02 outubro 2019

Marcas da desigualdade


Desemprego tem DNA e rosto
Luciano Siqueira

Praticamente em todos os indicadores econômicos é possível identificar as marcas da desigualdade presentes na formação da sociedade brasileira.
Dias atrás, um estudo realizado por Paulo Peruchetti e Laísa Rachter, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, com base nos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), focado nos quase 5 milhões de brasileiros e brasileiras tidos como “desalentados” (5% da população economicamente ativa), confirma essa assertiva.
Desalentados são a parcela de excluídos do mercado de trabalho que desistiu de procurar emprego porque não tem esperanças de encontrar, mesmo disponíveis e desejosas de trabalhar.
O relatório do estudo “Quem são os desalentados do Brasil?” sintetiza: “mulher jovem, preta ou parda e com baixa escolaridade”, a principal expressão dessa camada de infelicitados.
Em que medida esses fatores socioeconômicos levam o indivíduo à condição de desalentado?
As mulheres têm probabilidade 2,1 pontos percentuais maior de se declararem desalentadas que os homens.
Quando as pessoas ficam muito tempo fora do mercado de trabalho, isso vai depreciando sua eficiência, sua produtividade, seu capital humano. Isso gera uma certa cicatriz e vai se refletir na economia como um todo, observa a pesquisadora Laísa Rachter.
Tudo a ver com o desempenho da economia, mantida sob perspectiva sombria.
A previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça neste ano ao redor de 0,80%, aquém dos 1,1% registrados em 2017 e 2018.
Mesmo a pequena queda do desemprego, segundo o IBGE, deve-se a um crescimento de vagas no mercado de trabalho informal. Sem nenhuma sustentação imediata, ausente de direitos elementares.
E o caminho escolhido pela equipe econômica atual, sob o aval inconsequente do capitão Jair Bolsonaro, busca uma proeza sem precedentes: impor o ultra liberalismo num pais periférico, em desenvolvimento, carente de investimentos públicos que alavanquem as atividades econômicas.
Para Paulo Guedes e seus Chicago Boys, o ajuste fiscal é tudo. Mesmo em prejuízo da competividade de nossa indústria, da retração do mercado de trabalho e do mercado de consumo e das expectativas da maioria da população.
Um saco sem fundo que acentua as desigualdades sociais.
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