21 dezembro 2020

Justa homenagem

Dona Elzita agora é praça do Recife

Urariano Mota

 

Numa campanha que o governo Dilma vinculou há alguns anos na televisão, para que as pessoas doassem e revelassem o que ainda, aterrorizadas, possuíam em casa, Dona Elzita apareceu com um breve depoimento onde recitou um poema. O vídeo está aqui 

https://bit.ly/3pgz92R

Com voz firme ela encantava: “Hei de vê-lo voltar, ela dizia, o meu doce consolo, o meu filhinho. Passam-se anos, e o véu do esquecimento baixando sobre as coisas tudo apaga. Menos da mãe, no triste isolamento, a saudade que o coração esmaga”.

Um dos filhos vivos, Marcelo Santa Cruz, me disse uma vez que ela é uma grande mulher. E que para os católicos ou cristãos, ela é uma dádiva de Deus. Mas uma semana depois eu respondi a ele, por email, que Dona Elzita, para mim, se assemelhava a um baobá. Não pelo porte, pela altura, pelo tronco ou pela copa da árvore majestosa, porque Dona Elzita é pequena de corpo e magrinha de carnes. A semelhança com a maravilhosa árvore vem da sua resistência. Vem do que o baobá, árvore sagrada para os cultos afros, árvore sagrada para os que amam a vida, retém de homens e mulheres, da memória de homens escravizados e resistentes desde a África. Dona Elzita lembra também o baobá pela fecundidade, pelo exemplo fecundo de mulher, que também nasce quando faz nascer.

Ela, que lembrava o baobá, agora é praça, eterna na memória do Recife. 

Veja: Quem sabe o que se passa na mente do eleitor na hora de votar? https://bit.ly/36Px1sl

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