03 novembro 2012

Uma questão crucial

No Vermelho, por Eduardo Bomfim
Soberania e eleições

 

A partir da segunda metade do século 20, em meados dos anos sessenta, intensificaram-se as grandes lutas de libertação nacional onde os Países do terceiro mundo foram emblemáticos na virada da página de um período histórico que representou a um só tempo entusiasmada esperança, incertezas e promessas de emancipação social.

Mas a última década do século passado iniciou-se sob o domínio da nova ordem neoliberal (com a hegemonia arrasadora do capital financeiro e o fundamentalismo de mercado) e suas devastadoras consequências de abrangência multilateral que se estendem aos dias atuais como tendência mundial ainda determinante.

A atual crise global do capitalismo apresenta explícitos sinais de fadiga do trinômio globalização/desregulamentação/privatização tanto no âmbito econômico como social, geopolítico. Dia após dia a realidade internacional fica mais instável, absurdamente perigosa, revelando uma civilização regressiva imposta à humanidade.

E mais uma vez as nações emergentes, especialmente da América Latina, demonstram sinais de resistência, agora contra as políticas da velha "nova ordem mundial".


Nesse contexto a vitória nas eleições municipais em São Paulo e grandes centros urbanos do campo político que se opõe às orientações neoliberais ortodoxas no Brasil, apresenta significativa acumulação de forças para as batalhas políticas que se avizinham.

Pelejas que devem atingir intensidade no futuro próximo mas já apresentam claros sinais de ameaças à jovem democracia conquistada em 1985 com o fim do governo ditatorial de 21 anos.

O fato é que os regimes autoritários no País decorrem da ausência de base social das correntes conservadoras nos pleitos eleitorais decisivos em nossa História recente, da revolução de 1930 aos dias atuais.

As estruturas do aparelho de Estado e os legítimos representantes eleitos através do voto se conjugam porém representam aspectos distintos do mesmo sistema onde o primeiro sobrepõe-se ao outro como derradeira cidadela de classe social.

Assim, está em curso um movimento visando contrapor essas estruturas aos governos eleitos, a neutralização de setores médios através da grande mídia hegemônica associada ao capital financeiro e interesses forâneos no sentido de se antecipar a eventuais reformas estruturais, estratégicas ao progresso social, econômico e, em última instância, à própria soberania do Brasil.

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