Nossa terra tem palmeiras onde precisam cantar os sabiás
Enio Lins
Sabe-se que uma das dores de cabeça – internas ao governo – do presidente Lula, além das provocadas pelo acidente doméstico, é o resultado de sua área de Comunicação. Insossa, nada apimentada. A turma trabalha, sua a camisa, mas não sai do mais-do-mesmo. Não impacta, não se antecipa, não responde com a eficiência que o momento exige. Quem tem salvado a pátria, nessas batalhas essenciais, são vozes não-governamentais e não-partidárias, vinculadas às muitas militâncias democráticas e humanistas, como Felipe Neto, Reinaldo Azevedo, Debora Diniz, Cristina Serra...
NOVAS MÍDIAS
De certa forma, a pouca eficiência da comunicação federal reflete o distanciamento da comunicação partidária dos formatos contemporâneos midiáticos, o que se reflete nas políticas comunicativas governamentais, quando a indicação é partidária e não técnica. Não é defeito exclusivo do PT nem das demais forças de esquerda e centro-esquerda, pois as várias siglas por onde passou o falso messias também não deram, nem dão, conta do recado. Ressalte-se que durante a quadra perdida entre 2019 e 2022, a comunicação do governo federal bolsonarista não conseguiu jair fazendo algo digno de nota, não acompanhou a inegável abrangência da máquina midiática não-governamental do bolsonarismo, poderosa em seus gabinetes de ódio. Há mais de uma década não se conseg ue fazer uma campanha publicitária federal impactante, e na guerra pela informação diária, em cima do fato, é bola nas costas todo dia.
NECESSIDADE DEMOCRÁTICA
Não adianta nada denunciar, protestar, lamentar a proeminência dos ditos gabinetes do ódio. Reagir, com sucesso, é a questão. A instância federal tem inúmeros bons exemplos de comunicação governamental nos patamares estaduais e municipais. Basta prestar atenção, estabelecer mais parcerias, investir nos fóruns desse segmento, e mudar rapidamente. Ainda há tempo. É preciso equilibrar o jogo. O que dizer quanto ao crescimento do PIB atém do previsto? O que dizer do menor índice de desemprego? O que dizer da proposta de ajuste fiscal? O que dizer da questão ambiental? Tem muito a ser dito, precisa-se tão somente fazer isso da forma certa. É fácil? Não, até porque a comunicação governamental tem o ônus de ser a fala oficial, daí exigir uma política ousada e em formatos apropriados a cada momento, às temáticas específicas, às linguagens regionais etc. Mas, ou o governo federal peita as máquinas da desinformação, ou será atropelado pelas fake news, e isso não será um prejuízo restrito a Lula e ao PT, mas um dano terrível à Democracia, com a prevalência do gangsterismo midiático.
LUZ NO TÚNEL
Uma notícia importante, alvissareira, nesse campo da comunicação governamental, apareceu e sumiu quase instantaneamente, soterrada sob justificáveis grandes manchetes acerca da cirurgia de Lula, das chantagens dos deputados para a aprovação do “pacote fiscal”, da sanha assassina da polícia paulista, da PEC da pirtatização das praias, dentre outras reportagens de grande poder de atração do público. Ontem, o site 247 lembrou dessa pauta: “Cirurgia de Lula trava convite para que Sidônio Palmeira assuma a Secom – Presidente planeja mudanças estratégicas no ministério”. Mas, infelizmente, o assunto segue diluído pela enxurrada de notícias mais incendiárias como a sequência de títulos conquistados pelo Botafogo, ou a indicação, pela pesquisa Quaest, que Lula termina 2024 com 52% de aprovaçã o. Sidônio Palmeira (bom baiano com raízes alagoanas fincadas no chão do Engenho Prata, São Miguel dos Campos) virá mesmo no alforge de Papai Noel? Seria um presente e tanto para o Brasil.
Leia também: PCdoB defende maior unidade para êxito do governo Lula e anuncia 16º Congresso https://lucianosiqueira.blogspot.com/2024/12/a-palavra-do-pcdob.html
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