Olha o Haiti aqui, gente!!
Restam três semanas para o primeiro turno das eleições de 2022.
Na noite do domingo, 2 de outubro, saberemos inapelavelmente os resultados para
os postos parlamentares em todo Brasil. Nos cargos executivos, a depender da
marca dos 50% + 1 voto, será o fim de jornada para algumas candidaturas e o
reinício de campanha para outras.
Assim, esta coluna vai acentuar seu objetivo estratégico de se
posicionar sobre a eleição presidencial, pedindo desde já desculpas a quem
prefira ler sobre as outras disputas. O País passa por momento muito delicado,
dramático mesmo, na contenda pela faixa verde-amarela, e todas as demais
questões passaram a ser secundárias.
Diferentemente das eleições ocorridas entre 1989 e 2018, 2022 coloca sob
risco a Democracia, pois os princípios do Estado Democrático de Direito estão
sendo abertamente afrontados. Os objetivos golpistas se arreganharam não só na
campanha em curso, mas em vários ensaios de golpe, a título de testes,
perpetrados desde janeiro de 2019 sob o comando do capitão miliciano que,
graças a uma facada, foi eleito há quatro anos. Neste pleito, o candidato a
ditador – um marechal da covardia, genocida e papa do embuste – tentará ser
reeleito para aprofundar o autoritarismo, desrespeitar a Constituição, esmagar
os demais poderes constituídos e avançar na corrupção familiar mais deslavada
que a história brasileira já testemunhou.
Papa Doc era o apelido do ditador François Duvalier, que impôs o
terror e a corrupção no Haiti entre 1957 e 1971, comandando as forças armadas e
seus assassinos de um poderoso esquadrão da morte (os “tonton macoutes”, termo
traduzido como “bichos-papões”); transformou seu país – o primeiro a se
declarar independente na América Latina, em 1804 – na mais miserável nação das
Américas. Apoiava-se também na religiosidade popular, inclusive se apropriando
do vodu. Papa Doc tinha um filho-herdeiro, Baby Doc (Jean-Claude Duvalier), que
o sucedeu como ditador entre 1971 e 1986, mantendo os altos níveis de terror e
corrupção paternos.
O Haiti é aqui? Não ainda. Uma das diferenças é que o Papa
Doc haitiano só tinha um herdeiro e o Papa Doc brasileiro tem quatro Babys Docs
para dar de comer, e os meninos (quatro bichos-papões) têm um apetite
mitológico. Evitar a haitização do Brasil é a principal atitude patriótica
nestas eleições. Tic tac, tic tac... o tempo está findando. [Ilustração: Miguel Paiva]
Veja: Nas redes, sim; mas sem fake news https://bit.ly/2CWRmy4
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