Fantasmas da guerra total, como sempre, rondam a terra
Enio Lins
De Teerã falando para o mundo, a bazófia fundamentalista dos aiatolás e a ineficiência de seus foguetes estão animando a direita mais radicalizada. Os velhos abutres da indústria armamentista enxergam nas trajetórias traçantes dos mísseis iranianos pelos céus de Telavive a oportunidade de ouro para desovarem seus estoques. As promessas de vingança vociferadas por Netanyahu e as declarações belicistas de Biden levam os comensais da morte à loucura, de tanto entusiasmo. Sonham com um passeio semelhante à ofensiva contra o ex-aliado Saddan Hussein, que findou escondido num poço e enforcado dias depois; e hoje o Iraque, transformado numa pocilga, vive sob uma ditadura submissa aos americanos – mas com o Irã será a mesma coisa? E quais razões levaram ao Irã a desafiar um inimigo reconhecidamente mortal?
VULNERABILIDADE EVIDENTE
Ontem, menos de 24 horas depois de enviar mísseis aparentemente impotentes, o governo do Irã declarou, por seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, que “a ação iraniana contra Israel está concluída, a menos que haja nova retaliação”. Pronunciamento irreal. Na real, Israel, há muito tempo, encontrou o caminho das pedras e provou sua capacidade de ferir o Irã quando e onde quiser. E não é apenas no caso do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado em Teerã em 31 de julho. 60 dias antes, em 1º de abril, Israel assassinou sete oficiais iranianos, bombardeando o consulado do Irã na Síria, conforme destacou o G1, matando três generais: “Mohammad Reza Zahedi, comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã, e Haji Rahimi, nº 2 de Zahed i, e outro comandante sênior”. A vulnerabilidade iraniana frente às ações terroristas israelenses tem longa trajetória, como prova a sequência de assassinatos de cientistas nucleares iranianos (seis em uma década), e o mais célebre, Mohsen Fakhrizadeh, foi fuzilado por uma arma robótica (LAWs) operada via satélite, em 27 de novembro de 2020, quando trafegava numa rodovia na cidade de Absard. Esses rojões trôpegos, sem mira, disparados pelo Irã, vão fazer Israel parar de matar quem queira, quando queira, no local que queira? Fala sério...
IMPUNIDADE GARANTIDA
Muito dinheiro, muitas armas e muita impunidade garantem a Israel o direito de matar da forma como bem entender e não ser respondido. Na Palestina, Israel implementa sua “solução final” para se apossar, na marra, de seu “espaço vital”, – conceitos chamados por Hitler de “Endlösung” e “Lebensraum”, respectivamente, e praticados contra os judeus e povos vizinhos à Alemanha Nazista de seu tempo. Israel moderno é um estado praticante desses dois conceitos nazistas, fundidos e traduzidos como “direito a autodefesa”. Seu principal protetor, os Estados Unidos, maior potência do planeta, apoia todas as barbaridades sionistas de olhos fechados e bolsos abertos. E a ONU? Guterres, secretário-geral, protestou correta e imediatamente depois dos mísseis iranianos: "Condeno a ampliação do conflito no Oriente Médio, com escalada após e scalada. Isso precisa parar. Precisamos absolutamente de um cessar-fogo". Israel declarou o secretário-geral da ONU “persona non grata” e o proibiu de pisar em solo israelense. Ah, sim: em outubro de 1933, Hitler retirou a Alemanha Nazista da Liga das Nações para provocar a II Guerra Mundial. 91 anos depois, uma ideologia teológica que elege um povo como superior aos demais, o “único filho de Deus”, e com direitos inalienáveis sobre um pedaço de terra que lhe “foi dado por Deus”, hostiliza as Nações Unidas e empurra o mundo para uma nova guerra generalizada.
Leia sobre os EUA no Oriente Médio: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2023/10/eua-decadente-no-oriente-medio.html
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