Rosas rubras para as mulheres neste dia, e em todos os demais dias
Enio Lins*
No começo, foi 19 de março o Dia Internacional da Mulher, proposto por Clara Zetkin na II Conferência de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, Dinamarca, em 1910, e aprovado por unanimidade das delegadas presentes. No ano seguinte, a data começou a ser celebrada tendo como bandeira central “Sufrágio Feminino Já!”. Segundo os registros da época, mais de um milhão de pessoas saíram às ruas de várias cidades alemãs em 19 de março de 1911 e, nos anos seguintes, espalhou-se para outros países.
Uma versão nacional do Dia da Mulher teve lugar nos Estados Unidos, em 20 de fevereiro de 1909, numa manifestação em Nova Iorque, organizada pelo Partido Socialista da América, tendo como bandeiras a igualdade de direitos civis e o voto feminino. O sucesso do ato entusiasmou as militantes feministas mundo afora.
8 DE MARÇO CRAVADO
Explica o site mundoenem.com.br: “Finalmente, demarcou-se o dia 8 de março para celebrar o ‘Dia Internacional da Mulher’. Essa data faz referência ao protesto de milhares de mulheres russas, no ano de 1917, em Moscou, contra a tirania czarista, contra a participação russa na primeira guerra, contra a fome da população empobrecida e em nome das mulheres russas operárias que lutavam contra a opressão que sofriam”.
Por sua vez, a Wikipédia detalha que “em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro, no calendário juliano), ainda na Rússia Imperial, organizou-se uma grande passeata de mulheres, em protesto contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida no país. Operários metalúrgicos acabaram se juntando à manifestação, que se estendeu por dias e acabou por precipitar a Revolução de 1917. Nos anos seguintes, o Dia das Mulheres passou a ser comemorado naquela mesma data”.
DATA RECONHECIDA
Em 1975 a ONU reconheceu 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Explica a “ONU Mulheres Brasil”, no LinkedIn, que as Nações Unidas declararam 1975 “o Ano Internacional da Mulher, além de realizar a primeira Conferência Mundial sobre a Mulher na Cidade do México, mobilizando a comunidade internacional sobre as diversas formas de discriminação contra as mulheres”.
E, “nesse mesmo ano, considerando esta declaração, lideranças feministas na cidade do Rio de Janeiro com o suporte do Centro de Informações da ONU (UNIC) realizaram o seminário ‘O papel e o comportamento da mulher na sociedade brasileira’, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Esse seminário representou um marco importante do ativismo feminista da segunda metade do século XX”.
LUTAS E FLORES
Importante destacar que a celebração do 8 de Março no Brasil evoluiu sob pressão dos militares, como forma de resistência e luta. Após a redemocratização em 1985, a data seguiu com essas características politizadas; mas, ano após ano, passou a ser encarada como categoria de consumo, descontextualizada, “de edulcorada celebração do feminino, comparável ao Dia das Mães” – como bem resumiu a Wikipédia –, com as históricas bandeiras de luta sendo substituídas por mimos (de iniciativa masculina, no geral) do tipo flores, doces e presentinhos. Que essas gentilezas sejam sempre lembradas, mas sem esquecer nunca o conteúdo deste dia.
Aplausos e flores para Clara Zetkin, em nome de todas as mulheres, de todas as épocas, em luta por seus direitos e por seus espaços de poder e representação num mundo que segue machista e misógino. Viva o Dia Internacional da Mulher!
*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador
O mundo gira. Saiba mais https://bit.ly/3Ye45TD
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