Samico e sua família de artistas
Raul Córdula*
As artes visuais, incluindo alguns aspectos do carnaval como os bonecos gigantes, são as principais características de Olinda, esta cidade vertente de cultura. Consequência disto é a existência de famílias dos artistas que aqui se fixaram desde os anos de 1960. Por isso se pode dizer que temos hoje pelo menos duas gerações de artistas nascidos aqui, olindenses por natureza, que formam famílias de artistas.
A família Samico é uma delas, que tem como base o genial Gilvan Samico e sua mulher, a dançarina e professora Célida Peregrino, acompanhados por seus filhos Luciana, também dançarina, o pintor e gravurista e marceneiro Marcelo Peregrino Samico e seu neto Daniel, filho de Marcelo e também xilogravador.
Samico foi um artista integralmente dedicado à arte da pintura, do desenho e, principalmente, da xilogravura. Sua obra figura entre os principais conjuntos artísticos brasileiros, ao lado de Oswald Goeldi, Lívio Abramo, Maria Bonomi e Rubem Grilo.
Representou a arte brasileira em várias exposições internacionais como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, inclusive na 32ª Bienal de São Paulo, sua última versão, onde teve uma sala especial. Samico foi um xilogravador autônomo no sentido lato da palavra, tornando-se também, por vocação, mas também por necessidade de abranger totalmente a prática de gravar em madeira, um excelente marceneiro. Foi além: sua ferramentaria foi criada e executada por ele próprio, como as goivas feitas com aço de aspas de antigos guarda-chuvas e os formões com aço de molas de caminhão, por exemplo. Mais que isso ainda, Samico criou rolos de entintar e ferramentas para calçar detalhes da matriz gravada, peças de perfeito design. Criou e produziu uma peça inédita no elenco das ferramentas da gravura que é um sistema de registros para facilitar a caída das cores nos lugares certos, sem desfoque ou mancha.
Marcelo herdou tudo dele: pintura, desenho, gravura e marcenaria. Tanto é que ele possui em seu ateliê uma molduraria tecnicamente correta, onde é observado em cada trabalho de conservação e restauração de papel, para sanar os problemas de nosso clima húmido. Sua pintura é mais conhecida do que sua xilogravura, com exposições em várias cidades brasileiras e marcado consolidado.
Já Daniel se tornou xilogravador trabalhando como impressor do avô, manipulando suas ferramentas e tirando as derradeiras cópias do grande artista. Hoje Daniel criou seu próprio imaginário tornando-se um gravador formado em casa, pelo avô e pelo pai, com quem eventualmente trabalha. Ambos mantêm, como legado, a forma e o pensamento de Samico, a reverência à xilogravura popular, as composições em primeiro plano e o imaginário fabuloso que Samico nos legou a todos.
A família Samico forma uma cadeia produtiva completa, possuindo inclusive o espaço da Galeria Sobrado, em Olinda, onde também ocorrem cursos de dança sob a responsabilidade de Luciana e práticas de yoga iniciadas por Célida. A Galeria, que realiza poucas exposições por ano, é o centro das atividades de Josiane Samico, esposa de Marcelo, responsável pela comercialização dos artistas da família e das exposições de outros artistas ligados à Galeria. Trata-se de um espaço que, como outros poucos que aqui existem, consolida a realidade de Olinda como um centro de artes visuais.
*Artista plástico, curador e crítico de arte
A família Samico é uma delas, que tem como base o genial Gilvan Samico e sua mulher, a dançarina e professora Célida Peregrino, acompanhados por seus filhos Luciana, também dançarina, o pintor e gravurista e marceneiro Marcelo Peregrino Samico e seu neto Daniel, filho de Marcelo e também xilogravador.
Samico foi um artista integralmente dedicado à arte da pintura, do desenho e, principalmente, da xilogravura. Sua obra figura entre os principais conjuntos artísticos brasileiros, ao lado de Oswald Goeldi, Lívio Abramo, Maria Bonomi e Rubem Grilo.
Representou a arte brasileira em várias exposições internacionais como a Bienal de Veneza e a Bienal de São Paulo, inclusive na 32ª Bienal de São Paulo, sua última versão, onde teve uma sala especial. Samico foi um xilogravador autônomo no sentido lato da palavra, tornando-se também, por vocação, mas também por necessidade de abranger totalmente a prática de gravar em madeira, um excelente marceneiro. Foi além: sua ferramentaria foi criada e executada por ele próprio, como as goivas feitas com aço de aspas de antigos guarda-chuvas e os formões com aço de molas de caminhão, por exemplo. Mais que isso ainda, Samico criou rolos de entintar e ferramentas para calçar detalhes da matriz gravada, peças de perfeito design. Criou e produziu uma peça inédita no elenco das ferramentas da gravura que é um sistema de registros para facilitar a caída das cores nos lugares certos, sem desfoque ou mancha.
Marcelo herdou tudo dele: pintura, desenho, gravura e marcenaria. Tanto é que ele possui em seu ateliê uma molduraria tecnicamente correta, onde é observado em cada trabalho de conservação e restauração de papel, para sanar os problemas de nosso clima húmido. Sua pintura é mais conhecida do que sua xilogravura, com exposições em várias cidades brasileiras e marcado consolidado.
Já Daniel se tornou xilogravador trabalhando como impressor do avô, manipulando suas ferramentas e tirando as derradeiras cópias do grande artista. Hoje Daniel criou seu próprio imaginário tornando-se um gravador formado em casa, pelo avô e pelo pai, com quem eventualmente trabalha. Ambos mantêm, como legado, a forma e o pensamento de Samico, a reverência à xilogravura popular, as composições em primeiro plano e o imaginário fabuloso que Samico nos legou a todos.
A família Samico forma uma cadeia produtiva completa, possuindo inclusive o espaço da Galeria Sobrado, em Olinda, onde também ocorrem cursos de dança sob a responsabilidade de Luciana e práticas de yoga iniciadas por Célida. A Galeria, que realiza poucas exposições por ano, é o centro das atividades de Josiane Samico, esposa de Marcelo, responsável pela comercialização dos artistas da família e das exposições de outros artistas ligados à Galeria. Trata-se de um espaço que, como outros poucos que aqui existem, consolida a realidade de Olinda como um centro de artes visuais.
*Artista plástico, curador e crítico de arte
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