Frantisek Kupla
Pauta de
exportações e resistência democrática
Luciano
Siqueira
É certo que
há fatores externos, que pesam tanto mais quanto vulnerável é a nossa economia.
Sobretudo em tempo de crise global.
Mas o fato é
que há um déficit da balança comercial da
indústria de transformação que aumenta desde o ano passado.
O Valor Econômico cita dados
de estudo realizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial
(Iedi), que indicam um saldo negativo de US$ 3,22 bilhões em 2017 e de US$
25,16 bilhões em 2018.
Um salto no mínimo preocupante.
E a perspectiva não é boa,
sob o governo do capitão Bolsonaro. Uma das linhas de ação do atual
superministério da Economia é justamente maior abertura aos produtos
estrangeiros, com medidas como a redução das alíquotas de importação.
Hoje, produtos industrializados manufaturados
e semimanufaturados concorrem com apenas 48% de nossas exportações, um significativo
recuo em relação a 2007, por exemplo, quando correspondia a 65,8% (com saldo
positivo, então, de US$ 18,93 bilhões).
Sinais clínicos de uma doença estrutural,
vinculada essencialmente ao tipo de capitalismo que aqui historicamente se
desenvolve: tardio, destorcido,
desigual e dependente.
Nos anos recentes, desde Collor e Fernando
Henrique, acentuou-se um modelo marcado pelo enfraquecimento do Estado nacional, transferência de
segmentos estratégicos ao capital privado interno e estrangeiro, finaceirização
excessiva. Ao rentismo, tudo!
No ciclo
Lula-Dilma, apesar da adoção de uma Política Industrial, Tecnológica e de
Comércio Exterior (Pitce), a partir 2004, os efeitos limitados. Fez parte da
resistência do “velho”, que havia perdido as eleições de 2002, ao “novo”,
vitorioso, que procurava se afirmar, minar essa política em suas raízes.
Demais, uma
série de medidas legais dependentes do Legislativo não pode se concretizar a contento
e em tempo hábil em razão da correlação de forças existente no Congresso. Mesmo
quando em maioria numérica, o governo não contou com apoio consistente para
transformações de caráter estrutural.
Agora, com a
onda regressiva vigente, maiores dificuldades enfrentará a indústria
brasileira.
E na agenda
da resistência democrática e da luta pela retomada do desenvolvimento em bases
soberanas, este é um item indispensável – seja pelo seu peso específico num
projeto de desenvolvimento nacional, seja como elemento de ampliação da
coalizão de forças oposicionistas.
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