Dorival Júnior deveria sair da mesmice na seleção brasileira
Esquema habitual torna o time muito previsível e fácil de ser marcado
Tostão/Folha de S. Paulo
Dorval Júnior, atento, viu os dois jogos da Copa do Brasil, as muitas partidas deste sábado (5) do Brasileirão e os confrontos pela Copa dos Campeões, especialmente a derrota do Real Madrid para o Lille, da França, por 1 a 0. Endrick, pela primeira vez, iniciou a partida. Rodrygo e Mbappé, que entrou no segundo tempo no lugar de Endrick, foram poupados.
Fazia muito tempo que não via o real Madrid atuar tão mal. Endrick, no único ótimo lance, conduziu a bola, driblando. Em velocidade e livre, dentro da área, soltou um petardo no peito do goleiro. Não foi uma grande defesa como disseram. Mesmo se o goleiro quisesse, não conseguiria sair da bola. O erro foi do atacante brasileiro, que deveria ter jogado a bola no canto.
As variações na maneira de jogar do meio para a frente do Real Madrid servem de informação e de aprendizado para Dorival Júnior. Porém Ancelotti nunca abre mão de ter uma linha de três meio-campistas, que atuam de uma intermediária à outra, que marcam, constroem e avançam.
Com a chegada de Mbappé, o time passou a ter um trio na frente (Rodrygo, Vini e Mbappé) e outro trio no meio-campo, com Bellingham avançando e formando um quarteto no ataque. Não funcionou bem porque o meio-campo ficou menos preenchido. Contra o Lille, o técnico formou as clássicas duas linhas de quatro, com Endrick e Vini no ataque. Piorou ainda mais.
Não sei quais são a melhor formação tática e a escalação para a seleção brasileira, mas penso que Dorival deveria sair da mesmice. O esquema habitual com dois volantes em linha, um meia ofensivo pelo centro, dois pontas e um centroavante fixo torna o time muito previsível e fácil de ser marcado.
É preciso sair da mesmice. Foi o que fez Filipe Luís em sua estreia no Flamengo, na vitória sobre o Corinthians por 1 a 0, ao utilizar a marcação intensa por pressão, com os zagueiros mais adiantados, formando um bloco. O jovem, ousado e promissor técnico aprendeu com Jorge Jesus em 2019 e com Simeone, quando era jogador do Atlético de Madrid. O Manchester City e outras grandes equipes europeias adotam essa postura.
Contra o Corinthians, Bruno Henrique e Gabigol não encontraram o lugar onde brilharam sob o comando de Jorge Jesus. Bruno Henrique não era ponta nem Gabigol era centroavante. Os dois faziam diagonais curtas da meia esquerda e da meia direita para o centro, onde definiam as jogadas.
Atlético-MG, Vasco e Corinthians, que atuaram pela Copa do Brasil, além de quase todos os outros times brasileiros, preferem, na maior parte do jogo, correr para trás em vez de pressionar. Além disso, os zagueiros atuam colados à grande área, deixando grandes espaços no meio-campo para o adversário ter a bola e chegar perto da área.
Os jogadores especiais costumam sair da mesmice, como fizeram Ganso e Arias no gol da vitória do Fluminense sobre o Cruzeiro por 1 a 0. O passe de Ganso e a finalização de Arias foram belíssimos, precisos e sincronizados. O Cruzeiro jogou bem e criou várias e claras chances de gol.
Fernando Diniz é um técnico que sai da mesmice, mas várias vezes erra por não saber o momento certo de ser diferente. É preciso sair da mesmice, sem perder a praticidade, a organização e a disciplina tática.
Leia: https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/09/minha-opiniao-inteligencia-equina.html
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