A esperança que resta ao Brasil
O
presidente Lula conduziu sua pré-campanha prestando um grande serviço à luta
contra Bolsonaro, ao demonstrar que de nenhum modo subestima o nível da luta
que é a eleição de outubro. Ampliou decididamente o diálogo com vasto leque de
forças políticas e sociais para convergências de vários níveis, alianças
eleitorais com múltiplas legendas e parcelas de outras, como condição para
vencer e enfrentar o descalabro da situação nacional e do totalitarismo de
Bolsonaro.
Walter Sorrentino*, www.pcdob.org.br
O
lançamento de sua candidatura em 7 de maio consolida isso e dá um passo além.
Seu discurso é uma projeção de perspectivas para tirar o país da crise,
centrado no eixo da soberania nacional. A soberania referida não só à nação,
como também à vontade popular. Soberania que tem como condição primeira o
desenvolvimento nacional para a ampla distribuição de renda, contra a
desigualdade e a fome, pela reindustrialização e criação de empregos, por
políticas públicas vigorosas, pelo lugar digno do Brasil no mundo, por direitos
sociais e civis plenos.
Com isso,
Lula conclamou à volta do país à normalidade, um recado vigoroso a todas as
instituições do país e, inclusive, aos empresários que têm consciência do
interesse nacional.
O seu
discurso foi exponenciado por Alckmin, que ecoou fundo: “temos uma grande luta
pela frente. Uma luta pela mudança. E, aqui, faço um chamado público às demais
forças políticas do país que trabalham por essa mesma mudança: venham se juntar
a nós. E que ninguém duvide disso: sem Lula, não haverá alternância de poder no
país. E sem alternância de poder, não haverá garantias para a nossa democracia.
Lula é, hoje, a esperança que resta ao Brasil. Não é a primeira, a segunda nem
a terceira. Ela é a única via da esperança para o Brasil.”
As peças
lançadas no evento do dia 7 decifram bem o debate que deve predominar na
campanha: julgar Bolsonaro como governante e apontar caminhos para melhorar de
imediato a vida das pessoas, enfrentando a situação econômica do país e a
balbúrdia institucional. É o debate sobre o Brasil que queremos: o Brasil da
esperança.
Samuel
Wainer, em sua autobiografia, descreve o uivo das multidões que acorriam aos
comícios de Getúlio Vargas pelo país nas eleições de 1950. Getúlio era o
próprio programa da campanha. Wainer diz também que Getúlio já não era o mesmo
que em 1945: de seu retiro em São Borja ele se tornou um nacionalista maduro, o
que deu a marca de seu segundo governo.
Lula não
é só o legado de seus governos. Suas convicções amadureceram desde seu último
governo. No discurso ele demonstra a compreensão de que, objetivamente, o
desenvolvimento pleno e soberano do Brasil, é um processo contra hegemônico. É
o forte em Lula: profunda inteligência e intuição política, capacidade de
aprender e indagar o presente.
*Walter
Sorrentino é vice-presidente do PCdoB
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