26 junho 2018

Mercado inquieto


O nó está no programa
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Diariamente a mídia registra manifestações do todo poderoso mercado em relação ao que chamam de "instabilidade" nas próximas eleições presidenciais.

No caso, um eufemismo para designar a ausência, até o momento, de uma candidatura a um só tempo da confiança do rentismo e eleitoralmente viável.

Alckmin patina em demasia. Meirelles mal chega a 1% nas pesquisas. Marina poderia ser uma alternativa, mas ainda é uma hipótese sob exame.

A questão não está exatamente em nomes, mas no programa. 

Isso mesmo: no programa a apresentar à sociedade brasileira como alternativa à atual agenda adotada por Temer e seu grupo.

Um elemento que, em geral, não merece a devida atenção de parcelas consideráveis dos atores políticos e mesmo da mídia hegemônica. 

E aqui, como mundo afora, precisamente aí está a fraqueza dos que dominam a economia, pautam os meios de comunicação e controlam a engrenagem política. Não admitem, sob condição nenhuma, reduzir a ultra concentração da produção, da riqueza e da renda e a exclusão gradativa das maiorias. 

No Brasil, por quatro vezes consecutivas, com nomes patrocinados pelo PSDB, essa alternativa foi derrotada, duas vezes por Lula e duas vezes por Dilma.

Ficou muito marcado para a maioria dos brasileiros o estado em que Fernando Henrique Cardoso deixou o país, após oito anos de governo.

E há uma consciência aguda de que a tomada da linha de FHC, ora imperante com Temer, só foi possível através do golpe. Pelas urnas, não seria.

Tanto que, a certa altura, quando se cogitava de um desembarque antecipado dos tucanos do governo, por motivações eleitorais, o então presidente nacional do PSDB, o indigitado senador Aécio Neves, advertiu com comovente clareza: "Como abandonar um governo cujo programa fomos nós que formulamos?"

Em síntese: as forças comprometidas essencialmente com o mercado e com a agenda ultra liberal ainda não lograram êxito na tentativa de um arranjo eleitoral que, através de um nome ainda não "queimado" (pensaram até no apresentador de TV Luciano Huck) e de artifícios midiáticos, camuflar o que não podem mostrar com clareza.

Esse imbróglio do centro-direita abre um espaço imenso a ser ocupado pelas forças de oposição, desde que confluam para um projeto eleitoral comum já no primeiro turno. Porém até agora essa obviedade ainda não é devidamente compreendida. Infelizmente.

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