Polarização tem base objetiva
Luciano Siqueira
É recorrente no mundo acadêmico e na grande mídia a queixa contra a polarização política que segue solta no país.
Muito se frustram diante do fracasso das alternativas ditas "de centro", que fracassaram nos últimos pleitos presidenciais.
Tratam o assunto como se fosse algo dependente quase que exclusivamente da vontade subjetiva dos atores políticos.
Mas não é.
Existe sim o exagero patrocinado pelo sectarismo ou por concepções essencialmente radicalizadas, como as sustentadas pela extrema direita que emergiu forte sob o rótulo do bolsonarismo.
Mas existe, mais ainda do que a vontade subjetiva dos atores políticos, a polarização na base da sociedade.
Levantamento mais recente da Oxfam, que aborda a relação das desigualdades e o poder corporativo global, mostra que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população. Os 50% mais pobres detêm apenas 2% do patrimônio do país.
Este é o dado de realidade, para muito além da vontade subjetiva de quem quer que seja.
E reflete no Brasil o drama alimentado pelo capitalismo em esfera mundial. O sistema imperante mergulha em contradições intrínsecas que lhe impede de oferecer algo mais além da exclusão social em conjunto com a ultra concentração da produção, da renda e da riqueza.
A radicalização no plano subjetivo, que se expressa na luta política no Brasil e, mundo afora, através de guerras e conflitos regionais, se situam nessa relação de causa e efeito entre a realidade objetiva e a subjetividade coletiva.
Não se trata portanto de alimentar a frustração dos que gostariam de que a realidade fosse outra e que o status quo pudesse ser mantido sob a hegemonia de correntes políticas situadas ao centro.
Trata-se de encontrar os caminhos pelos quais seja possível, no Brasil e nos países submetidos às imposições imperialistas, solução política via predomínio do polo popular, democrático e progressista da sociedade.
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