28 outubro 2022

Enio Lins opina

RESISTÊNCIA, SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS

Enio Lins, tribunahoje.com

 

Nunca tantos deveram tanto a tão poucos – parafraseando Sir Winston Churchill –, deve-se dizer em relação ao que o Brasil passa a dever ao Poder Judiciário. São essas criaturas togadas as heroínas e os heróis da Cidadania nessa quadra de lutas contra o obscurantismo, contra o autoritarismo, contra a corrupção, contra o negacionismo, contra a banalização da violência, contra a calúnia & difamação, contra o voto de cabresto, contra a covardia.

O Judiciário brasileiro tem lutado sozinho
, enquanto poder constituído, para garantir o exercício e a sobrevivência do Estado de Direito Democrático. O poder executivo, totalmente envolvido com falcatruas e golpismo, precisa ser grafado com minúsculas desde que Jair se apossou dele. O Poder Legislativo, campo onde a cidadania trava uma valorosa guerra de resistência, virou um anexo do Planalto e ampliou, em 2022, sua maioria vinculada à prática de obscenidades orçamentárias (nada secretas).

É um poder perfeito o Judiciário?
 Não, nem aqui nem em nenhum lugar do mundo. Mas neste Brasil contagiado pelo vírus miliciano/fascista, esse Poder tem jogado – com louvor – o papel de Salvador da Pátria. A reação armada do bolsonarista Bob Jefferson à Polícia Federal desnudou o sentimento terrorista que empolga metade do eleitorado brasileiro, para quem “bandido bom é bandido bolsominion”. Nesse caso a polícia é quem leva tiro, e muitos nesse círculo aplaudiram, justificando que o meliante estaria “reagindo a uma ordem judicial injusta, etc.” É o resultado de tríplice idolatria: às armas, ao mito, ao autoritarismo.

No próximo domingo
, a onda obscurantista poderá ser detida no nível da presidência da República. Importantíssimo. A derrota do mito da faixa garantirá um mínimo de segurança institucional, evitando o isolamento do Judiciário em sua luta contra o golpismo. O atentado contra Polícia Federal tentou passar a mensagem de que os tiros e as granadas seriam destinados, via PF, à Justiça. Como não funcionou, tentaram minar o TSE com um agente infiltrado (no caso das rádios), que também fracassou. No aperreio, tentarão mais.

Independentemente do resultado
 das urnas neste domingo, o povo brasileiro deve prestar seu tributo ao Poder Judiciário, deve homenagear a coragem e o espírito constitucional de magistrados e magistradas como Alexandre de Morais e Carmen Lúcia, só para citar dois nomes entre os mais agredidos pelas quadrilhas mitômanas.

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