10 dezembro 2018

Crônica da vida cotidiana

O afeto em tempo de cólera
Luciano Siqueira

Parece um tsunami obscurantista, que envolve toda a sociedade em suas entranhas. E muda o modo de sentir, de reagir e se expressar das pessoas.

A sociedade brasileira, embora dividida no pleito presidencial último, em sua maioria deu vitória ao detentor das ideias mais retrógradas, temperadas com o ódio e o preconceito.

Um subproduto do novo ambiente social criado é a desconfiança. 

Tanto quanto a intolerância diante de opiniões divergentes, entre os do mesmo lado — digamos assim — um gás venenoso parece contaminar senão a todos, a uma maioria. Desconfia-se da palavra, da atitude, do sentimento.

Uma palavra qualquer, retirada do contexto em que foi pronunciada ou escrita, logo vira motivo de discórdia. E de desconfiança.

O disse-me-disse, tão presente em nossa cultura, ganha status de informação verdadeira. Influencia.

Nessa onda de insensatez, a desconfiança contamina as relações humanas em todas as suas dimensões. 

Mas há um antídoto eficaz: a resistência à nova ordem regressiva.

A luta coletiva não apaga nem reduz a individualidade, antes a eleva: cada um se encontra e se reconhece a si mesmo na reunião de muitos e se vê compelido a cultuar os valores civilizatórios mais caros. Convergência alimenta confiança.

Quem resiste movido por um ideal maior tem olhos para enxergar e sensibilidade para vivenciar a sinceridade, a troca, a solidariedade, a confiança mútua. 

Resistir é preciso — pelo Brasil e pelo afeto, esse revolucionário sentimento que dignifica a condição humana.

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