Basta a Lei, sem mais nem menos
Enio Lins www.eniolins.com.br
Parece aos golpistas que a impenitência por seus atos criminosos seria algo mais seguro que a própria quartelada em si. Seriam imunes, inalcançáveis à Lei. Frente à tentativa de assalto ao poder, tendo sucesso ou não, crer-se-iam inimputáveis.
Em verdade, exemplos não faltam dessa bandalheira protegida, sempre acolhida por generosas anistias ao longo da longa história de golpes militares no Brasil. Questão atávica castrense: militares de direita e extrema-direita não são punidos por seus crimes.
Num exemplo relativamente recente, JK, o presidente bossa-nova, anistiou as camarilhas que tentaram lhe depor em duas tentativas de golpe militar: Jacareacanga (1956) e Aragarças (1959). Coração de mãe das Gerais, JK perdoou. Qual resultado daquele gesto?
Os bandidos fardados que tentaram os golpes em 1956 e 1959 eram basicamente os mesmos, e todos foram anistiados por JK. Em 1964 estavam novamente golpistas, desta vez com sucesso, e imediatamente cassaram os direitos políticos do então senador JK.
Lição da história: não adianta a democracia ser condescendente com essa corja, amenizar ou driblar a Lei para pacificar o mimimi militar. Eles vão tentar novamente e, se tiverem sucesso, serão vingativos e desleais inclusive contra os colegas de farda não-golpistas.
Colocar esses meliantes castrenses frente à Lei é essencial para a civilidade, para a democracia, para a ética e para a própria formação militar. Trata-se da defesa institucional das Forças Armadas, em cujo seio o corporativismo é doença crônica e grave.
Formação militar é questão fundamental. Deformação militar, entretanto, é o que se vê em celebridades indevidamente graduadas. Como é que as Agulhas Negras entregam diplomas e estrelas a seres como Jair, Heleno, Pazuello, Braga Neto, Cidinho...? PQP!
Impunidade atrofia, corrompe, cria covardes que se aproveitam das armas e munições pagas pelo dinheiro público para impor suas vontades no grito ou na bala. Premiar um militar golpista com o esquecimento (ou pior: uma promoção) é mais que um erro, é um crime.
Onde cabe quase tudo - sem preconceito nem sectarismo https://tinyurl.com/3y677r7f
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