01 julho 2021

Palavra de poeta: Moacir Félix

Auto-Retrato

Moacir Félix


Certa vez, numa aventura estranha
fugi
do estreito túmulo em que me estorcia
para uma ampliação sem fim.
Quando voltei
e senti, de novo, ferindo-me, o peso dos grilhões,
então não mais sabia quem eu era.
E nunca mais soube quem eu sou.
Talvez a sombra triste de um sonho de poeta.
Talvez a misteriosa alma de uma estrela
a guardar ainda no profundo cerne
a ilógica saudade de um passado astral.

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[Ilustração: Peter Worsley]

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Veja: Poeta cantador se faz romancista https://bit.ly/3wJylaT

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