A miopia do
mercado e a larga visão que o Brasil precisa
Enio Lins www.eniolins.com.br
Não tendo
conseguido enxergar a gigantesca fraude na Americanas –
muito menos se posicionar sobre –, o “mercado” viu tremor no pito dado por Lula
contra a política de aumento de juros praticada pelo Banco Central. E lá veio
mimimi...
Não conseguiu também o “mercado” ver o rombo fiscal denunciado pelo
insuspeito Henrique Meirelles, ainda no ano passado, que seria da ordem de R$
400 bilhões. O ex-ministro fez essa avaliação no dia 24 de outubro. E nenhum
comentário.
Em 26 de janeiro, o BC reconheceu um “errinho” nas contas do fluxo
cambial em 2022 e o comemorado “resultado positivo” da equipe Jair/Paulo
Guedes, passou para negativo. O “cochilinho” na contabilidade foi de (menos) R$
60 bilhões. Nem um pio do mercado.
Lula da Silva estrilou e botou a boca no trombone durante a posse de Aluísio
Mercadante no BNDES, há dois dias, chamando a atenção para o comportamento do
comando do Banco Central. Enfiou o dedo na ferida. E o mercado se doeu.
Sempre se pode errar, Lula não é infalível. Mas o faro do pernambucano do ABC
é atributo que não pode ser negado, nem ignorado. Tem boi na linha. Pode ser
gado colocado de propósito na estrada financeira do Brasil, e toda atenção é
pouca.
Depois de oito anos de perverso trato econômico e maldade financeira, o Brasil
precisa se colocar no rumo certo novamente, na via correta para a maioria da
população, unindo crescimento na economia com inserção social.
Uma minoria minúscula que parece ter se locupletado muito além da conta no
desgoverno do Jair, quer esbravejar usando o pseudônimo de “mercado” para
impedir que a parcela mais sofrida possa reconquistar qualquer lugar ao sol.
Essa minoria ultraprivilegiada não dá a mínima para a reinclusão do Brasil no mapa da
fome, retrocesso imposto no governo do Jair e que, segundo a ONU, entre 2019 e
2021, devolveu a miséria para 61 milhões de brasileiros e brasileiras
Pelos números divulgados pela FAO/ONU, o Brasil conta com 4,1% de sua população
sofrendo de fome crônica. Nosso País havia saído do Mapa da Fome entre 2014 e
2016, quando baixou esse percentual para menos de 2,5%. O mercado não viu, não
vê.
Mas o “mercado” se choca com o alerta feito por Lula e tem sua sensibilidade
ferida pela suspeita de que bolsonaristas infiltrados no BC poderiam tentar
empurrar o País para a recessão. Pois é: quem imagina bolsonarista dando golpe?
Na verdade, o “mercado” se indigna com o fato de que agora o Brasil tem –
novamente – um presidente da República.
Com quantos paus se faz uma jangada? https://bit.ly/3Ye45TD
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