Criminosas
tesouradas de Paulo Guedes
Editorial
do Vermelho
Os
números impressionam. Segundo informa o jornal Valor Econômico, os governos estaduais e do
Distrito Federal, além de 24 das 26 capitais, investiram apenas R$ 9,21 bilhões
no primeiro semestre. O valor é 52,8% inferior, em termos reais, ao total
investido no mesmo período de 2015, quando esses gastos somaram R$ 19,49
bilhões. Na União, os investimentos pagos de janeiro a julho somaram R$ 21,6
bilhões, o que significa uma queda de 45,9% em relação aos R$ 39,9 bilhões
aplicados em igual período de 2015.
O cenário só piora quando se olha para o Orçamento anual elaborado pelo governo Bolsonaro, que pode simplesmente travar o Estado em 2020. A proposta enviada ao Congresso na sexta-feira (30) determina que as despesas com custeio e investimentos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico. De certa forma, isso já vem acontecendo com os cortes nas verbas, afetando áreas básicas do serviço público e comprometendo setores estratégicos do país, como a Educação.
Além das mãos de tesoura do bolsonarismo, o governo está movendo mundos e fundos (principalmente fundos) para aprovar a “reforma” da Previdência Social e juntar mais alguns recursos tirados dos trabalhadores que irão para a meta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tampar o buraco fiscal que ele prometeu zerar neste ano (não vai cumprir a promessa, apesar das tesouradas), um rombo que vem dos descontroles provocados pelo apetite voraz do circuito financeiro sobre o Erário.
Guedes reiterou outro ponto da sua receita para saciar essa boca faminta: “Vender, vender e vender”, disse ele sobre o pacote de estatais que devem ser passadas nos cobres. Tudo isso em meio à turbulência da economia global, que evidencia a possibilidade de uma recessão, como demostrou o economista Nouriel Roubini. Já há um movimento de fluxo de dinheiro do mercado financeiro saindo dos países “emergentes”, incluindo o Brasil, com forte impacto na valorização cambial, a causa da disparada do dólar.
É óbvio que esse elenco de propostas não tem chance alguma de gerar um Brasil melhor. Guedes esá ditando regras com um linguajar incapaz de formular consensos por não convencer sequer os seus convertidos. No mérito ele associa “crise fiscal” — o “ajuste fiscal” é a vaca sagrada da especulação financeira — com crise econômica.
É a velha tese neoliberal de absolutização desse conceito monetarista, definido pelo seu autor, o economista James O’Connor — citado por Luiz Carlos Bresser-Pereira na obra “Uma interpretação da América Latina: a crise do Estado” —, como a crescente incapacidade do Estado de atender às demandas cada vez maiores dos vários setores da economia e grupos sociais correspondentes.
Sua associação à crise econômica comporta variadas interpretações, mas é possível dizer que o Brasil está diante de uma proposta de sacrifícios imensos para a maioria dos brasileiros como resposta a demandas daquela clássica minoria que vive da jogatina financeira, o mercado dos títulos públicos. Nas mãos do crupiê Guedes estão, além das estatais e do dinheiro cortado do Orçamento, a chave para impedir que sua severa política contracionista seja rompida (no mesmo jornal Valor, o conhecido economista neoliberal Fábio Giambiagi defendeu a revisão do teto de gastos públicos).
As patetices panfletárias do ministro da Economia na verdade são subterfúgios e combinações de toda ordem para poder fazer "falar" os dados brutos numéricos, na maioria das vezes induzindo a raciocínios incorretos. Ele abdica de um parâmetro nacional para a definição de índices macroeconômicos, para a aferição da riqueza produzida e distribuída. Como a experiência tem mostrado, essa política põe os parâmetros da economia nas mãos dos mercados financeiros internacionais, que não favorecem o investimento e, consequentemente, o crescimento.
O cenário só piora quando se olha para o Orçamento anual elaborado pelo governo Bolsonaro, que pode simplesmente travar o Estado em 2020. A proposta enviada ao Congresso na sexta-feira (30) determina que as despesas com custeio e investimentos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico. De certa forma, isso já vem acontecendo com os cortes nas verbas, afetando áreas básicas do serviço público e comprometendo setores estratégicos do país, como a Educação.
Além das mãos de tesoura do bolsonarismo, o governo está movendo mundos e fundos (principalmente fundos) para aprovar a “reforma” da Previdência Social e juntar mais alguns recursos tirados dos trabalhadores que irão para a meta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tampar o buraco fiscal que ele prometeu zerar neste ano (não vai cumprir a promessa, apesar das tesouradas), um rombo que vem dos descontroles provocados pelo apetite voraz do circuito financeiro sobre o Erário.
Guedes reiterou outro ponto da sua receita para saciar essa boca faminta: “Vender, vender e vender”, disse ele sobre o pacote de estatais que devem ser passadas nos cobres. Tudo isso em meio à turbulência da economia global, que evidencia a possibilidade de uma recessão, como demostrou o economista Nouriel Roubini. Já há um movimento de fluxo de dinheiro do mercado financeiro saindo dos países “emergentes”, incluindo o Brasil, com forte impacto na valorização cambial, a causa da disparada do dólar.
É óbvio que esse elenco de propostas não tem chance alguma de gerar um Brasil melhor. Guedes esá ditando regras com um linguajar incapaz de formular consensos por não convencer sequer os seus convertidos. No mérito ele associa “crise fiscal” — o “ajuste fiscal” é a vaca sagrada da especulação financeira — com crise econômica.
É a velha tese neoliberal de absolutização desse conceito monetarista, definido pelo seu autor, o economista James O’Connor — citado por Luiz Carlos Bresser-Pereira na obra “Uma interpretação da América Latina: a crise do Estado” —, como a crescente incapacidade do Estado de atender às demandas cada vez maiores dos vários setores da economia e grupos sociais correspondentes.
Sua associação à crise econômica comporta variadas interpretações, mas é possível dizer que o Brasil está diante de uma proposta de sacrifícios imensos para a maioria dos brasileiros como resposta a demandas daquela clássica minoria que vive da jogatina financeira, o mercado dos títulos públicos. Nas mãos do crupiê Guedes estão, além das estatais e do dinheiro cortado do Orçamento, a chave para impedir que sua severa política contracionista seja rompida (no mesmo jornal Valor, o conhecido economista neoliberal Fábio Giambiagi defendeu a revisão do teto de gastos públicos).
As patetices panfletárias do ministro da Economia na verdade são subterfúgios e combinações de toda ordem para poder fazer "falar" os dados brutos numéricos, na maioria das vezes induzindo a raciocínios incorretos. Ele abdica de um parâmetro nacional para a definição de índices macroeconômicos, para a aferição da riqueza produzida e distribuída. Como a experiência tem mostrado, essa política põe os parâmetros da economia nas mãos dos mercados financeiros internacionais, que não favorecem o investimento e, consequentemente, o crescimento.
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