Os sucessivos rounds da CPI
Luciano
Siqueira
Penosa tem sido a
CPI da Covid para o governo e, em particular, para o presidente da República.
O desfile de atuais e ex-autoridades governamentais põe a nu
o baixo nível de qualificação de suas escolhas em uma espécie de tenebroso
nivelamento por baixo no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia.
São raros os lampejos de bom senso, como o reconhecimento de
que as medidas de prevenção sanitária preconizadas pela Organização Mundial de
Saúde e a necessidade de vacinação em massa são, comprovadamente,
indispensáveis para deter a escalada da pandemia.
O que predomina é a cantilena negacionista associada a
incontáveis demonstrações de incompetência administrativa.
O rei está nu de tal maneira que mesmo a dita tropa de choque
governista na CPI se mostra defensiva e minúscula.
Até os inquestionáveis números da tragédia, que se aproximam
de meio milhão de mortos, são objeto de tergiversação por parte dos
bolsonaristas, incluindo a palavra do próprio presidente acerca de um suspeito
levantamento feito por funcionário do Tribunal de Contas da União, para
dimensionar pela metade o drama do povo brasileiro.
Assim, a CPI, que o governo tentou em vão impedir com a
cumplicidade do atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), tem peso
crescente no desenrolar da cena política.
Denúncias e descobertas sobre o descalabro governamental se
multiplicam e repercutem amplamente em todas as mídias, constituindo uma
tremenda dor de cabeça para Bolsonaro e seus asseclas.
Na prática, a CPI é um furo perigoso no barco bolsonarista,
que tende a navegar para o pleito vindouro sob condições de extrema
vulnerabilidade.
O Bolsonaro que comparecerá às urnas já não será mais a
surpreendente e esquisita promessa de 2018. Será um concorrente literalmente
sem máscara, desnudado perante a nação em sua verdadeira pequenez.
Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa
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