08 junho 2016

A linha condutora é o golpe

O que reluz é ouro?
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10 

É o maior buruçu na área adversária, meus amigos!
A expressão era repetida costumeiramente por um narrador de futebol da rádio Poty, de Natal, na minha infância.
Eu, que torcia pelo América, me angustiava com a possibilidade de mais um gol do arquirrival ABC.
Lembro dele agora, com o "buruçu" que é o noticiário diário acerca da ação conjunta da Procuradoria Geral da República com a força tarefa da Operação Lava Jato e uma ponta invariavelmente ligada ao ministro do STF, Gilmar Mendes e aos editores dos principais grupos de mídia.
O pedido de prisão, ontem, do ex-presidente José Sarney, dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e do deputado Eduardo Cunha, por supostas manobras destinadas a impedir investigações (conforme conversas gravadas pelo ex-senador delator Sérgio Machado), pode ser o que parece, porém também pode não ser o que parece.
Ou seja, nesse caso, o que reluz talvez não seja ouro...
Manobra diversionista?
Pressão sobre o Senado para que acelere o processo do impeachment da presidenta Dilma?
Gilmar Mendes, como sempre exercendo a sua condição de ministro-militante, logo se pronunciou contra o atual vazamento do pedido de prisão: “Processos ocultos, que vêm como ocultos, e que vocês já sabem, divulgam no Jornal Nacional antes de chegar ao meu gabinete. Isso tem ocorrido e precisa ter cuidado, porque é abuso de autoridade”.
Oxente! Se o próprio Gilmar é useiro e vezeiro em comentar informações vazadas, inclusive antecipando opinião própria sobre matérias a serem examinadas pelo STF, por que agora se mostra tão indignado?
O fato é que a politização em toda linha das instituições da República, melhor dizendo, daquelas que em tese não deveriam assumir conotação político-partidária — a Procuradoria Geral da República e o STF, por exemplo — já não permitem uma avaliação precisa dos fatos jurídicos gerados.
A Constituição não permite a prisão de senadores, salvo se em flagrante delito. Não foi o caso de Delcídio Amaral, que assim mesmo foi preso com todo estardalhaço midiático que se fazia necessário pela sua condição, então, de líder do PT no Senado.
Não se trata agora de romper com a Constituição novamente. Mas cabe a pergunta: por que o tratamento diferenciado?
Todas as hipóteses são possíveis, mas há uma linha nítida de convergência: vale tudo, desde que sirva à confirmação do afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado.
Aguardemos os próximos lances.

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