O êxtase da derrota
O bozonazismo, em turbilhão, invadiu o Sete de Setembro numa
demonstração de força e numa provocação à Justiça Eleitoral. Além de estimular
sua base, Jair buscou uma punição qualquer para tentar jogar seus fanáticos
contra a ordem estabelecida. As movimentações em todas as capitais exibiram o
uso de rios de dinheiro (vivo?) no custeio milionário de camisetas, faixas,
bandeiras, alimentação, transporte... Verbas declaradas?
A turba bolsonarista se misturou propositalmente as manifestações
oficiais do Dia da Pátria, especialmente em Brasília. Em Alagoas, tratores e
máquinas agrícolas novinhas em folha, várias com propaganda eleitoral do
presidente da Câmara dos Deputados, e de outras candidaturas, circularam em
fila como a esbravejar, em desafio aberto: “aqui está o Orçamento Secreto”, “aqui
estão as verbas investigadas da Codevasf”, “foram compradas com dinheiro
público, mas é para uso eleitoral”.
Em busca de uma nova e salvadora facada, Jair Messias
estica a corda. Cava algo que possa catapultar sua candidatura, estacionada num
fatal segundo lugar desde as primeiras pesquisas eleitorais. Levar toda a sua
turma para as ruas em frenesi de centenas de milhares de pessoas em todo País,
foi uma tentativa desesperada para alterar o rumo da história. Restam menos de
30 dias para o primeiro turno e o tempo “ruge”, como se diz. E ruge alto no pé
de ouvido do genocida: “vai perder, vai perder”.
A tática bolsonazista é simples: Tumultuar o processo, mobilizar e
eletrizar suas tropas, intimidar a Justiça, testar a receptividade para o
sempre sonhado golpe. Mas para alterar a tendência do eleitorado seria
necessário um novo Adélio e sua faca, coisa inviável de repetir, daí a provocação
à Legislação Eleitoral e a agitação frenética de seus fanáticos, pois na
bagunça e na desordem, quem sabe, surge alguma oportunidade.
Precisando “morder os beiços” para não pisar na bola demais,
Jair usou do expediente de caprichar no patético. Pedir que seus fanáticos
repitam “imbrochável, imbrochável” demonstra – além da óbvia masculinidade
frágil – um ser que não teme o ridículo e que procura desviar a atenção de seu
extremo pavor à derrota que se avizinha.
Confundindo o pânico com êxtase, o bozonazismo encheu o tanque e,
sem dúvida, acelera e prepara um cavalo de pau. A facada mágica, há quatro
anos, mostrou do que são capazes quando encurralados, e essa capacidade de
trapacear não pode ser menosprezada.
[Ilustração: Aroeira]
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