Fio cortado
Luciano Siqueira
Nos
tempos de antanho, quando o telefone fixo era tido como uma das grandes
invenções da Humanidade — ainda é, creio —, perder o contato com alguém era o
caos.
Precisava
avisar em casa que a reunião estourou o tempo, está sem teto previsível, mas
tudo bem, nada de extraordinário, sem risco de segurança... Mas, de repetente,
a ligação não se completava.
Porém
na era dos smartphones em geral a comunicação se interrompe quando alguém o
deseja. No WhatsApp, por exemplo, quem não se chateia quando tem seu número
bloqueado?
Na
verdade, às vezes o bloqueio é involuntário. Ou temporário, dura o tempo em que
a raiva passa...
Leio
agora que quem desenvolveu o sistema de algoritmos foi William Lee, pesquisador
de telecomunicações da Universidade de Nova York. Em 1983, em Chicago, ele fez
a primeira aplicação na plataforma de telefonia móvel.
Já
o seu colega Martin Cooper chefiou os experimentos que deram no Dyna Tech,
primeiro aparelho portátil. Comparando com os de hoje, um monstrengo que pesava
pouco menos de um quilo e media 25 centímetros! Assim mesmo causou o maior
furor em 1973, em Nova York, quando apresentado em público.
Em
nossa terra tupiniquim a ligação por telefone celular aconteceu pela primeira
vez no fim do ano de 1990, no Rio de Janeiro. Para servir a não mais do que 700
aparelhos habilitados.
Em 2018, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, já
tínhamos 306 milhões dispositivos portáteis como smartphones, notbooks e
tablets - mais de um smartphone ativo por habitante.
Anoto essas informações por pura curiosidade.
E relembro a evolução da telefonia móvel como que em
flashback, revendo a fisionomia de estranheza de alguns amigos refratários à
inovação tecnológica.
E
também as lendas urbanas, que se repetem recorrentemente, dando conta dos males
terríveis advindos das ondas eletromagnéticas emitidas pelo aparelhinho hoje de
bolso.
Miguel
Arraes era governador quando o usou pela primeira vez e virou ícone uma foto
dele de chapéu de palha e o aparelho ao ouvido.
Pois é. Você que já me
bloqueou e desbloqueou em seguida tenha a tranquilidade de que bem sei que as
emoções afetam nosso comportamento. Mesmo por algumas horas. Perfeitamente
perdoável.
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