14 setembro 2022

Enio Lins opina

Olha o Haiti aqui, gente!!

Enio Lins, tribunahoje.com

Restam três semanas para o primeiro turno das eleições de 2022. Na noite do domingo, 2 de outubro, saberemos inapelavelmente os resultados para os postos parlamentares em todo Brasil. Nos cargos executivos, a depender da marca dos 50% + 1 voto, será o fim de jornada para algumas candidaturas e o reinício de campanha para outras.

Assim, esta coluna vai acentuar seu objetivo estratégico de se posicionar sobre a eleição presidencial, pedindo desde já desculpas a quem prefira ler sobre as outras disputas. O País passa por momento muito delicado, dramático mesmo, na contenda pela faixa verde-amarela, e todas as demais questões passaram a ser secundárias.

Diferentemente das eleições ocorridas entre 1989 e 2018, 2022 coloca sob risco a Democracia, pois os princípios do Estado Democrático de Direito estão sendo abertamente afrontados. Os objetivos golpistas se arreganharam não só na campanha em curso, mas em vários ensaios de golpe, a título de testes, perpetrados desde janeiro de 2019 sob o comando do capitão miliciano que, graças a uma facada, foi eleito há quatro anos. Neste pleito, o candidato a ditador – um marechal da covardia, genocida e papa do embuste – tentará ser reeleito para aprofundar o autoritarismo, desrespeitar a Constituição, esmagar os demais poderes constituídos e avançar na corrupção familiar mais deslavada que a história brasileira já testemunhou.

Papa Doc era o apelido do ditador François Duvalier, que impôs o terror e a corrupção no Haiti entre 1957 e 1971, comandando as forças armadas e seus assassinos de um poderoso esquadrão da morte (os “tonton macoutes”, termo traduzido como “bichos-papões”); transformou seu país – o primeiro a se declarar independente na América Latina, em 1804 – na mais miserável nação das Américas. Apoiava-se também na religiosidade popular, inclusive se apropriando do vodu. Papa Doc tinha um filho-herdeiro, Baby Doc (Jean-Claude Duvalier), que o sucedeu como ditador entre 1971 e 1986, mantendo os altos níveis de terror e corrupção paternos.

O Haiti é aqui? Não ainda. Uma das diferenças é que o Papa Doc haitiano só tinha um herdeiro e o Papa Doc brasileiro tem quatro Babys Docs para dar de comer, e os meninos (quatro bichos-papões) têm um apetite mitológico. Evitar a haitização do Brasil é a principal atitude patriótica nestas eleições. Tic tac, tic tac... o tempo está findando. [Ilustração: Miguel Paiva]

Veja: Nas redes, sim; mas sem fake news https://bit.ly/2CWRmy4

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