Jornal
GGN
Em entrevista ao Portal Imprensa,
o jornalista Luis Nassif falou sobre o corte de verbas imposto pelo governo
Temer aos meios de comunicação alternativos, críticos à campanha do impeachment
e às políticas de austeridade econômica. Para ele, trata-se de “censura
política” pura e simples. “Meus contratos com o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica atravessaram os governos FHC, Lula e Dilma, sem nenhuma pressão
política. No GGN e no meu Blog tenho sido crítico de Dilma desde 2013, sem
nunca ter sofrido nenhuma espécie de sanção publicitária. O governo Temer veio
para impor a censura”, afirmou.
O argumento do governo é que as
verbas serão direcionadas para os meios que promovem a “multiplicidade de
opiniões”. Para Luis Nassif, a intenção é fazer justamente o contrário. “Ele
combate a multiplicidade de opiniões que advém dos blogs e das redes sociais.
Fora eles, o que resta: a única visão dos grupos de mídia. Como o dinheiro
aplicado nos blogs era ínfimo, perto da verba geral, fica nítido que a intenção
foi mesmo calar qualquer crítica”.
Pelo forma que chegou ao poder,
Temer está em uma posição vulnerável. A única maneira de superar a críticas é
calando os críticos. Daí a campanha do governo temporário contra a EBC. Para
Luis Nassif, era o único contraponto aos grupos de mídia, todos
pró-impeachment. “Estava há mais de cinco anos na EBC, jamais houve
interferência de governos nos meus programas e nos jornais da casa. De repente,
um sujeito cuja carreira, nas últimas décadas, esteve ligada exclusivamente ao
pior do jogo político - Aécio Neves e Eduardo Cunha - chega com um discurso de
despolitizar a EBC investindo contra jornalistas que têm história - Tereza
Cruvinel, Paulo Moreira Leite, eu. E encerra liminarmente o programa. Não
apenas isso, ele e o pessoal da Secom passam a divulgar informações inverídicas
sobre a publicidade oficial deste ano. Praticamente não houve liberação de
recursos das empresas públicas este ano”.
Abaixo, a íntegra da entrevista:
Do Portal Imprensa
Por Vanessa Gonçalves
No início desta semana, o Palácio do Planalto confirmou que o governo
interino de Michel Temer (PMDB) suspendeu R$ 11,2 milhões em contratos de publicidade
federal em
sites e blogs considerados pró-Partido dos Trabalhadores (PT).
O governo defende a ação como uma busca pela "multiplicidade de
opiniões". Procurado por IMPRENSA, o Planalto defendeu a
medida: "Do ponto de vista da comunicação, o governo estava
anunciando somente em blogs que refletiam parte da opinião pública, não
representando a multiplicidade das opiniões. Como é impossível obter essa
representação ideal, o governo definiu como prioridade somente produtos que
tenham cunho jornalístico, de interesse público".
Com os cortes, sites como como Brasil 247, Diário do Centro do
Mundo, GGN, Conversa Afiada, SRZD, Opera Mundi, Carta Maior, Congresso em Foco
e Observatório da Imprensa tiveram seus contratos de publicidade com o governo
e empresas e bancos estatais suspensos.
O jornalista Luis Nassif, proprietário do site GGN e do blog que leva
seu nome, criticou abertamente a medida por entender que Temer age como censor
às vozes da imprensa de oposição. Ao lado de profissionais como Tereza Crunivel
e Paulo Moreira Leite, foi um dos profissionais cujo contrato com a Empresa
Brasil de Comunicação (EBC) também foi suspenso com a troca de comando da
estatal, logo após o afastamento de Dilma Rousseff (PT).
À IMPRENSA, Nassif comenta as medidas do governo provisório sobre o
corte de verbas, as mudanças na EBC e garante que o presidente interino
"veio para liquidar com as vozes divergentes".
IMPRENSA - Como você classifica esse corte de verba publicitária do
governo interino a sites considerados pró-PT?
LUIS NASSIF - Censura
política. Meus contratos com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica atravessaram
os governos FHC, Lula e Dilma, sem nenhuma pressão política. No GGN e no meu
Blog tenho sido crítico de Dilma desde 2013, sem nunca ter sofrido nenhuma
espécie de sanção publicitária. O governo Temer veio para impor a
censura.
Ao anunciar o corte de verbas, o Planalto afirma que busca uma
"multiplicidade de opiniões. Você acredita nesta intenção ou vê este ato
como uma forma de calar esses sites?
Claro que não. Pelo contrário, ele combate a multiplicidade de opiniões
que advém dos blogs e das redes sociais. Fora eles, o que resta: a única visão
dos grupos de mídia. Como o dinheiro aplicado nos blogs era ínfimo, perto da
verba geral, fica nítido que a intenção foi mesmo calar qualquer crítica.
Acredita que esses veículos apontados como pró-PT, entre eles o seu,
poderão encerrar suas atividades caso não seja revertido o corte dessas verbas
publicitárias?
Haverá redução drástica da estrutura, sim. Principalmente porque as
agências de publicidade estão focadas exclusivamente nos grandes grupos de
mídia.
Na sua opinião, qual será o grau da liberdade de imprensa durante a
gestão Michel Temer?
Ele veio para liquidar com as vozes divergentes. Sua posição é muito
vulnerável, tanto pela forma como conquistou o poder como por sua vida política
pregressa. A maneira de se tentar legitimar é criar inimigos imaginários e
ataca-los com todas as armas.
Você foi um dos jornalistas cujo contrato foi encerrado com a chegada de
Laerte Rimoli à presidência da EBC. Sentiu-se perseguido com essa medida?
Claro. Estava há mais de cinco anos na EBC, jamais houve interferência
de governos nos meus programas e nos jornais da casa. De repente, um sujeito
cuja carreira, nas últimas décadas, esteve ligada exclusivamente ao pior do
jogo político - Aécio Neves e Eduardo Cunha - chega com um discurso de
despolitizar a EBC investindo contra jornalistas que têm história - Tereza
Cruvinel, Paulo Moreira Leite, eu. E encerra liminarmente o programa. Não
apenas isso, ele e o pessoal da Secom passam a divulgar informações inverídicas
sobre a publicidade oficial deste ano. Praticamente não houve liberação de
recursos das empresas públicas este ano.
Na sua opinião, por que a EBC se transformou em objeto de disputa do
governo interino e do governo anterior?
Porque era o único contraponto à campanha do impeachment feita pelos
grupos de mídia. Aliás, o governo anterior dava tão pouca atenção à EBC que a
primeira entrevista concedida por Dilma foi depois de ter sido licenciada do
cargo de presidente. Aliás, só vim para a EBC depois do meu contrato com a TV
Cultura ter sido encerrado devido a críticas que fiz, no meu blog, ao governo
Serra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário