50 anos do ‘Mito do Desenvolvimento’, de Celso Furtado
Desigualdade social e estagnação, associados a economias subdesenvolvidas, avançam nos países desenvolvidos
Marcos de Oliveira/AEPET
A passagem de 50 anos da publicação de O Mito do Desenvolvimento Econômico, de Celso Furtado, mereceu artigo de análise feito por Rômulo Manzatto, economista (FEA-USP) e mestre em Ciência Política (DCP/FFLCH USP). Publicado pela Fipe, o artigo de Manzatto destaca o interesse que a obra de Furtado continua despertando, tendo inclusive ganhado há alguns anos nova edição em língua inglesa. Coube ao economista senegalês Ndongo Samba Sylla a redação de um texto introdutório para apresentar aos leitores em língua inglesa a obra de Furtado.
“Há outro ponto particularmente interessante, como identificado por Sylla, que torna a obra de Furtado ainda relevante. Mesmo nos países desenvolvidos, tem havido grande aumento da desigualdade social e persistente estagnação, ou declínio, da renda do trabalho. Avanços tecnológicos recentes também têm feito com que a população se veja cada vez mais excluída dos ganhos do progresso técnico e da acumulação de capital. Assim, características antes associadas às economias subdesenvolvidas agora se generalizam, no que parecem afetar mesmo o núcleo do mundo desenvolvido”, destaca Manzatto.
No cenário em que preocupações antes exclusivas de países periféricos se tornam aflições universais, as ideias de Celso Furtado ganham relevância e despertam interesses renovados. As ideias de Celso Furtado fizeram parte de uma verdadeira revolta intelectual do Terceiro Mundo contra a ordem epistêmica ocidental, movimento que ganhou corpo especialmente no período que vai do final da Segunda Guerra até meados da década de 1970.
Sylla retoma, na apresentação do livro em inglês, a trajetória intelectual de Furtado e destaca o papel do economista brasileiro no que considera como um movimento mais amplo de verdadeira rebelião teórica. “Sylla considera que Furtado apresenta um argumento histórico totalmente original, ao caracterizar o surgimento dos fenômenos do desenvolvimento e do subdesenvolvimento como interdependentes, criados a partir da Revolução Industrial”, aponta Manzatto.
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