com excelência, é imprópria a sua escolha
para relator da comissão que apreciará o pedido de impeachment no Senado. À
parte a razão regimental lembrada pela senadora Vanessa Grazziotin, não há
ninguém mais ligado entre os senadores do que Anastasia e Aécio Neves. É
notório que a administração do governo mineiro de Aécio foi conduzida por Anastasia.
Que, a confirmá-lo, bastou-se apenas com a continuidade ao assumir como
sucessor.
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28 abril 2016
A história se repete
Dèjá vu golpista
José Bertotti*[foto]
A estarrecedora sessão de
domingo, 17 de abril, da Câmara dos Deputados trouxe a tona um Brasil
desconhecido para muitos. Alguns deles incautos, talvez, mas agora nenhum
brasileiro pode ignorar a qualidade da maioria dos Deputados e Deputadas
eleitos para essa legislatura de nosso Congresso Nacional, apontado pelo DIAP
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), desde o dia 7/10/2014,
como um dos mais conservadores já eleitos desde a constituição de 1988.
Existiram, na história do
Brasil, fatos como a Independência e a Proclamação da República oriundos,
principalmente, de acordos da elite dirigente. Esses acordos substituíram a
ordem vigente para adotar uma nova configuração institucional, significativos
para o avanço de
nosso projeto civilizacional. Também conhecemos grandes
movimentos populares que se rebelaram contra a ordem vigente que oprimia o povo
e impulsionaram transformações e tomadas de posição de nossa nação como a
abolição da escravatura, a posição adotada pelo Brasil contra o fascismo na
segunda guerra mundial e a longa luta contra a ditadura militar de 1964.
A novidade é que depois da
ditadura instaurada em 1964, que mergulhou o país num longo período de recuo
social e cerceamento de debate, inclusive com a eliminação física dos seus
opositores, emergiu uma sólida resistência democrática e social que culminou
com um Congresso Constituinte e eleições diretas para coroar esse processo,
elaborando uma constituição democrática com garantias coletivas e individuais
que, agora sim, dariam continuidade, sob uma nova forma de governo, à
construção dos avanços civilizacionais aspirados por milhões de brasileiros que
condenam as imensas desigualdades que ainda dividem nossa sociedade e freiam
nosso desenvolvimento.
O que se viu no último domingo
foi a quebra de preceitos constitucionais. Um deles prevê harmonia e
independência entre os poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. No caso, o
Poder Legislativo extrapolou o poder constitucional a ele conferido, qual seja
o de admitir processo somente por crime de responsabilidade da pessoa que ocupa
a Presidência da República. Indo além do estabelecido na Constituição Federal,
decidiu naquela votação que falta de popularidade ou qualquer outro argumento
estranho às previsões constitucionais poderiam se ruma alternativa para
substituir as eleições presidenciais de 2014,conferindo a si mesmo,na prática,
poderes de colégio eleitoral ilegítimo para constituir um novo presidente da
República não eleito pelo povo.
Além disso, esse processo toma
ares de “Teatro do Absurdo”, para usar expressão cunhada por Wagner Moura,
quando acontece sob o comando de Eduardo Cunha. Ele, contrariado com a negativa
da Presidenta Dilma Rousseff de participar de um acordo para barrar a cassação
de seu mandato, instaurou, por ato discricionário seu, o processo de
impeachment da Presidenta. Esse processo, se consumado, levará à Presidência da
República o atual vice-presidente Michel Temer do PMDB, que ato contínuo na
linha sucessória brasileira elevará a categoria de vice do Brasil nada menos do
que o próprio Eduardo Cunha, também do PMDB. Eduardo Cunha,para quem não sabe,
possui longa ficha corrida, com ocorrências nacionais e internacionais ainda
não julgadas, nem pela Comissão de Ética da Câmara, manobrada por ele mesmo,
nem pelo órgão guardião da constituição, o Supremo Tribunal Federal, que há 127
dias analisa pedido feito pela Procuradoria Geral da República de afastamento
de Eduardo Cunha.
O sentimento de dèjá vu vem das
razões alegadas por muitos com quem conversei sobre a ilegalidade do processo
contra a Presidenta. Aqueles que apoiam sua saída afirmam que mesmo que ela não
tenha cometido os crimes previstos para sua deposição existe a “necessidade de
controlar a inflação e recolocar o país nos trilhos” justificativa parecida,
senão idêntica,à usada pelos militares golpistas de 1964 para perpetrarem um
golpe com conivência do Congresso Nacional da época, a fim de depor o
Presidente João Goulart.
O fato é que uma quebra das
regras estabelecidas por nossa jovem, talvez adolescente, democracia, para
solucionar os novos e os velhos problemas de nossa sociedade, nos levará a um
caminho já conhecido e que nos causou profundos traumas num passado recente.
Milhares de brasileiros hoje se manifestam contra a Presidenta Dilma e outros a
favor. Isso é normal. Nas eleições de 2014 ela sagrou-se vencedora por pequena
diferença.
Nesse momento o que está em
jogo não é somente o mandato da Presidenta Dilma, nossa democracia está
ameaçada e por isso outros setores de nossa sociedade, inclusive aqueles que
não votaram nela, levantam-se para defendê-la, em nome da democracia.
Espero que Karl Marx esteja
certo quando diz que a história se repete primeiro como tragédia e pela segunda
vez como farsa, por que se 1964 foi uma farsa, não quero ver a tragédia que nos
espera.
Variável tática
Radicalização e amplitude em situação adversa
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Agora no Senado, o processo de
impeachment segue como vértice da tendência crescente à radicalização do
conflito político. Em todas as suas dimensões – da frente parlamentar aos
movimentos sociais.
Senadores, inclusive alguns de
currículo até ontem respeitáveis, sem o menor pejo se antecipam favoráveis à admissibilidade
do pedido de impeachment “por razões eminentemente políticas”.
Jogam à lama suas convicções
democráticas e seu compromisso constitucional.
Enquanto isso, a frente
reacionária liderada por Temer-Cunha e lastreada no aparato jurídico-policial e
midiático, dá passos rápidos na montagem do que ironicamente chamam de “governo
de salvação nacional” – uma agenda flagrantemente comprometida com o capital
rentista e com interesses corporativos contidos nas bancadas parlamentares mais
retrógradas, que votaram pelo golpe na Câmara dos Deputados.
Prenunciam-se – no caso de um
eventual governo Temer -, um arrocho fiscal muito mais severo do que o
pretendido pelo governo Dilma, combinado com a manutenção da política de juros
elevados e ampliação da carga tributária. A economia seria “normalizada”, porém
pela via da regressão de direitos, do agravamento das condições de existência
da maioria, da maior concentração da renda, da riqueza e da capacidade de
investimento e do aprofundamento da recessão.
No mundo real, digamos assim,
segue se ampliando a consciência de que o Brasil está diante de um golpe
parlamentar-jurídico-midiático, com enorme repercussão crítica internacional. E
uma tendência crescente à resistência democrática, a um só tempo popular
(assentada no mundo do trabalho e na juventude) e ampla (envolvendo setores os
mais diversos da intelectualidade, dos meios jurídicos, da academia e do mundo
da cultura).
Concomitantemente, sondagens
eleitorais revelam a força de Lula (e de tudo o que ele representa no
imaginário popular) e a fragilidade eleitoral do consórcio PMDB-PSDB-DEM.
O que leva a crer que o embate
de agora, qualquer que seja o resultado da votação do impeachment pelo Senado
e, sobretudo, se favorável ao golpe, se prolongará por tempo imprevisto, tendo
no meio do caminho as eleições municipais e o pleito presidencial de 2018.
Nesse cenário, às forças mais
consentes – entre as quais, destacadamente, o PCdoB, mercê do protagonismo
conquistado -, cabe contribuir para o fortalecimento da ampla frente pela
democracia e impulsionar, no âmbito dela, o ímpeto combativo dos movimentos
sociais; e, ao mesmo tempo, não arrefecer esforços na construção de “pontes”
com setores vacilantes, confusos ou equivocados, de onde poderão surgir
dissidências para o campo democrático.
Isto numa correlação de forças
evidentemente desfavorável, apesar da justeza de nossas bandeiras e do caráter
francamente reacionário do golpe.
Há uma imensa parcela da
população - envolta na perplexidade decorrente da crise e potencialmente
disposta a reagir às ameaças às conquistas obtidas nos governos Lula-Dilma -,
alvo de disputa pelos dois polos do conflito, cuja abordagem implica desconstrução
da narrativa midiática golpista e habilidade para despertá-la para a
resistência.
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Conspiração financiada
Quem está por trás dos movimentos de protesto contra Dilma e o PT
“Estudantes pela Liberdade” (EPL) são financiados
por corporação petroleira norte-americana que ataca direitos indígenas, depreda
ambiente e tem interesse óbvio em atingir a Petrobras
Antonio Carlos, na Carta Capital
David Koch se divertia dizendo que
fazia parte “da maior companhia da qual você nunca ouviu falar”. Um dos
poderosos irmãos Koch, donos da segunda maior empresa privada dos Estados
Unidos com um ingresso anual de 115 bilhões de dólares, eles só se tornaram
conhecidos por suas maldosas operações no cenário político do país.
Se esses poderosos personagens são
desconhecidos nos Estados Unidos, o que se dirá no Brasil? No entanto eles
estão diretamente envolvidos nas convocações para o protesto do dia 15 de março
pela deposição da presidenta Dilma.
Segundo a Folha de São Paulo o “Movimento Brasil Livre”, uma
organização virtual, é o principal grupo convocador do protesto. A página do
movimento dá os nomes de seus colunistas e coordenadores nos Estados. Segundo
o The Economist, o grupo foi “fundado no último ano para
promover as respostas do livre mercado para os problemas do país”.
Entre os “colunistas” do MBL estão Luan Sperandio Teixeira, que é
acadêmico do curso de Direito Universidade Federal do Espírito Santo e
colaborador da rede Estudantes Pela Liberdade (EPL) do Espírito Santo [leia a ressalva feita por Luan, em
mensagem a “Outras Palavras”];Fabio Ostermann,
que é coordenador do mesmo movimento no Rio Grande do Sul, fiscal do Instituto
de Estudos Empresariais (IEE) e diretor executivo do Instituto Ordem Livre,
co-fundador da rede Estudantes Pela Liberdade (EPL), tendo sido o primeiro
presidente de seu Conselho Consultivo, e atualmente, Diretor de Relações
Institucionais do Instituto Liberal (IL). Outros participantes são Rafael Bolsoni do Partido Novo e do EPL; Juliano Torres que se define como empreendedor
intelectual, do Partido Novo, do Partido Libertários, e do EPL.
Segundo o perfil de Torres no Linkedin,
sua formação acadêmica foi no Atlas Leadership Academy. Outro integrante com
essa formação é Fábio Osterman, que participou também do Koch Summer Fellow no
Institute for Humane Studies.
A Oscip Estudantes pela Liberdade é a
filial brasileira do Students for Liberty, uma organização financiada pelos
irmãos Koch para convencer o mundo estudantil da justeza de suas gananciosas
propostas. O presidente do Conselho Executivo é Rafael Rota Dal Molin, que além
de ser da Universidade de Santa Maria, é oficial de material bélico (2º tenente
QMB) na guarnição local.
Outras das frentes dos irmãos Koch são
a Atlas Economic Research Foundation, que patrocina a Leadership Academy, e o
Institute for Humane Studies, às quais os integrantes do MBL estão ligados.
Entre as atividades danosas dos irmão
encontra-se o roubo de 5 milhões de barris de petróleo em uma reserva
indígena (que acarretou uma multa de 25 milhões de dólares do governo
americano) e outra multa de 1,5 milhões de dólares pela interferência em
eleições na Califórnia. O Greenpeace considera os irmãos opositores
destacados da luta contra as mudanças climáticas. Os Koch foram multados
em 30 milhões de dólares em 300 vazamentos de óleo.
As Koch Industries têm
suas principais atividades ligadas à exploração de óleo e gás, oleodutos,
refinação e produção de produtos químicos derivados e fertilizantes. Com esse
leque de atividades não é difícil imaginar o seu interesse no Brasil — a
Petrobras é claro. Seus apaniguados não escondem esse fato.
O MBL, que surgiu em apoio à campanha
de Aécio Neves, não esconde o que pretende com a manifestação: “O principal
objetivo do movimento, no momento, é derrubar o PT, a maior nêmesis da
liberdade e da democracia que assombra o nosso país” disseram Kim Kataguiri e
Renan Santos em um gongórico e pretensioso artigo na Folha
de S.Paulo. Eles não querem ser confundidos com PSDB, que
identificam com o outro movimento: “os caras do Vem Pra Rua são mais velhos,
mais ricos e têm o PSDB por trás” diz Renan Santos. “Eles vão pro protesto sem
pedir impeachment. É como fumar maconha sem tragar”. Kataguiri não se incomoda
que seja o PMDB a ascender ao poder: “O PMDB é corrupto, mas o PT é totalitário”.
Mas Pedro Mercante Souto, outro dos porta-vozes do MBL, foi candidato a
deputado federal no Rio de Janeiro pelo PSDB (com apenas 0,10% dos votos não se
elegeu).
Apesar do distanciamento do PSDB a
manifestação do dia 15 parece ser apenas uma nova tentativa de 3º turno, mas
como vimos ela esconde uma grande negociata. “Business as usual”.
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Pronunciamento altivo
Comissão da Verdade Dom Helder Câmara repudia Bolsonaro
NOTA PÚBLICA
A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara associa-se à
iniciativa da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio de janeiro, que,
mediante duas representações, requereu a cassação do mandato legislativo e a
abertura de processo penal contra o deputado federal Jair Bolsonaro.
Ao exaltar na sessão da Câmara dos Deputados, realizada no último
dia 17 de abril, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, já declarado
torturador pelo Poder Judiciário Brasileiro e assassino tirânico que serviu às
forças de repressão durante a ditadura militar iniciada em 1964, o deputado
Jair Bolsonaro atentou contra o decoro parlamentar e incorreu na infração penal
prevista no art. 287 do Código Penal, que considera crime promover,
publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime.
Entende a Comissão da Memória e Verdade pernambucana que a imunidade
parlamentar não pode ser invocada para salvaguardar atitudes criminosas, de
qualquer natureza, notadamente aquelas atentatórias à dignidade da pessoa
humana. A tortura é crime de lesa-humanidade, inafiançável e insusceptível de
graça ou anistia, tipificado no ordenamento jurídico nacional e na Declaração
Universal dos Direitos do Homem.
Portanto, o deputado Jair Bolsonaro, pessoa repugnante da política
nacional por seus notórios e reiterados atos de violação da política brasileira
de defesa dos direitos humanos, deve ser exemplarmente punido com a cassação do
mandato de deputado federal, independentemente da responsabilização penal.
COMISSÃO ESTADUAL DA MEMÓRIA E
VERDADE DOM HELDER CÂMARA
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Blindagem
O processo contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética é o mais longo da história da
Câmara, arrastando-se há mais de 170 dias. E também se beneficia do passo de
tartaruga no STF. Porque tem tudo a ver com o golpe.
27 abril 2016
Cobra d'agua com porco espinho
Impeachment e sistema de governo
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
A tentativa de interromper mandato da presidenta Dilma, inicialmente se fundava no combate à corrupção (sic). O pressuposto era que, se dirigentes de estatais e políticos filiados ao PT, ao PM DB e outros partidos então participantes do governo tinham sido pilhados no mau uso de recursos públicos, mais cedo ou mais tarde levariam de algum modo a implicar Dilma.
A tentativa de interromper mandato da presidenta Dilma, inicialmente se fundava no combate à corrupção (sic). O pressuposto era que, se dirigentes de estatais e políticos filiados ao PT, ao PM DB e outros partidos então participantes do governo tinham sido pilhados no mau uso de recursos públicos, mais cedo ou mais tarde levariam de algum modo a implicar Dilma.
Tal não aconteceu, por mais que tentasse o juiz Sérgio Moro e seus
colegas do Ministério Público e da Polícia Federal.
Não conseguiram "pegar" a presidenta simplesmente porque ela
jamais cometeu ato ilícito.
E se Dilma sequer é indiciada em qualquer processo de corrupção, pois contra
ela não pesam nem acusações nem fatos comprovados, como pesaram contra o então
presidente Collor, o argumento teria que mudar.
Então se achou o argumento das chamadas "pedaladas fiscais”, tão
inconsistente quanto revelador do caráter discricionário da ação contra
presidenta.
Desde 1994 o governo federal realiza manejos contábeis até agora
considerados legítimos e frequentemente necessários no processo de execução
orçamentária. Sem dolo.
Tanto que expediente semelhante vem sendo praticado pela quase
totalidade dos governadores de estado.
Mas virou pretexto contra Dilma.
E eis que, passado o tenebroso espetáculo vivido pela Câmara dos Deputados
no domingo 17, expressão exata do caráter fisiológico e descomprometido com as
normas constitucionais que predomina numa maioria eleita em nome de si mesma, o
pedido de impeachment terá que ser examinado, agora rigorosamente em seu
mérito, pelo Senado.
E aí, surpreendentemente, senadores de histórico respeitável, como
Cristóvão Buarque, antecipam publicamente que votarão pela admissibilidade do
processo de impeachment por “razões eminentemente políticas”.
Se isto não é golpe — e parte considerável da opinião pública brasileira
e internacional corretamente assim o denuncia -, no mínimo é uma tentativa de
exercitar o parlamentarismo dentro do sistema presidencialista!
Ora, se o governo vai mal que se combata o governo e se tente acumular
forças para próxima eleição presidencial.
No parlamentarismo, se a maioria do parlamento não o apóia, aprova um
“voto de desconfiança” e afasta o chefe do governo, o primeiro-ministro.
Na sequência, o presidente da República extingue temporariamente o
parlamento e convoca eleições para que, através do sufrágio universal, nova
composição parlamentar se forma e assim se possa escolher novo
primeiro-ministro.
Assim é na Itália, na Grécia e na Inglaterra, por exemplo, mas aqui,
não: o chefe de governo é o presidente da República, eleito a cada quatro anos.
Misturar cobra d’água com porco espinho é que não dá: as regras do
parlamentarismo não se aplicam ao presidencialismo. Sob pena de golpear a Constituição.
Leia
mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD26 abril 2016
Na espreita
O noticiário mal fala na Operação Lava Jato. Nem o juiz Moro tem produzido seus factoides. Mas não se enganem: próximo à votação no Senado, ele atacará novamente
Voto contra
Cristovam e o cinismo nacional
Luis Nassif, no Jornal GGN
O senador
Cristovam Buarque, e muitos de seus pares, declarou à Folha que votará pela
admissibilidade do impeachment, mas não pelo mérito - que será votado na época
apropriada.
Trata-se do
voto do cinismo, muito presente na vida nacional.
Equivale ao
sequestrador que imobiliza a vítima para que o parceiro atire. E, depois,
proclame em voz alta seu respeito à vida.
A alegação
de Cristovam é um primor do gênero. Não há tema mais discutido, debulhado, trocado
em miúdos do que o processo do impeachment. Mas o que diz nosso douto senador:
"Não
podemos ignorar que a Câmara deu autorização ao Senado para abrir o processo
com 367
assinaturas, mas temos que analisar a fundo o mérito da questão para
decidir se ela cometeu ou não crime de responsabilidade".
A aceitação
do julgamento pelo Senado criará o fato consumado. Automaticamente a presidente
será afastada por 180 dias. Entrará um novo presidente, que reorganizará o
Ministério e a máquina, ocupará todos os cargos e iniciará um novo governo.
A
possibilidade da volta da presidente deposta é nula. Será acenada eventualmente
como instrumento de barganha, caso o novo governo não atenda demandas de um ou
outro senador. Como será um governo em que o conceito de coalizão será exercido
de forma plena, não há possibilidade de que Dilma volte.
Portanto,
todos os senadores que votarem pela admissibilidade do julgamento estarão dando
seu voto final. E não haverá mágica - como a pretendida por Cristóvão - que
possa iludir seus eleitores. Se os eleitores forem a favor do impeachment, o
senador garante a reeleição. Se sua base for difusa - como é o caso de Romário
e Cristóvão entre outros - dança.
Votando pela
admissibilidade estarão todos ao lado dos Ministros do STF (Supremo Tribunal
Federal) que recusarem-se a votar o mérito da questão, marcados a ferro e fogo
como parceiros do golpe.
Quando
começarem os abusos, não adiantarão discursos emotivos em favor da democracia.
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Teoria & prática
Pernambuco sediou curso de formação de quadros do PCdoB
Nilson Velasquez, no portal da Fundação Maurício Grabois
Com a realização do curso Conceitos Básicos do Marxismo-Leninismo, Nível
II da Escola Nacional - o Comitê Estadual do PCdoB de Pernambuco deu mais um
importante passo no trabalho de formação teórica de militantes e quadros,
fazendo avançar para este ano as orientações oriundas do Encontro Nacional de
Formação e Propaganda realizado em março. O curso, com o total de 42 alunos,
mais uma equipe pedagógica formada por membros da comissão de formação do PCdoB
em Pernambuco, teve participantes dos três estados da região e foi aplicado em
cindo dias na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco.
Além dos professores, em sua maioria da seção pernambucana da Escola
Nacional João Amazonas, cujo currículo foi respeitado integralmente, com aulas
dos núcleos de Filosofia, Estado e Classes, Economia Política e
Desenvolvimento, Socialismo, Partido e a mesa sobre a questão feminina e
racial, o curso ainda contou com a presença de Nereide Saviani, diretora da
Escola Nacional.
Os trabalhos foram abertos no dia 20/04 com aula inaugural do
vice-prefeito da cidade do Recife e presidente da seção estadual da Fundação
Maurício Grabois, Luciano Siqueira e contou com o presidente do PCdoB em
Pernambuco, Alanir Cardoso.
Para o secretário de formação e propaganda do PCdoB em Pernambuco,
Nilson Vellazquez, “é um grande êxito da seção regional da escola nacional do
partido realizar um curso como esse em um momento conturbado como o que
vivemos. Reforça a têmpera ideológica de nosso partido e propicia uma melhor
preparação de nossos militantes nas lutas que vêm por aí, evitando todo tipo de
pressão externa que possamos viver, sejam elas internas ou externas, tais como
o esquerdismo, liberalismo, pragmatismo, dogmatismo e corporativismo. Garantir
a formação dos nossos quadros é preparar o partido para todos os momentos.”
Ao final do curso, uma orientação tática de ocupar as ruas e participar
do acampamento e de todos os atos da Frente Brasil Popular em Pernambuco foi
dada pelo secretário de organização, Ossi Ferreira. Dessa forma, com ânimo
renovado e convicções aprofundadas, os participantes do curso afirmaram, ao
final do curso, em alto e bom tom: “não vai ter golpe!”
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Conquista
Brasil teve aumento de concluintes do ensino superior em 12 anos
Números do Ministério da Educação apontam crescimento de
concluintes do ensino superior e na especialização, além de maior distribuição
das oportunidades pelas regiões brasileiras
Em 12 anos, o
Brasil teve crescimento de 80% no número de concluintes do ensino superior.
Enquanto em 2002 apenas 466,2 mil alunos completaram as atividades de graduação
em universidades públicas e privadas, mais de 837,3 mil alunos puderam colocar
a conclusão do ensino superior no currículo em 2014. Os dados são do Ministério
da Educação (MEC).
Para se ter
uma ideia, entre 1995 e 2002, o País teve um total de 2,4 milhões de
concluintes do ensino superior. Já com os programas de acesso à educação
superior, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o
número saltou para 9,2 milhões de graduados entre 2003 e 2014.
Com mais
alunos se formando e mais investimentos no ensino superior, aumentou também o
número de mestres, mestres profissionais e doutores no País. Entre 2002 e 2014
o número de titulados por ano mais que dobrou: foram 31,3 mil em 2002 e 66,9
mil no ano de 2014.
Mais do que
quantidade, os investimentos em especialização também levaram a formação e a
consolidação da educação de mestres e doutores para estados que antes não
tinham estrutura. Em 2002, os estados de Tocantins, Amapá e Roraima não
contavam com curso de especialização. Nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, 11 dos 19 estados tinham até 1.296 alunos de pós graduação. Em
2014, apenas quatro estados do Norte continuam com números abaixo deste índice,
devido à baixa densidade populacional.
Fonte: Portal Brasil, com informações do
MEC
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DNA reaciionário
O comportamento da elite
golpista repete roteiro antigo. No século 19 os senhores de escravos não
aceitavam acusações contra o escravismo feitas por brasileiros no exterior; sob
a ditadura militar de 1964, os criminosos da repressão igualmente acusavam os democratas
de prejudicar a imagem do Brasil ao denunciar no exterior as perseguições,
prisões ilegais, torturas e assassinatos políticos. Hoje, querem que o debate
do golpe ilegal que tentam levar adiante fique circunscrito apenas ao
país. Leia mais http://migre.me/tCkEV
História viva: 1968
O ano de 1968 foi emblemático. Nele, aflorou uma
série de contradições que se encontravam latentes na sociedade brasileira. Mais
do que aflorar, diríamos, muitas delas explodiram. Este artigo procurará ajudar
no desvendamento das origens da crise política que atravessou a ditadura
militar naquele memorável ano. E isso não é possível sem nos determos no
complexo problema da luta de classes, entendida não como simples expressão da
polarização entre proletários e burgueses.
Nas formações sociais e conjunturas concretas se
articulam, de maneira dinâmica, classes, frações de classes e categorias
sociais. O desenvolvimento dessas múltiplas contradições, antagônicas ou não –
e que têm por base interesses históricos e/ou imediatos concretos – é que
explica e dá sentido aos confrontos que ocorrem na chamada cena política. Este
artigo procurará focar particularmente nas mudanças ocorridas nas camadas
médias urbanas e nos seus reflexos no campo da luta social e política após o
golpe militar. Leia mais http://twixar.me/zyN
E agora?
Nova autorização do STF para que se proceda a mais dois inquéritos contra Cunha. Irão adiante?
Um fosso que se aprofunda
Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Navego por portais noticiosos e sites dos mais importantes jornais da Europa, dos Estados Unidos e da América do Sul.
Navego por portais noticiosos e sites dos mais importantes jornais da Europa, dos Estados Unidos e da América do Sul.
Faço o
mesmo com a grande imprensa nativa.
Meu
foco é o noticiário e colunas de opinião acerca da crise brasileira.
Um
tremendo contraste: aqui a mídia hegemônica trata o andamento do pedido de
impeachment da presidenta Dilma como algo normal, de acordo com a ordem constitucional
— omitindo sistematicamente que a presidenta não cometeu crime e sequer é
indiciada; fora do país, analistas de diversas correntes políticas, chefes de
Estado e dirigentes de organismos internacionais apontam a ruptura da ordem
jurídica, nesse processo, em flagrante golpe jurídico-parlamentar-midiático.
O
principal jornal da França, Le Monde, chegou inclusive a pedir desculpas aos
seus leitores por inicialmente ter de apoiado, na análise do que se passa no
Brasil, na mídia brasileira — reconhecidamente como nitidamente parcial e
tendenciosa.
Uma das
redes de TV norte-americana – a CNN - chegou a divulgar reportagem ("Golpe
é a chance de quem não consegue vencer a eleição") na qual afirma que,
desde a queda do regime militar, os brasileiros se imaginavam livres de golpes.
Agora amargam a tentativa desavergonhada de ruptura institucional.
Essas
manifestações que se repetem e se avolumam no exterior, entretanto, não parecem
encontrar acolhida no Congresso brasileiro. A nação agora se dá conta do
fracasso das eleições parlamentares de 2014, do ponto de vista democrático e
civilizacional.
Naquele
pleito, em razão da miríade de distorções contida na legislação eleitoral e
partidária, que permitem o uso e o abuso do poder econômico, o parlamento
brasileiro foi verdadeiramente tomado de assalto por uma maioria que ostenta
baixíssimo nível de consciência cívica e completa ausência compromisso
democrático.
Uma
maioria que representa o mais vil corporativismo e interesses pessoais e de
pequenos grupos tão inconfessáveis quanto a cada dia mais evidentes.
Ocorre
que o espetáculo deprimente das declarações de voto pró impeachment verificado
na Câmara dos Deputados no domingo 17, a exemplo da anterior discricionária
tentativa do juiz Moro de aprisionar o ex-presidente Lula e posteriormente,
pelo mesmo juiz, a exibição em público de grampo telefônico ilegal, arbitrário
e criminoso contribuem para expansão crescente da tomada de consciência democrática
no país.
Na mesma
linha, a nação assiste diariamente ao que se tem chamado "montagem de um
possível governo Temer", também com base num misto de fisiologismo
rasteiro e de compromisso aberto com o grande capital rentista.
As
forças de oposição, inclusive parte dos seus integrantes que outrora pugnaram
pela democracia, certamente não medem a dimensão do que constroem agora: uma
profunda divisão da sociedade brasileira, que marca o momento atual e
certamente dará o tom do conflito social e político daqui por diante, qualquer
que seja o resultado da votação no Senado.
Líder
Pesquisa Vox Populi: Lula lidera para presidente em 2018, bem à frente dos concorrentes oposicionistas. Há algo no sentimento do povo para além do bombardeio da mídia.
25 abril 2016
Conflito político em patamar superior
Golpe abre uma luta sem fim pelo poder
Flávio
Dino*[foto], no portal Vermelho
Na última quarta-feira,
realizamos em São Luís um Ato em Defesa da Democracia e da Constituição. Tenho
a firme convicção de que, independentemente de preferências políticas ou de
opinião sobre o atual Governo Federal, não devemos abrir mão do caminho seguro
que o cumprimento da Constituição nos oferece.
Vivemos
o maior ciclo democrático da nossa atribulada história, com sete consecutivas
eleições presidenciais, entre 1989 e 2014. Esse é um patrimônio de todos os
brasileiros, por isso somente em situações absolutamente excepcionais e
raríssimas o voto popular não deve ser mantido. Não estamos em um sistema
parlamentarista, em que a perda de apoio ao governo no Congresso conduz ao seu
encerramento.
Alguns
dizem que o impeachment é constitucional porque está escrito na Constituição. O
argumento não procede, pois a constitucionalidade de determinado instrumento
depende do contexto que
autoriza legitimamente o seu uso. Imaginemos a
aplicação da pena de morte, prevista para crimes de guerra, em casos de uma
simples irregularidade qualquer. Isso seria constitucional? Claro que não.
Há 30
anos estudo Direito, sou professor concursado da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) e atuei por 12 anos como juiz federal, em várias instâncias da
Justiça. Jamais vi uma tese jurídica tão esdrúxula quanto essa das tais
“pedaladas fiscais”, conceito recentemente inventado apenas para justificar a
cassação de um Presidente eleito pela população. Como cassar um presidente por um
mero debate contábil? Mesmo que erros contábeis tivessem sido cometidos, isso
alcançaria uma ínfima fração da execução orçamentária anual, não tendo portanto
alta lesividade e o efeito de afrontar diretamente a Constituição, única
condição que torna legítimo o impeachment. Vejamos que a pátria do
presidencialismo, os Estados Unidos, jamais aprovou o impeachment em toda a sua
história, e muito raramente ele é ao menos debatido. Isto é, nos Estados Unidos
se respeita a excepcionalidade do seu uso, que não pode ser admitido em meio a
uma estranha algazarra, que fez com que os principais jornais do mundo
questionassem duramente o que está a ocorrer no Brasil.
Esse
golpe abre a porta de uma luta sem fim por poder, em que não estaremos mais
respaldados pelos limites legais do Estado de Direito. A Constituição Federal é
fruto do entendimento produzido pela sociedade brasileira após 21 anos das
trevas de uma ditadura militar que se seguiu a uma ruptura institucional. A
Constituição estabeleceu regras de convívio cívico para resolvermos nossos
conflitos e opiniões divergentes, sempre dentro de um marco de respeito às
diferenças. Não à toa, muitos dos que defendem esse golpe mal disfarçado fazem
referência direta e explícita ao golpe de 64 e à sua mais macabra consequência:
o desrespeito da vida humana que é a tortura.
Precisamos
evitar o que pode vir a ser um desastre de grandes proporções tanto no campo
político, quanto econômico. Que empresário estrangeiro irá investir em um país
sem estabilidade jurídica? Se um país passa por cima das leis para trocar
arbitrariamente de presidente, o que fará com contratos ou com direitos
adquiridos? Se já tínhamos uma brutal recessão, a instabilidade política só
dificulta que encontremos uma boa saída, com a velocidade que a Nação precisa.
Estou vendo isso claramente, no cotidiano da gestão administrativa, a cada dia
mais difícil.
Por
todos esses riscos que se colocam, nós, do PCdoB maranhense, fizemos um ato em
homenagem aos que tiveram coragem de dizer “Não”. Porque nesses momentos é
muito mais fácil manter-se em silêncio. Mas emitir minha opinião é o que me
mantém tranquilo com minha consciência democrática e patriótica. Não me igualo
a alguns políticos que sugaram o poder nos anos do PT para depois pular do
barco na maior “alegria”. Sou de outro material, de outra natureza, graças a
Deus.
Ao
defender a democracia e a Constituição, defendo o povo maranhense. O Maranhão
não está descolado do Brasil. Somos 7 milhões de brasileiros no nosso Estado, e
exatamente por zelar pelos direitos de todos, considero que o melhor seria
esperar o calendário eleitoral normal, com eleições gerais em 2018. E que agora
se desarmassem os espíritos, se unisse o País, cessassem as brigas pelo poder,
que tantos problemas trazem quando as regras do jogo não são observadas.
*Governador do Maranhão (PCdoB)
Fonte: Brasil 247
Fonte: Brasil 247
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