MACIEL É, ENFIM, ISENTO OU AUSENTE?
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br
Acaba de ser reavivado um mito no ambiente congressual e entre os otimistas, integrantes do Partido Democratas em Pernambuco. Na rabeta do escandaloso clima que desmoraliza o Legislativo brasileiro, a revista de esquerda (e não é?) Carta Capital localizou no senador Marco Maciel o exemplo acabado do parlamentar isento diante dos escândalos envolvendo, entre os muitos, o presidente do Senado e coronelzão maranhense José Sarney.
Já que a história não é para ser esquecida, é bom indagar: será que o ex-aliado da ditadura tem, hoje, cacife para ser visto como um exemplo de limpeza, pureza política, enfim, isenção para ser colocado à margem do processo de descaracterização e – perigo! – enfraquecimento da legitimidade do Legislativo no país?
A pergunta é longa, mas necessária. A resposta é não. Por que? Porque o ex-governador de Pernambuco e hoje senador democratíssimo está, como esteve o falecido presidente Tancredo Neves e o próprio ex-presidente José Sarney, envolvido e dando aval para a forma como foram reerguidos o Senado e a Câmara dos Deputados.
Ao longo dos últimos 20 anos o que se fez, lá, foi ignorar a necessidade de mudanças democráticas através da reforma política. Ignoraram que o tempo não para e que as situações mudam, exigindo novas leituras e reconsiderações aqui e ali.
Diante dessas necessidades democráticas, o senador Marco Maciel permaneceu quieto lá na sua cadeira, lá no seu gabinete. Ele ficou quieto, num silêncio de quem ignora o andar da carruagem, como se esse andar – transformador – não acontecesse como fato real no Congresso e na cara do país.
A avaliação da Carta Capital – não tão perquiridora como devia ser – considerou apenas o momento presente, presentíssimo, e não mais, para sair em edição elogiosa ao senador cuidadoso, ausente do bla-bla-bla do momento. E aí, numa visão da hora presente, sem perder a dimensão da história, o certo seria a revista perceber que o senador Marco Maciel não é um parlamentar isento, mas sim ausente, para livrar a própria pele marcada pelos tempos da ditadura e depois dela.
Concluindo, podemos dizer que o senador é a figura pronta, acabada e histórica da vocação nacional para a política velha e sem compromissos com as mudanças sociais.
* Jornalista
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