22 agosto 2022

Difícil recuperação

Estratégia de Bolsonaro para reconverter eleitor de 2018 tem um teto
Cerca de 20% dos bolsonaristas da última eleição preferem até Lula no 2º turno de 2022
Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

Os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro na última eleição representam hoje a principal chance que o presidente tem de se manter vivo na disputa deste ano. Depois de perder quase metade desse apoio ao longo do governo, o capitão voltou a avançar sobre o grupo. Os números do Datafolha indicam, no entanto, que a recuperação tem um limite que pode inviabilizar a reeleição.

Na virada do ano, Bolsonaro tinha cerca de 50% dos votos dos brasileiros que estiveram com ele em 2018. O presidente teve uma primeira onda de crescimento em maio, quando Sergio Moro saiu da corrida. Agora, 63% desses eleitores estão dispostos a repetir a dose no primeiro turno.

Apesar da alta, o número indica que um terço dos bolsonaristas da campanha passada continua distante do presidente. Além disso, o resultado sugere que ele pode estar próximo de um teto de recuperação.

Entre os brasileiros que estiveram com Bolsonaro na última disputa, 21% dizem que não votam nele "de jeito nenhum". Esse índice já foi maior, mas ainda é considerado desastroso —uma vez que o presidente não consegue recuperar um de cada cinco eleitores que já demonstraram afinidade com seu projeto.

Uma notícia ainda pior para Bolsonaro está do outro lado da arena: 19% dos entrevistados que declaram ter votado em Bolsonaro em 2018 estão com Lula no primeiro turno de 2022. A adesão desse grupo ao petista parece sólida, já que o percentual se mantém no mesmo patamar desde dezembro do ano passado.

Os dados apontam que Bolsonaro obteve o retorno de eleitores que estavam indecisos ou flertavam com candidaturas alternativas de direita, mas também viu uma fatia considerável se aninhar com seu principal adversário. Virar esses votos é uma tarefa quase impossível.

A desconexão dos eleitores com o Bolsonaro de 2022 é tão significativa que uma parte deles não vota no presidente nem para evitar uma vitória de Lula. Nas simulações de segundo turno, 23% dos bolsonaristas de 2018 escolhem o petista.

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