13 setembro 2023

Enio LIns opina

Terrorismo e crimes contra a humanidade
Enio Lins*



Há dois dias, o mundo registrou no 11 de setembro duas datas muito significativas na triste história dos atos terroristas e dos crimes contra a humanidade. Em 2001, o atentado contra as Torres Gêmeas; em 1973, o atentado contra a Democracia chilena.

Em 2001, os Estados Unidos foram vítimas. Em 1973, os Estados Unidos foram algozes. Em nova Iorque, 2.996 pessoas morreram. No Chile, oficialmente, foram assassinadas 40.280 pessoas, mas se estima o número de vítimas na ordem de 100 mil.

Completaram-se 22 anos dos atentados contra os Estados Unidos, que, em 11 de setembro de 2001 alcançaram as duas Torres Gêmeas e o Pentágono; o avião que se dirigia provavelmente à Casa Branca foi abatido antes de alcançar o alvo.

Completaram-se 50 anos do atentado contra o Chile, que, ao longo de sete anos de terrorismo de Estado, a partir de 11 de setembro de 1973, alcançou todo o povo chileno em benefício da corrupção impune de uma minoria rica e privilegiada.

Tem muitas faces o terrorismo. No caso que vitimou os Estados Unidos, a vingança foi a motivação, como retaliação às invasões e massacres americanos contra países mulçumanos, e o método foi um bloco de atentados num mesmo dia.

No caso que vitimou o Chile, a disputa geopolítica foi a motivação, o método foi enfraquecimento do governo (democraticamente eleito) de Salvador Allende, pelo boicote econômico seguido de um sangrento golpe militar.

Reagindo ao 11 de setembro contra os Estados Unidos, o governo ianque deflagrou novas guerras pelo mundo sob a justificativa real de perseguir Osama bin Laden, ex-agente americano que havia se voltado contra os ex-patrões.

Não houve reação digna de nota ao ato de terrorismo no Chile, nem mesmo por parte da União Soviética, suposta beneficiária geopolítica do governo de Allende; os protestos se espalharam pelo mundo e tudo ficou por isso mesmo.

Repetindo o balanço dos óbitos de cada ação terrorista nos 11 de setembro, uma produziu três mil mortes, outra produziu entre 40 e 100 mil mortes. Basta ser uma vítima fatal, como Dona Lyda Monteiro, no Brasil (em 27/08/1980). O terrorismo é o mesmo.

Independente de sua motivação, o terrorismo precisa ser permanentemente combatido, denunciado, lembrado para que o mundo nunca se esqueça de seus danos terríveis – e recorrentes, o que é a pior de suas características.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

Adiante há retas e curvas https://bit.ly/3Ye45TD 

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