Coluna semanal no portal Vermelho:
Todos pela redução da jornada
Luciano Siqueira
Em todo o mundo capitalista é assim. Tempo de crescimento da economia é também tempo de avanço na luta dos trabalhadores. Sindicatos crescem em número de associados, se tornam mais ativos, há ambiente para negociar recuperação de perdas acumuladas e novos ganhos – o oposto dos momentos de recessão econômica, quando a luta quase se reduz a conservar o emprego.
A atual fase de expansão das atividades econômicas no país permite aos trabalhadores defender salários e direitos e alevantarem bandeiras mais ousadas. O vento sopra a favor. Daí o movimento encabeçado por cinco centrais sindicais – entre elas a recém-fundada CTB - pela aprovação do projeto de lei, de autoria dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), que estabelece a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem alteração do salário.
As centrais levaram à Câmara dos Deputados um memorial com mais de 1,5 milhão de assinaturas, embalado no argumento de que assim se poderá gerar mais 2,5 milhões de novos postos de trabalho. Além disso, com a jornada de 40 horas sobra tempo para investir na capacitação profissional, para atividades intelectuais e o lazer. É mais qualidade de vida material e espiritual.
O patronato não gosta da idéia. Raciona sempre pela lógica da redução de custos e da elevação da taxa média de lucro – mesmo sem poder esconder que a remuneração média paga ao trabalhador não ultrapassa 20% dos custos da produção e que o aporte de novas tecnologias e os modernos métodos de organização da produção possibilitam maior produtividade em descompasso com o ritmo de crescimento dos salários.
Tudo bem, mas não basta ter argumentos assentados na realidade; é preciso ter maioria no parlamento para a aprovar o projeto de lei. Aí se repete a velha lição: sem a força das ruas é impossível arrostar as bancadas majoritárias conservadoras.
A força das ruas não pode não pode vir apenas no movimento sindical, embora seja ele que lidere a peleja. É preciso incorporar todos os segmentos da luta social, a intelectualidade, a juventude, as igrejas ligadas ao povo. Multiplicar manifestações pelo Brasil afora, e fazê-las ecoarem nos parlamentos estaduais e municipais. Fazer desta uma luta de todo o povo.
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