Meu pedido nas nuvens
Luciano Siqueira
Por viajar com certa frequência, faz muito tempo perdi o fascínio que tinha (quando criança) por andar de avião. Antigamente, nos bons tempos da Varig de generoso serviço de bordo, fazia gosto. Aperitivo (não raro um bom uísque), a refeição principal, cafezinho ao ponto e licor para arrematar. Coisa do século passado.
Hoje, serviço de bordo decente só em viagem internacional, e olhe lá. Depende da companhia aérea. A TAP mesmo, que oferece bom cardápio, naufraga feio nos modos (ou na falta de modos, como dizia minha mãe) de suas aeromoças irritadiças e descabeladas. Aquelas mulheres grosseiras perdem feio para nossas comissárias brasileiras, feias ou bonitas, impecáveis em gentilezas, cabelos presos a gel.
Pois bem. Leio agora sobre uma pesquisa feita junto a mais de três mil tripulantes de uma companhia norte-americana destinada a revelar os pedidos mais frequentes dos passageiros. Tem de tudo. Desde querer saber onde fica (na aeronave) a lanchonete do McDonald’s (eca!) até que o piloto desligue os motores por causa do barulho. Abrir a janela, muita gente pede. Massagem na boneca Barbie, idem. Isso sem falar nos que querem saber a localização dos chuveiros, para um bom banho a bordo...
Isso é lá na terra de Obama. Aqui em nosso país tropical abençoado por Deus, não sei de nenhuma pesquisa semelhante. Provavelmente os pedidos fora de esquadro sejam outros, tipo ligar a TV para ver o jogo do Brasileirão ou uma boa caipirinha. Nunca ouvi nada assim, mas admito que viajantes de todos os naipes em algum momento imaginem coisas desse tipo.
Da minha parte, seria muito menos pretensioso. Se pudesse, solicitaria encarecidamente que mudasse de lugar o passageiro ao lado que não me deixa ler em paz, insiste em me interromper com assuntos os mais bobos e, diante da minha tenaz resistência, desiste, mas cai em sono profundo movido a ronco de motocicleta.
Vira e mexe tenho a má sorte de uma companhia inconveniente. Certa vez, num longo voo de duas escalas do Recife a Florianópolis, dei o azar de viajar com uma jovem gestante que, por descuido meu, me descobriu médico e me bombardeou com um milhão de perguntas sobre o parto, os cuidados com o recém-nascido, as doenças possíveis na primeira infância e tudo o mais que lhe deu na telha! Enquanto isso, sequer pude folhear o volume de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado, que naquele dia atraia a minha atenção. Se não me engano, parei naquela frase: “...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.”
Por isso converti-me no passageiro mais chato do mundo: sento, abro o livro e sequer cumprimento quem está ao meu lado, seja lá quem for.
A construção coletiva das idéias é uma das mais fascinantes experiências humanas. Pressupõe um diálogo sincero, permanente, em cima dos fatos. Neste espaço, diariamente, compartilhamos com você nossa compreensão sobre as coisas da luta e da vida. Participe. Opine. [Artigos assinados expressam a opinião dos seus autores].
28 fevereiro 2011
27 fevereiro 2011
Darcy e o risco de viver
A sugestão de domingo é de Darcy Ribeiro: “Mais vale errar se arrebentando do que poupar-se para nada.”
A prosa poética de Vic
Saudade
Por Virgínia Barros, em seu blog Entre tantos loucos e livres http://twixar.com/Ci4EVpw
É mais ou menos assim: velhos símbolos mudam de sentido, o coração fica apertado, a cama parece vazia e as lembranças desconcentram a mente dos afazeres cotidianos. E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei. Digo a minha prudência cansada que lhe respeito aos montes devidos, mas arriscar-se também faz parte da felicidade. E bebo e grito então bem alto, na tentativa de arrancar essa saudade do peito e permitir-me sorrisos de alegrias mil.
Saudade, essa palavra desgraçada que só existe na língua portuguesa, assim como chulé...
Por Virgínia Barros, em seu blog Entre tantos loucos e livres http://twixar.com/Ci4EVpw
É mais ou menos assim: velhos símbolos mudam de sentido, o coração fica apertado, a cama parece vazia e as lembranças desconcentram a mente dos afazeres cotidianos. E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei. Digo a minha prudência cansada que lhe respeito aos montes devidos, mas arriscar-se também faz parte da felicidade. E bebo e grito então bem alto, na tentativa de arrancar essa saudade do peito e permitir-me sorrisos de alegrias mil.
Saudade, essa palavra desgraçada que só existe na língua portuguesa, assim como chulé...
26 fevereiro 2011
História: 26 de fevereiro de 1969
A ditadura baixa o Decreto-lei 477: estudante considerado subversivo fica proibido de se matricular em qualquer escola durante 3 anos. O Ato Institucional nº 7 suspende eleições. (Vermelho http://www.vermelho.org.br/).
Superlucros da Petrobras
. A informação é da Agência Brasil. A Petrobras fechou o ano de 2010 com um lucro líquido de R$ 35,1 bilhões, resultado 17% superior ao registrado em 2009, de R$ 30,051 bilhões. Os dados relativos ao balanço financeiro da companhia estão sendo divulgados neste momento pelo diretor financeiro e de Relações com os Investidores, Almir Barbassa.
. Segundo os números da estatal, a entrada em operação de seis novos sistemas de produção e duas unidades de tratamento de gás natural levou a que a produção total de petróleo e gás natural aumentasse 2% em relação a 2009, atingindo a média de 2 milhões 583 mil barris diários de óleo equivalente (petróleo e gás).
. As reservas provadas da companhia encerraram 2010 em 15,986 bilhões de barris de óleo equivalente, com o índice de reposição de reservas (IRR) ficando em 229% - o que fixou a - relação reserva-produção em 18,4 anos.
. Segundo o diretor Almir Barbassa, os investimentos da companhia totalizaram R$ 476,4 bilhões e ficaram 8% acima do montante de 2009 – com foco no aumento da capacidade de produção de petróleo e gás natural, na melhoria do parque nacional de refino e na infraestrutura do gás natural.
. Barbassa atribuiu o lucro recorde ao maior volume de vendas de derivados, que em 2010 cresceu 11%; assim como as cotações do petróleo mais elevada sobre as exportações e produção internacional. Já a valorização cambial contribui para o aumento do lucro, gerando impacto positivo no resultado financeiro líquido - variação positiva de R$ 2,57 bilhões.
. Segundo os números da estatal, a entrada em operação de seis novos sistemas de produção e duas unidades de tratamento de gás natural levou a que a produção total de petróleo e gás natural aumentasse 2% em relação a 2009, atingindo a média de 2 milhões 583 mil barris diários de óleo equivalente (petróleo e gás).
. As reservas provadas da companhia encerraram 2010 em 15,986 bilhões de barris de óleo equivalente, com o índice de reposição de reservas (IRR) ficando em 229% - o que fixou a - relação reserva-produção em 18,4 anos.
. Segundo o diretor Almir Barbassa, os investimentos da companhia totalizaram R$ 476,4 bilhões e ficaram 8% acima do montante de 2009 – com foco no aumento da capacidade de produção de petróleo e gás natural, na melhoria do parque nacional de refino e na infraestrutura do gás natural.
. Barbassa atribuiu o lucro recorde ao maior volume de vendas de derivados, que em 2010 cresceu 11%; assim como as cotações do petróleo mais elevada sobre as exportações e produção internacional. Já a valorização cambial contribui para o aumento do lucro, gerando impacto positivo no resultado financeiro líquido - variação positiva de R$ 2,57 bilhões.
As benesses do movimento para a cabeça e o pescoço
Ciência Hoje Online:
. Os anos passam, a ciência avança e o melhor antídoto antienvelhecimento continua sendo o de sempre: exercício físico. Não adianta escapar. Prestes a completar 40 anos, o colunista Stevens Rehen discute as benesses do movimento para a cabeça e o corpo.
. Enquanto jovens, não nos preocupamos com o tempo. Daqui a pouco mais de uma semana completarei 40 anos e o que parecia distante torna-se realidade: estou envelhecendo. “Inexorável!”, acrescentaria meu pai.
. Tenho muitos motivos para comemorar a data, mas o melhor presente seria interromper, ou ao menos reduzir, a velocidade com que meu organismo vem perdendo a jovialidade de outrora. Seria possível?
. Trabalhos científicos publicados nos últimos meses confirmam de forma contundente que o melhor antídoto antienvelhecimento continua sendo a prática de exercícios físicos.
. A desaceleração no processo de desgaste do corpo pela atividade física aconteceria das mais variadas maneiras.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/hFPR0u8
. Os anos passam, a ciência avança e o melhor antídoto antienvelhecimento continua sendo o de sempre: exercício físico. Não adianta escapar. Prestes a completar 40 anos, o colunista Stevens Rehen discute as benesses do movimento para a cabeça e o corpo.
. Enquanto jovens, não nos preocupamos com o tempo. Daqui a pouco mais de uma semana completarei 40 anos e o que parecia distante torna-se realidade: estou envelhecendo. “Inexorável!”, acrescentaria meu pai.
. Tenho muitos motivos para comemorar a data, mas o melhor presente seria interromper, ou ao menos reduzir, a velocidade com que meu organismo vem perdendo a jovialidade de outrora. Seria possível?
. Trabalhos científicos publicados nos últimos meses confirmam de forma contundente que o melhor antídoto antienvelhecimento continua sendo a prática de exercícios físicos.
. A desaceleração no processo de desgaste do corpo pela atividade física aconteceria das mais variadas maneiras.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/hFPR0u8
Sabedoria de poeta
A dica de sábado é de Gonzaguinha: “Quando o tempo é de confusão/mantenha a calma no seu coração/mantenha a calma...".
24 fevereiro 2011
Boa noite, Clóvis Campêlo
Soneto do disparate vermelho
Um dia, pintei-me de vermelho
só para negar ao mundo
o seu azul mais profundo,
do qual não quis ser o espelho.
Também neguei o poeta
que pintara os seus sapatos
no mesmo tom insensato,
na sua matiz predileta.
Prossegui no disparate
de uma nova fantasia,
iniciando o embate,
dessa nova alegoria,
e nesse novo arremate,
reinventando a poesia.
Um dia, pintei-me de vermelho
só para negar ao mundo
o seu azul mais profundo,
do qual não quis ser o espelho.
Também neguei o poeta
que pintara os seus sapatos
no mesmo tom insensato,
na sua matiz predileta.
Prossegui no disparate
de uma nova fantasia,
iniciando o embate,
dessa nova alegoria,
e nesse novo arremate,
reinventando a poesia.
A palavra instigante de Jomard
QUERO NÃO: queremos muito mais
Jomard Muniz de Britto, jmb
Outros carnavais do eternamente hoje.
Melancolia dos blocos líricos na AURORA
das fantasias sem perdidos fantasmas.
Alegorias com e sem o peso insustentável
da nostalgia, coisa de cinema e filmologias
pós-modernas de sempre.
QUERO NÃO rimar cachaça com solidão e
ou gozar com sofreguidão e apagões.
Gentileza gera gentileza pela voz do anônimo
profeta de nossa cotidiana crueldade.
Traição contamina politicidades.
Do efêmero ao instantâneo da estética
prapular no LAMBE LAMBE das torcidas.
Sequestraram Juracy, Rainha do Real, na
Praça Maciel Pinheiro sem autorização
do seu biógrafo Felix Farfan.
Coisa de Jornal, em primeira página,
a serviço da limpeza do Reciferido.
QUERO NÃO organizar o carná do PODER.
INTERPOÉTICA PARA TODOS.
Encontrar no NADA um jeito de amenizar
o egocentrismo que mansinho nos sufoca
com a melhor estridência.
Interpenetração de folias do RECIFEDE aos
camarotes perfumados pela indústria
etílico-hoteleira-turística. Economias criativas.
Tudo com peritas licitações lunáticas.
Carnavais da teatralidade por todas as frentes,
costas, estratégias de animação cultural.
Exus sublimados. Eixos despedaçados.
Se ninguém brinca livre da AL QUAEDA
como escaparíamos do império dos
Maribondos de Fogo? Salve-nos a ONU!
QUERO NÃO outras depressões.
Queremos carnavalizar a luminosidade
sem medo de ser feliz ao redor do mundo.
Recife, fevereiro/março, 2011.
Jomard Muniz de Britto, jmb
Outros carnavais do eternamente hoje.
Melancolia dos blocos líricos na AURORA
das fantasias sem perdidos fantasmas.
Alegorias com e sem o peso insustentável
da nostalgia, coisa de cinema e filmologias
pós-modernas de sempre.
QUERO NÃO rimar cachaça com solidão e
ou gozar com sofreguidão e apagões.
Gentileza gera gentileza pela voz do anônimo
profeta de nossa cotidiana crueldade.
Traição contamina politicidades.
Do efêmero ao instantâneo da estética
prapular no LAMBE LAMBE das torcidas.
Sequestraram Juracy, Rainha do Real, na
Praça Maciel Pinheiro sem autorização
do seu biógrafo Felix Farfan.
Coisa de Jornal, em primeira página,
a serviço da limpeza do Reciferido.
QUERO NÃO organizar o carná do PODER.
INTERPOÉTICA PARA TODOS.
Encontrar no NADA um jeito de amenizar
o egocentrismo que mansinho nos sufoca
com a melhor estridência.
Interpenetração de folias do RECIFEDE aos
camarotes perfumados pela indústria
etílico-hoteleira-turística. Economias criativas.
Tudo com peritas licitações lunáticas.
Carnavais da teatralidade por todas as frentes,
costas, estratégias de animação cultural.
Exus sublimados. Eixos despedaçados.
Se ninguém brinca livre da AL QUAEDA
como escaparíamos do império dos
Maribondos de Fogo? Salve-nos a ONU!
QUERO NÃO outras depressões.
Queremos carnavalizar a luminosidade
sem medo de ser feliz ao redor do mundo.
Recife, fevereiro/março, 2011.
Crise na Líbia faz petróleo disparar
. Coisa de economia globalizada. Vivendo conturbada situação, em meio a conflitos entre oposição e o governo, a Líbia reduz aproximadamente à metade a produção de petróleo.
. Nada menos que 9 empresas petrolíferas suspenderam suas operações, entre as quais a Shell, BP, a italiana Eni, a francesa Total e a espanhola Repsol.
. Em consequência, o barril do petróleo em Londres ultrapassou os US$ 111, com alta de 5,6%, Em Nova York, subiu 2,8%, atingindo o maior valor desde setembro de 2008, quando do advento da crise financeira global.
. No mercado de capitais, a alta do petróleo provocou forte valorização das ações da Petrobras, de até 4,66%, atraindo muitos investidores estrangeiros, inclusive da China.
. Nada menos que 9 empresas petrolíferas suspenderam suas operações, entre as quais a Shell, BP, a italiana Eni, a francesa Total e a espanhola Repsol.
. Em consequência, o barril do petróleo em Londres ultrapassou os US$ 111, com alta de 5,6%, Em Nova York, subiu 2,8%, atingindo o maior valor desde setembro de 2008, quando do advento da crise financeira global.
. No mercado de capitais, a alta do petróleo provocou forte valorização das ações da Petrobras, de até 4,66%, atraindo muitos investidores estrangeiros, inclusive da China.
Minha coluna semanal no portal Vermelho
A pobreza extrema é 100%, mas não é tudo
Luciano Siqueira
O anúncio da presidenta Dilma de que dará prioridade ao combate à miséria não é em si errado. Antes soa positivo e sublinha o compromisso social da gestão que se inicia. Entretanto, pode dar margem a interpretações incorretas, na medida em que se entenda nesse propósito um retorno ao “tudo pelo social” e coisas do gênero.
Por que entender assim é errado? Porque focar a ação de governo no combate à pobreza colide com a necessária universalização das políticas públicas destinadas a melhorar o padrão de vida da população – que, por seu turno, depende do desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e socialmente inclusivas.
O PT, tempos atrás, cometia esse equívoco. Lembro-me de uma breve reunião com o Lula (pouco antes de enfrentar a batalha eleitoral que lhe deu a presidência) e o então deputado José Dirceu, no auditório da prefeitura do Recife, em que ambos acentuaram a centralidade da questão nacional numa perspectiva de tirar o País do atraso e divisar novos horizontes pós duas décadas e meia perdidas. Então vice-prefeito, tão logo terminou a reunião, apressei-me em comentar com ambos, Lula e Dirceu, o que me parecia uma posição justa e avançada por eles assumida, concorde com o pensamento do meu partido, o PCdoB.
Dilma mesmo, em seu discurso de posse, fez referências precisas à necessidade de nos costurarmos com nossas próprias linhas no atual ambiente internacional conturbado por uma crise sistêmica persistente. Isso quer dizer manter e elevar o padrão de crescimento econômico com apoio de nossas próprias potencialidades.
Esse, sim, é o verdadeiro caminho de combate à pobreza, mormente se o crescimento se der com distribuição de renda, garantia de direitos e robustecimento da massa salarial. Os programas sociais voltados para o atendimento à população indigente encontram aí a possibilidade de construir portas de saída, essas muito mais importantes do que as portas de entrada.
Está mais do que provado que é impossível melhorar os indicadores sociais à margem do desenvolvimento econômico. Uma coisa não guarda com a outra relação mecanicista de causa e efeito, é claro. Mas uma depende da outra, literalmente. Ou o Nordeste da “era Lula” não demonstra, ao crescer a taxas mais elevadas do que o restante do País a base de uma formidável expansão do consumo popular?
De outra parte, nunca é demais acentuar que a questão nacional – o dever da soberania – é o pano de fundo da necessária ruptura com os pressupostos macroeconômicos vigentes. Superar a sobrevalorização do câmbio, por exemplo, certamente não agradará nossos parceiros internacionais. Mas eles são parceiros, apenas; importa muito mais o interesse do povo brasileiro, do qual parcela substancial ainda sobrevive sob condições de pobreza extrema.
Donde é possível concluir, ao estilo cult de Falcão, que pobreza é 100%, mas não é tudo.
Luciano Siqueira
O anúncio da presidenta Dilma de que dará prioridade ao combate à miséria não é em si errado. Antes soa positivo e sublinha o compromisso social da gestão que se inicia. Entretanto, pode dar margem a interpretações incorretas, na medida em que se entenda nesse propósito um retorno ao “tudo pelo social” e coisas do gênero.
Por que entender assim é errado? Porque focar a ação de governo no combate à pobreza colide com a necessária universalização das políticas públicas destinadas a melhorar o padrão de vida da população – que, por seu turno, depende do desenvolvimento econômico em bases sustentáveis e socialmente inclusivas.
O PT, tempos atrás, cometia esse equívoco. Lembro-me de uma breve reunião com o Lula (pouco antes de enfrentar a batalha eleitoral que lhe deu a presidência) e o então deputado José Dirceu, no auditório da prefeitura do Recife, em que ambos acentuaram a centralidade da questão nacional numa perspectiva de tirar o País do atraso e divisar novos horizontes pós duas décadas e meia perdidas. Então vice-prefeito, tão logo terminou a reunião, apressei-me em comentar com ambos, Lula e Dirceu, o que me parecia uma posição justa e avançada por eles assumida, concorde com o pensamento do meu partido, o PCdoB.
Dilma mesmo, em seu discurso de posse, fez referências precisas à necessidade de nos costurarmos com nossas próprias linhas no atual ambiente internacional conturbado por uma crise sistêmica persistente. Isso quer dizer manter e elevar o padrão de crescimento econômico com apoio de nossas próprias potencialidades.
Esse, sim, é o verdadeiro caminho de combate à pobreza, mormente se o crescimento se der com distribuição de renda, garantia de direitos e robustecimento da massa salarial. Os programas sociais voltados para o atendimento à população indigente encontram aí a possibilidade de construir portas de saída, essas muito mais importantes do que as portas de entrada.
Está mais do que provado que é impossível melhorar os indicadores sociais à margem do desenvolvimento econômico. Uma coisa não guarda com a outra relação mecanicista de causa e efeito, é claro. Mas uma depende da outra, literalmente. Ou o Nordeste da “era Lula” não demonstra, ao crescer a taxas mais elevadas do que o restante do País a base de uma formidável expansão do consumo popular?
De outra parte, nunca é demais acentuar que a questão nacional – o dever da soberania – é o pano de fundo da necessária ruptura com os pressupostos macroeconômicos vigentes. Superar a sobrevalorização do câmbio, por exemplo, certamente não agradará nossos parceiros internacionais. Mas eles são parceiros, apenas; importa muito mais o interesse do povo brasileiro, do qual parcela substancial ainda sobrevive sob condições de pobreza extrema.
Donde é possível concluir, ao estilo cult de Falcão, que pobreza é 100%, mas não é tudo.
21 fevereiro 2011
PT ganha com Pedro na presidência
Parabéns ao PT pela escolha unânime do deputado Pedro Eugênio para a presidência estadual. Pedro é competente e hábil na construção de consensos.
Bom dia, Bruna Lombardi
Sedução
Dentro de mim mora o animal
indômito e selvagem
que talvez te faça mal
talvez uma faísca
relâmpago no olhar
depressa como um susto
me desmascare o rosto
e de repente deixe exposto
o meu pior
em mim germina
uma força perigosa
que contamina
uma paixão vulgar
que corta o ar e que
nenhum poder domina
explode em mim
uma liberdade que te fascina
sopro de vida
brilho que se descortina
luz que cintila, lantejoula
purpurina
fugaz como um desejo
talvez te mate
talvez te salve
o veneno do meu beijo.
Dentro de mim mora o animal
indômito e selvagem
que talvez te faça mal
talvez uma faísca
relâmpago no olhar
depressa como um susto
me desmascare o rosto
e de repente deixe exposto
o meu pior
em mim germina
uma força perigosa
que contamina
uma paixão vulgar
que corta o ar e que
nenhum poder domina
explode em mim
uma liberdade que te fascina
sopro de vida
brilho que se descortina
luz que cintila, lantejoula
purpurina
fugaz como um desejo
talvez te mate
talvez te salve
o veneno do meu beijo.
19 fevereiro 2011
Silêncios enigmáticos
A dica de sábado é da amiga Izabel, nos versos de Fernando Pessoa: “É fácil trocar as palavras,/Difícil é interpretar os silêncios!”
PCdoB tem um projeto audacioso para as eleições de 2012
Em entrevista ao portal iG, publicada nesta sexta (18), o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, revelou que o partido vai disputar prefeituras em importantes capitais, como São Paulo e Porto Alegre. Ele também abordou as relações dos comunistas com o Partido dos Trabalhadores (PT) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Leia abaixo a íntegra da entrevista:
iG: O PCdoB já traçou uma estratégia para 2012?
Renato Rabelo : O PCdoB levou 15 anos tendo somente candidatos proporcionais e assim mesmo concentrando em algumas candidaturas. De 2004 e 2006 para cá começamos a mudar essa orientação e ter candidaturas majoritárias. Agora pretendemos ir mais ainda. Em 2010, fomos o quarto partido mais votado para o Senado, mais até do que o DEM. E se tivemos estes votos é porque temos lideranças importantes. Essa acumulação eleitoral vai desembocar em 2012. O que a gente chama de projeto 2012 é o maior da história do PCdoB. Podemos até eleger prefeitos de capitais, como por exemplo a Manuela (D’Ávila) em Porto Alegre, onde podemos contar com apoio até do PT. O governador Tarso Genro (PT) admite que PCdoB teve um papel importante na eleição dele. Em São Paulo queremos dar peso à candidatura do Netinho de Paula.
iG: O senhor disse que durante 15 anos o PCdoB só teve candidaturas proporcionais. Isso se deve em grande parte aos apoios oferecidos ao PT. Em 2012 essa relação vai mudar?
RR: Na evolução política há sempre variações nas relações. Não se pode dizer que uma relação política vai ser igual a vida inteira. Toda aliança é fruto de um momento. Tudo na vida é assim. Pode mudar para melhor ou para pior. Pode mudar para uma aproximação maior ou para um afastamento. Nós tivemos sempre uma relação de primeiro nível com o PT. O que acontece agora é que o PT é o partido hegemônico na esfera federal e luta para manter essa hegemonia. Exatamente por isso pode cometer erros, tender a querer uma hegemonia absoluta. Se nesse processo não houver entendimento e confiança mútua pode criar problemas e afastamentos, uma reação em sentido contrário, uma frente contra o partido hegemônico. Isso a história mostra. Então cabe ao PT uma grande responsabilidade que é exercer uma hegemonia que dê harmonia à aliança. Do contrário essa aliança pode se quebrar ou até pior, surgir uma antialiança ao PT. Pode até haver separação. Depende da atitude de cada partido.
iG: A forma como o PT tem lidado com a divisão de cargos do governo Dilma é um risco?
RR: O governo está começando. Ainda não se pode dizer. Mas vai ser um fator indicador importante e vamos levar em conta tudo isso. Não vamos raciocinar com o fígado mas se a atitude é política vamos responder politicamente. Dentro das nossas condições, é claro.
iG: Qual é sua opinião sobre a aproximação do PCdoB com Gilberto Kassab?
RR: Há uma convergência com o prefeito em algumas questões políticas que já vem de um ano ou mais. O episódio da mesa da Câmara de Vereadores (onde o PCdoB apoiou Kassab contra o PT) mostra isso. Nós apoiamos o candidato do prefeito porque aquele grupo dominava a mesa há muito tempo. O prefeito Kassab resolveu enfrentar essa questão e nós tivemos um papel importante porque nossos dois vereadores foram a fiel da balança. Kassab está determinado em vir para um partido da base de apoio do governo federal. É por isso que houve essa aproximação. Para o PCdoB, a definição política dele é muito importante. Não vamos fazer aliança com pessoas que estão do lado político que não é o nosso. Em resumo: não estamos indo para o lado do Kassab. O Kassab é que está vindo para o lado de cá.
iG: O PCdoB vai participar da administração Kassab?
RR: Neste processo de aproximação ele aventou a possibilidade de oferecer esta secretaria que não existe ainda, que é a secretaria dita especial para preparar a Copa de 2014 em São Paulo. A cidade está enfrentando uma série de problemas. Nem o estádio foi construído. O que ele diz é que o PCdoB já está na área e poderia levar adiante esta questão. Não sei exatamente se ele já fez o convite.
iG: Existe alguma identificação ideológica ou programáticas entre Kassab e o PCdoB?
RR: Proximidade ideológica do PCdoB com os outros partidos é muito pequena porque cada partido tem sua ideologia. Com o Kassab não há uma identidade ideológica, há aproximações políticas. Se tivéssemos, por exemplo, a mesma ideologia que o PT nós seríamos do PT, faríamos parte do PT.
iG: O PCdoB concorda com a forma como Kassab administra a cidade, com as políticas do governo dele para, por exemplo, a questão dos moradores de rua?
RR: Não temos ainda uma aliança formal e é evidente que existem diferenças importantes do PCdoB com ele. Uma das questões que a gente coloca como um divisor de águas é o tratamento dado aos movimentos sociais. E aí entra a questão dos moradores de rua. Para o PCdoB, esta é uma questão que pesa muito. A aliança política é um processo. Na medida em que ele vem para o lado de cá tem que dar demonstrações políticas que nos identifiquem. O PCdoB nunca coloca de lado a plataforma política. Ninguém pode apontar que o PCdoB fez alianças de momento, fisiológicas. Como é que vou explicar para a militância? Isso é uma convergência que vai se dando.
iG: Já se falou que Kassab pode ir para o PMDB, fundar um partido, ir para o PSB. O PCdoB acolheria o prefeito?
RR: Os caminhos mais naturais para o prefeito são o PMDB ou o PSB. Podemos tê-lo como aliado. Acho até que tem havido progressos na negociação dele com o PSB. Outra possibilidade seria fundar um novo partido. Porque aí ele manteria o mandato e num segundo momento este partido poderia se fundir a outro da base aliada de Dilma como, por exemplo, o PSB. É uma saída, embora fundar um partido no Brasil hoje não seja uma coisa fácil.
iG: Apesar da aproximação com a base do governo Dilma, Kassab continua fiel a José Serra e mantém muitos serristas em cargos importantes da prefeitura. O rompimento com Serra é uma imposição para a aliança?
RR: O PCdoB não vê essas coisas como absolutas. O que interessa para o partido é a tendência que vai se esboçando. Na prática, o prefeito já está se identificando mais com a base de Dilma e formalmente ainda tem vínculos com Serra, mas é só formal.
iG: Mas ele mantém muitas pessoas ligadas a Serra na prefeitura.
RR: Tudo isso não se faz da noite para o dia. Se a tendência fosse de manter o vínculo com a oposição se tornaria mais difícil uma aliança. Se ele tem compromisso com o Serra, e ele disse que tem, o que mostra até uma certa honestidade dele, poderia dizer que deve a Serra compromissos que Serra realizou. Kassab diz claramente que o Serra foi leal com ele e agora está retribuindo a lealdade.
iG: O PCdoB espera uma ruptura de Kassab com José Serra?
RR: O Kassab vindo para a situação se afasta naturalmente do Serra. Ele vai criando essas condições, as pontes vão sendo queimadas e a essa altura não tem como haver retorno. A oposição está desbaratada, é natural que uma parte da oposição se desgarre.
Fonte: iG
iG: O PCdoB já traçou uma estratégia para 2012?
Renato Rabelo : O PCdoB levou 15 anos tendo somente candidatos proporcionais e assim mesmo concentrando em algumas candidaturas. De 2004 e 2006 para cá começamos a mudar essa orientação e ter candidaturas majoritárias. Agora pretendemos ir mais ainda. Em 2010, fomos o quarto partido mais votado para o Senado, mais até do que o DEM. E se tivemos estes votos é porque temos lideranças importantes. Essa acumulação eleitoral vai desembocar em 2012. O que a gente chama de projeto 2012 é o maior da história do PCdoB. Podemos até eleger prefeitos de capitais, como por exemplo a Manuela (D’Ávila) em Porto Alegre, onde podemos contar com apoio até do PT. O governador Tarso Genro (PT) admite que PCdoB teve um papel importante na eleição dele. Em São Paulo queremos dar peso à candidatura do Netinho de Paula.
iG: O senhor disse que durante 15 anos o PCdoB só teve candidaturas proporcionais. Isso se deve em grande parte aos apoios oferecidos ao PT. Em 2012 essa relação vai mudar?
RR: Na evolução política há sempre variações nas relações. Não se pode dizer que uma relação política vai ser igual a vida inteira. Toda aliança é fruto de um momento. Tudo na vida é assim. Pode mudar para melhor ou para pior. Pode mudar para uma aproximação maior ou para um afastamento. Nós tivemos sempre uma relação de primeiro nível com o PT. O que acontece agora é que o PT é o partido hegemônico na esfera federal e luta para manter essa hegemonia. Exatamente por isso pode cometer erros, tender a querer uma hegemonia absoluta. Se nesse processo não houver entendimento e confiança mútua pode criar problemas e afastamentos, uma reação em sentido contrário, uma frente contra o partido hegemônico. Isso a história mostra. Então cabe ao PT uma grande responsabilidade que é exercer uma hegemonia que dê harmonia à aliança. Do contrário essa aliança pode se quebrar ou até pior, surgir uma antialiança ao PT. Pode até haver separação. Depende da atitude de cada partido.
iG: A forma como o PT tem lidado com a divisão de cargos do governo Dilma é um risco?
RR: O governo está começando. Ainda não se pode dizer. Mas vai ser um fator indicador importante e vamos levar em conta tudo isso. Não vamos raciocinar com o fígado mas se a atitude é política vamos responder politicamente. Dentro das nossas condições, é claro.
iG: Qual é sua opinião sobre a aproximação do PCdoB com Gilberto Kassab?
RR: Há uma convergência com o prefeito em algumas questões políticas que já vem de um ano ou mais. O episódio da mesa da Câmara de Vereadores (onde o PCdoB apoiou Kassab contra o PT) mostra isso. Nós apoiamos o candidato do prefeito porque aquele grupo dominava a mesa há muito tempo. O prefeito Kassab resolveu enfrentar essa questão e nós tivemos um papel importante porque nossos dois vereadores foram a fiel da balança. Kassab está determinado em vir para um partido da base de apoio do governo federal. É por isso que houve essa aproximação. Para o PCdoB, a definição política dele é muito importante. Não vamos fazer aliança com pessoas que estão do lado político que não é o nosso. Em resumo: não estamos indo para o lado do Kassab. O Kassab é que está vindo para o lado de cá.
iG: O PCdoB vai participar da administração Kassab?
RR: Neste processo de aproximação ele aventou a possibilidade de oferecer esta secretaria que não existe ainda, que é a secretaria dita especial para preparar a Copa de 2014 em São Paulo. A cidade está enfrentando uma série de problemas. Nem o estádio foi construído. O que ele diz é que o PCdoB já está na área e poderia levar adiante esta questão. Não sei exatamente se ele já fez o convite.
iG: Existe alguma identificação ideológica ou programáticas entre Kassab e o PCdoB?
RR: Proximidade ideológica do PCdoB com os outros partidos é muito pequena porque cada partido tem sua ideologia. Com o Kassab não há uma identidade ideológica, há aproximações políticas. Se tivéssemos, por exemplo, a mesma ideologia que o PT nós seríamos do PT, faríamos parte do PT.
iG: O PCdoB concorda com a forma como Kassab administra a cidade, com as políticas do governo dele para, por exemplo, a questão dos moradores de rua?
RR: Não temos ainda uma aliança formal e é evidente que existem diferenças importantes do PCdoB com ele. Uma das questões que a gente coloca como um divisor de águas é o tratamento dado aos movimentos sociais. E aí entra a questão dos moradores de rua. Para o PCdoB, esta é uma questão que pesa muito. A aliança política é um processo. Na medida em que ele vem para o lado de cá tem que dar demonstrações políticas que nos identifiquem. O PCdoB nunca coloca de lado a plataforma política. Ninguém pode apontar que o PCdoB fez alianças de momento, fisiológicas. Como é que vou explicar para a militância? Isso é uma convergência que vai se dando.
iG: Já se falou que Kassab pode ir para o PMDB, fundar um partido, ir para o PSB. O PCdoB acolheria o prefeito?
RR: Os caminhos mais naturais para o prefeito são o PMDB ou o PSB. Podemos tê-lo como aliado. Acho até que tem havido progressos na negociação dele com o PSB. Outra possibilidade seria fundar um novo partido. Porque aí ele manteria o mandato e num segundo momento este partido poderia se fundir a outro da base aliada de Dilma como, por exemplo, o PSB. É uma saída, embora fundar um partido no Brasil hoje não seja uma coisa fácil.
iG: Apesar da aproximação com a base do governo Dilma, Kassab continua fiel a José Serra e mantém muitos serristas em cargos importantes da prefeitura. O rompimento com Serra é uma imposição para a aliança?
RR: O PCdoB não vê essas coisas como absolutas. O que interessa para o partido é a tendência que vai se esboçando. Na prática, o prefeito já está se identificando mais com a base de Dilma e formalmente ainda tem vínculos com Serra, mas é só formal.
iG: Mas ele mantém muitas pessoas ligadas a Serra na prefeitura.
RR: Tudo isso não se faz da noite para o dia. Se a tendência fosse de manter o vínculo com a oposição se tornaria mais difícil uma aliança. Se ele tem compromisso com o Serra, e ele disse que tem, o que mostra até uma certa honestidade dele, poderia dizer que deve a Serra compromissos que Serra realizou. Kassab diz claramente que o Serra foi leal com ele e agora está retribuindo a lealdade.
iG: O PCdoB espera uma ruptura de Kassab com José Serra?
RR: O Kassab vindo para a situação se afasta naturalmente do Serra. Ele vai criando essas condições, as pontes vão sendo queimadas e a essa altura não tem como haver retorno. A oposição está desbaratada, é natural que uma parte da oposição se desgarre.
Fonte: iG
Riscos e perigos da água
Ciência Hoje Online:
Claro como água?
. Como saber se a substância supostamente incolor, insípida e inodora que bebemos é segura? O colunista Jean Remy Guimarães compartilha com o leitor fatos não muito animadores sobre o líquido essencial, mas que também pode ser prejudicial, à vida.
. Para começar: ninguém fabrica água. Exploramos reservas naturais já existentes. Gelo, neve, água de rio ou lago, água subterrânea... Costumamos captá-la em algum ponto adequado, tratá-la e distribuí-la a fim de que seja usada para cozinhar, lavar, diluir e transportar nossos excrementos, efluentes industriais e agrícolas.
. A água poluída que é processada (ou não) em uma estação de tratamento de esgotos é geralmente devolvida ao mesmo rio de onde foi captada e utilizada pela próxima cidade rio abaixo, e assim sucessivamente até a desembocadura do infeliz rio em questão.
. Veja a matéria na íntegra http://twixar.com/7OwtHrh
Claro como água?
. Como saber se a substância supostamente incolor, insípida e inodora que bebemos é segura? O colunista Jean Remy Guimarães compartilha com o leitor fatos não muito animadores sobre o líquido essencial, mas que também pode ser prejudicial, à vida.
. Para começar: ninguém fabrica água. Exploramos reservas naturais já existentes. Gelo, neve, água de rio ou lago, água subterrânea... Costumamos captá-la em algum ponto adequado, tratá-la e distribuí-la a fim de que seja usada para cozinhar, lavar, diluir e transportar nossos excrementos, efluentes industriais e agrícolas.
. A água poluída que é processada (ou não) em uma estação de tratamento de esgotos é geralmente devolvida ao mesmo rio de onde foi captada e utilizada pela próxima cidade rio abaixo, e assim sucessivamente até a desembocadura do infeliz rio em questão.
. Veja a matéria na íntegra http://twixar.com/7OwtHrh
18 fevereiro 2011
Controle do fluxo de capital
. Brasil vai adotar mais controles de capital se preciso, diz hoje o ministro da Fazenda Guido Mantega. Mas acrescenta que medidas poderão ser adotadas “se houver grande fluxo.”
. É pouco. Deveria haver mecanismos permanentes de controle da conta de capitais com intenção anti-especulativa e para reduzir os impactos dos chamados capitais voláteis sobre a nossa economia.
. É pouco. Deveria haver mecanismos permanentes de controle da conta de capitais com intenção anti-especulativa e para reduzir os impactos dos chamados capitais voláteis sobre a nossa economia.
Salário mínimo: como votou o PCdoB
Salário Mínimo: institucionalizada politica de reajustes reais
Declaração de voto da Bancada do PCdoB
PL 382/2011 – política de valorização do salário mínimo e definição do valor para 2011
A bancada do PCdoB ressalta a importância da institucionalização da política de valorização do salário mínimo, fruto de um acordo com as centrais sindicais. Os resultados apresentados entre 2006 a2010 – durante o governo Lula, o aumento real do Salário Mínimo foi de 57% - demonstram a justeza social dessa política.
Transformar em lei uma política de valorização do salário mínimo é uma grande vitória dos trabalhadores brasileiros, um contraponto importante ao projeto neoliberal que postula a flexibilização das relações trabalhistas. Indexar o salário mínimo simultaneamente à inflação e ao crescimento real do PIB é a certeza de que, além da manutenção do poder de compra, o salário mínimo se agiganta na tarefa de distribuir e interiorizar a renda em nosso país.
O valor definido hoje, de R$ 545, atende a essa política.
Entendemos de que neste ano poderia haver uma antecipação parcial do reajuste real a ser concedido em 2012. Tanto é assim que já na legislatura anterior tínhamos uma proposta tramitando e, nesta legislatura foi reapresentado o Projeto de Lei n.º 323 pelo Deputado Daniel Almeida, em nome da bancada, garantindo que a cada ano haveria um aumento real de pelo menos 3%. Esse ainda pode ser um importante elemento constitutivo da política salarial para os próximos períodos. Até o último momento tentamos negociar esse conteúdo. Na impossibilidade do acordo, votamos na proposta como originalmente apresentada pela Presidente Dilma, pois a aprovação de uma política de reajustes reais, por mais um quadriênio, é muito mais importante.
Por esse conjunto de argumentos, o Partido e a sua bancada entendem a importância de acompanhar o governo nessa questão.
Reiteramos o posicionamento do PCdoB, em defesa da agenda pelo desenvolvimento com valorização do trabalho, pela ampliação dos direitos dos trabalhadores, e reafirmamos a convicção de que participar e fortalecer esse governo da presidente Dilma, que agora se inicia, é o caminho mais curto para essas vitórias.
Dep. Osmar Júnior
Líder da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados
Declaração de voto da Bancada do PCdoB
PL 382/2011 – política de valorização do salário mínimo e definição do valor para 2011
A bancada do PCdoB ressalta a importância da institucionalização da política de valorização do salário mínimo, fruto de um acordo com as centrais sindicais. Os resultados apresentados entre 2006 a2010 – durante o governo Lula, o aumento real do Salário Mínimo foi de 57% - demonstram a justeza social dessa política.
Transformar em lei uma política de valorização do salário mínimo é uma grande vitória dos trabalhadores brasileiros, um contraponto importante ao projeto neoliberal que postula a flexibilização das relações trabalhistas. Indexar o salário mínimo simultaneamente à inflação e ao crescimento real do PIB é a certeza de que, além da manutenção do poder de compra, o salário mínimo se agiganta na tarefa de distribuir e interiorizar a renda em nosso país.
O valor definido hoje, de R$ 545, atende a essa política.
Entendemos de que neste ano poderia haver uma antecipação parcial do reajuste real a ser concedido em 2012. Tanto é assim que já na legislatura anterior tínhamos uma proposta tramitando e, nesta legislatura foi reapresentado o Projeto de Lei n.º 323 pelo Deputado Daniel Almeida, em nome da bancada, garantindo que a cada ano haveria um aumento real de pelo menos 3%. Esse ainda pode ser um importante elemento constitutivo da política salarial para os próximos períodos. Até o último momento tentamos negociar esse conteúdo. Na impossibilidade do acordo, votamos na proposta como originalmente apresentada pela Presidente Dilma, pois a aprovação de uma política de reajustes reais, por mais um quadriênio, é muito mais importante.
Por esse conjunto de argumentos, o Partido e a sua bancada entendem a importância de acompanhar o governo nessa questão.
Reiteramos o posicionamento do PCdoB, em defesa da agenda pelo desenvolvimento com valorização do trabalho, pela ampliação dos direitos dos trabalhadores, e reafirmamos a convicção de que participar e fortalecer esse governo da presidente Dilma, que agora se inicia, é o caminho mais curto para essas vitórias.
Dep. Osmar Júnior
Líder da Bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados
Bom dia Antonio Juraci Siqueira
Arte poética
Hoje,
amanheci meio peixe,
meio pássaro.
Estou aprendendo a nadar,
tomando aulas de vôo
e aprimorando o canto.
Amanhã,
pássaro pleno,
insofismável peixe,
debulharei meu canto sobre a terra
em nados abissais
e voos rasantes.
Hoje,
amanheci meio peixe,
meio pássaro.
Estou aprendendo a nadar,
tomando aulas de vôo
e aprimorando o canto.
Amanhã,
pássaro pleno,
insofismável peixe,
debulharei meu canto sobre a terra
em nados abissais
e voos rasantes.
17 fevereiro 2011
O salário mínimo e os juros do capital
Editorial do Vermelho www.vermelho.org.br
Foi com um inegável sentimento de frustração que os sindicalistas receberam o resultado da votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (16). Flexibilizando a reivindicação inicial de R$ 580, fixaram-se no valor de R$ 560 que incluía uma antecipação do aumento previsto para 2012. No final, os partidos da base do governo acataram a proposta de R$ 545 feita pelo Palácio do Planalto. Ela foi aprovada por uma maioria acachapante que revela a prevista folga que a presidente Dilma Rousseff tem na Câmara dos Deputados e que lhe deu a primeira vitória numa votação polêmica.
Os comunistas queriam um salário maior. Nestes anos, a recuperação do valor do salário mínimo foi grande, em torno de 57%, mas mesmo assim seu valor continua insuficiente para garantir uma vida digna para o trabalhador e sua família, e os comunistas têm consciência da necessidade da aceleração de sua valorização.
Há, entretanto, um conjunto de razões que levaram a bancada do PCdoB, junto aos demais partidos da base do governo, a votar no valor proposto pelo Palácio do Planalto. Entre elas, duas se destacam.
A primeira diz respeito ao procedimento: flexibilizar o acordo feito com o governo em 2006 (inflação do último ano mais a variação do PIB nos dois últimos anos) devido ao mau desempenho da economia em 2009 e dar um aumento maior poderia abrir um precedente em seu cumprimento e levar a reivindicações patronais de aumentos menores nos momentos de crescimento mais acelerado do PIB. Calcula-se, por exemplo, que em 2010 o aumento do mínimo estará por volta de 12% ou 13% e muitos, achando-o excessivo, poderiam reivindicar um aumento menor.
A outra razão diz respeito à institucionalização da política de valorização do salário mínimo que, hoje, depende daquele acordo entre o governo e as centrais, que não foi transformado em lei. O governo, desde 2006, tem honrado o acordo, mesmo no aumento deste ano, que foi calculado levando em conta os critérios fixados cinco anos atrás. Transformá-lo em lei representa um ganho efetivo que os trabalhadores e as centrais sindicais não podem desprezar.
Nesse sentido, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) tem engatilhado um projeto de lei que prevê a valorização do mínimo com base na inflação do ano anterior e na variação do PIB, estabelecendo um mínimo de 3% de ganho real. Ele vai reapresentar esse projeto ainda este ano.
A insistência do governo em aprovar o salário mínimo de R$ 545 (valor, cumpre ressaltar, que respeita o acordo com as centrais feito em 2006) precisa ser analisada também nos quadros da política macroeconômica.
O debate que ocupa as páginas dos jornais, os centros financeiros e mesmo alguns gabinetes no Palácio do Planalto enfatiza o controle dos gastos do governo e analisa, dessa perspectiva, o desempenho orçamentário. O mantra gritado nesses ambientes exige corte nos gastos públicos, e o governo responde a eles com uma proposta de redução orçamentária de R$ 50 bilhões neste ano.
Alegam-se razões técnicas para isso. Mas elas são políticas e dizem respeito à disputa existente na sociedade pela apropriação da riqueza produzida. Essa disputa envolve a transformação das despesas públicas em um verdadeiro dogma “técnico” que desconsidera o desempenho orçamentário em seu conjunto. Conjunto que envolve os gastos do governo e os juros que ele paga aos rentistas da dívida pública. Despesas financeiras que, atualmente, comprometem 30% do orçamento nacional! Assim, cabe a pergunta: por que reajustar os salários pelo patamar mais baixo e não mexer nos juros pagos ao grande capital?
Esta é a disputa política que marca a economia, aspecto interessadamente deixado de lado pelos comentaristas econômicos e seus patrões. Ao não se referir aos himalaicos gastos do governo para o pagamento dos juros, o debate em torno do valor do salário mínimo e da recuperação da renda dos trabalhadores fica parcial. Em benefício do desenvolvimento nacional, da saúde da economia brasileira, da desconcentração de renda e do fortalecimento do mercado interno, essa unilateralidade precisa ser rompida e o país precisa discutir, junto com o valor do salário mínimo, os juros pagos pelo governo, que são estéreis e representam um freio ao desenvolvimento.
Foi com um inegável sentimento de frustração que os sindicalistas receberam o resultado da votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (16). Flexibilizando a reivindicação inicial de R$ 580, fixaram-se no valor de R$ 560 que incluía uma antecipação do aumento previsto para 2012. No final, os partidos da base do governo acataram a proposta de R$ 545 feita pelo Palácio do Planalto. Ela foi aprovada por uma maioria acachapante que revela a prevista folga que a presidente Dilma Rousseff tem na Câmara dos Deputados e que lhe deu a primeira vitória numa votação polêmica.
Os comunistas queriam um salário maior. Nestes anos, a recuperação do valor do salário mínimo foi grande, em torno de 57%, mas mesmo assim seu valor continua insuficiente para garantir uma vida digna para o trabalhador e sua família, e os comunistas têm consciência da necessidade da aceleração de sua valorização.
Há, entretanto, um conjunto de razões que levaram a bancada do PCdoB, junto aos demais partidos da base do governo, a votar no valor proposto pelo Palácio do Planalto. Entre elas, duas se destacam.
A primeira diz respeito ao procedimento: flexibilizar o acordo feito com o governo em 2006 (inflação do último ano mais a variação do PIB nos dois últimos anos) devido ao mau desempenho da economia em 2009 e dar um aumento maior poderia abrir um precedente em seu cumprimento e levar a reivindicações patronais de aumentos menores nos momentos de crescimento mais acelerado do PIB. Calcula-se, por exemplo, que em 2010 o aumento do mínimo estará por volta de 12% ou 13% e muitos, achando-o excessivo, poderiam reivindicar um aumento menor.
A outra razão diz respeito à institucionalização da política de valorização do salário mínimo que, hoje, depende daquele acordo entre o governo e as centrais, que não foi transformado em lei. O governo, desde 2006, tem honrado o acordo, mesmo no aumento deste ano, que foi calculado levando em conta os critérios fixados cinco anos atrás. Transformá-lo em lei representa um ganho efetivo que os trabalhadores e as centrais sindicais não podem desprezar.
Nesse sentido, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) tem engatilhado um projeto de lei que prevê a valorização do mínimo com base na inflação do ano anterior e na variação do PIB, estabelecendo um mínimo de 3% de ganho real. Ele vai reapresentar esse projeto ainda este ano.
A insistência do governo em aprovar o salário mínimo de R$ 545 (valor, cumpre ressaltar, que respeita o acordo com as centrais feito em 2006) precisa ser analisada também nos quadros da política macroeconômica.
O debate que ocupa as páginas dos jornais, os centros financeiros e mesmo alguns gabinetes no Palácio do Planalto enfatiza o controle dos gastos do governo e analisa, dessa perspectiva, o desempenho orçamentário. O mantra gritado nesses ambientes exige corte nos gastos públicos, e o governo responde a eles com uma proposta de redução orçamentária de R$ 50 bilhões neste ano.
Alegam-se razões técnicas para isso. Mas elas são políticas e dizem respeito à disputa existente na sociedade pela apropriação da riqueza produzida. Essa disputa envolve a transformação das despesas públicas em um verdadeiro dogma “técnico” que desconsidera o desempenho orçamentário em seu conjunto. Conjunto que envolve os gastos do governo e os juros que ele paga aos rentistas da dívida pública. Despesas financeiras que, atualmente, comprometem 30% do orçamento nacional! Assim, cabe a pergunta: por que reajustar os salários pelo patamar mais baixo e não mexer nos juros pagos ao grande capital?
Esta é a disputa política que marca a economia, aspecto interessadamente deixado de lado pelos comentaristas econômicos e seus patrões. Ao não se referir aos himalaicos gastos do governo para o pagamento dos juros, o debate em torno do valor do salário mínimo e da recuperação da renda dos trabalhadores fica parcial. Em benefício do desenvolvimento nacional, da saúde da economia brasileira, da desconcentração de renda e do fortalecimento do mercado interno, essa unilateralidade precisa ser rompida e o país precisa discutir, junto com o valor do salário mínimo, os juros pagos pelo governo, que são estéreis e representam um freio ao desenvolvimento.
Exigência justa
Correto a Caixa Econômica exigir como pré-requisito de financiamento de projetos do programa Minha Casa, Minha Vida que a localização tenha um plano de urbanização: vias pavimentadas, abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica e rede de saneamento básico.
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Mandato parlamentar programático
Luciano Siqueira
O exercício do mandato parlamentar, mesmo na esfera federal, creio, dá-se sob a pressão de mil demandas, quase sempre conspirando em favor do pontual, do imediato, da resposta constrangida pelas circunstâncias do momento. Caso bem atual, o valor do reajuste do salário mínimo, por exemplo. Neste caso, a pressão da área econômica do governo para que o debate se circunscreva aos parâmetros macroeconômicos vigentes.
As Câmaras de Vereadores e as Assembleias Legislativas, então, são como que arrastadas ao imediatismo quase como uma determinação irrefreável.
É possível romper com esses limites? Sim e não. Não é possível romper se o mandato se exerce excessivamente preso a uma categoria profissional, a um segmento social determinado ou algo semelhante – sob a justificativa de que é preciso corresponder às expectativas da base eleitoral do parlamentar. “Não posso contarias minhas bases”, dizem alguns.
É possível, sim, se o mandato se assenta em compromissos programáticos – como deveria ser, sempre, uma vez que exercido em nome de um partido político, contemplando os interesse de todo o povo e da Nação, e não deste ou daquele segmento social. O programa do partido é o norte que lança luz sobre a abordagem dos problemas postos na ordem do dia, sejam de dimensão estratégica, sejam pontuais, setoriais, momentâneos.
Inicio agora o meu mandato de deputado estadual em condições muito mais favoráveis das que vivi há vinte e três anos (fui deputado estadual de 1983 a 1987). Hoje munido do “Programa Socialista para o Brasil”, aprovado no 12º. Congresso do PCdoB, que deslinda, na forma de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, o caminho da acumulação de forças para um novo salto no processo civilizatório brasileiro. Demais, pertenço à base de apoio parlamentar do governo Eduardo Campos, cujo programa dialoga harmonicamente com o programa do PCdoB – respeitadas as naturezas distintas de ambos: um partidário, mirando a nação; o outro, programa de governo, de uma coalizão partidária, mirando o estado de Pernambuco.
Sinto-me, assim, apetrechado para examinar os problemas postos na pauta do parlamento estadual sob prisma programático, e não ao sabor de um pragmatismo imediatista mesquinho, à deriva de grupos de pressão bem ou mal intencionados.
O atual ciclo de crescimento econômico que empolga Pernambuco põe na ordem do dia questões conflitantes, em geral relacionadas com a partilha dos benefícios daí advindos – se apropriados concentradamente por alguns poucos ou se distribuídos com amplas parcelas da população. Tomar posição é preciso – tendo à mão, como uma bússola, o programa do PCdoB.
Luciano Siqueira
O exercício do mandato parlamentar, mesmo na esfera federal, creio, dá-se sob a pressão de mil demandas, quase sempre conspirando em favor do pontual, do imediato, da resposta constrangida pelas circunstâncias do momento. Caso bem atual, o valor do reajuste do salário mínimo, por exemplo. Neste caso, a pressão da área econômica do governo para que o debate se circunscreva aos parâmetros macroeconômicos vigentes.
As Câmaras de Vereadores e as Assembleias Legislativas, então, são como que arrastadas ao imediatismo quase como uma determinação irrefreável.
É possível romper com esses limites? Sim e não. Não é possível romper se o mandato se exerce excessivamente preso a uma categoria profissional, a um segmento social determinado ou algo semelhante – sob a justificativa de que é preciso corresponder às expectativas da base eleitoral do parlamentar. “Não posso contarias minhas bases”, dizem alguns.
É possível, sim, se o mandato se assenta em compromissos programáticos – como deveria ser, sempre, uma vez que exercido em nome de um partido político, contemplando os interesse de todo o povo e da Nação, e não deste ou daquele segmento social. O programa do partido é o norte que lança luz sobre a abordagem dos problemas postos na ordem do dia, sejam de dimensão estratégica, sejam pontuais, setoriais, momentâneos.
Inicio agora o meu mandato de deputado estadual em condições muito mais favoráveis das que vivi há vinte e três anos (fui deputado estadual de 1983 a 1987). Hoje munido do “Programa Socialista para o Brasil”, aprovado no 12º. Congresso do PCdoB, que deslinda, na forma de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, o caminho da acumulação de forças para um novo salto no processo civilizatório brasileiro. Demais, pertenço à base de apoio parlamentar do governo Eduardo Campos, cujo programa dialoga harmonicamente com o programa do PCdoB – respeitadas as naturezas distintas de ambos: um partidário, mirando a nação; o outro, programa de governo, de uma coalizão partidária, mirando o estado de Pernambuco.
Sinto-me, assim, apetrechado para examinar os problemas postos na pauta do parlamento estadual sob prisma programático, e não ao sabor de um pragmatismo imediatista mesquinho, à deriva de grupos de pressão bem ou mal intencionados.
O atual ciclo de crescimento econômico que empolga Pernambuco põe na ordem do dia questões conflitantes, em geral relacionadas com a partilha dos benefícios daí advindos – se apropriados concentradamente por alguns poucos ou se distribuídos com amplas parcelas da população. Tomar posição é preciso – tendo à mão, como uma bússola, o programa do PCdoB.
16 fevereiro 2011
Catende em crise
. Na sessão ordinária da Assembleia Legislativa amanhã (10 h) em destaque a crise da Usina Catende. Quatro mil trabalhadores ameaçados de perder o emprego.
. Miguel Arraes tinha nessa experiência uma das “meninas dos seus olhos.
. Miguel Arraes tinha nessa experiência uma das “meninas dos seus olhos.
Uma crônica minha no Blog da Revista Algomais
“A la manana tien”
Luciano Siqueira
Férias de quem dispõe de poucos dias e dinheiro curto no bolso. Porém bons dias, especialmente quando vividos em alguns lugares desse belo e sempre surpreendente litoral nordestino. Em algumas décadas Luci e eu (e as meninas quando ainda meninas) acumulamos uma larga vivência em praias e pousadas - do extremo sul de Alagoas, às margens do Rio São Francisco ao norte do Rio Grande do Norte. Sempre é prazeroso voltar, para rever o que a gente não esquece e conhecer lugarejos ainda não visitados.
Beleza de lugares e de pessoas. A gente cruza com gente de todo tipo, viajantes ou nativos. E se tivésse paciência para anotar, bem que daria para escrever alguns volumes de causos, alguns trágicos, outros (quase todos) cômicos.
Tem um troço que chateia e ao mesmo tempo diverte. É a mania de barraqueiros e balconistas de lojinhas macaquearem o sotaque de gente de outras regiões, do centro-sul do país, sobretudo. Beira ao ridículo e termina soando como um modo de falar estranho, que é de todos os lugares e de nenhum lugar especificamente, feito personagens das novelas da Globo. Ora é o “s” estalado na ponta da língua combinado com o “r” gutural, desencontrados entre si. Ora é o uso de expressões que nada têm a ver com a rapadura nem a cachaça e muito menos com a tapioca na palha da bananeira. “Uai” é coisa de mineiro, não soa bem na voz de um paraibano. “Trilegal” é uma expressão típica do gaúcho, dito por um alagoano de Barra de São Miguel tem jeito de uísque falsificado.
Pois bem. Estávamos num dos aglomerados de barracas de artesanato na orla de Maceió, de papo com um vendedor de bonés, um cara bem informado e espirituoso, grandalhão, musculoso e parcialmente desdentado, quando um turista italiano rosna qualquer coisa pedindo um boné ilustrado com coqueiros e jangadas. Não tinha na prateleira, mas o alagoano não se fez de rogado: “A la manana tiene, mister”.
Que diabo! Será que ele quis dizer que no dia seguinte (“a la manana”) teria o boné com os desenhos desejados e tratou o conterrâneo de Sofia Loren como americano (“mister”)?
No Alto da Sé e nas ruas enladeiradas de Olinda é comum ouvir de guias turísticos improvisados, diante de visitantes agalegados, a expressão “uno dólar”, como se todo mundo de pele branca e cabelos de milho seja necessariamente estrangeiro.
Turista aos olhos daqueles jovens arremedos de guia deve ser tudo babaca, desinformado, pois todos dizem que a casa rosada situada numa esquina da Praça de São Pedro pertenceu a Mauricio de Nassau – pura invencionice.
No dia que me for possível – quando? – vou fazer uma campanha pública para que todos os nordestinos falem o nordestinês e guias de araque deixem de enganar turistas desavisados. Sem perder o bom humor e a criatividade própria de nossa gente.
Luciano Siqueira
Férias de quem dispõe de poucos dias e dinheiro curto no bolso. Porém bons dias, especialmente quando vividos em alguns lugares desse belo e sempre surpreendente litoral nordestino. Em algumas décadas Luci e eu (e as meninas quando ainda meninas) acumulamos uma larga vivência em praias e pousadas - do extremo sul de Alagoas, às margens do Rio São Francisco ao norte do Rio Grande do Norte. Sempre é prazeroso voltar, para rever o que a gente não esquece e conhecer lugarejos ainda não visitados.
Beleza de lugares e de pessoas. A gente cruza com gente de todo tipo, viajantes ou nativos. E se tivésse paciência para anotar, bem que daria para escrever alguns volumes de causos, alguns trágicos, outros (quase todos) cômicos.
Tem um troço que chateia e ao mesmo tempo diverte. É a mania de barraqueiros e balconistas de lojinhas macaquearem o sotaque de gente de outras regiões, do centro-sul do país, sobretudo. Beira ao ridículo e termina soando como um modo de falar estranho, que é de todos os lugares e de nenhum lugar especificamente, feito personagens das novelas da Globo. Ora é o “s” estalado na ponta da língua combinado com o “r” gutural, desencontrados entre si. Ora é o uso de expressões que nada têm a ver com a rapadura nem a cachaça e muito menos com a tapioca na palha da bananeira. “Uai” é coisa de mineiro, não soa bem na voz de um paraibano. “Trilegal” é uma expressão típica do gaúcho, dito por um alagoano de Barra de São Miguel tem jeito de uísque falsificado.
Pois bem. Estávamos num dos aglomerados de barracas de artesanato na orla de Maceió, de papo com um vendedor de bonés, um cara bem informado e espirituoso, grandalhão, musculoso e parcialmente desdentado, quando um turista italiano rosna qualquer coisa pedindo um boné ilustrado com coqueiros e jangadas. Não tinha na prateleira, mas o alagoano não se fez de rogado: “A la manana tiene, mister”.
Que diabo! Será que ele quis dizer que no dia seguinte (“a la manana”) teria o boné com os desenhos desejados e tratou o conterrâneo de Sofia Loren como americano (“mister”)?
No Alto da Sé e nas ruas enladeiradas de Olinda é comum ouvir de guias turísticos improvisados, diante de visitantes agalegados, a expressão “uno dólar”, como se todo mundo de pele branca e cabelos de milho seja necessariamente estrangeiro.
Turista aos olhos daqueles jovens arremedos de guia deve ser tudo babaca, desinformado, pois todos dizem que a casa rosada situada numa esquina da Praça de São Pedro pertenceu a Mauricio de Nassau – pura invencionice.
No dia que me for possível – quando? – vou fazer uma campanha pública para que todos os nordestinos falem o nordestinês e guias de araque deixem de enganar turistas desavisados. Sem perder o bom humor e a criatividade própria de nossa gente.
14 fevereiro 2011
Boa tarde, Alberto da Cunha Melo
Nobrezas
Vista-se de jambo,
a cor imã
do sangue velho,
e das frutas
caindo abandonadas
no lamaçal
da delícia degradada,
porque este traje
de machucada mortalha
tem a cor da vida
que vamos, juntos,
ressuscitar.
Na tribuna da Assembleia
. Amanhã à tarde faço meu primeiro pronunciamento na Assembleia, no grande expediente: compromissos partidários e programáticos em destaque.
. Inclusive a sintonia entre o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (parte do programa do PCdoB) e o programa de governo de Eduardo Campos.
A prosa poética de um jovem cronista
Rosa e Goto
Matheus Landim
Quando Rosa atingiu o portão e o tradicional latido não se fez, ela não pôde conter-se; desfez-se. Goto estava fazendo a falta que ela sabia que faria. Não haveria mais latidos para acordá-la no meio da noite ante a possibilidade de um invasor; não haveria quem abanasse o rabo para ela quando chegasse em casa; não haveria aquele olhar brilhante de inocência e leviandade a fitá-la por segundos, minutos, horas afim, sem cansaço, sem julgamento, sem motivo, enquanto ela cozinhava, pintava, ou simplesmente fazia nada. Quem ia saltar sobre ela em desesperado júbilo depois de um fim de semana de viagem? Quem ia derrubar seus vasos com o rabo desengonçado? Só havia ela agora para derrubar os vasos, talvez batendo neles com o joelho enquanto caminha distraída ou enquanto os limpa. Quem mais dormiria encostado à porta do quarto toda noite e a recepcionaria com agradável euforia matutina? E o principal: quem estaria feliz, incondicionalmente feliz, de tê-la por perto? A desmontagem de Rosa se deu em vários momentos ao longo de uma semana; várias camadas dela foram sendo deixadas a cada momento sem importância (sem?) do cotidiano em que Goto estava presente, usualmente: logo depois que chegou em casa e o único barulho que se ouvia era o dos seus passos, foi almoçar. Os almoços eram momentos de especial ligação, agora ela sentia. Primeiro, botava a tigela dele ao lado da mesa, cheia, então ele corria sem aprumo (sempre estava sem aprumo) até ela. Sempre terminava primeiro. Depois ficava olhando de um modo doce e travesso ao mesmo tempo para Rosa, assistindo-a comer, meio que avisando com infantil deboche que terminara primeiro, como um irmão mais novo, meio que pedindo um pouco da comida dela, mesmo sabendo que receberia um não, como um filho pequeno e guloso, meio que verificando se ela comeria tudo, como uma mãe em tola preocupação, meio que admirando-a por puro divertimento, como alguém apaixonado. Porque era isso que ele era, no fim das contas; pura paixão. Uma paixão juvenil, quadrúpede, devotada. Quando ela instintivamente se abaixou para alcançar ao lado do fogão a tigelinha azul e não havia tigelinha azul a ser pega, sentiu que a primeira camada caiu. Almoçou sem companhia. De agora em diante, ele não estaria mais lá para avisar que havia terminado, pedir mais ou vê-la comer. Seriam só ela e a cozinha, e agora comer seria mais uma atividade solitária, e a cozinha se tornara um cômodo solitário. Outra camada caiu quando ela se dirigiu ao sofá para ler, sentou-se e como de costume logo retirou as almofadas para que o saltador cão não as empertigasse com pelos no momento que saltasse sobre o assento para encostar a cabeça no colo dela (ele sempre era mandado de volta ao chão, no entanto); ela aguardou ansiosa pelo vendaval que viria de algum lugar (de algum lugar ele viria), mas nenhum estabanado apareceu para ser mandado de volta ao chão e de agora em diante também não haveriam pelos castanhos sobre o sofá. Goto não ficaria descansado no chão, com a cabeça sobre seus chinelos, enquanto ela lia Katherine Mansfield e nem despertaria de vez em quando só para atrapalhá-la (ele não conseguia ficar muito tempo sem atenção, bobinho, quando ela estava lá – ela era todo o seu universo). Ah, e quanto do seu cheiro tinha o sofá! A casa toda, na verdade. Quantas vezes ela havia pensado no que as visitas achariam daquele cheiro de cachorro e agora ela estava inteiramente deitada no sofá só para sentir o cheiro da saudade. E nem recebia tantas visitas assim. Ansiosa demais para ler, foi deitar-se na cama dizendo para si mesma que tudo na vida vai embora, e que com o passar do tempo ela se acostumaria à ausência dele. Na ida ao aposento, vislumbrou o espaço vazio entre a última estante antes da parede e a parede, onde ele também gostava de ficar, e mais uma camada ficou lá, deitando-se arrependida como poucas vezes na vida. (...)
Matheus Landim
Quando Rosa atingiu o portão e o tradicional latido não se fez, ela não pôde conter-se; desfez-se. Goto estava fazendo a falta que ela sabia que faria. Não haveria mais latidos para acordá-la no meio da noite ante a possibilidade de um invasor; não haveria quem abanasse o rabo para ela quando chegasse em casa; não haveria aquele olhar brilhante de inocência e leviandade a fitá-la por segundos, minutos, horas afim, sem cansaço, sem julgamento, sem motivo, enquanto ela cozinhava, pintava, ou simplesmente fazia nada. Quem ia saltar sobre ela em desesperado júbilo depois de um fim de semana de viagem? Quem ia derrubar seus vasos com o rabo desengonçado? Só havia ela agora para derrubar os vasos, talvez batendo neles com o joelho enquanto caminha distraída ou enquanto os limpa. Quem mais dormiria encostado à porta do quarto toda noite e a recepcionaria com agradável euforia matutina? E o principal: quem estaria feliz, incondicionalmente feliz, de tê-la por perto? A desmontagem de Rosa se deu em vários momentos ao longo de uma semana; várias camadas dela foram sendo deixadas a cada momento sem importância (sem?) do cotidiano em que Goto estava presente, usualmente: logo depois que chegou em casa e o único barulho que se ouvia era o dos seus passos, foi almoçar. Os almoços eram momentos de especial ligação, agora ela sentia. Primeiro, botava a tigela dele ao lado da mesa, cheia, então ele corria sem aprumo (sempre estava sem aprumo) até ela. Sempre terminava primeiro. Depois ficava olhando de um modo doce e travesso ao mesmo tempo para Rosa, assistindo-a comer, meio que avisando com infantil deboche que terminara primeiro, como um irmão mais novo, meio que pedindo um pouco da comida dela, mesmo sabendo que receberia um não, como um filho pequeno e guloso, meio que verificando se ela comeria tudo, como uma mãe em tola preocupação, meio que admirando-a por puro divertimento, como alguém apaixonado. Porque era isso que ele era, no fim das contas; pura paixão. Uma paixão juvenil, quadrúpede, devotada. Quando ela instintivamente se abaixou para alcançar ao lado do fogão a tigelinha azul e não havia tigelinha azul a ser pega, sentiu que a primeira camada caiu. Almoçou sem companhia. De agora em diante, ele não estaria mais lá para avisar que havia terminado, pedir mais ou vê-la comer. Seriam só ela e a cozinha, e agora comer seria mais uma atividade solitária, e a cozinha se tornara um cômodo solitário. Outra camada caiu quando ela se dirigiu ao sofá para ler, sentou-se e como de costume logo retirou as almofadas para que o saltador cão não as empertigasse com pelos no momento que saltasse sobre o assento para encostar a cabeça no colo dela (ele sempre era mandado de volta ao chão, no entanto); ela aguardou ansiosa pelo vendaval que viria de algum lugar (de algum lugar ele viria), mas nenhum estabanado apareceu para ser mandado de volta ao chão e de agora em diante também não haveriam pelos castanhos sobre o sofá. Goto não ficaria descansado no chão, com a cabeça sobre seus chinelos, enquanto ela lia Katherine Mansfield e nem despertaria de vez em quando só para atrapalhá-la (ele não conseguia ficar muito tempo sem atenção, bobinho, quando ela estava lá – ela era todo o seu universo). Ah, e quanto do seu cheiro tinha o sofá! A casa toda, na verdade. Quantas vezes ela havia pensado no que as visitas achariam daquele cheiro de cachorro e agora ela estava inteiramente deitada no sofá só para sentir o cheiro da saudade. E nem recebia tantas visitas assim. Ansiosa demais para ler, foi deitar-se na cama dizendo para si mesma que tudo na vida vai embora, e que com o passar do tempo ela se acostumaria à ausência dele. Na ida ao aposento, vislumbrou o espaço vazio entre a última estante antes da parede e a parede, onde ele também gostava de ficar, e mais uma camada ficou lá, deitando-se arrependida como poucas vezes na vida. (...)
Nos trilhos da Copa
. Está no Valor Econômico hoje. Impulsionado pela Copa do Mundo e Olimpíada, o transporte de passageiros sobre trilhos ressurge em projetos que devem consumir R$ 85 bilhões em investimentos nos próximos cinco anos.
. Sem o charme futurista do trem-bala, há 14 obras regionais prioritárias, em trechos curtos, que acrescentarão 1,3 mil km aos 930 km de malha existente. Essa rede será formada pela reativação de partes de estradas de ferro que não foram concedidas à iniciativa privada na década de 90, hoje abandonadas.
. Entre os projetos estão linhas como a de Campinas a Araraquara (SP), Pelotas a Rio Grande (RS) e Recife a Caruaru (PE). Além dos trens regionais de passageiros, há uma lista de mais 15 projetos de veículos leves sobre trilhos (VLTs) a caminho. Os pedidos desses “bondinhos” fechados em todo o pais chegam a 140, um pacote que custará cerca de R$ 500 milhões.
. Sem o charme futurista do trem-bala, há 14 obras regionais prioritárias, em trechos curtos, que acrescentarão 1,3 mil km aos 930 km de malha existente. Essa rede será formada pela reativação de partes de estradas de ferro que não foram concedidas à iniciativa privada na década de 90, hoje abandonadas.
. Entre os projetos estão linhas como a de Campinas a Araraquara (SP), Pelotas a Rio Grande (RS) e Recife a Caruaru (PE). Além dos trens regionais de passageiros, há uma lista de mais 15 projetos de veículos leves sobre trilhos (VLTs) a caminho. Os pedidos desses “bondinhos” fechados em todo o pais chegam a 140, um pacote que custará cerca de R$ 500 milhões.
13 fevereiro 2011
Mais do que mil palavras
A sugestão de domingo é de Machado de Assis: “Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz.”
Destaque de domingo
Reforma política sem futuro
Não se deve nutrir expectativa otimista em relação à reforma política. Ninguém diz que é contra, mas pouca gente trabalha a favor de verdade. A começar dos grandes partidos.
Uma forma hábil de sabotar a reforma é fatiá-la. Lideranças as mais diversas, falando em nome dos seus partidos ou não, entram em cena defendendo um ponto da suposta reforma como se ali estivesse concentrada a essência da panaceia. Feito o senador Francisco Dornelles, do Rio de Janeiro, com a ideia de instituir um “distritão”.
Ora, mudar as regras do jogo para melhor, a vero, significa antes de tudo aditar o sistema de listas partidárias para as disputas proporcionais e o financiamento público de campanha. Fortaleceria os partidos e coibiria a promiscuidade entre grandes grupos econômicos e parlamentares e governantes. Seria o guizo no pescoço do gato. Quem topa?
Demais, se houver vontade política consistente, basta prosseguir a tramitação das propostas que já existem no Congresso nacional há anos. Começar tudo novamente é a maneira mais deplorável de fazer nada.
Não se deve nutrir expectativa otimista em relação à reforma política. Ninguém diz que é contra, mas pouca gente trabalha a favor de verdade. A começar dos grandes partidos.
Uma forma hábil de sabotar a reforma é fatiá-la. Lideranças as mais diversas, falando em nome dos seus partidos ou não, entram em cena defendendo um ponto da suposta reforma como se ali estivesse concentrada a essência da panaceia. Feito o senador Francisco Dornelles, do Rio de Janeiro, com a ideia de instituir um “distritão”.
Ora, mudar as regras do jogo para melhor, a vero, significa antes de tudo aditar o sistema de listas partidárias para as disputas proporcionais e o financiamento público de campanha. Fortaleceria os partidos e coibiria a promiscuidade entre grandes grupos econômicos e parlamentares e governantes. Seria o guizo no pescoço do gato. Quem topa?
Demais, se houver vontade política consistente, basta prosseguir a tramitação das propostas que já existem no Congresso nacional há anos. Começar tudo novamente é a maneira mais deplorável de fazer nada.
Crise ideológica no império
A morte do multiculturalismo
Por Eduardo Bomfim, no Vermelho http://www.vermelho.org.br/
Na década de setenta passada surgia na Inglaterra e nos Estados Unidos o neoliberalismo. Algum tempo depois, em 1989, Francis Fukuyama, norte-americano, até então um obscuro professor de História e Filosofia, publica um artigo, em uma revista de circulação restrita, intitulado “O fim da História” e posteriormente, em 1992, o livro “O fim da História e o último homem”.
Estava lançada uma das bases da maior ofensiva conservadora em escala planetária depois da segunda guerra mundial. Na verdade, Fukuyama era uma das figuras chaves do governo do presidente dos EUA Ronald Reagan.
Mas faltava algo que associado às teses neoliberais na economia e às ideias do “fim da História” completasse o arcabouço de uma doutrina de caráter estratégico que permitisse a construção de uma hegemonia em dimensão planetária.
Assim é que toma corpo definitivo, nos EUA e Inglaterra, um conjunto de políticas institucionais amplamente conhecidas como o multiculturalismo.
Tal foi o investimento midiático e a aceitação acrítica dessas ideias que elas se espalharam pelo planeta como algo incontestável, consagradas pelo termo imperativo do “politicamente correto”.
De acordo com muitos jornalistas, intelectuais, artistas de expressão nacional, etc., o “politicamente correto” é uma expressão utilizada para se exercer um novo tipo de censura, a “censura envergonhada”.
Todos esses fenômenos possuem origem na nova ordem mundial, em um mundo desenhado na hegemonia unipolar dos EUA.
O que se instalou foi uma época regressiva, ou contra-revolucionária, pobre de espírito, mesquinha, intolerante, de fragmentação social.
Portanto o que estamos vivendo é uma crise de civilização, associada a uma crise sistêmica da atual ordem econômica mundial, com a resistência dos povos a essa hegemonia, como ocorre atualmente no Egito e mundo árabe.
Esse multiculturalismo global transformou falsos conceitos em política de Estado. Assim foi no Brasil, nos últimos dezesseis anos, em duas gestões presidenciais distintas, com consequências perniciosas ao pensamento avançado no País.
Na semana passada o premiê inglês Cameron e a chanceler alemã Merkel em entrevista coletiva disseram que o multiculturalismo perdeu a sua utilidade e decretaram a sua falência. A criatura já não é mais útil aos seus criadores. Essa morte anunciada, sinal dos tempos, provocará um terremoto cultural no mundo. Ainda bem.
Por Eduardo Bomfim, no Vermelho http://www.vermelho.org.br/
Na década de setenta passada surgia na Inglaterra e nos Estados Unidos o neoliberalismo. Algum tempo depois, em 1989, Francis Fukuyama, norte-americano, até então um obscuro professor de História e Filosofia, publica um artigo, em uma revista de circulação restrita, intitulado “O fim da História” e posteriormente, em 1992, o livro “O fim da História e o último homem”.
Estava lançada uma das bases da maior ofensiva conservadora em escala planetária depois da segunda guerra mundial. Na verdade, Fukuyama era uma das figuras chaves do governo do presidente dos EUA Ronald Reagan.
Mas faltava algo que associado às teses neoliberais na economia e às ideias do “fim da História” completasse o arcabouço de uma doutrina de caráter estratégico que permitisse a construção de uma hegemonia em dimensão planetária.
Assim é que toma corpo definitivo, nos EUA e Inglaterra, um conjunto de políticas institucionais amplamente conhecidas como o multiculturalismo.
Tal foi o investimento midiático e a aceitação acrítica dessas ideias que elas se espalharam pelo planeta como algo incontestável, consagradas pelo termo imperativo do “politicamente correto”.
De acordo com muitos jornalistas, intelectuais, artistas de expressão nacional, etc., o “politicamente correto” é uma expressão utilizada para se exercer um novo tipo de censura, a “censura envergonhada”.
Todos esses fenômenos possuem origem na nova ordem mundial, em um mundo desenhado na hegemonia unipolar dos EUA.
O que se instalou foi uma época regressiva, ou contra-revolucionária, pobre de espírito, mesquinha, intolerante, de fragmentação social.
Portanto o que estamos vivendo é uma crise de civilização, associada a uma crise sistêmica da atual ordem econômica mundial, com a resistência dos povos a essa hegemonia, como ocorre atualmente no Egito e mundo árabe.
Esse multiculturalismo global transformou falsos conceitos em política de Estado. Assim foi no Brasil, nos últimos dezesseis anos, em duas gestões presidenciais distintas, com consequências perniciosas ao pensamento avançado no País.
Na semana passada o premiê inglês Cameron e a chanceler alemã Merkel em entrevista coletiva disseram que o multiculturalismo perdeu a sua utilidade e decretaram a sua falência. A criatura já não é mais útil aos seus criadores. Essa morte anunciada, sinal dos tempos, provocará um terremoto cultural no mundo. Ainda bem.
12 fevereiro 2011
À mercê dos embriões?
Ciência Hoje Online:
. Pesquisadora brasileira comenta estudo norte-americano que mostra que células adultas reprogramadas para um estágio em que sejam capazes de se diferenciar em diversos tecidos não são tão parecidas com as células-tronco embrionárias quanto se acreditava.
. Há quatro anos, nenhuma das células-tronco já descritas pela ciência tinha apresentado potencial terapêutico tão promissor quanto as embrionárias humanas, isoladas em 1998 pelo grupo do pesquisador norte-americano James Thomson. A característica que faz dessas células tão auspiciosas é a pluripotencialidade, ou seja, a capacidade de se transformar em todos os tipos celulares de um indivíduo adulto.
. Assim, a mesma célula-tronco que poderia ajudar no tratamento de um infarto ao se transformar em uma célula do coração, serviria também para recuperar neurônios da medula de um paraplégico, dando-lhe a esperança de voltar a andar.
. No entanto, apesar da versatilidade dessas células já ser comprovada, sua utilização clínica, que começou a ser testada no ano passado, ainda é um sonho para muitos pesquisadores e pacientes.
. Leia a matéria completa http://twixar.com/Biw1EV
. Pesquisadora brasileira comenta estudo norte-americano que mostra que células adultas reprogramadas para um estágio em que sejam capazes de se diferenciar em diversos tecidos não são tão parecidas com as células-tronco embrionárias quanto se acreditava.
. Há quatro anos, nenhuma das células-tronco já descritas pela ciência tinha apresentado potencial terapêutico tão promissor quanto as embrionárias humanas, isoladas em 1998 pelo grupo do pesquisador norte-americano James Thomson. A característica que faz dessas células tão auspiciosas é a pluripotencialidade, ou seja, a capacidade de se transformar em todos os tipos celulares de um indivíduo adulto.
. Assim, a mesma célula-tronco que poderia ajudar no tratamento de um infarto ao se transformar em uma célula do coração, serviria também para recuperar neurônios da medula de um paraplégico, dando-lhe a esperança de voltar a andar.
. No entanto, apesar da versatilidade dessas células já ser comprovada, sua utilização clínica, que começou a ser testada no ano passado, ainda é um sonho para muitos pesquisadores e pacientes.
. Leia a matéria completa http://twixar.com/Biw1EV
Para compreender o que passa
. Dica de sábado: A verdade dos fatos só se alcança pela análise conscienciosa e multilateral, despida de preconceito e precipitação.
. Vale para a ciência, a política, a vida.
. Vale para a ciência, a política, a vida.
11 fevereiro 2011
Bom dia, Vinícius de Moraes
Picasso
Soneto do amor totalAmo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vazio disperso
. O senador Jarbas vai à tribuna e reclama da dispersão da oposição. Está certo. Oposição faz bem à democracia.
. Faltam as ideias, isso sim.
. Faltam as ideias, isso sim.
10 fevereiro 2011
Minha coluna semanal no portal Vermelho
Uma quebra de braço e dois dilemas
Luciano Siqueira
Dilma é diferente de Lula – proclamam “analistas” de todos os matizes, como se estivessem a descobrir algo surpreendente. Na verdade, usam do artifício para acentuar o que entendem por posturas conservadoras da presidenta, em seu primeiro mês de gestão. Mais: reforçam a pressão para que não se altere a política macroeconômica.
Pelo sim, pelo não está muito cedo para julgar o novo governo. Mas é certo que uma quebra de braço se estabeleceu entre a presidenta e o movimento sindical, tendo como mote o reajuste do salário mínimo, na qual estão contidos dois dilemas.
Um é o dilema do governo, com todas as suas implicações sobre o processo de desenvolvimento do país e o quinhão que cabe aos trabalhadores. O gabinete presidencial se mantém inarredável na elevação do salário mínimo para apenas R$ 545,00, enquanto os trabalhadores insistem em R$ 580,00. Na base da polêmica, ao lado de querelas técnicas, está a transferência de renda da parte da sociedade que detém o capital e disso se vale para explorar a parte que dispõe apenas de sua força de trabalho e necessita melhorar a sua massa salarial.
Os argumentos do governo não ultrapassam os limites da armadilha juros altos-metas inflacionárias-cambio sobrevalorizado e da eterna ameaça de falência da Previdência. Os sindicalistas, por seu turno, reclamam que é possível intensificar o desenvolvimento, distribuir renda, valorizar o trabalho e ao mesmo tempo manter a inflação dentro de limites tecnicamente adequados.
O assunto vai à decisão do Congresso Nacional, onde o governo tem folgada maioria e certamente vai exercê-la, vencendo a peleja. Todavia o alcance da pressão das centrais sindicais vai além da conquista ou da derrota imediata, contribui para introduzir um elemento novo na cena política – que nos oitos anos de Lula se fez atenuado –: o co-protagonismo dos trabalhadores.
Em certa medida essa postura dos sindicalistas carrega também um dilema. Um bom dilema, sublinhe-se: pressionar o não o governo aliado? A resposta positiva fortalece a compreensão de que em toda aliança cabe a relação de unidade e luta. Vale para os sindicatos e para os partidos políticos da base aliada. A atitude propositiva e ao mesmo tempo crítica por si mesma não enfraquece o governo, nem necessariamente desgasta a presidenta. Ao contrário, pode reforçar no seio do próprio governo as forças desenvolvimentistas e enfraquecer os que teimam em enxergar os desafios do país sob ótica monetarista.
Então, saudemos a diferença entre os governos Lula e Dilma pela emergência desse elemento novo. A postura mais ativa dos trabalhadores organizados e do movimento social em geral tem valor imediato e estratégico.
Luciano Siqueira
Dilma é diferente de Lula – proclamam “analistas” de todos os matizes, como se estivessem a descobrir algo surpreendente. Na verdade, usam do artifício para acentuar o que entendem por posturas conservadoras da presidenta, em seu primeiro mês de gestão. Mais: reforçam a pressão para que não se altere a política macroeconômica.
Pelo sim, pelo não está muito cedo para julgar o novo governo. Mas é certo que uma quebra de braço se estabeleceu entre a presidenta e o movimento sindical, tendo como mote o reajuste do salário mínimo, na qual estão contidos dois dilemas.
Um é o dilema do governo, com todas as suas implicações sobre o processo de desenvolvimento do país e o quinhão que cabe aos trabalhadores. O gabinete presidencial se mantém inarredável na elevação do salário mínimo para apenas R$ 545,00, enquanto os trabalhadores insistem em R$ 580,00. Na base da polêmica, ao lado de querelas técnicas, está a transferência de renda da parte da sociedade que detém o capital e disso se vale para explorar a parte que dispõe apenas de sua força de trabalho e necessita melhorar a sua massa salarial.
Os argumentos do governo não ultrapassam os limites da armadilha juros altos-metas inflacionárias-cambio sobrevalorizado e da eterna ameaça de falência da Previdência. Os sindicalistas, por seu turno, reclamam que é possível intensificar o desenvolvimento, distribuir renda, valorizar o trabalho e ao mesmo tempo manter a inflação dentro de limites tecnicamente adequados.
O assunto vai à decisão do Congresso Nacional, onde o governo tem folgada maioria e certamente vai exercê-la, vencendo a peleja. Todavia o alcance da pressão das centrais sindicais vai além da conquista ou da derrota imediata, contribui para introduzir um elemento novo na cena política – que nos oitos anos de Lula se fez atenuado –: o co-protagonismo dos trabalhadores.
Em certa medida essa postura dos sindicalistas carrega também um dilema. Um bom dilema, sublinhe-se: pressionar o não o governo aliado? A resposta positiva fortalece a compreensão de que em toda aliança cabe a relação de unidade e luta. Vale para os sindicatos e para os partidos políticos da base aliada. A atitude propositiva e ao mesmo tempo crítica por si mesma não enfraquece o governo, nem necessariamente desgasta a presidenta. Ao contrário, pode reforçar no seio do próprio governo as forças desenvolvimentistas e enfraquecer os que teimam em enxergar os desafios do país sob ótica monetarista.
Então, saudemos a diferença entre os governos Lula e Dilma pela emergência desse elemento novo. A postura mais ativa dos trabalhadores organizados e do movimento social em geral tem valor imediato e estratégico.
Ajuste fiscal preserva PAC
. Questionável o ajuste fiscal anunciado pelo governo Dilma. Vem muita polêmica por aí, sobretudo em torno de quem ganha e quem perde com as medidas ácidas adotadas.
. Veremos.
. De toda sorte, é positivo que os recursos destinados ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
. “O PAC não será reduzido nem terá projetos adiados”, garante a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.. Veremos.
Serra patético
. Em tese, a opinião pode ser considerada correta – pois valeria para qualquer partido em dificuldades.
. Mas o que chama a atenção é o tom patético da declaração de José Serra, ontem, ao visitar seus correligionários no Congresso Nacional: “O principal risco que correm as oposições é perder tempo em embates menores, combates internos fantasmas ou antecipações irrealistas, como trazer 2014 para hoje, inventando bandas de adversários... Internos!"
. Mas o que chama a atenção é o tom patético da declaração de José Serra, ontem, ao visitar seus correligionários no Congresso Nacional: “O principal risco que correm as oposições é perder tempo em embates menores, combates internos fantasmas ou antecipações irrealistas, como trazer 2014 para hoje, inventando bandas de adversários... Internos!"
09 fevereiro 2011
Meu artigo semanal no Blog de Jamildo (JC Online)
Algo além do discurso de posse
Luciano Siqueira
Reza a lenda que coube ao poeta e editor Augusto Frederico Schmidt a descoberta do gênio literário Graciliano Ramos a partir da leitura de um relatório de gestão do então prefeito de Palmeira dos Índios, Alagoas. “Este deve ter algo escrito na gaveta”, teria comentado. E tinha – contos, o romance “Caetés” e outros que se seguiram e marcaram nossa literatura regionalista: “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”, “Infância”...
Lembrei-me de Graciliano na última segunda-feira, num simples ato de posse do novo secretário de Planejamento da cidade do Paulista, Jorge Carreiro. Nessas ocasiões, os discursos são quase protocolares e não vão além de obviedades. Mas o novo secretário foi muito além. Brindou-nos com citação certeira de José Saramago (“somos a responsabilidade que assumimos... sem responsabilidade talvez nem merecêssemos existir”) e abordou uma questão crucial nos dias que correm: a reforma urbana.
Aí Jorge Carreiro exercita a boa relação entre o particular e o geral, entre o imediato e o longo prazo, sobre a base de uma compreensão acurada da “explosão urbana” ocorrida em nosso país, levando a que em apenas cinco décadas se invertessem os percentuais da população urbana e rural. Com efeito, se no final dos anos vinte do século passado 80% dos brasileiros residiam no campo e em torno de 20% nas cidades, já nos anos setenta essa equação se mostrava inteiramente oposta.
A “explosão urbana” foi impulsionada, dentre outros fatores, principalmente pela industrialização que tomou corpo sobretudo de 1930 em diante (o lócus da indústria é a cidade) e pela ausência de uma reforma agrária distributiva. Paulista e a Região Metropolitana do Recife se situam nesse fenômeno.
Ora, o ambiente urbano não foi preparado para isso, daí o volume espantoso de demandas sociais e físicas que se verifica nas cidades. Problemas estruturais assolam cidades contíguas e circunvizinhas. Reclamam soluções estruturais. No dizer do engenheiro Jorge Carreiro, põem na ordem do dia a Reforma Urbana.
É um processo lento e cumulativo, o da Reforma Urbana. Vem desde antes do golpe militar de 1964, numa trajetória de idas e vindas, avanços e recuos, de modo que hoje acumula uma base conceitual e um ideário correspondente às demandas da realidade e conta com um instrumento jurídico-formal que a viabiliza – o Estatuto das Cidades (Lei Federal Nº 257, de 10 de julho de 2001) – posto nas mãos dos gestores públicos municipais para disciplinar o uso e a ocupação do território e promover o que Jorge Carreiro chama de “crescimento sustentável das cidades” que inclua “a agenda de mitigar e tratar urgentemente de encontrar soluções para os graves problemas decorrentes da ocupação do território.”
À semelhança da “descoberta” de Graciliano, bem que podemos dizer: “Esse engenheiro tem algo na gaveta” – e tem: uma aguda compreensão de que através da Reforma Urbana poderemos construir cidades mais humanas.
Luciano Siqueira
Reza a lenda que coube ao poeta e editor Augusto Frederico Schmidt a descoberta do gênio literário Graciliano Ramos a partir da leitura de um relatório de gestão do então prefeito de Palmeira dos Índios, Alagoas. “Este deve ter algo escrito na gaveta”, teria comentado. E tinha – contos, o romance “Caetés” e outros que se seguiram e marcaram nossa literatura regionalista: “São Bernardo”, “Angústia”, “Vidas Secas”, “Infância”...
Lembrei-me de Graciliano na última segunda-feira, num simples ato de posse do novo secretário de Planejamento da cidade do Paulista, Jorge Carreiro. Nessas ocasiões, os discursos são quase protocolares e não vão além de obviedades. Mas o novo secretário foi muito além. Brindou-nos com citação certeira de José Saramago (“somos a responsabilidade que assumimos... sem responsabilidade talvez nem merecêssemos existir”) e abordou uma questão crucial nos dias que correm: a reforma urbana.
Aí Jorge Carreiro exercita a boa relação entre o particular e o geral, entre o imediato e o longo prazo, sobre a base de uma compreensão acurada da “explosão urbana” ocorrida em nosso país, levando a que em apenas cinco décadas se invertessem os percentuais da população urbana e rural. Com efeito, se no final dos anos vinte do século passado 80% dos brasileiros residiam no campo e em torno de 20% nas cidades, já nos anos setenta essa equação se mostrava inteiramente oposta.
A “explosão urbana” foi impulsionada, dentre outros fatores, principalmente pela industrialização que tomou corpo sobretudo de 1930 em diante (o lócus da indústria é a cidade) e pela ausência de uma reforma agrária distributiva. Paulista e a Região Metropolitana do Recife se situam nesse fenômeno.
Ora, o ambiente urbano não foi preparado para isso, daí o volume espantoso de demandas sociais e físicas que se verifica nas cidades. Problemas estruturais assolam cidades contíguas e circunvizinhas. Reclamam soluções estruturais. No dizer do engenheiro Jorge Carreiro, põem na ordem do dia a Reforma Urbana.
É um processo lento e cumulativo, o da Reforma Urbana. Vem desde antes do golpe militar de 1964, numa trajetória de idas e vindas, avanços e recuos, de modo que hoje acumula uma base conceitual e um ideário correspondente às demandas da realidade e conta com um instrumento jurídico-formal que a viabiliza – o Estatuto das Cidades (Lei Federal Nº 257, de 10 de julho de 2001) – posto nas mãos dos gestores públicos municipais para disciplinar o uso e a ocupação do território e promover o que Jorge Carreiro chama de “crescimento sustentável das cidades” que inclua “a agenda de mitigar e tratar urgentemente de encontrar soluções para os graves problemas decorrentes da ocupação do território.”
À semelhança da “descoberta” de Graciliano, bem que podemos dizer: “Esse engenheiro tem algo na gaveta” – e tem: uma aguda compreensão de que através da Reforma Urbana poderemos construir cidades mais humanas.
07 fevereiro 2011
Uma crônica minha no site da Revista Algomais
A controversa questão dos chimpanzés-cobaias
Luciano Siqueira
No começo dos anos sessenta fundei, com amigos, um Clube de Ciências que homenageava Oswaldo Cruz em sua denominação e pretendia despertar a vocação de possíveis futuros cientistas. Uma forma de contribuir para o desenvolvimento do Brasil como nação independente e soberana, dizíamos todos, inspirados no ideário anti-imperialista do movimento pelas reformas de base abortado pelo golpe militar de 1964.
Era uma coisa rudimentar, nosso Clube. Precário, para falar a verdade. Porém muito bem intencionado e atrevido. Chegamos a promover debates com expoentes do pensamento progressista cá da província, entre os quais Ricardo Ferreira, notável pesquisador de experiência e reconhecimento internacional, na fronteira do conhecimento em física e química fundamental.
Nossa prática é que era fraca. Não íamos muito além de experimentos simples baseados num livro muito interessante de Ricardo Ferreira e Ernesto Silva, que nos possibilitava realizar reações químicas em frascos usados de medicamentos. Na área da biologia e da botânica, patinamos feio. E, confesso, quando na condição de interessado em melhor conhecer o funcionamento dos seres vivos descobri que não havia como escapar ao uso de cobaias, senti-me constrangido. Nem fui adiante, além do sacrifício de alguns indigitados sapos capturados nas imediações de minha casa, que sediava o Clube.
Depois, convidado a integrar uma turma experimental reunida para a implantação de uma nova metodologia de ensino da química, no CECINE, órgão da Universidade Federal de Pernambuco, após seis meses de trabalho em laboratório, conclui que aquele ambiente silencioso e destinado a observar, medir e pesar meticulosamente não era bem a minha praia. E me direcionei para a medicina.
Mas o Clube pode se orgulhar de ter produzido um importante cientista – o professor e pesquisador Celso Pinto de Melo, destacado integrante do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal de Pernambuco.
Os outros associados ao Clube, cada um seguiu o seu caminho de apenas beneficiários do progresso científico.
Toda essa historinha eu conto a propósito de uma informação que li, dias atrás, sobre a ameaça de chimpanzés de Alamogordo (EUA) voltarem a ser usados como cobaia. A notícia corre o mundo porque desde 2001 os feios porém simpáticos animais haviam sido aposentados e agora a ameaça de retorno ao sacrifício desperta protestos de sociedades protetoras dos nossos irmãos irracionais, embora os cientistas afirmem que os primatas são essenciais para criação de vacinas.
O rolo é grande e envolve o NIH (Instituto Nacional da Saúde dos EUA) que quer a volta dos chimpanzés aos laboratórios, perturbando a tranquilidade de uma grande comunidade primata constituída a partir dos aposentados. Seriam indispensáveis à pesquisa relativa à vacina contra a hepatite C, motivo principal de transplante de fígado nos EUA.
Bem, faço o registro e escapo de tomar partido na polêmica. Afinal, não virei cientista nem pertenço ao NIH, já não existe o Clube Oswaldo Cruz de Ciências Naturais e, ao que sabe, no Brasil não se usa esse tipo de cobaia.
Luciano Siqueira
No começo dos anos sessenta fundei, com amigos, um Clube de Ciências que homenageava Oswaldo Cruz em sua denominação e pretendia despertar a vocação de possíveis futuros cientistas. Uma forma de contribuir para o desenvolvimento do Brasil como nação independente e soberana, dizíamos todos, inspirados no ideário anti-imperialista do movimento pelas reformas de base abortado pelo golpe militar de 1964.
Era uma coisa rudimentar, nosso Clube. Precário, para falar a verdade. Porém muito bem intencionado e atrevido. Chegamos a promover debates com expoentes do pensamento progressista cá da província, entre os quais Ricardo Ferreira, notável pesquisador de experiência e reconhecimento internacional, na fronteira do conhecimento em física e química fundamental.
Nossa prática é que era fraca. Não íamos muito além de experimentos simples baseados num livro muito interessante de Ricardo Ferreira e Ernesto Silva, que nos possibilitava realizar reações químicas em frascos usados de medicamentos. Na área da biologia e da botânica, patinamos feio. E, confesso, quando na condição de interessado em melhor conhecer o funcionamento dos seres vivos descobri que não havia como escapar ao uso de cobaias, senti-me constrangido. Nem fui adiante, além do sacrifício de alguns indigitados sapos capturados nas imediações de minha casa, que sediava o Clube.
Depois, convidado a integrar uma turma experimental reunida para a implantação de uma nova metodologia de ensino da química, no CECINE, órgão da Universidade Federal de Pernambuco, após seis meses de trabalho em laboratório, conclui que aquele ambiente silencioso e destinado a observar, medir e pesar meticulosamente não era bem a minha praia. E me direcionei para a medicina.
Mas o Clube pode se orgulhar de ter produzido um importante cientista – o professor e pesquisador Celso Pinto de Melo, destacado integrante do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal de Pernambuco.
Os outros associados ao Clube, cada um seguiu o seu caminho de apenas beneficiários do progresso científico.
Toda essa historinha eu conto a propósito de uma informação que li, dias atrás, sobre a ameaça de chimpanzés de Alamogordo (EUA) voltarem a ser usados como cobaia. A notícia corre o mundo porque desde 2001 os feios porém simpáticos animais haviam sido aposentados e agora a ameaça de retorno ao sacrifício desperta protestos de sociedades protetoras dos nossos irmãos irracionais, embora os cientistas afirmem que os primatas são essenciais para criação de vacinas.
O rolo é grande e envolve o NIH (Instituto Nacional da Saúde dos EUA) que quer a volta dos chimpanzés aos laboratórios, perturbando a tranquilidade de uma grande comunidade primata constituída a partir dos aposentados. Seriam indispensáveis à pesquisa relativa à vacina contra a hepatite C, motivo principal de transplante de fígado nos EUA.
Bem, faço o registro e escapo de tomar partido na polêmica. Afinal, não virei cientista nem pertenço ao NIH, já não existe o Clube Oswaldo Cruz de Ciências Naturais e, ao que sabe, no Brasil não se usa esse tipo de cobaia.
06 fevereiro 2011
Bom acolhimento no Jornal da Besta Fubana
De Luiz Berto, por e-mail:
Meu caro Dr. Luciano: Aqui no editor do Jornal da Besta Fubana disponho de um recurso que me permite saber quantos leitores estão on-line e quais as matérias que estão lendo em determinado momento. A atualização deste recurso pode ser feita a qualquer instante das 24 horas do dia.
Pois bem.
No dia de hoje, 5 de fevereiro, no horário das 10:36, dos 32 leitores que estavam presentes, exatamente 12 estavam lendo A COLUNA DE LUCIANO SIQUEIRA. (veja lista abaixo)
Um recorde. Não me lembro de outro número tão significativo de leitores lendo a mesma coluna no mesmo instante.
Envio meus parabéns, ao mesmo tempo que declaro minha grande satisfação como editor do blog de ter um colunista com tanto "ibope".
Por oportuno, aproveito para enviar a quantidade de acessos do JBF nos últimos dias. Um número que está sempre crescendo de maneira significativa, graças à alta qualidade dos colaboradores do blog.
Abraços e bom final de semana.
Luiz Berto - Editor
Meu caro Dr. Luciano: Aqui no editor do Jornal da Besta Fubana disponho de um recurso que me permite saber quantos leitores estão on-line e quais as matérias que estão lendo em determinado momento. A atualização deste recurso pode ser feita a qualquer instante das 24 horas do dia.
Pois bem.
No dia de hoje, 5 de fevereiro, no horário das 10:36, dos 32 leitores que estavam presentes, exatamente 12 estavam lendo A COLUNA DE LUCIANO SIQUEIRA. (veja lista abaixo)
Um recorde. Não me lembro de outro número tão significativo de leitores lendo a mesma coluna no mesmo instante.
Envio meus parabéns, ao mesmo tempo que declaro minha grande satisfação como editor do blog de ter um colunista com tanto "ibope".
Por oportuno, aproveito para enviar a quantidade de acessos do JBF nos últimos dias. Um número que está sempre crescendo de maneira significativa, graças à alta qualidade dos colaboradores do blog.
Abraços e bom final de semana.
Luiz Berto - Editor
Enxergar é preciso
A sugestão de domingo é de Drummond: “Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego...”.
05 fevereiro 2011
PCdoB já se prepara para as eleições de 2012
O PCdoB do Recife decidiu deflagrar imediatamente os preparativos para as eleições municipais de 2012. A decisão foi tomada nesta última quinta-feira (03) em reunião da Comissão Política do Partido, que apreciou o cenário político e traçou um conjunto de iniciativas que devem ser desenvolvidas pelos comunistas visando ao próximo pleito eleitoral.
Entre os onze integrantes da Comissão Política, participaram da discussão o presidente municipal do PCdoB e deputado estadual Luciano Siqueira, o vereador Almir Fernando e o secretário estadual de Organização do Partido, José Bertotti. Sobre as eleições do ano que vem, o Partido concluiu que:
• Em relação ao pleito majoritário, os comunistas consideram prematuro e inconveniente antecipar o debate em torno da sucessão do prefeito João da Costa. Este é um cenário que ainda vai se gestar e a sua antecipação não contribui para a unidade da Frente Popular, podendo criar embaraços ao próprio governo municipal, do qual o PCdoB faz parte e contribui para o seu êxito;
• O PCdoB deve se empenhar desde já na construção de sua chapa de candidatos e candidatas a vereador. A recomendação é para que todo o conjunto partidário atenha-se ao prazo legal para novas filiações de candidatos e transferência de domicílio eleitoral para a circunscrição na qual disputarão uma cadeira no Legislativo.
O conjunto das medidas relacionadas à preparação do partido para as eleições de 2012 ainda será submetido à decisão do Pleno do Comitê Municipal , cuja reunião está prevista para acontecer no próximo dia 17 de fevereiro.
Secretaria de Comunicação – PCdoB Recife
Entre os onze integrantes da Comissão Política, participaram da discussão o presidente municipal do PCdoB e deputado estadual Luciano Siqueira, o vereador Almir Fernando e o secretário estadual de Organização do Partido, José Bertotti. Sobre as eleições do ano que vem, o Partido concluiu que:
• Em relação ao pleito majoritário, os comunistas consideram prematuro e inconveniente antecipar o debate em torno da sucessão do prefeito João da Costa. Este é um cenário que ainda vai se gestar e a sua antecipação não contribui para a unidade da Frente Popular, podendo criar embaraços ao próprio governo municipal, do qual o PCdoB faz parte e contribui para o seu êxito;
• O PCdoB deve se empenhar desde já na construção de sua chapa de candidatos e candidatas a vereador. A recomendação é para que todo o conjunto partidário atenha-se ao prazo legal para novas filiações de candidatos e transferência de domicílio eleitoral para a circunscrição na qual disputarão uma cadeira no Legislativo.
O conjunto das medidas relacionadas à preparação do partido para as eleições de 2012 ainda será submetido à decisão do Pleno do Comitê Municipal , cuja reunião está prevista para acontecer no próximo dia 17 de fevereiro.
Secretaria de Comunicação – PCdoB Recife
O ovo do pterossauro
Ciência Hoje Online:
. Encontrado na China exemplar de 160 milhões de anos associado a um ovo fóssil. A descoberta, rara na paleontologia, levanta discussões sobre os traços que diferenciam machos e fêmeas desse grupo de répteis voadores, como mostra Alexander Kellner em sua coluna.
. A paleontologia da China continua surpreendendo o mundo. Junchang Lü, do Instituto de Geologia da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, e colaboradores acabam de divulgar um achado extraordinário: um ovo fóssil de um réptil voador de 160 milhões de anos! E o melhor: ele foi encontrado junto com um esqueleto completo – uma fêmea que, por motivos desconhecidos, morreu antes de ter desovado. A descrição do material – e sua implicação para a paleontologia – acaba de ser publicada pela Science.
. Não é segredo para ninguém que os fósseis da China, particularmente os encontrados na província de Liaoning, têm revolucionado a pesquisa de diversos grupos fósseis. São espécies de angiospermas primitivas ou plantas proximamente relacionadas, dinossauros com penas que nos auxiliam a entender a relação desses répteis com as aves, grande número de dinossauros juvenis ao lado de um adulto e até mesmo mamíferos contendo dinossauros em seu estômago.
. Leia a matéria na íntegra http://twixar.com/SaN6hmDe
Um olhar sobre a rebelião no Egito
No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Um caos abaixo do céu
Os extraordinários acontecimentos que estão sacudindo o mundo árabe obrigam todas as nações a voltarem suas atenções para os países da região. E não sem razão, porque duas questões fundamentais estão em jogo em consequência das explosões populares, em especial no Egito.
Da Tunísia ao Egito, passando pelo Iêmen à Jordânia, os povos tomaram as ruas e determinados, lutam pela liberdade e protestam contra ditaduras e os seus ditadores.
A velocidade dos acontecimentos surpreendeu a todos os observadores com exceção dos especialistas na área, que já vinham acompanhando, em sintonia fina, o desenrolar das agudas contradições entre os povos e os regimes que fervilhavam no caldeirão até à explosão a olhos vistos.
Esse protesto que se estende por vários países do mundo árabe já é denominado como a “Revolução de Jasmim”. Uma das primeiras causas dessa insubordinação popular nós já a conhecemos e a vivenciamos em nossa pele, em menor grau.
Foi o sentimento de indignação, humilhação, dos brasileiros, e a consequente revolta contra um governo autoritário, mas sem dúvida em menor intensidade do que os egípcios, porque por lá o regime tirânico já perdura por trinta anos.
Assim, na luta social dos egípcios contra uma ditadura sufocante de três décadas, ressurge como emblemática a frase de Mao Tse Tung que certa vez, analisando uma situação análoga, sentenciou: “Existe um grande caos abaixo do céu. A situação é excelente”.
E ela é evidente, porque essa será a única maneira de se provocar uma ruptura no Egito em transição para uma nova era das mais amplas liberdades políticas. Nunca é demais ressaltar a grave situação social por que passam os povos árabes que envolvem a fome, o desemprego, o abandono da juventude, saúde pública etc.
O Brasil e os países da América do Sul já foram considerados pelo mundo, quase que oficialmente, como o “quintal dos Estados Unidos”. Já não são mais.
A “Revolução de Jasmim”, dos povos árabes, para ser completamente vitoriosa deve associar às lutas pelas liberdades democráticas o combate renhido pelo resgate das suas soberanias, sequestradas há muito tempo pelos interesses geopolíticos, comerciais e petrolíferos, imperiais.
Proclamando com orgulho que seus Estados já não são protetorados dos EUA e assim construindo os seus destinos com autodeterminação e soberania plena.
Um caos abaixo do céu
Os extraordinários acontecimentos que estão sacudindo o mundo árabe obrigam todas as nações a voltarem suas atenções para os países da região. E não sem razão, porque duas questões fundamentais estão em jogo em consequência das explosões populares, em especial no Egito.
Da Tunísia ao Egito, passando pelo Iêmen à Jordânia, os povos tomaram as ruas e determinados, lutam pela liberdade e protestam contra ditaduras e os seus ditadores.
A velocidade dos acontecimentos surpreendeu a todos os observadores com exceção dos especialistas na área, que já vinham acompanhando, em sintonia fina, o desenrolar das agudas contradições entre os povos e os regimes que fervilhavam no caldeirão até à explosão a olhos vistos.
Esse protesto que se estende por vários países do mundo árabe já é denominado como a “Revolução de Jasmim”. Uma das primeiras causas dessa insubordinação popular nós já a conhecemos e a vivenciamos em nossa pele, em menor grau.
Foi o sentimento de indignação, humilhação, dos brasileiros, e a consequente revolta contra um governo autoritário, mas sem dúvida em menor intensidade do que os egípcios, porque por lá o regime tirânico já perdura por trinta anos.
Assim, na luta social dos egípcios contra uma ditadura sufocante de três décadas, ressurge como emblemática a frase de Mao Tse Tung que certa vez, analisando uma situação análoga, sentenciou: “Existe um grande caos abaixo do céu. A situação é excelente”.
E ela é evidente, porque essa será a única maneira de se provocar uma ruptura no Egito em transição para uma nova era das mais amplas liberdades políticas. Nunca é demais ressaltar a grave situação social por que passam os povos árabes que envolvem a fome, o desemprego, o abandono da juventude, saúde pública etc.
O Brasil e os países da América do Sul já foram considerados pelo mundo, quase que oficialmente, como o “quintal dos Estados Unidos”. Já não são mais.
A “Revolução de Jasmim”, dos povos árabes, para ser completamente vitoriosa deve associar às lutas pelas liberdades democráticas o combate renhido pelo resgate das suas soberanias, sequestradas há muito tempo pelos interesses geopolíticos, comerciais e petrolíferos, imperiais.
Proclamando com orgulho que seus Estados já não são protetorados dos EUA e assim construindo os seus destinos com autodeterminação e soberania plena.
Chico e o sábado
A dica de sábado é de Chico Buarque: “Canta, canta uma esperança/Canta, canta uma alegria/Canta mais/Revirando a noite/Revelando o dia”.
04 fevereiro 2011
Jomard Muniz de Britto com a palavra
FOLIAS NA e DA PERNAMBUCANAGEM
Jomard Muniz de Britto, jmb folião
01. Difícil recomeçar diante de tamanhas
cooptações e permissividades.
02. Esta numeração pode ser desordeNADA
ao sabor dos 3, 30, 300, 3000 leDORES de
José Telles, tergiversando maresias etílicas.
03. A rosa vermelha do CAIRO em busca de
um pacto democrático sempre carente.
04. O fenômeno Marcelo (Reginaldo) Rossi
superou multidões do Galo da Madrugada
e das procissões das padroeiras.
05. Nunca jamais em tempo algum opções
de A até Z se abençoaram enquanto
classes médias da fé.
Sem furor nem ciências nem filosofias.
06. Além de Iemanjá, 2 de fevereiro findou
sendo o dia da cultura enfileirada.
07. À margem dos POEMAS de Daniel
Lima, o mais jovem poeta sem front,
eiras nem beiras, etárias e zodiacais.
08. O novo dia será 15 de fevereiro, terça,
19h, no auditório da Livraria Cultura.
Aos que sempre acreditam em abismos.
09. Vamos todos passarinhar sem claudicar.
10. Nunca jamais seremos os mesmos depois
de reler Daniel Lima, popfilósofo bem antes de
Deleuze e seu intérprete Roberto Machado.
11. Est'Etica NA e DA politicidade.
12. Que o novo Ministro da Justiça também
releia seu parente CARDOZO, Joaquim.
13. Diante da lulista-loquacidade, viva a
retórica do silêncio da ex-primeira dama.
14. A MTV contra todo tipo de preconceito.
15. Pelo dialogismo paulofreiriano de
Obama-Dilma-HU Jintao. Tal e qual nada
igual. Com Açucar & Afeto sem poupanças.
Recife/fevereiro/2011.
Jomard Muniz de Britto, jmb folião
01. Difícil recomeçar diante de tamanhas
cooptações e permissividades.
02. Esta numeração pode ser desordeNADA
ao sabor dos 3, 30, 300, 3000 leDORES de
José Telles, tergiversando maresias etílicas.
03. A rosa vermelha do CAIRO em busca de
um pacto democrático sempre carente.
04. O fenômeno Marcelo (Reginaldo) Rossi
superou multidões do Galo da Madrugada
e das procissões das padroeiras.
05. Nunca jamais em tempo algum opções
de A até Z se abençoaram enquanto
classes médias da fé.
Sem furor nem ciências nem filosofias.
06. Além de Iemanjá, 2 de fevereiro findou
sendo o dia da cultura enfileirada.
07. À margem dos POEMAS de Daniel
Lima, o mais jovem poeta sem front,
eiras nem beiras, etárias e zodiacais.
08. O novo dia será 15 de fevereiro, terça,
19h, no auditório da Livraria Cultura.
Aos que sempre acreditam em abismos.
09. Vamos todos passarinhar sem claudicar.
10. Nunca jamais seremos os mesmos depois
de reler Daniel Lima, popfilósofo bem antes de
Deleuze e seu intérprete Roberto Machado.
11. Est'Etica NA e DA politicidade.
12. Que o novo Ministro da Justiça também
releia seu parente CARDOZO, Joaquim.
13. Diante da lulista-loquacidade, viva a
retórica do silêncio da ex-primeira dama.
14. A MTV contra todo tipo de preconceito.
15. Pelo dialogismo paulofreiriano de
Obama-Dilma-HU Jintao. Tal e qual nada
igual. Com Açucar & Afeto sem poupanças.
Recife/fevereiro/2011.
03 fevereiro 2011
Bom dia, George Arribas
Meninando
As emoções e fantasias do meu peito,
têm em seu feito
moldadas as ilusões.
E por destino
serei tudo o que me atiras...
Serei menino das mentiras e das paixões.
As emoções e fantasias do meu peito,
têm em seu feito
moldadas as ilusões.
E por destino
serei tudo o que me atiras...
Serei menino das mentiras e das paixões.
Cenário político do Recife em foco
Hoje, 18 h, Comissão Política Municipal do PCdoB avalia o cenário político, com foco no Recife e deflagra preparativos para o pleito de 2012.
02 fevereiro 2011
Eduardo e João da Costa valorizam o Legislativo
. A presença do prefeito João da Costa, ontem, na Câmara Municipal do Recife e a do governador Eduardo Campos, hoje, na Assembleia Legislativa, são gestos que valorizam o Poder Legislativo.
. Nós outros, os parlamentares, temos que fazer bem a parte que nos toca.
. Nós outros, os parlamentares, temos que fazer bem a parte que nos toca.
01 fevereiro 2011
Posse na Assembléia hoje
. Hoje, 15 h, solenidade de posse dos novos deputados estaduais na Assembleia Legislativa.
. Com a presença de militantes e amig@s
. Com a presença de militantes e amig@s