Datafolha:
Maioria acha Bolsonaro desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso,
autoritário e pouco inteligente
Pesquisa mostra má impressão que o
presidente, que bateu recorde de reprovação, causa na população
Igor Gielow, Folha de S. Paulo
O povo
brasileiro não tem a melhor impressão de seu presidente. Ao contrário: para a
maioria da população, Jair Bolsonaro
é desonesto,
falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário, favorece os ricos e
mostra pouca inteligência.
A tendência
negativa se cristalizou ao longo do governo, e é majoritária em todos os itens
questionados.
É o que mostra nova pesquisa do
Datafolha, na qual foram ouvidas 2.074 pessoas com mais de 16 anos
em todo o Brasil, de forma presencial. A margem de erro é de dois pontos para
mais ou menos.
Na pesquisa,
Bolsonaro aparece com a pior
avaliação desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2019: 51%
dos ouvidos o consideram ruim ou péssimo, número que vem crescendo desde
dezembro.
A aprovação
está estável em 24% em relação ao levantamento de
maio, e o índice dos que o consideram regular caiu para 24%.
O Datafolha vem perguntando, ao longo do mandato, qual a percepção do brasileiro sobre o titular do Planalto.
Significativamente,
em meio a denúncias de
corrupção no Ministério da Saúde na pandemia, houve uma piora na
impressão de honestidade do presidente.
Em junho de
2020, 48% o viam como honesto e 38%, como desonesto. Agora, houve uma inversão,
com 52% vendo desonestidade no mandatário e 40%, probidade.
Num sinal
disso, os protestos
de rua do sábado passado (3) tiveram como mote não só a gestão
de Bolsonaro na crise sanitária, mas também a questão da corrupção.
O derretimento
da apreciação da imagem presidencial é visto em todos os indicadores. No começo
do mandato, em abril de 2019, 59% o viam como sincero. O número caiu para 48%
em junho de 2020 e chegou agora a 39%.
Na via
contrária, os 35% que consideravam Bolsonaro falso em 2019 subiram a 46% no ano
passado e agora são 55%.
Esse é outro
golpe para a estratégia eleitoral do presidente. Em 2018, as pesquisas
qualitativas usadas por sua campanha sempre apontavam uma imagem de
"sincero" na figura do então candidato, reforçada por suas
tiradas politicamente incorretas.
A sua
competência também é questionada. A avaliação de que o presidente é um
incompetente subiu de 52% para 58% da pesquisa de 2020 para cá —a pergunta não
havia sido feita em 2019. Já aqueles que o contrário passaram de 44% par 36%.
Na mesma
linha, o desenrolar do governo inverteu a percepção sobre seu preparo para
liderar o país. Bolsonaro é um despreparado para 62% (44% em abril de 2019, 58%
em junho de 2020), ante 34% que o veem como preparado (52% em 2019, 38% em
2020).
Um dos mais
estridentes traços de Bolsonaro, para a população, é seu autoritarismo,
demonstrado novamente nesta quinta (8) com mais uma
ameaça à ordem democrática. Ele é assim visto por 66% da população
—já eram expressivos 57% no começo do mandato e 64% em 2020.
Só o associam
a um democrata 28%, queda em relação aos 37% de 2019 e outra estabilidade ante
os 30% do ano passado, demonstrando o preço pago pelo comportamento durante o
agravamento da crise no primeiro semestre de 2020.
Ele também é
uma pessoa indecisa para 57% (42% em 2019, 53% em 2020), ante um governante
decidido para 41% (56% em 2019, 46% em 2020).
Num universo
em que 57% da amostra da pesquisa é composta por pessoas que ganham no máximo 2
salários mínimos, Bolsonaro é visto como um amigo dos ricos.
Ele favorece
os que têm mais posses para 66% dos ouvidos (57% em 2019, 58% em 2020), e só
pensa nos mais pobres para 17% (24% no começo do mandato, 18% no ano passado).
Por fim, a
inteligência do presidente não é apreciada como uma qualidade. Para 57%, ele é
pouco inteligente, índice semelhante ao de 2020 (54%) e bem maior do que o de
2019 (39%).
Já 58% o
achavam muito inteligente no começo do governo, número que caiu para 40% no ano
passado e está estável e 39% agora.
De forma
geral, as avaliações críticas seguem o padrão da popularidade do mandatário
entre os diversos estratos da pesquisa.
Nordestinos,
que mais o reprovam, também são os que o avaliam como mais desonesto (61%) e
falso (65%). Há avaliações que refletem os grupos questionados: ele é visto
como pouco inteligente mais por aqueles que cursaram faculdade (64%) e mais
jovens (65%).
Já as fortalezas
bolsonaristas do Sul e do Norte/Centro-Oeste são mais
simpáticas, como na avaliação geral, ao presidente. Lá, 43% e 47%,
respectivamente, o veem como uma pessoa honesta. O índice vai a 54% entre os
que ganham de 5 a 10 salários mínimos.
Da mesma
forma, os evangélicos (24% da amostra) são, sem
trocadilho, mais fiéis a Bolsonaro. No grupo, todas as avaliações
são melhores, ainda que nem todas sejam majoritárias.
Mas há
inversões claras: 51% deles o acham honesto, ante 39% que pensam o contrário,
índice semelhante ao do quesito sinceridade (51% sincero, 41% falso).
.
Na
luta política, todo apoio é bem-vindo https://youtu.be/v8gcgIN23b8
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