16 fevereiro 2023

Futebol: o ritmo pesa

Intensidade e afobação no futebol

Real Madrid e Barcelona gostam de valorizar o meio-campo, diferente do Brasil em 2022
Tostão/Folha de S. Paulo

 

O enorme número de partidas de futebol, no Brasil e em todo o mundo, parece ter aumentado nestes dias. Não dá para ver tudo. Não aprendi ainda a assistir a dois jogos ao mesmo tempo. Mas sou jovem e ainda vou descobrir esse mistério. Além disso, existem também muitas coisas boas e importantes no mundo para fazer.

No sábado, o Real Madrid, como era esperado, venceu, com facilidade, o Mundial de Clubes. O Real me lembra o Santos dos anos 1960, que trocava passes no meio-campo, cadenciava o jogo, para, de repente, acelerar em direção ao gol.

Assim como Benzema e Vinícius Júnior no ataque, Kroos e Modric se completam no meio-campo. Kroos, frio, parece ter um computador instalado no corpo, para não o deixar ficar ansioso nem para aumentar os batimentos cardíacos. Modric, mais ativo, mais leve e com repertório técnico muito maior, deve ter outro computador, para calcular a movimentação e a velocidade da bola, dos companheiros e dos adversários.

O Real, em vez de um trio no meio-campo, como era habitual, passou a formar um quarteto. O rival Barcelona, recentemente, passou a fazer o mesmo, ao trocar um dos pontas velozes, o da esquerda, por um jogador de meio-campo, formando também um quarteto.

Dizem que Ancelotti já está certo na seleção brasileira a partir de junho, quando encerrar o contrato com o Real. Seria ótimo. Se for confirmado, como ele vai organizar a equipe, já que o Brasil não tem um centroavante finalizador e armador, como Benzema, nem dois excelentes meio-campistas, como Kroos e Modric, para atuar ao lado de Casemiro?

Real Madrid, Barcelona, Manchester City e outros times gostam de valorizar o meio-campo, de ter o domínio da bola, o que não aconteceu com a seleção brasileira em 2022. Obviamente, não há apenas uma maneira de jogar bem e de vencer. Fortes equipes, vitoriosas, como Palmeiras, Liverpool, os times dirigidos por Mourinho e muitos outros, gostam da transição rápida, da bola longa.

Nesta quinta, tem clássico entre Corinthians e Palmeiras. O Palmeiras é mais estruturado, mas o Corinthians, em casa, geralmente cresce. Assim como há um grande número de pessoas carentes, dependendo da aprovação e/ou do aplauso do outro para viver bem, existem times e jogadores que dependem demais do apoio da torcida.

No empate em 1 a 1 entre Cruzeiro e Atlético, como não podiam dizer que foi uma partida tecnicamente muito boa, falaram que foi um jogo muito intenso, palavra da moda. Confundem intensidade, uma qualidade importante no futebol moderno, com afobação, com jogo físico, truncado e ruim, com bombas, tênis e copos jogados no campo. Houve poucos belos lances, como o petardo de Hulk, no gol de falta, e o passe primoroso de Wesley para Bruno Rodrigues fazer o gol do Cruzeiro.

Para o Cruzeiro, individualmente inferior, foi um bom resultado. O time conseguiu anular o Atlético. Se alguns jogadores, como Wesley, Gilberto e Nikão jogarem no Cruzeiro como nos melhores momentos da carreira, o time poderá evoluir bastante. Já o Atlético fez um jogo coletivo fraco, pela marcação do Cruzeiro e pelo pouco entendimento entre os jogadores.

Todos os que trabalham no futebol não deveriam aceitar o jogo agressivo e violento que ocorre muitas vezes nos estádios, principalmente nos clássicos. Nenhum árbitro do mundo é capaz de controlar essa situação. Isso empobrece o espetáculo, uma das razões da pouca qualidade de nosso futebol.

Verso e reverso do que acontece https://bit.ly/3Ye45TD

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