15 setembro 2022

Estou bem, gente!

Na UTI e nas ruas

Luciano Siqueira, no Vermelho www.vermelho.org.br

 
 
Tudo começou há quase 15 dias atrás: numa feirinha de orgânicos, aqui no bairro, às 6:00 da manhã, esse amigo de vocês teve um desmaio. 

Socorrido na emergência do Hospital Unimed 3, no Recife, constatou-se um quadro de fibrilação atrial — que vem a ser um distúrbio cardiovascular— e por conta disso fui feito hóspede da UTI por quase 24 horas.


Nada oculto, mas também nenhum segredo. E, como dizia o cronista social Ibrahim Sued, em sociedade tudo se sabe.


E assim, pouco a pouco, foram se sucedendo telefonemas e mensagens pelo WhatsApp, de amigas e amigos e muitos outros simples conhecidos, solidariamente interessados em saber do meu estado de saúde.


Com uma contradição flagrante: desde a terça-feira passada voltei às ruas, que frequento com a militância da campanha do nosso deputado Renildo Calheiros, candidato à reeleição; e de candidaturas de camaradas do Partido que têm base no Recife, território onde preferencialmente atuo como militante desde a adolescência, quando era prefeito do Recife Miguel Arraes. Em priscas eras, diria Haroldo Lima.

Hoje cedo estive em duas panfletagens matinais, uma delas inclusive com a presença da nossa vice-governadora e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos.

Aqui e acolá a pergunta: "Oxente, você não está doente!?" 

Ou: "Os médicos te liberaram para enfrentar o sol quente nas ruas?"


Ou ainda: "Rapaz, você está dirigindo seu carro, isso não é arriscado?"


Pacientemente respondo que estive na UTI sim, porém segundo os meus médicos minha saúde é ótima, se assemelha a de uma criança saudável.

(Eles, os médicos, dizem isso mesmo, analisando a bateria de exames radiológicos, digitais e bioquímicos a que me submeti. Desconfiam que o distúrbio cardiológico momentâneo talvez tenha a ver com sequela da Covid, mesmo que eu tenha tido a doença na forma clínica leve). Até postei um vídeo no Instagram https://bit.ly/3DsQ3FR esclarecendo minha situação

Na verdade, não havendo nenhuma contraindicação, muito mais do que anti-hipertensivos e betabloqueadores, faz-me bem estar nas ruas.


É do meu DNA, como se diz. Nunca saí das ruas, sobretudo nas campanhas eleitorais — sendo eu ou não candidato. Inclusive nos 20 anos em que estive totalmente absorvido pela chamada frente institucional, tendo sido vice-prefeito do Recife por quatro vezes, uma segunda vez deputado estadual e também vereador na capital.


Atribuições de direção partidária não nos eximem do contato direto com o povo e da convivência com a militância partidária e ativistas do campo popular e democrático in loco.


Muito ao contrário! 


É nas ruas que a gente percebe com uma aproximação maior o nível de consciência do povo, o grau de ligação dos militantes com os segmentos da população aos quais pertencem, a aderência ou não do nosso discurso e assim por diante.


Creio também que nenhum dirigente comunista exercerá bem seu papel prescindindo de mergulhos na realidade concreta através da vinculação com a militância de base em movimento.


E a disputa eleitoral na qual nós estamos envolvidos, em plano nacional e em cada estado, nas atuais circunstâncias do mundo e do Brasil, é rica de elementos novos para os quais é preciso ter a sensibilidade de perceber e a paciência de analisar, inclusive para constatar o surgimento de novas formas de luta e de organização.

O velho Lenin, genial dirigente da Revolução Russa, já nos advertia, na passagem do século 19 para o século 20, que a cada nova conjuntura, embora persistam formas antigas, o próprio povo cria meios novos de resistir e lutar e de se organizar.

Então, ainda movido pelo meu entusiasmo militante, celebro a felicidade de ter ficado tão pouco tempo na UTI e de contar com médicos competentes e maduros o suficiente para me liberarem para a batalha nas ruas.

[Foto: Pedro Caldas]

Veja: Um candidato se elege porque seus apoiadores pedem voto
https://bit.ly/3QUTNTT

2 comentários:

RANGEL JUNIOR disse...

Grande guerreiro do povo brasileiro. Você sempre foi um grande exemplo de lutador consciente e aguerrido, no dizer de Paulo Freire, que ensina e que aprende. Sempre! Viva!

Anônimo disse...

Fico feliz de nem ter sabido do seu mal estar. Você está bem e com certeza ficará melhor ainda de volta a militância.Mas, não abuse da saúde.O sol escaldante tem nos dado uma surra.Abraços e saudações comunistas!