10 setembro 2022

Enio Lins opina

O êxtase da derrota

Enio Lins, tribunahoje.com

 

O bozonazismo, em turbilhão, invadiu o Sete de Setembro numa demonstração de força e numa provocação à Justiça Eleitoral. Além de estimular sua base, Jair buscou uma punição qualquer para tentar jogar seus fanáticos contra a ordem estabelecida. As movimentações em todas as capitais exibiram o uso de rios de dinheiro (vivo?) no custeio milionário de camisetas, faixas, bandeiras, alimentação, transporte... Verbas declaradas?

A turba bolsonarista se misturou propositalmente as manifestações oficiais do Dia da Pátria, especialmente em Brasília. Em Alagoas, tratores e máquinas agrícolas novinhas em folha, várias com propaganda eleitoral do presidente da Câmara dos Deputados, e de outras candidaturas, circularam em fila como a esbravejar, em desafio aberto: “aqui está o Orçamento Secreto”, “aqui estão as verbas investigadas da Codevasf”, “foram compradas com dinheiro público, mas é para uso eleitoral”.

Em busca de uma nova e salvadora facada, Jair Messias estica a corda. Cava algo que possa catapultar sua candidatura, estacionada num fatal segundo lugar desde as primeiras pesquisas eleitorais. Levar toda a sua turma para as ruas em frenesi de centenas de milhares de pessoas em todo País, foi uma tentativa desesperada para alterar o rumo da história. Restam menos de 30 dias para o primeiro turno e o tempo “ruge”, como se diz. E ruge alto no pé de ouvido do genocida: “vai perder, vai perder”.

A tática bolsonazista é simples: Tumultuar o processo, mobilizar e eletrizar suas tropas, intimidar a Justiça, testar a receptividade para o sempre sonhado golpe. Mas para alterar a tendência do eleitorado seria necessário um novo Adélio e sua faca, coisa inviável de repetir, daí a provocação à Legislação Eleitoral e a agitação frenética de seus fanáticos, pois na bagunça e na desordem, quem sabe, surge alguma oportunidade.

Precisando “morder os beiços” para não pisar na bola demais, Jair usou do expediente de caprichar no patético. Pedir que seus fanáticos repitam “imbrochável, imbrochável” demonstra – além da óbvia masculinidade frágil – um ser que não teme o ridículo e que procura desviar a atenção de seu extremo pavor à derrota que se avizinha.

Confundindo o pânico com êxtase, o bozonazismo encheu o tanque e, sem dúvida, acelera e prepara um cavalo de pau. A facada mágica, há quatro anos, mostrou do que são capazes quando encurralados, e essa capacidade de trapacear não pode ser menosprezada.

[Ilustração: Aroeira]

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