Inútil pantomima
Luciano Siqueira,
no Blog de Jamildo/portal ne10
Ministros e líderes governistas na
Câmara e no Senado repetem, orquestradamente, que "tudo transcorre
normalmente". Temer está tranquilo e a sua base parlamentar coesa,
dizem.
Mas os fatos, em profusão, mostram
o contrário.
Ou seja, envoltos em tremendo mar
de lama e sob terríveis ameaças, mentem na vã tentativa de enganar a sociedade
e, talvez, a si mesmos.
Enquanto isso, nas coxias, a turma
que realmente manda nos partidos governistas e ministros ungidos pelo Mercado,
conscientes de que o governo não se sustentará, debatem a fórmula menos dolorosa
da queda de Temer e buscam um nome que possa aglutinar, em eleições indiretas,
a maioria necessária para fazer o novo presidente.
Segundo o noticiário, a
alternativa preferida até o momento é a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE,
acrescida de um acordo para que Temer não recorra ao STF, nem seja preso.
Num cenário de incerteza e de tamanha
imponderabilidade, essa trama encontra muitas dificuldades.
Envolve a anuência de muitos
atores – do próprio Temer à grande mídia que o sustentava e não mais o sustenta
-, esta em última instância manipulada pelo verdadeiro comando por trás das
cortinas, o chamado Mercado (ou seja, o sistema financeiro, que aqui e mundo
afora detém as rédeas).
Temer reluta em renunciar para que
seu gesto não seja compreendido como uma “confissão de culpa” e ainda por cima
perca o fórum privilegiado e se arrisque a uma desmoralizante prisão.
Deputados e senadores, liderados
pelo PSDB, fazem o seu jogo sabendo que a credibilidade do parlamento se
encontra perto de zero.
Entrementes, a crise econômica (e
suas múltiplas consequências) segue adiante, como que “alheia” ao bate cabeças
dos atores políticos.
As reformas trabalhista e
previdenciária, convertidas a um só tempo em face mais evidente da agenda
regressiva do governo Temer e principal fator de seu humilhante desempenho nas
últimas pesquisas, continuam na prioridade da maioria parlamentar governista.
Alguém menos avisado, olhando à
distância, bem que poderia caracterizar o cenário como de suicídio político
coletivo.
De outra parte, as articulações Frente
Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular, as centrais sindicais (sobretudo a CUT e
a CTB) e demais segmentos dos movimentos sociais, concentram a partir de hoje,
em Brasília, a pressão contra as reformas antipopulares e pela aprovação da PEC
227, que viabiliza as eleições diretas agora.
Portanto, nada de normal, tudo em
ebulição e de imprevisibilidade plena.
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