Espinha na garganta
Luciano Siqueira
Segue repercutindo a ausência de qualquer punição ao
general Pazuello por haver desrespeitado Regulamento Disciplinar do Exército e
comparecido a uma manifestação pública de caráter nitidamente político-eleitoral.
Uma profusão de declarações, entrevistas e artigos segue
martelando a percepção de que o general comandante do Exército teria faltado
com a sua obrigação de defender dois princípios basilares das Forças Armadas A,
a hierarquia e a disciplina.
Óbvio que tanto o presidente da República, que convidou
o general ex-ministro da Saúde, e ele próprio tinham plena consciência do que
estavam fazendo.
Para o presidente, mais uma provocação destinada a tensionar
suas relações com as Forças Armadas, do Exército em particular, no sentido de
disseminar na caserna um ambiente que ele supõe possa ser favorável a uma
aventura golpista.
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira
de Oliveira, por sua vez, viu-se numa
sinuca de bico, uma vez que o ato de indisciplina cometido pelo seu subordinado
aconteceu justamente por iniciativa do assim denominado pela Constituição
comandante-em-chefe das Forças Armadas, seu superior portanto.
Optou por não punir Pazuello com o argumento de que o
general intendente teria prestado os esclarecimentos devidos.
O fato é que o intuito golpista de Bolsonaro é marca
essencial do seu comportamento desde o primeiro dia de governo.
Golpes têm sido perpetrados contra a democracia pelo
mundo afora não mais nos moldes dos anos 60, com intervenção militar direta.
Como aconteceu no vizinho Paraguai e posteriormente no
Brasil, contra a presidente Dilma Rousseff, a modalidade de golpe vigente
implica em conluio o parlamento e o judiciário e o respaldo da grande mídia
monopolizada e de verdadeiras milícias digitais, que ocupam redes sociais e
aplicativos como verdadeiro tsunami de fake news destinadas a confundir e a
conquistar o apoio ou a indiferença passiva da maioria da população.
De toda forma, para que algo aconteça sob a batuta de Bolsonaro,
terá que contar no mínimo com a complacência das Forças Armadas.
Neste instante, Bolsonaro tem contra si a maioria da
grande mídia convencional, guarda uma relação de conflito constante com o STF e
com o Congresso Nacional (apesar de maioria circunstancial) e amarga, em
sucessivas pesquisas, crescentes índices de rejeição e desconfiança.
A agressividade recorrente do presidente e seguidores
mais próximos que habitam o ambiente palaciano guarda relação direta com a
percepção de que quanto mais se agrava a crise do país, maior é a insatisfação
de segmentos cada vez mais amplos da sociedade e o seu isolamento político.
Incompetente e politicamente desnorteado, tudo leva a
crer que Bolsonaro cumprirá o restante do seu governo amargando crescentes
dificuldades e dificilmente comparecerá às eleições de 2022 em posição de força.
Na outra ponta do conflito, cabe às oposições de
diversos matizes combinarem a crítica e o protesto imediato com a formulação de
propostas alternativas destinadas a mudarem o rumo do país no novo ambiente a
ser conquistado, pós-Bolsonaro.
.
Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa
Espinha na garganta
Luciano Siqueira
Segue repercutindo a ausência de qualquer punição ao
general Pazuello por haver desrespeitado Regulamento Disciplinar do Exército e
comparecido a uma manifestação pública de caráter nitidamente político-eleitoral.
Uma profusão de declarações, entrevistas e artigos segue
martelando a percepção de que o general comandante do Exército teria faltado
com a sua obrigação de defender dois princípios basilares das Forças Armadas A,
a hierarquia e a disciplina.
Óbvio que tanto o presidente da República, que convidou
o general ex-ministro da Saúde, e ele próprio tinham plena consciência do que
estavam fazendo.
Para o presidente, mais uma provocação destinada a tensionar
suas relações com as Forças Armadas, do Exército em particular, no sentido de
disseminar na caserna um ambiente que ele supõe possa ser favorável a uma
aventura golpista.
O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira
de Oliveira, por sua vez, viu-se numa
sinuca de bico, uma vez que o ato de indisciplina cometido pelo seu subordinado
aconteceu justamente por iniciativa do assim denominado pela Constituição
comandante-em-chefe das Forças Armadas, seu superior portanto.
Optou por não punir Pazuello com o argumento de que o
general intendente teria prestado os esclarecimentos devidos.
O fato é que o intuito golpista de Bolsonaro é marca
essencial do seu comportamento desde o primeiro dia de governo.
Golpes têm sido perpetrados contra a democracia pelo
mundo afora não mais nos moldes dos anos 60, com intervenção militar direta.
Como aconteceu no vizinho Paraguai e posteriormente no
Brasil, contra a presidente Dilma Rousseff, a modalidade de golpe vigente
implica em conluio o parlamento e o judiciário e o respaldo da grande mídia
monopolizada e de verdadeiras milícias digitais, que ocupam redes sociais e
aplicativos como verdadeiro tsunami de fake news destinadas a confundir e a
conquistar o apoio ou a indiferença passiva da maioria da população.
De toda forma, para que algo aconteça sob a batuta de Bolsonaro,
terá que contar no mínimo com a complacência das Forças Armadas.
Neste instante, Bolsonaro tem contra si a maioria da
grande mídia convencional, guarda uma relação de conflito constante com o STF e
com o Congresso Nacional (apesar de maioria circunstancial) e amarga, em
sucessivas pesquisas, crescentes índices de rejeição e desconfiança.
A agressividade recorrente do presidente e seguidores
mais próximos que habitam o ambiente palaciano guarda relação direta com a
percepção de que quanto mais se agrava a crise do país, maior é a insatisfação
de segmentos cada vez mais amplos da sociedade e o seu isolamento político.
Incompetente e politicamente desnorteado, tudo leva a
crer que Bolsonaro cumprirá o restante do seu governo amargando crescentes
dificuldades e dificilmente comparecerá às eleições de 2022 em posição de força.
Na outra ponta do conflito, cabe às oposições de
diversos matizes combinarem a crítica e o protesto imediato com a formulação de
propostas alternativas destinadas a mudarem o rumo do país no novo ambiente a
ser conquistado, pós-Bolsonaro.
.
Veja: Pelo impeachment ou pelo voto https://bit.ly/3uEnGxa
Nenhum comentário:
Postar um comentário