02 julho 2023

Futebol: renovar é preciso

Repetir ou inovar, eis a questão

É necessário unir a técnica individual e coletiva com a inventividade e a fantasia
Tostão/Folha de S. Paulo

 

Segundo os noticiários, está quase certa a contratação pelo Flamengo do volante Allan. O Atlético-MG aceitou a oferta porque é muito dinheiro e o clube contratou o bom volante argentino Batalla, além de contar o com o reserva Otávio.

Allan desarma muito, é rápido e possui um bom passe para a frente, como devem fazer os bons volantes. Falta a ele mais habilidade quando chega à intermediaria adversaria, além de cometer muitas faltas e receber algumas vezes cartões amarelos, um problema também de Casemiro, um dos melhores volantes do mundo.

Nos últimos anos, o Brasil tem formado bons volantes, o que não aconteceu por um longo tempo por causa da medíocre divisão que houve no meio-campo, entre os volantes que só marcam e os meias que só atacam. André, do Fluminense, que tem sido chamado para a seleção, possui mais habilidade para driblar e trocar passes curtos do que Allan.

Nos clubes europeus, existem excepcionais volantes, como Rodri, do Manchester City e da seleção espanhola, Casemiro, do Manchester United e da seleção brasileira, Kimmich, do Bayern e da seleção alemã, Enzo Fernández, da seleção argentina e do Chelsea, e vários outros. Casemiro e Rodri evoluíram e passaram também a avançar, finalizar bem de fora da área e fazer gols de cabeça nos cruzamentos, já que são altos.

No início do futebol, os times jogavam com dois defensores, três médios e cinco atacantes. O centromédio, que originou os volantes, era o mais lúcido e com mais talento das equipes. Era o cérebro e a alma do time. O atual Manchester City avança com o volante Rodri, na organização das jogadas, e mais cinco atacantes. Guardiola se inspira no passado para inventar o futuro.

O posicionamento dos volantes na Europa e no Brasil costuma ser diferente. A maioria das equipes europeias atua com um volante centralizado e mais um meio-campista de cada lado. O volante (centromédio) assume a maior proteção aos zagueiros e inicia as jogadas ofensivas com bons passes. No Brasil, como quase todos os times jogam com dois volantes, um ao lado do outro, e mais um meia ofensivo na frente dos dois, existe uma divisão de funções entre os dois volantes, embora seja comum ter um volante mais defensivo (primeiro volante) e outro mais criativo (segundo volante).

No futebol, as posições e funções precisam ser detalhadas, definidas, desde que os jogadores tenham liberdade de improvisar, criar e sonhar. A seleção brasileira com o comando de Tite e Ramon atua com um volante, Casemiro, e mais um ou dois armadores dispersos que não sabem se jogam mais perto de Casemiro ou dos atacantes. Falta um craque, como Modric, que atua com muito talento de uma intermediaria à outra.

É necessário unir a técnica individual e coletiva com a inventividade e a fantasia. A repetição excessiva leva ao cansaço mental e à falta de criatividade, enquanto a ausência de uma referência, de um modelo, ocasiona a desordem e a ineficiência.

REAVALIAÇÃO

Após a boa estreia de Felipão no Atlético-MG, contra o Fluminense, elogiei o técnico por ter feito uma mudança tática mesmo sem treinar. Paulinho, que fazia dupla no ataque com Hulk, passou a jogar pela esquerda, defendendo e atacando. Hyoran, que jogava pelo lado esquerdo, foi para o meio-campo, formando um trio com Batalla e Zaracho. Nos dois jogos seguintes, o time foi mal, principalmente, porque não havia mais a dupla de atacantes com Hulk e Paulinho, o ponto alto da equipe. Neste domingo (2), contra o América, qual será o esquema tático?

Em qualquer circunstância, a vida é arriscosa https://bit.ly/3Ye45TD 

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