Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho
www.vermelho.org.br
Para que serve o programa de governo apresentado pelo
candidato a prefeito durante a campanha? A essa altura dos acontecimentos,
passado o pleito, a resposta óbvia é: para ser levado à prática.
Óbvia, porém nem sempre assim compreendida – ou praticada.
Aqui na Mauricéia já tivemos campanhas vitoriosas sem programa e campanhas
vitoriosas com programa bem formulado, mas logo largado na prateleira. Em
eleições para o governo do estado, certa feita um candidato – por sinal
altamente qualificado – punha em dúvida: para que programa? Outro, nem tão
qualificado assim, simplificava a coisa considerando que bastaria um pequeno
grupo de intelectuais bem postos redigirem um conjunto de propostas, traduzidas
em seguida em linguagem apropriada pelo pessoal de marketing, e o assunto
estaria resolvido.
Ambos subestimavam um instrumento indispensável para unir
forças e galvanizar parcelas expressivas do eleitorado, e vencer; e, no
governo, para servir de guia para a ação.
No pleito recém-findo tivemos no Recife uma excelente experiência
nessa matéria. A Frente Popular, liderada pelo candidato a prefeito Geraldo
Julio, do PSB, tendo o autor dessas linhas como candidato a vice, construiu o
programa paulatinamente, no curso da campanha, através de amplo diálogo com a sociedade. Chegamos a debater os
problemas da cidade com mais de 60 grupos organizados da sociedade,
representados por entidades corporativas de empresários e trabalhadores, por
instituições públicas e privadas, universidades, mulheres, juventude, movimento
LGBT, etc. De modo que o programa que nós registramos em cartório, para ser
cobrado pela população, já na última semana de campanha, é rigorosamente
produto dessa ausculta, combinada com análise política e técnica por parte do
corpo de quadros da campanha, resultando na unidade e coesão da coalização
partidária e social. O escopo do programa está no desenvolvimento em favor de
uma cidade mais humana.
O programa se assenta em cinco eixos: Organizando a cidade,
onde está contida a retomada do planejamento urbano e o enfrentamento de
problemas como a mobilidade e o transporte, a coleta, destinação e tratamento
dos resíduos sólidos, habitação, saneamento e drenagem, etc.; Qualificando os
serviços, no sentido de assegurar qualidade e eficácia aos serviços de saúde,
educação, segurança, esporte e lazer, etc.; Direitos Humanos, proteção e
emancipação social, onde se inserem políticas específicas para a mulher, a
população idosa, a juventude, a igualdade racial etc.; Multiplicando as
oportunidades, que diz respeito ao desenvolvimento econômico e a inovação
tecnológica; e Profissionalizando a gestão, para ampliar a capacidade de
recursos e de investimentos.
Agora, em pleno trabalho de transição para o novo governo, o
prefeito e o vice-prefeito eleitos, com apoio de competente elenco de quadros,
temos em mãos o programa justamente para orientar o planejamento estratégico a
se fazer no início da gestão e, sobretudo, para assegurar que o dito será
feito.
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