13 fevereiro 2023

Uma crônica do cotidiano

Ambulantes do Metrô
Rafaele Ribeiro*

 

Já tem algum tempo que queria escrever sobre os ambulantes do metrô, mas entre o trabalho, a faculdade e a vida pessoal, acabei postergando esse tema da minha mente.

Mas nada é tão tarde quando se quer rememorar fatos curiosos que só quem é usuário do metrô do Recife presencia diariamente.

Bom, ao falarmos desse modal metroviário da região metropolitana, onde cerca de 400 mil pessoas circulam todos os dias, não poderia faltar os vendedores ambulantes.

Esses trabalhadores informais dividem esse equipamento com os demais usuários, mas não para se dirigirem a alguma empresa, órgão, entidade… decerto não batem cartão de ponto, mas têm hora para ganhar o sustento familiar, pois são nos horários de picos, que eles mais vendem.

E o que vendem ali?

Bom, tem de TUDO.

E esse "tudo" não é exagero desta passageira.

É TUDO mesmo!

A cada estação entra um que grita "água mineral a 2 reais", outro lá do vagão adiante "batata chips a 1 real", "batom Garoto 0,50 centavos e na validade! Perde não, bença!!!" "Tenho fone de ouvido e carregador a 5 reais. Aceito pix". "Faca Masterchef a 5 reais. Amolada toda. Compra pra patroa, irmão!" "Olha mortadela Sadia a 5 reais. Faço três por 10." "Paçoca e amendoim a 0,50 centavos. Aceito pix, também." "Tenho porta-documentos a 2 reais, na promoção. Aproveita que é só hoje!" " Alicate de unha a 5 reais". "Tenho novidade aqui no metrô pra você que anda com dor muscular. Essa é a mais nova pomada massageadora com arnica e mentol. É alívio imediato, minha senhora! Vendo a 5 reais! Pode procurar na farmácia que só acha por 10. Um para o senhor e dois para a senhora. Mais alguém vai querer? Aceito pix, pessoal."

Bom, obviamente, impossível sair dali sem nem comprar uma jujuba porque depois de um dia cansativo, um doce é sempre bem-vindo à boca.

Admiro tanto esses trabalhadores…faça sol e faça chuva, estão ali dentro, nos acompanhando até nossos destinos, dividindo suas vidas com a gente. Deixam de si naquele vagão: uns mais animados, outros mais tímidos, outros mais enrolões… mas todos com o mesmo propósito: o pão nosso de cada dia.

Deus abençoe esses vendedores e os livre de todo o mal.

*Funcionária pública, cronista eventual

Apesar de tudo, ainda há poesia no cotidiano https://bit.ly/3Ye45TD

2 comentários:

Anônimo disse...

Excelente!!

Anônimo disse...

Quanta sensibilidade no olhar...compartilho dessas mesmas sensações!! E é nesse "pão nosso de cada dia" q muitos vivem c alegria, entusiasmo pela vida e esperança!!